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Um Milênio verde

ter, 19/06/12
por Equipe Milênio |

 

 

Seria difícil tornar mais verde a entrevista com Gro Brundtland. Menos até pelas credenciais incontestáveis dela como ambientalista e mais pelo local onde nos encontramos no Rio de Janeiro: mata Atlântica, alto da Gávea. Trata-se de um cantinho elevado da cidade que permite ver de um lado o Corcovado não muito distante e, de outro, bem próxima, a conhecida elevação de granito conhecida como Pedra da Gávea, fundo de cenário obrigatório em fotos do por-do-sol em Ipanema e Leblon.

Ali estávamos no que foi uma velha residência, agora transformada em um dos muitos hotéis-butique da cidade: pequeno e charmoso, voltado para poucos hóspedes de bom gosto, que preferem fugir da agitação de hotéis vastos e luxuosos.

– Tirei foto do Corcovado pela janela de meu quarto e já mandei para o meu marido, que adora essa imagem do Cristo na montanha do Rio – comenta Gro quando chega ao terraço onde armamos câmeras e microfones para nossa conversa do Milênio.

Assim que se senta, ela encara um ângulo novo da paisagem no lado oposto, ainda não percebido.

– Que maravilha esta pedra imensa logo aqui atrás.

O que ela não notou, do ponto onde se sentou, foi que a rica vegetação tropical à nossa volta escondia um cenário ainda mais carioca: a favela da Rocinha, uma das maiores da América Latina, derramada por aquele lado da montanha vizinha, por onde se expandiram os barracos a partir do outro pedaço do morro onde a comunidade começou, em São Conrado.

Na Rocinha vivem muitos dos que trabalham no asfalto em baixo, prestando serviços como empregadas domésticas, porteiros, motoristas, garçons. Poucos meses atrás, seria até perigoso se instalar na vizinhança, como constataram vários moradores de mansões próximas, alguns levados a se mudar ao longo dos anos, outros a vender por preço baixo suas casas tão próximas de uma comunidade dominada tanto tempo pela violência e o tráfico de drogas.

Só que o perigo acabou e a região volta a ter valorização e prestígio. Não mudou por milagre e sim por iniciativa do poder público, que instalou na Rocinha uma Unidade de Proteção Policial (UPP), programa do governo carioca que vem obtendo resultados. Contrariou as expectativas de uma população que andava descrente na capacidade das autoridades em expulsar traficantes e se fincar no local para restabelecer uma vida razoável em áreas pobres e degradadas, mas agora pelo menos sem violência. A pacificação tem facilitado a implantação de programas sociais para os milhares de habitantes da Rocinha, bem como em uma dezena de outras favelas cariocas.

Assim, em torno de seu próprio hotel, nossa entrevistada, uma das pioneiras do movimento ecológico mundial testemunha um exemplo de como o poder público, com apoio local, pode interferir para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Nada mais animador para alguém que teve papel-chave em lançar, nos anos 80, o conceito de “desenvolvimento sustentável”, hoje base das discussões sobre meio-ambiente, como a Rio+20.

Ela veio ver de perto a conferência no Rio, desta vez como co-autora de novos estudos da ONU sobre meio-ambiente e inclusão social. Veio também como membro do seleto grupo The Elders, formado por veteranos líderes (Fernando Henrique Cardoso, Jimmy Carter, Desmond Tutu, entre outros), convocados pelo sul-africano Nelson Mandela para aplicarem sua experiência e sabedoria na busca de soluções para problemas mundiais.

O calor da primavera-verão carioca não parece perturbar essa nórdica criada nas promidades de geleiras. Mas um copo d’água não seria má ideia, propõe. Vem a água em jarra, tirada de filtro.

– Não se deve beber água assim fora de casa, pois nunca se sabe há quanto tempo não se limpa o filtro.

Ouve-se a voz de quem, além de viajante pelos cantos remotos do mundo, ex-primeira-ministra, ex-diretora da Organização Mundial de Saúde, é formada em Medicina.

por Silio Boccanera

Teremos um futuro?

seg, 11/06/12
por rodrigo.bodstein |

 

 

As condições para a vida na Terra estão em risco. Como resolver esse desafio com lideranças divididas por fronteiras e soberanias? Saiba mais na entrevista que Sonia Bridi fez com o ex-secretário-geral da Rio92, Maurice Strong, que, há mais de quarenta anos, luta para incluir o meio ambiente na agenda global.


Os olhares do mundo estão voltados para o Rio de Janeiro. Delegações chegam à cidade para discutir como equacionar desenvolvimento econômico com uma relação sustentável com o meio ambiente. Em meio a maior crise econômica desde mil novecentos e vinte e nove, com bilhões de pessoas querendo atingir níveis de consumo que apenas um sétimo da população mundial possui e uma ameaça cada vez mais real de mudança climática, a questão, agora, talvez não seja o futuro que queremos, mas se teremos um futuro.

O planeta entrou na agenda internacional na Conferência sobre Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, em mil novecentos e setenta e dois, mas foi na Rio noventa e dois que o debate ganhou os contornos atuais. Na economia, gradualmente, o desenvolvimento se tornou sustentável e, hoje, discute-se a necessidade de uma economia verde e de inclusão dos custos ambientais no preço final dos produtos. Na política, o desafio continua o mesmo: como resolver um problema global por meio de lideranças divididas por fronteiras e soberanias.

Para compreender o que aconteceu nesses vinte anos e a necessidade de irmos além do que fizemos até agora, o Milênio entrevistou o canadense Maurice Strong. Embora tenha começado sua a carreira no setor de petróleo e gás, Maurice se dedica a transformar a percepção das lideranças globais sobre a importância do meio ambiente há mais de 40 anos. Foi responsável pelo primeiro relatório sobre a situação ambiental no planeta e que preparou a discussão da Conferência de Estocolmo de mil novecentos e setenta e dois. A partir de então, virou consultor do governo Chinês, participou da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento e teve um papel decisivo como secretário-geral da Rio92, liderando o esforço por um maior compromisso dos líderes com o que foi acordado e para a consolidação de uma estrutura para a proteção do planeta.

por Rodrigo Bodstein

O caminho para a sustentabilidade

qui, 03/05/12
por Equipe Milênio |

 

No próximo mês de junho, quando o mundo desembarcar no Rio de Janeiro para discutir se o instinto de preservação dos homens pode prevalecer sobre a compulsão para a destruição, os olhares vão estar especialmente voltados para o anfitrião desta nova rodada.

O Brasil é a grande nação dos trópicos que lidera o debate unificador da justiça social e da proteção ambiental; mas tem que domar as feras dentro de casa para reverter um Código Florestal polêmico, que anistia o desmatamento e prejudica os pequenos agricultores. Apresenta metas ambiciosas para redução de emissões de dióxido de carbono na atmosfera nos próximos anos, mas não tem um projeto para enfrentar um de seus maiores pesadelos: hoje, existem 38 milhões de carros circulando nos grandes centros urbanos brasileiros. Em 2020, eles serão 70 mil.

Que estratégia de sustentabilidade o dono da casa pode defender efetivamente na Rio + 20? É o que fomos buscar com o premiado jornalista Washington Novaes, um dos maiores especialistas em meio ambiente no país. Na teoria e na prática: Washington vive numa chácara em Goiania, no coração do Brasil, campeã da resistência aos efeitos nocivos do tempo e do crescimento desordenado à sua volta. Foi aqui que ele nos falou dos grandes desafios que terão que ser enfrentados nos próximos anos.

por Elizabeth Carvalho

A inserção do Brasil em um futuro verde

sex, 27/04/12
por rodrigo.bodstein |

 

 No próximo Milênio, a inserção brasileira em um futuro sustentável. Não perca a entrevista que Elizabeth Carvalho fez com o jornalista e ambientalista Washington Novaes. Segunda-feira, 30/04, às 23h30, na Globo News

 

O Código Florestal, que aguarda a sanção da presidente Dilma, trouxe à tona um debate sobre o limite da fronteira agrícola e a preservação da biodiversidade. Isso talvez seja uma das questões mais importantes para o futuro do Brasil, porque, de certa forma, demonstra o choque entre duas visões de desenvolvimento.

A primeira, ainda ligada ao uso infinito dos recursos e a necessidade de um crescimento econômico ilimitado, vê um país que precisa de mais terras para exportar e produzir. A pressão nesse sentido é enorme. Agrada a muitos dos que contribuíram para sermos, hoje, a sexta economia do mundo. A segunda defende a biodiversidade e uma economia que alie inovação, tecnologia e sustentabilidade. Enquanto o primeiro grupo enxerga terras, o segundo enxerga biomas e riqueza natural.

Essa reflexão acontece em um momento em que o mundo vem ao Brasil discutir clima, meioambiente e economia. A proposta da Rio+20 é avaliar os progressos feitos desde a Rio92, analisar as possibilidades de transição de uma “economia marrom” para uma “economia verde” e propor medidas de governança para a sustentabilidade. Há praticamente um consenso que precisamos ter uma outra relação com o meioambiente, por mais que ainda permaneçam divergências sobre a intensidade e a maneira com que as mudanças devem ser feitas.

Pensar a inserção brasileira nesse contexto “verde” torna-se imprescindível e, como Washington Novaes ressalta, “falta ao Brasil uma visão estratégica de si mesmo.” Como um país com quase 20% da biodiversidade do mundo não tem uma participação maior no mercado de patentes? Quais são os custos sociais do crescimento? Qual é o modelo de desenvolvimento que o Brasil deveria adotar? Saiba mais no Milênio de segunda-feira, dia 30/04, às 23h30, na Globo News.

por Rodrigo Bodstein



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