qua, 19/10/11
por Equipe Milênio |
No último mês de agosto, nós preparávamos a série “O Futuro do Mundo” e soubemos que Daniel Cohn-Bendit estava por vir ao Brasil. Não chega a ser fato raro: amigo de lideranças políticas por cá, entusiasta do futebol brasileiro, Cohn-Bendit é mais íntimo desses nossos trópicos do que a maioria imagina. Logo depois das eleições 2010, por exemplo, veio Bendit bater o ponto. Na ocasião, coube a mim entrevistá-lo para o Jornal das Dez. Danny le Rouge: líder da geração contestadora de meus pais, referencial para a minha, que teve a honra de fazer 18 anos justo a tempo de votar na primeira eleição direta para presidente depois da ditadura militar. Cohn-Bendit tem um quê de mito. Mas não se deixou congelar como herói dos soixante-huitards, não parou no tempo. É um dos maiores articuladores “verdes” da Europa. Sua cabeça outrora ruiva, hoje meio loura meio grisalha, não cessa de fazer perguntas. E provocar. Cohn-Bendit, portanto renderia – pra usar o jargão jornalístico – uma nova entrevista, agora para a série sobre o futuro do planeta.
“Ah, é você!”, disse Cohn-Bendit ao me ver, quando chegou para a gravação. Lembrou do ano anterior – e é sempre meio engraçado ser reconhecida por um personagem da história do seu tempo. “Sim, sou eu”, disse eu, meio sem graça. Começamos a entrevista. A locação não ajudava. Era o hall de um hotel, o elevador fazia barulho, passava gente. Mas Cohn-Bendit não se distrai, não perde o fio da meada. E provoca. Em francês, usa-se muito o verbo “croire”, que na tradução literal seria “crer”, no sentido de “achar”. Pois quando usei a palavra, ele rebateu na hora: “Eu não creio, eu sou ateu”. Aí eu revidei lá la frente: “Você não crê, é ateu, mas é de origem judaica. Como é que vê então o futuro de Israel?”. Em outro momento, fiz uma relação entre o “rouge” (vermelho) do apelido dele do passado com o comunismo. Ele disse: “Não tinha nada a ver, era por causa do meu cabelo”. Eu: “Mas hoje você é Danny le Vert (verde) e seu cabelo não é verde”. No fim das contas, o clima ficou ótimo.Eis que por motivos vários, boa parte do material que gravamos acabou ficando de fora depois da edição dos programas.
No fim da semana passada, ao nos darmos conta da proporção que as manifestações populares vêm tomando mundo afora, nos ocorreu pôr no ar como um “Milênio” nossa conversa com Daniel Cohn-Bendit. Ele afinal havia feito comparações interessantes entre 1968 e 2011. Tinha construído análises perspicazes sobre os movimentos árabes – primeira peça a cair nesse contínuo dominó que parecem ser os protestos por mudanças nos quatro cantos do planeta. Quase premonitório, em agosto Bendit já falava da mola-mestra que viria a levar tantas multidões às ruas algumas semanas mais tarde: a insatisfação com o que ele chama de modelo individualista e egoísta da globalização. Aquilo tudo merecia ir ao ar. E eu já espero ansiosa pela próxima oportunidade. Do jeito vertiginoso que o mundo vai, não vai faltar assunto.
por Leila Sterenberg
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qui, 09/06/11
por Equipe Milênio |
Os extras já são tradição aqui no blog e, como não poderíamos decepcionar nossos internautas, separamos alguns trechos da entrevista com o jornalista Peter Frey para vocês conferirem com exclusividade. Neste vídeo, nosso convidado fala sobre como a imprensa alemã percebe o Brasil, reflete sobre o que a mídia pode fazer para conquistar o público mais jovem e sobre os valores que considera mais importantes neste momento em que vivemos.
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sex, 29/04/11
por Equipe Milênio |
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O multiculturalismo pode ser considerado um projeto fadado ao fracasso? Afinal, ter que se “dedicar ao esforço” de absorver diferentes práticas culturais e religiosas já não denota a presença de uma “resistência”?
fotos: David Faria
O Milênio desta semana discute a multiculturalidade tendo o projeto alemão como foco, que também reflete as dificuldades do próprio bloco europeu em lidar com os fluxos migratórios e minorias étnicas. Afinal, o país que representa a maior economia da Zona do Euro – e é governado por uma mulher de pulso firme, Angela Merkel – possui um papel cada vez mais decisivo durante a atual crise que atinge o velho continente.
Além disso, os alemães se deparam com o inesperado sucesso do livro “Deutschland schafft sich ab” (“A Alemanha se extingue por ela mesma” em tradução livre) escrito pelo ex-conselheiro do Banco Central Thilo Sarrazin, que defende teses polêmicas, como a de que a Alemanha está se tornando mais burra por causa dos imigrantes muçulmanos.
Essas questões foram temas para a entrevista com um dos mais influentes e respeitados jornalistas alemães, Peter Frey, ex-correspondente internacional, âncora, comentarista e editor-chefe da ZDF, uma das emissoras públicas de TV da Alemanha.
Ele conversou com a repórter Leila Sterenberg numa rápida visita ao Brasil.
Nesta segunda (02/05) às 23h30.
@mileniognews
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qua, 30/03/11
por Equipe Milênio |
Como em todas as quartas-feiras, hoje é dia de publicar o vídeo-extra da entrevista da semana.
Neste trecho – que não foi ao ar – o historiador Michel Winock explica à repórter Elizabeth Carvalho se a ideia de uma Europa única ainda é viável, ainda mais depois de momentos como os de crises econômicas e sociais.
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qua, 01/12/10
por Equipe Milênio |
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Como em todas as quartas-feiras, abaixo segue o vídeo extra da entrevista de Lucas Mendes com o presidente do Eurasia Group, Ian Bremmer.
Neste material inédito que não entrou no programa da semana, Bremmer explica, entre outros assuntos, por que Índia e Brasil são os melhores lugares, hoje, para se investir e se a proximidade com Ahmadinejad atrapalhou, de alguma forma o país. Além disso, também analisa rapidamente o que pode ser o perfil da presidenta Dilma Roussef.
@mileniognews
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seg, 29/11/10
por Equipe Milênio |
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Abaixo o programa com Ian Bremmer, presidente do Eurasia Group e logo depois você confere um pouco dos bastidores, pelo correspondente Lucas Mendes.
Não conhecia o Ian Bremmer pessoalmente e quando entrou na minha sala, sem aviso, me surprendi com a aparência mais jovem do que nas fotos.
foto: Henderson Royes
É jovem também de cabeça e guarda roupa. Disse que jamais usa gravata e pediu para não ser chamado de professor nem mesmo de mister Bremmer. “Só Ian está ótimo”.
No começo me senti um pouco constrangido de usar um tratamento tão íntimo com um entrevistado sobre um assunto pesado. A informalidade podia diminuir a seriedade, mas meu constragimento logo se desfez em parte graças ao talento dele de simplificar temas e teses difíceis.
Ele dá aulas a cinco minutos do nosso estúdio, mas disse que a maior parte do tempo dele é gasto em pesquisa, comentários escritos e viagens pelo mundo afora. Ian é um “globetrotter” da geopolitica.
Clique e leia mais de Lucas Mendes sobre Ian Bremmer.
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sex, 26/11/10
por Equipe Milênio |
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foto: Henderson Royes
Quem vai ganhar a guerra entre Estados e corporações? Na década de 90, com a queda da URSS, a economia de mercado parecia imbatível. Foram privatizações, menos regulamentação e presença do Estado em vários setores da economia e rédeas soltas para bancos e investidores. Deu no que deu. O cenário do mundo é sombrio: EUA lutando contra o perigo da deflação e do desemprego e a União Europeia se arrastando para sair da crise.
Essa é a opinião do cientista político Ian Bremmer, que vive viajando pelo mundo elaborando análises de conjunturais e de riscos das mais diversas economias e países do planeta. Para isso, criou um dos grupos de análise mais respeitados e procurados dos EUA, o Eurasia Group. Dois de seus livros são best sellers em vários países do mundo. The End of Free Market, o mais recente, aborda o conflito entre capitalismo de Estado e de mercado. The J Curve examina como nações enriquecem e empobrecem.
“Bremmer se tornou uma combinação de enciclopedista com futurólogo. Você dá o nome do país ou do problema e ele dispara com dados e currículos precisos”, conta o correspondente Lucas Mendes, que foi encontrar Bremmer nos estúdios da Reuters para gravar a entrevista. “Não conhecia o Ian Bremmer pessoalmente. Me surpreendi com a aparência mais jovem do que nas fotos. É jovem também de cabeça e de guarda roupa. Disse que jamais usa gravata e pediu para não ser chamado de professor nem mesmo de mister Bremmer. “Ian esta ótimo!”, me disse ele”.
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