Mãe do adolescente que confessou o assassinato de vizinha pede a punição do filho
A mãe do adolescente de 13 anos, apreendido suspeito de matar a vizinha de prédio Tamires Paula de Almeida, de 14 anos, afirmou que acredita que o filho tem que ser punido, em entrevista à TV Anhanguera. Ela conta ainda que gostaria de pedir perdão à mãe da vítima. O garoto teve a internação provisória decretada.
“Ele não matou uma família. Ele matou duas famílias. Ele tem que pagar sim pelo que ele fez. Ele tirou uma vida. Por mais que eu tente me colocar no lugar dela, eu não vou conseguir sentir a dor que ela está sentindo. [...] Eu espero ter a oportunidade de pedir perdão a ela, mesmo que ela não me perdoe, mas eu acho que eu devo isso”, afirmou.
Abalada, ela conta que ainda não conseguiu entender o que aconteceu. A mãe lembra que o filho já reclamou de bullying na escola, mas não tinha qualquer comportamento violento.
“Eu preciso abraçar ele, assim, e saber, entender o porquê. Ele não é uma pessoa agressiva, super companheiro, faz esporte, estuda, só tem boas notas. Não tem nenhum histórico de agressão. Alguma coisa aconteceu. [...] [Ele contou que estava] sofrendo bullying em relação a altura dele. Ele chegou a reclamar para mim duas vezes: ‘Mãe, eu sou o mais alto da escola’”, completou.
Tamires Paula de Almeida, de 14 anos, foi morta a facadas — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Morte
A estudante foi morta a facadas na escadaria do prédio onde morava, no Jardim América, no início da tarde da última quarta-feira (23). A mãe do suspeito contou que havia sido chamada com urgência na escola do filho e, como mora no 12º andar do prédio, começou a descer as escadas porque o elevador estava demorando a chegar.
Ao chegar no 5º, ela se deparou com o corpo da vítima, sem saber que o filho poderia tê-la matado. Ela contou ao G1 que sofreu um tipo de apagão e acordou sobre o corpo da garota. “Como eu tenho pressão alta, caí em cima do corpo, praticamente. Eu coloquei a mão, ela estava respirando. Eu cheguei a tocar nela. Os policiais me tiraram de cima, acho que eles acharam que eu era mãe dela.
“Me colocaram numa cadeira no corredor e foram pedir uma água com açúcar, mas pediram na porta da mãe [da vítima]. Quando ela veio que ela percebeu que era filha dela. Eu entrei em choque e ela entrou em choque”, disse.
Imagens de câmeras de segurança do prédio em que ocorreu o crime mostraram o momento em que o adolescente entra no elevador, já com uniforme da escola (assista abaixo). Segundo a Polícia Civil informou à TV Anhanguera, o vídeo divulgado é de quando o garoto já havia cometido o ato infracional, ido em casa, trocado a camiseta e estava a caminho do colégio.
A corporação informou ainda que o adolescente foi até um dos coordenadores da escola e confessou o que havia feito.
Vídeo mostra menor suspeito de matar vizinha entrando em elevador após o crime, em Goiânia
Investigação
Segundo o titular da Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai), delegado Luiz Gonzaga Júnior, responsável pelo caso, o menino confessou o ato infracional durante conversa informal. No depoimento formal, colhido ainda na Central de Flagrantes, ele foi orientado por seu advogado a ficar em silêncio.
Segundo o delegado, o adolescente apreendido já premeditava a ação. "A investigação apontou que ele já planejava esse crime desde o seu aniversário [em junho], quando recebeu um dinheiro da família como presente, comprou uma faca e desde então a levava para a escola. Ele tinha como alvos três adolescentes do sexo feminino, que são pessoas mais vulneráveis e facilitaria a execução do crime por parte dele", explicou.
Internação provisória
A internação provisória foi determinada pelo Juizado da Infância e Juventude no fim da tarde de quinta-feira (24), depois que o promotor Frederico Augusto de Oliveira Santos, da 4ª Promotoria da capital, fez o pedido após a oitiva informal do adolescente e dos pais dele. O depoimento foi acompanhado por um psiquiatra.
A faca e a camiseta do garoto, ambas com manchas de sangue, foram recolhidas e serão periciadas. O delegado responsável pela investigação disse que o menor apresentava um comportamento frio e não demonstrava arrependimento. Ele também não explicou o motivo de ter atacado a vítima, diferentemente do que vislumbrava em relação aos outros dois alvos.
O advogado da família, Agnaldo Domingos Ramos, esteve na delegacia e informou que que vai aguardar o decorrer da investigação para definir como irá agir em relação ao caso, mas estuda solicitar uma avaliação psicológica do garoto.
Colegas da vítima vão à porta do prédio de Tamires, comovidos com morte de estudante — Foto: Paula Resende/G1
Comoção
O corpo da adolescente foi velado na Casa de Velórios de Pires do Rio nesta quinta-feira (24). O enterro ocorreu às 11h, no Cemitério Explanada, na mesma cidade.
Tamires estudava no 9º ano do ensino fundamental e o suspeito, no 7º. Ambos no período vespertino. A escola ficou fechada nesta quinta-feira.
A adolescente estudava na escola desde o início do ano. O coordenador Cézar Sabino conta que ela era uma ótima aluna e que todas as notas do boletim eram acima de 9. “Ela só tirava 10 quase. Era muito boa menina”, ressaltou.
Colega de sala e amiga de Tamires, uma adolescente de 13 anos ressalta que a vítima era “superinteligente e estudiosa”. De acordo com a menina, todos ficaram abalados com o que aconteceu, pois ela era muito querida.
“Ela era muito amorosa, nunca faria nada com ninguém. Todo mundo era amigo dela”, disse a colega.
Outra menina que estuda na mesma escola conta que Tamires era muito educada.
Já o adolescente era mais tímido, segundo os demais estudantes. "Ele era mais calado, na dele, ficava muito sozinho, às vezes ficava escutando música", conta um colega.
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