Por Larissa Feitosa, g1 Goiás


Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello são casados e procurados pela Polícia Civil de Goiás — Foto: Reprodução/Redes Sociais

O corretor de grãos Vinicius Martini de Mello e a esposa Camila Rosa Melo são investigados por aplicar golpes milionários contra produtores rurais em Goiás, e segundo a Polícia Civil, usam do dinheiro obtido com o crime para ostentar e manter uma vida de luxo (entenda mais sobre os crimes abaixo). Eles estão foragidos e a polícia acredita que tenham fugido para os Estados Unidos.

Em fotos publicadas nas redes sociais há alguns anos, o casal aparece em viajando para outros países junto com os filhos pequenos. Fora isso, uma ação policial apreendeu quase 470 veículos, aeronaves, imóveis de luxo e pediu o bloqueio de R$ 19 bilhões do casal e de outros suspeitos.

Ao g1, a defesa do casal disse que Vinicius e a família dele trabalham há mais de 10 anos no ramo e que nunca tinham tido problemas, mas que há seis meses uma “questão econômica” fez com que eles tivessem problemas para “honrar com os compromissos”. A defesa diz que existem acordos para pagamento de débitos de credores que “estão sendo feitos e que vêm sendo pagos”.

Vinicius e Camila são suspeitos de estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Os nomes foram incluídos na lista de procurados da Interpol. Por eles estarem foragidos, a Polícia Civil de Goiás divulgou o nome e a foto dos dois.

"A partir do momento em que houve a expedição do mandado de prisão imediatamente nós providenciamos que eles fossem incluídos na [lista da] Difusão Vermelha para que eles pudessem ser capturados onde forem encontrados”, detalhou o delegado Márcio Henrique Marques.

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Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello são casados e são procurados pela Polícia Civil de Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Outros suspeitos

Além de Vinicius e Camila, que são procurados, quatro pessoas foram presas em uma operação da Polícia Civil realizada nos dias 28 e 29 de novembro. A ação policial ainda apreendeu quase 470 veículos, aeronaves, imóveis de luxo e pediu o bloqueio de R$ 19 bilhões.

Os advogados Gabriela Lima e Rodrigo Castor são responsáveis pela defesa de duas pessoas presas na operação. Em nota, eles afirmam que a prisão preventiva dos clientes "é indevida e todas as providências cabíveis para devolver a liberdade aos investigados estão sendo tomadas". Disseram também que vão provar que "todos os negócios jurídicos feitos pela empresa são lícitos e fidedignos".

Já os advogados Alessandro Gil Moraes e Danilo Marques Borges são responsáveis pela defesa das outras duas pessoas presas na operação. Em nota, eles disseram que "acreditam plenamente na inocência dos investigados" e que, como o processo está sob sigilo, ainda não teve acesso à íntegra dos autos. Por isso, "não emitirá comentários ou avaliações sobre o caso neste momento".

O portal entrou em contato com a empresa suspeita do crime, mas não houve retorno até a última atualização da reportagem.

Operação Deméter

Corretor de grãos e esposa são investigados e tiveram nomes colocados na lista da Interpol

Corretor de grãos e esposa são investigados e tiveram nomes colocados na lista da Interpol

O delegado Márcio Marques detalhou que a investigação teve início em junho deste ano após Vinícius, que é corretor de grãos, dar um golpe milionário em produtores rurais de Rio Verde e fugir para os Estados Unidos junto com Camila, que é sua esposa.

A operação cumpriu 34 mandados de busca e apreensão e realizou quatro prisões nas cidades de Rio Verde, Morrinhos, Goiânia, Santo Antônio da Barra e Montividiu.

“Nós apreendemos armas, joias, documentos, veículos importados, caminhonetes, caminhões bitrens, que a depender do modelo, vale mais de R$ 1 milhão, e casas de luxo. A quantia aproximada dos bens sequestrados é de R$ 200 milhões”, informou o delegado.

Sonegação fiscal

Além do golpe contra os produtores rurais, o grupo também é suspeito de sonegação fiscal. Em relação ao crime, o delegado Márcio Marques detalhou que os suspeitos adquiriam grãos de produtores por valores mais altos e vendiam por preços mais baixos. No caso, não era recolhido o tributo, de forma que o Estado tinha o prejuízo.

“Quem pagava a conta era o Estado de Goiás, porque tinha sonegação de impostos e eles não recolhiam o tributo”, explicou o delegado.

Aviões e caminhão apreendido na Operação Deméter, da Polícia Civil, em Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil

A polícia detalhou que o grupo constituía as chamadas empresas “noteiras”, que tinham o objetivo de emitir notas fiscais frias. Em seguida, contratavam laranjas para promover a sonegação fiscal. A partir da sonegação era praticada uma lavagem de capitais para que esse dinheiro desviado do estado retornasse como um dinheiro lícito.

“Não satisfeito com os valores que obtiveram com a prática de sonegação fiscal, ou com a prática de diversos estelionatos, eles vitimaram os produtores rurais de Rio Verde. Ele comprou dos produtores, não pagou e vendeu para outros e não entregou", completou o delegado.

A investigação identificou que o grupo fez uma movimentação suspeita de cerca de R$ 19 bilhões em pouco mais de três anos. A polícia pediu o bloqueio desse valor, que até segunda-feira (02) ainda não foi deferido pela Justiça. Na operação, foram sequestrados pela polícia 468 veículos, duas aeronaves e sete imóveis de luxo, totalizando R$ 200 milhões.

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