Globo Repórter 50 anos – sociedade – 07/04/2023
O Globo Repórter especial desta sexta-feira (7) - comemorativo pelos 50 anos do programa - mostrou as mudanças na sociedade ao longo das últimas cinco décadas. Quando o programa estreou, em 1973, éramos 103 milhões de brasileiros e hoje somos 207 milhões. Em cinco décadas, o Globo Repórter mostrou transformações sociais, mudanças de comportamento e histórias de brasileiros em busca de uma vida melhor.
As cidades cresceram, as mulheres conquistaram direitos, o racismo virou crime e novas configurações de famílias foram formadas - mais abertas e mais acolhedoras. A renda dos brasileiros se multiplicou por 5 e a economia se diversificou, mas a desigualdade ainda é uma das mais acentuadas do mundo. A taxa de analfabetismo caiu de 33 para 6%. Já a taxa de fecundidade era de 5,76 filhos por mulher e hoje é de 1,76, de acordo com o IBGE.
O especial desta sexta retornou a Boa Esperança do Sul, no interior de São Paulo, onde crianças de hoje se impressionaram com imagens de 47 anos atrás. O programa também reencontrou algumas pessoas: a cantora Laura Finocchiaro, que assumiu ser bissexual em 1996; a filha da dona de casa Ana Bernardino, Leila Bernardino, que trabalhou fora e trilhou um caminho diferente da mãe; o professor de educação física Fábio da Fonseca, descoberto aos 12 anos pela bailarina clássica Rita Serpa e que foi salvo pela arte; e a professora Suéllen da Silva Santos, que escreveu uma carta para o programa há 20 anos.
Crianças em Boa Esperança do Sul (SP) em 2023 e cidade em 1976 — Foto: Globo Repórter
O Globo Repórter também reviu uma família de classe média de São Paulo e conversou com o motorista de aplicativo Wagnner de Luna, que assumiu sua homossexualidade para o programa, inspirado num episódio sobre combate a preconceitos. Assista à íntegra no vídeo acima.
Confira abaixo trechos do programa:
Auditório com crianças em Boa Esperança do Sul (SP) — Foto: Globo Repórter
Reportagem de 1976 falava de progresso e da migração da população do campo para as cidades. Bisnetos e tataranetos de entrevistados da época se assustam com imagens antigas, de crianças trabalhando e das matas sendo derrubadas, em Boa Esperança do Sul. Uma das personagens foi Dona Antônia, parteira e analfabeta, e Valdemir Rodas, o único médico para os seis mil habitantes. Para as netas da parteira, a vida melhorou muito. Os casos de verminoses e desnutrição caíram muito ao longo do tempo.
A dona de casa Ana de Castro Bernardino em 1977 e a filha dela, Leila Bernardino, em 2023 — Foto: Globo Repórter
O Globo Repórter mostrou, em 1977, a frustração de Ana de Castro Bernardino, moradora da Penha, Rio de Janeiro, que largou o emprego para se casar, uma exigência do marido. Naquela época, 18% dos empregos eram ocupados por mulheres. Atualmente, o índice é de 43%. Filha de Ana, Leila se tornou publicitária e independente. Ela se emociona ao rever as imagens da mãe.
Rosângela Lopes em 1987 e em 2023 — Foto: Globo Repórter
Quando o Globo Repórter surgiu, em 1973, as brasileiras costumavam ter em média mais de 5 filhos. Hoje, cada mulher tem menos de 2 filhos. Reportagem do programa de 1987 mostrou uma família de classe média de São Paulo e registrou o casamento de Rosângela Lopes, neta de dona Regina, que teve nove filhos. A noiva não contou na época, mas se casou grávida e teve dois filhos. Hoje, ter filhos antes do casamento não é mais um tabu.
Cantora independente Laura Finocchiaro em 1996 e em 2023 — Foto: Globo Repórter
Desde 2013, os cartórios brasileiros registram casamentos homoafetivos. Mas em 1996, a cantora independente Laura Finocchiaro teve coragem de falar para o Globo Repórter o que muitos não ousavam. Quase 30 anos depois ela diz que faria tudo de novo: “Eu me considero um ser capaz de amar o outro. Então, eu sou capaz de amar um homem, eu sou capaz de amar uma mulher. E eu tive essa coragem. Foi lindo, foi libertador para mim. E eu acredito que tenha sido libertador para alguém que assistiu aquele programa”, diz Laura.
Motorista de aplicativo Wagnner Luna — Foto: Globo Repórter
Um episódio do Globo Repórter sobre diversos tipos de preconceitos, de 2021, marcou o motorista de aplicativo Wagnner Luna, que postou nas redes sociais que o preconceito não leva ninguém a lugar nenhum. Para o especial comemorativo de 50 anos sobre sociedade, ele dividiu com a equipe algo íntimo pela primeira vez. “Sou preto, sou gordo e sou gay. Minha avó nunca escutou da minha boca eu falar isso”, disse Wagner.
Fábio da Fonseca Barbosa em 1991, em projeto de dança, e em 2023, já como professor de educação física — Foto: Globo Repórter
Fábio da Fonseca Barbosa apareceu em um programa de 1993 sobre trabalho infantil. Ele tinha 16 anos e era o filho único de um pedreiro e uma empregada doméstica. Negro da Baixada Fluminense, Fabio foi salvo pela arte. Descoberto aos 12 anos pela bailarina clássica Rita Serpa, ele passou a integrar o projeto Luar, em Duque de Caxias. Com a dança, ele conheceu o mundo e estudou educação física.
Carta escrita há 20 anos e a professora Suéllen da Silva Santos em 2023 — Foto: Globo Repórter
Ao longo de 50 anos, o Globo Repórter já recebeu muitas mensagens do público, como a de Suéllen da Silva Santos. Quando ela escreveu para o programa, tinha 20 anos e ainda era uma estudante. Hoje, é professora em Piraí, no interior do Rio de Janeiro. A carta dela foi guardado por 20 anos e estimula a equipe do Globo Repórter a continuar em busca de grandes histórias.
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