Secretário de Saúde de Goiânia é preso em operação contra pagamentos irregulares, diz MP
O secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, foi preso nesta quarta-feira (27), em operação do Ministério Público de Goiás (MP-GO). Segundo os promotores, o secretário executivo, Quesede Ayres Henrique, e o diretor financeiro da Secretária Municipal de Saúde de Goiânia, Bruno Vianna Primo, também foram presos durante o cumprimento de três mandados de prisão temporária e oito de busca e apreensão. A ação investiga pagamento irregular em contratos administrativos e suposta associação criminosa na pasta.
Em nota, a defesa de Wilson Pollara disse que irá se manifestar formalmente após ter acesso ao processo. No texto, o advogado Thiago Peres diz ainda que acredita que a inocência do secretário será provada durante as investigações (leia nota completa abaixo).
Ao g1, a defesa de Quesede Henrique informou que ainda não teve acesso e, por isso, "não pode emitir considerações detalhadas sobre as alegações que embasam a medida judicial". O advogado Márcio Cunha escreveu ainda que a defesa confia na demonstração de inocência do secretário executivo (leia nota completa abaixo)
A Prefeitura de Goiânia, por meio de nota, informou que "está colaborando plenamente com as investigações conduzidas pelo Ministério Público de Goiás" (veja nota na íntegra ao final do texto).
Saiba quem são os presos em operação contra supostos pagamentos irregulares na Secretaria de Saúde de Goiânia, na manhã desta quarta-feira.
De acordo com o MP-GO, a investigação aponta que os envolvidos concederam vantagens indevidas em contratos, ao ignorar a ordem cronológica de pagamentos e causar prejuízos ao erário. Durante a operação, os promotores revelam que foram encontrados R$ 20.085,00 em dinheiro na posse de um dos investigados.
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Secretário Municipal de Saúde em Goiânia, Wilson Pollara - Goiás — Foto: Diomício Gomes/O Popular
O MP-GO destacou que os mandados estão sendo executados pelo Grupo de Atuação Especial no Patrimônio Público (GAEPP), com o apoio de 11 promotores de Justiça, servidores do Ministério Público de Goiás (MPGO), um delegado de polícia e 28 policiais militares.
Além das práticas criminosas, o MP-GO pontuou que o esquema agravou a crise na saúde pública de Goiânia. Isso, conforme os promotores de Justiça, teria afetado o repasse de verbas a entidades como a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc).
A Fundahc contabiliza uma dívida acumulada de R$ 121,8 milhões e estaria enfrentando dificuldades operacionais. Em agosto deste ano, a Fundahc chegou a suspender os atendimentos nas maternidades Dona Íris, Nascer Cidadão e Célia Câmara. Na época, segundo a instituição, foi mandido apenas os atendimentos eletivos.
Crise na Saúde
O MP-GO ressaltou que paralelo ao suposto esquema na Secretaria, a rede pública de Saúde de Goiânia enfrenta uma crise de assistência hospitalar, com restrição ao acesso a leitos de enfermaria e Unidade de Terapia Intensivas (UTIs). Além do descumprimento pela prefeitura de decisões judiciais.
Nos últimos dias, pelo menos cinco pessoas morreram à espera de leitos de UTI em Goiânia. As vítimas são Severino Santos, Katiane Silva, Janaína de Jesus e Luiz Felipe Figueiredo da Silva. E, João Batista Ferreira, que morreu no início desta semana. As famílias contaram que procuraram auxílio do MP-GO e da Justiça para conseguir atendimento, mas o serviço de saúde pública não chegou a tempo.
Na época, sobre a morte de Severino, a SMS de Goiânia informou que o paciente, com quadro clínico relacionado a uma fratura ortopédica, estava sob cuidados e a Secretaria buscava por vagas na rede SUS, o que inclui hospitais estaduais. Sobre Katiane Silva, foi informado que ela morreu de dengue hemorrágica e que não houve falta de assistência. Em relação à Janaína não houve resposta e no caso de Luiz Felipe a Secretaria disse que “a causa da morte vai ser investigada pelo Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) do município”.
Segundo o MP-GO, dinheiro foi encontrado com um dos investigados, Goiás — Foto: Divulgação/MP-GO
Nota da defesa de Wilson Pollara
A defesa de Wilson Modesto Pollara informa que ainda não obteve acesso aos autos e que, tão logo esteja de posse dos elementos informativos referentes à operação deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), emitirá um posicionamento formal e fundamentado. Diante do histórico de Pollara, que registra mais de cinco décadas de exercício da medicina e de cargos públicos na área de saúde sem máculas, marcadas por notória contribuição técnica, social e acadêmica, a defesa reafirma seu compromisso com a verdade e com o pleno respeito ao contraditório e ao devido processo legal, certa de que a inocência de seu cliente será devidamente reconhecida no curso das apurações.
Dr. Thiago M. Peres
Íntegra da nota da Prefeitura de Goiânia
A Prefeitura de Goiânia informa que está colaborando plenamente com as investigações conduzidas pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) no âmbito da Operação Comorbidade.
A gestão municipal reitera seu compromisso com a transparência e com a lisura na administração pública, colocando-se à disposição para fornecer todas as informações e documentos necessários ao esclarecimento dos fatos.
A Prefeitura reforça que tomará todas medidas administrativas cabíveis, conforme o desdobramento das apurações.
Íntegra nota Quesede Henrique
“Em relação aos fatos noticiados na data de hoje, a defesa informa que ainda não teve acesso à íntegra do processo e, por essa razão, não pode emitir considerações detalhadas sobre as alegações que embasam a medida judicial.
No entanto, reforçamos que o cliente está à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários às autoridades, visando à plena elucidação dos fatos.
A defesa mantém total confiança na demonstração de sua inocência e reitera o compromisso com o respeito ao devido processo legal e à ampla defesa.”
Márcio M. Cunha Advogado
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