Um transporte raríssimo hoje em dia, talvez único no mundo. Mas no Brasil, ainda resiste em algumas regiões. Em Cururupu, nas reentrâncias maranhenses, o carro de boi ainda circula pelas estradas.
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A fabricação é bem artesanal e vem atravessando gerações. A montagem é como a de um quebra-cabeça de várias peças, encaixadas uma a uma – primeiro as rodas com o eixo, depois a carroceria. Os produtores levam 15 dias. Atualmente, um carro de boi custa em torno de R$ 3 mil – sem os bois.
O carro Seu Francisco precisava de uma renovação nas rodas – uma espécie de recauchutagem nos pneus. E lá foi ele pelo acostamento do asfalto. Três, quatro km/h, no máximo é a velocidade média de um carro de boi. Seu Francisco mora perto da cidade e leva umas três horas pra chegar em casa. “Eu prefiro mais o carro de boi, porque é mais tranquilo”, diz o agricultor Francisco Carvalho.
No Maranhão o boi também é o rei da festa, tratado com respeito. Símbolo da tradição que ocupa um grupo de mulheres o ano inteiro, bordando as fantasias do boi. Elas sustentam as famílias com o trabalho.
Enquanto as mulheres bordam as fantasias na varanda, os homens vão ensaiando o ritmo no quintal e ritmo aqui no maranhão tem outro nome: sotaque. E o boi tem vários sotaques. É uma herança dos escravos. Nas festas, eram obrigados a batucar a noite inteira. E como a palma da mão não aguentava, de tanto trabalhar, o jeito era usar o outro lado. Por isso o ritmo é chamado costa de mão.
Dona Helena acredita que há uma encantaria embaixo das dunas da Ilha dos Lençóis. Encantaria é uma figura encantada. A figura de um rei português que, segundo a lenda, fixou residência na Ilha dos Lençóis, embaixo das dunas.
Ele ganhou até um memorial: é Dom Sebastião. Reinou pouco tempo na corte portuguesa. Morreu jovem, misteriosamente, durante batalhas por conquistas de territórios africanos. Segundo a crença dos moradores, vive nas profundezas da areia na duna mais alta da ilha.