Relação entre obesidade e desnutrição era noticiada pelo Globo Repórter há 20 anos
O Globo Repórter sempre noticiou as descobertas na área da saúde, qualidade de vida, e alertou para problemas como a desnutrição e a obesidade infantil, ao longo de seus 50 anos de história.
Em 1975, o programa dizia que, em São Paulo, havia 370 mil crianças carentes de tudo, com menos de 7 anos, que formavam uma população à margem da sociedade.
Em 2003, pesquisas citadas pelo programa mostravam que crianças desnutridas tendem a ser adultos obesos e doentes. A equipe de reportagem esteve na época no Centro de Recuperação e Educação Nutricional (CREN) apoiado pela Universidade Federal de São Paulo.
Em 2006, o CREN passou a fazer parte a do Sistema Único de Saúde (SUS) e a receber crianças e adolescentes com algum grau de má nutrição.
Além da desnutrição, a obesidade infantil passou a desencadear doenças de adultos em crianças. Em 2023, ainda há muitos desafios para os profissionais que trabalham no centro.
“Em uma mesma família, a gente encontra os pais com excesso de peso, muitas vezes com carência de micronutrientes, de vitaminas e minerais, e crianças com baixa estatura de causa nutricional ou mesmo crianças com magreza. Ou seja, a gente tem uma coexistência de má nutrição muitas vezes num único domicílio’, diz a pediatra Maria Paula Albuquerque.
A desnutrição e a obesidade atingem o Brasil de Norte a Sul. Em 2003, a repórter Lilia Teles e o cinegrafista José Henrique foram a Maceió gravar um Globo Repórter sobre o assunto. E os dois voltaram ao mesmo lugar em 2023, para o especial de aniversário do programa, sobre saúde.
Em 2003, a equipe se impressionou com o olhar sensível de uma professora da Universidade Federal de Alagoas sobre moradores de uma favela. Onde só se via obesidade, ela enxergou também desnutrição e passou a cuidar dos adultos e das crianças que viviam na região. A comunidade não existe mais, mas o trabalho da professora continua mudando vidas há mais de duas décadas.
A nutricionista Telma Toledo decidiu abraçar a causa de família carentes, que não tinham nem banheiro. Em 2003, Dona Zoraide, por exemplo, fazia uma única refeição por dia, mas o peso não diminuía. Vinte anos depois, a equipe reencontrou Zoraide e a filha, Carla, no CREN de Maceió. Elas ainda lidam com o passado de privações, mas a nova geração da família cresce forte e saudável.
“Aqui no CREN, nós ensinamos a comer. Se você ensina a população, se você educa a população, se você muda o hábito da geração mais cedo, você tem melhor resultado”, destaca a nutricionista.
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