Por Larissa Feitosa, g1 Goiás


Mulher deu entrada em hospital acompanhada do pai e da filha mais velha, em Campinorte, Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil

A jovem de 20 anos que é investigada por matar a filha de dois meses, em Campinorte, teve a prisão preventiva convertida em domiciliar pela Justiça. O caso é apurado pela Polícia Civil e, segundo as investigações, a bebê que morreu e a irmã mais velha, de 5 anos, são fruto de uma relação incestuosa entre a mãe e o avô materno. O homem morreu após trocar tiros com a polícia.

Na decisão de sábado (30), o juiz Breno Gustavo Gonçalves considerou que a jovem não tem antecedentes criminais, demonstrou bastante sofrimento com a morte da filja bebê e, principalmente, é responsável pela outra filha, que tem 5 anos e é uma pessoa com autismo. Fora isso, destacou que as investigações ainda não demonstraram que a mulher agia de maneira agressiva com as filhas.

“Embora se trate de crime gravíssimo praticado contra outra filha da custodiada, verifico que a autuada é tecnicamente primária e não possui antecedentes criminais; não há nos autos qualquer indicativo de maus-tratos ou violência contra a filha autista; o crime em apuração, conquanto de extrema gravidade, apresenta-se como fato isolado em sua vida pregressa; a manutenção da prisão em estabelecimento penal privaria a outra criança dos cuidados imprescindíveis de sua única cuidadora, podendo agravar sua condição de vulnerabilidade”, considerou o juiz na decisão.

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Depois que o crime aconteceu, a polícia informou que a menina foi levada para um abrigo. O g1 entrou em contato com o Conselho Tutelar de Campinorte, por e-mail e mensagem enviados às 16h22 de segunda-feira (2), para entender se a menina já foi liberada para voltar aos cuidados da mãe. Mas não houve retorno até a última atualização da reportagem.

O g1 não conseguiu contato com a defesa da mulher até a última edição da matéria. Segundo o delegado Peterson Amin, a princípio, as relações sexuais dela com o pai eram consensuais, mas não se sabe desde quando elas aconteciam. Como a mulher tem 20 anos e a filha mais velha dela tem 5, é provável que ela tenha sido vítima de estupro de vulnerável.

O delegado também informou que tenta descobrir como as agressões aconteceram a ponto de matar a bebê. Testemunhas ouvidas relataram que a vida da família parecia normal, e que nunca presenciaram agressões contra as duas crianças antes.

Condições da prisão

As condições para que a jovem permaneça em prisão domiciliar são:

  • Recolhimento domiciliar integral em tempo integral, estando terminantemente proibida de se ausentar da sua residência sem prévia autorização judicial;
  • Na hipótese de necessidade de saída para consultas médicas, terapias ou outras situações emergenciais relacionadas à filha autista, deverá previamente solicitar autorização junto ao fórum, comprovando documentalmente a necessidade;
  • Comparecimento a todos os atos processuais quando intimada;
  • Proibição de mudança de endereço sem prévia comunicação ao juízo;
  • Compromisso de manter seu endereço e telefone atualizados nos autos.

Se descumpridas, a investigada deve voltar a ser presa preventivamente.

Entenda o caso

De acordo com a polícia, a mulher deu entrada em um hospital de Campinorte com a filha de dois meses já sem vida, na madrugada de sexta-feira (29). Ela explicou que a menina tinha engasgado, mas durante exames os médicos identificaram vários hematomas pelo corpo da bebê. Desconfiados, eles chamaram a polícia.

Uma perícia de corpo de delito foi realizada e concluiu que a bebê morreu por politraumatismo, em uma ação “externa e contundente”, ou seja, causada por alguém que lhe deu pancadas, golpes ou outro tipo de impacto físico.

A mulher foi conduzida para a delegacia e, durante depoimento, afirmou à polícia que morava sozinha e acordou com sua filha morta, a levando ao hospital imediatamente. Mas quando a polícia verificou as imagens de câmeras de seguranças do hospital, viu que ela chegou na unidade acompanhada de um homem e de sua filha mais velha. Para a polícia, isso indica que ela não agiu sozinha.

A prisão da mulher aconteceu na tarde de sexta-feira (29). Segundo o delegado, ela foi autuada por crime de feminicídio contra a filha.

Incesto

Segundo a polícia, ao ser questionada sobre o homem, a mulher mentiu dizendo que ele era primo dela. Mas após investigações, a polícia descobriu que, na realidade, o homem era pai dela e os dois moravam juntos.

“Durante as oitivas nós identificamos que esse homem na verdade, era pai da mulher. E, posteriormente, nós descobrimos que além de ser pai, eles mantinham um relacionamento amoroso, o que indicava que essa bebê que foi morta seria filha do casal”, detalhou o delegado.

A Polícia, então, passou a ouvir outras testemunhas do caso e foi informada de que a mulher e o pai mantinham um relacionamento incestuoso. As investigações também concluíram que a bebê que morreu, e outra filha da mulher, são filhas do avô.

O homem não teve o nome registrado nas certidões das filhas.

Confronto

Homem suspeito de ajudar a matar bebê de dois meses morreu em confronto com a polícia, em Campinorte, Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil

A polícia relata ter iniciado buscas pelo homem após a morte da bebê. Ele foi encontrado escondido em uma chácara na zona rural de Campinorte, portando uma arma calibre .22.

Os policiais afirmam que, ao tentar abordar o homem, ele reagiu atirando. Com isso, a equipe atirou de volta e atingiu o suspeito. Ele não resistiu e morreu.

Segundo o delegado, existia uma mandado de prisão em aberto contra o homem por um crime de feminicídio praticado na Bahia. A vítima seria a ex-esposa dele.

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