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O lado histórico da vida de Jesus Cristo

qua, 29/01/14
por Equipe Milênio |

 

 

 

O Novo Testamento conta a história de Jesus Cristo, mas o que dizem outras fontes sobre quem foi realmente Jesus, o Jesus histórico? Pouquíssimos documentos sobreviveram à passagem dos Milênios, mas, desde o século XIX, pesquisadores trabalham para responder à pergunta.

O historiador da religião Reza Aslan reuniu as principais conclusões no livro Zelota, a vida e o tempo de Jesus de Nazaré. Um best-seller nos Estados Unidos, o livro provocou a ira de fundamentalistas cristãos, que atacaram Aslan: Como é possível que um muçulmano fale sobre Jesus?

De passagem por Nova York, Reza Aslan, um jovem americano de origem iraniana que vive na Califórnia, recebeu o Milênio para defender sua versão de quem teria sido o Jesus histórico.

 

por Jorge Pontual

Uma ponte entre as religiões

qua, 31/07/13
por Equipe Milênio |

 

 

Karen Armstrong recebeu a equipe do Milênio em seu apartamento de Londres, às vésperas de embarcar para o Brasil, onde faria palestras em Porto Alegre e São Paulo, a convite da organização Fronteiras do Pensamento. Para quem não compartilha de fé religiosa e ia ao encontro de uma ex-freira, autora de uma dúzia de livros sobre religião, a expectativa era de encontrar uma sisuda senhora de meia-idade, pregando ideias conservadoras e tradicionais. Quem sabe até não iríamos ter de aturar uma carola.

Nada disso. Esbarramos em alguém que embora apóie o lado espiritual e transcendental da experiência religiosa, rejeita e critica muito do que considera tradicional e retrógrado nas várias formas de religião organizada. E nas várias interpretações sectárias de livros sagrados. Sobre o novo Papa argentino, por exemplo, que só iria ao Brasil bem depois, nos contou de bom humor mas também com convicção que Francisco I deveria tirar a sede da Igreja Católica de Roma e transferi-la para Buenos Aires. “Estaria assim mais perto dos pobres que Jesus Cristo apoiava do que dos privilegiados instalados nesta má imitação do Império Romano que é o Vaticano.”

Karen repudia o comportamento dos “ativistas religiosos”, com suas interpretações rígidas e literais de textos na Bíblia, no Corão, no Torá. Considera, por exemplo, “um absurdo” a alegação de extremistas judeus ao tomar terras dos palestinos de que, segundo a Bíblia, Deus presenteou aquelas terras somente aos judeus e, portanto, os árabes não teriam direito a elas, mesmo se suas famílias ali estavam há várias gerações. “A Bíblia não pode ser lida como um documento de posse emitido pela prefeitura”—diz ela. “Sua mensagem é simbólica”.

Karen critica também os evangélicos que lêm a Bíblia como se fosse um relato de historiadores e cientistas, com afirmações sobre a criação do universo em uma semana, de uma vez só, com as formas de vida e geologia que têm até hoje, o que nos obrigaria a aceitar, por exemplo, que o ser humano e os dinossauros viveram na mesma época. “Isso é uma banalidade, que a ciência desmente sem muito esforço – diz ela – “e não leva em conta que as histórias na Bíblia são alegorias, parábolas, para serem lidas pelo seu valor simbólico e não pelo significado literal.”

Mesma coisa para o Corão, lembra ela, criticando os fundamentalistas que extraem trechos isolados que mais lhes convêm no livro sagrado muçulmano, enquanto ignoram outras partes que contradizem as mesmas afirmações, como o tratamento às mulheres ou o uso de violência. “Eles se esquecem também do contexto histórico em que surgiu o texto do Corão, século VII, quando o combate ao Islã foi intenso e seus adeptos tinham de se defender, muitas vezes à força. Aplicar as mesmas recomendações em pleno século XXI não faz o menor sentido”.

Uma das histórias curiosas envolvendo Karen ocorreu quando ela dava uma palestra nos Estados Unidos, pouco tempo depois dos ataques terroristas de 2001, e foi abordada pela polícia. Detetives pediam sua ajuda para decifrar o caso de um jovem local que tinha matado a família e se suicidado. Ao lado do corpo do rapaz, havia um livro escrito por ela, informou a polícia, sem maiores detalhes.  No contexto da época, a reação de Karen foi imaginar duas possibilidades de fanatismo religioso associado com atos de violência mais recentes: talvez um extremista cristão de direita lendo uma obra dela sobre a Bíblia ou quem sabe um fundamentalista islâmico que estivesse folheando e distorcendo o que ela escreveu sobre o Islã.

Na verdade, o livro dela que o rapaz lia era sobre budismo, tido como uma religião de paz e tranquilidade, nada a ver com fanatismo. O episódio serviu para ela como mais uma demonstração de que um indivíduo mentalmente desequilibrado pode encontrar justificativa para a violência até em textos religiosos que só pregam paz. Karen Armstrong procura explicar e não converter. A não ser para promover o que chama de regra de ouro da compaixão: tratar os outros como gostaria de ser tratado..

por Silio Boccanera

O que une primatas e humanos?

qua, 17/07/13
por Equipe Milênio |

 

 

Como é que você imagina o paraíso? Para alguns: anjos, cada um na sua nuvem. Outros: 72 virgens para cada mártir! Pra quase todos, um lugar branco, diáfano, meio entendiante e eterno… Mas eu cresci com uma ideia diferente do paraíso, tirada do Jardim das Delícias do pintor holandês Hyeronimus Bosch, que vi no Prado em Madri e em reproduções. Tinha um poster dele ao pé da cama. No paraíso de Bosch, passarinhos gigantes brincam com homens e mulheres nus, casais se beijam dentro de frutas, grupos alegres fazem amor montados em unicórnios. Todos os sexos e raças se cruzam, tudo é permitido e infinitamente prazeiroso. Não há pecado nem violência. Nem virgens. Todos são felizes.

O primatólogo holandês Frans de Waal nasceu na mesma cidade do pintor, ‘s-Hertogenbosch. Não me perguntem como se pronuncia. É uma semana mais velho que eu, nascido em Belo Horizonte. Temos em comum a paixão pelo Jardim das Delícias. De Waal dedicou sua vida ao estudo dos “great apes”, os grandes primatas, nossos primos mais próximos na árvore da Evolução das Espécies. Há 32 anos mudou-se para os Estados Unidos, onde dirige um centro de estudos de primatas perto de Atlanta. Conquistou o público americano com uma série de livros onde mostra o que temos em comum com chimpanzés e outros parentes nossos, como os pequenos bonobos do Congo.

Seu último livro, O Bonobo e o Ateu (de Waal é o ateu), começa e termina com uma meditação sobre o Jardim das Delícias de Bosch. O dia-a-dia dos bonobos, que vivem para o prazer numa sociedade matriarcal, onde todo mundo transa com todo mundo, lembra muito o paraíso de Bosch. Não é o nosso mundo, nem o dos chimpanzés — patriarcais e hierárquicos, violentos e traiçoeiros, como nós.

Mas temos em comum, com chimpanzés e bonobos, a concepção do que é certo e errado, o comportamento ético, noções de altruísmo, coletividade, respeito ao próximo. O ateu (o autor) argumenta que não são as religiões, não é Deus, quem instila esses valores no ser humano. São resultado necessário da evolução de mamíferos altamente sociáveis que dependem do grupo para sobreviver. Concordando ou não, é certamente uma delícia seguir o raciocínio e as histórias contadas por de Waal, que vai fundo no conhecimento dos primatas para entender melhor o ser humano.

por Jorge Pontual

O Oriente Médio visto do Líbano

qua, 13/03/13
por Equipe Milênio |

 

As análises de Rami Khouri sobre os eventos no mundo árabe podem ser lidas regularmente no jornal libanês Daily Star, que tem versão em língua inglesa, para quem não lê em árabe. Já o acompanhava há algum tempo nas páginas e por isso achei que seria um entrevistado com boa contribuição a dar ao Milênio. Como de fato foi.

Difícil era acomodar a agenda dele com a nossa, entre as muitas viagens de parte a parte. Iríamos a Beirute encontrá-lo, sim, mas obviamente ele não poderia estar em uma de suas muitas jornadas fora do país. Como nas ocasiões em que dá aulas na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Ou palestras pela Europa. Conseguimos acertar as agendas e só corremos o risco de perder o encontro porque visitante brasileiro, mesmo não sendo em primeira viagem, tende a subestimar a capacidade de engarrafamento do trânsito de Beirute.

A capital libanesa virou versão piorada de São Paulo. Ainda mais porque a cidade milenar (acabaram de encontrar ruínas de 5 mil anos atrás), abalada por muitas guerras, vive em processo de reconstrução de ruas e prédios (muitos destes em duvidoso estilo Miami-Barra da Tijuca). Motoristas locais, muitos deles com aprendizado prático em tempos de bombardeio à cidade, ainda não se familiarizaram com algo parecido a um código de trânsito. O que predomina é a criatividade de cada um.

Khouri nos recebeu na universidade (mais antiga do que qualquer das brasileiras) para uma longa conversa, resumida no Milênio, com análises sobre o mundo árabe e o Oriente Médio em geral. Em troca, Khouri mostrou interesse pelo processo de democratização da América Latina, após o fim das ditaduras militares, com os paralelos e às diferenças em relação ao que se passa hoje na parte do mundo onde ele vive. Uma lição, pelo menos, podemos sugerir como resultado do processo latino-americano: paciência, porque a abertura democrática se desenrola aos poucos. Ainda está em andamento.

O medo dos militares voltarem ao poder leva tempo para se dissolver, a sociedade civil (sindicatos, grupos de pressão, ONGs, organizações profissionais, etc. demoram a se constituir), os meios de comunicação custam a se desvencilhar de hábitos criados em tempos de censura, as escolas só aos poucos substituem currículos envenenados por ensino legítimo, e novas constituições exigem tempo para preparar.

Neste último ponto, não custa lembrar que a nova Constituição do Brasil democratizado só saiu três anos após o fim do regime militar, ao passo que os egípcios hoje se engalfinham para ter uma nova carta em poucos meses. Calma, gente. História não se copia, mas a experiência de outros ajuda a apontar caminhos.

por Silio Boccanera

A dialética para a sanidade

sex, 25/01/13
por rodrigo.bodstein |

 

No próximo Milênio, uma conversa sobre a importância de observar e questionar a realidade. Leila Sterenberg entrevistou Adin Steinsaltz, cientista que virou rabino e, após 45 anos de trabalho, terminou a tradução do Talmude. Segunda-feira, 23h30, na Globo News.

 

Reconhecer a oscilação da vida e navegar por entre as diferentes situações que marcam a nossa existência talvez seja a questão da nossa época. Desde os grandes problemas que afetam milhões de pessoas até as pequenas coisas do nosso cotidiano, conseguir refletir, questionar e ponderar é um desafio. De certa maneira, “o mundo precisa de mais sanidade (…) e sanidade é a habilidade de manter coisas diferentes em equilíbrio sem torná-las imóveis.” como afirmou Adin Steinsaltz, cientista que virou rabino e, após 45 anos de trabalho, terminou a tradução do Talmude.

Equilíbrio e sanidade, realmente, parecem distantes deste mundo. Mais de sessenta mil pessoas morreram na Síria. Assassinos entram em escolas,faculdades e templos religiosos e matam inocentes. De acordo com a FAO, em 2012, mais de oitocentos e setenta milhões de pessoas não conseguiram o mínimo para se nutrir enquanto que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados no mundo. Milhões de estímulos bombardeiam uma sociedade cada vez mais consumista e individualista enquanto que o dano provocado pelo homem no meio ambiente parece jogar o planeta em uma estrada sem volta.

Nunca na história da humanidade as pessoas tiveram tanto acesso à informação, mas como saber o que é realmente importante? Como evitar que a enxurrada informacional não torne a visão turva para o que acontece ao nosso redor? Ou, como coloca Steinsaltz, “quem tem o direito de determinar o que é acessível?” Com a dependência cada vez maior em algoritmos de sites de busca ou em sistemas de relevância, pensar sobre o que é silenciado e o que é reproduzido torna-se imprescindível.

O Milênio desta semana discute não uma ideia sobre desenvolvimento econômico, filosofia, arte ou outra área específica do conhecimento, mas a capacidade de observar a realidade e questionar, porque é a consciência crítica que constroi a base de qualquer cultura. O programa busca nessa conversa com Adin Steinsaltz trazer um pouco do exercício dialético que pauta o Talmude e discutir, com um olhar um pouco diferente do que estamos acostumados, o mundo a nossa volta. Na próxima segunda-feira, 23h30, na Globo News.

 

por Rodrigo Bodstein

A ciência como solução para os nossos problemas

qua, 12/12/12
por Equipe Milênio |

 

 

Nesta semana, a reprise do Milênio é com o integrante da Sociedade dos Céticos, Michael Shermer,  que defende o uso do pensamento científico para explicar  nossas indagações e angústias, e é contra a procura pelo poder sobrenatural.

 

A visita de Michael Shermer ao Brasil este ano teve como momento de maior emoção para ele uma passagem de carro à noite por uma área de crime e consumo de crack em São Paulo. Um de seus anfitriões o levava ao hotel e, de repente, deu-lhe instruções para fechar o vidro e trancar as portas, porque a vizinhança se tornava ‘suspeita’, como só os locais sabem perceber e até tiroteio se escutava ao longe.
“Mal posso esperar para contar aos meus amigos” – brincou ele no dia seguinte, quando nos encontramos para a entrevista ao Milênio.
Em hora de perigo assim, real ou imaginário, muita gente confere se de fato acredita em Deus e se precisa rezar para escapar da ameaça.
Ele não acredita, não rezou e escapou. Passou no teste que ele mesmo prega como filosofia de vida: fugir das superstições e crenças religiosas, para acreditar somente na ciência e nas provas concretas, mesmo em horas de aperto.

Shermer lançou dois de seus livros no Brasil – e fez palestras em São Paulo e Porto Alegre, convidado pela organização Fronteiras do Pensamento.
Quando nos encontramos para a entrevista, sua curiosidade sobre a intensa religiosidade no Brasil tinha como foco a expansão acelerada dos grupos evangélicos no país. Parte do interesse se deve ao fato de ele ter sido um evangélico militante, no início de seus estudos universitários, antes de se dedicar à ciência e ao ateismo. E a característica dos evangélicos, explicou-nos enquanto preparávamos o equipamento para gravar nossa conversa, é que não se limitam à crença própria, íntima e privada; insistem em converter os outros.

“Minha visão de mundo hoje não inclui fé religiosa, crença em deuses ou santos, nem tampouco aceito práticas sem fundamento científico, que vão de astrologia a leitura de cartas e até tratamentos médicos sem provas, como homeopatia. Defendo minhas posições, mas não prego que outros tenham de adotar meus princípios. Se lerem meus livros ou me ouvirem e assim concordarem com meus argumentos, ótimo. Mas aceitação cega de qualquer coisa, com base em fé e sem provas, não faz sentido para mim”.

Foi neste contexto que procurei saber dele, como cidadão e eleitor americano, a par da intensa religiosidade que invade o mundo político nos Estados Unidos, se concebia um futuro próximo em que um político ateu pudesse vencer preconceitos e chegar à presidência, como se quebrou a barreira com um católico (John Kennedy), um negro (Barack Obama), aproximou-se um mórmon (Mitt Romney), e uma mulher acena com a possibilidade (Hillary Clinton). Mas um ateu na Casa Branca?
“Difícil imaginar isso enquanto eu estiver vivo (Shermer tem 58 anos), mas posso até sonhar mais alto: o posto ocupado por uma mulher, que também seja negra e não tenha religião. Um dia chegaremos lá”.

por Silio Boccanera

 

O céu é o limite?

sex, 02/11/12
por Equipe Milênio |

 

No próximo Milênio,  Silio Boccanera entrevista o integrante da Sociedade dos Céticos e editor da revista Scientific American, Michael Shermer, sobre o limites da ciência, as crenças sobrenaturais, a genética e o comportamento humano. Segunda-feira, 23h30, na GLOBO NEWS.

 

Diante do desconhecido, o homem sempre apelou a um ser superior, uma entidade para  acalmar suas angústias. Religiões e superstições são alguns dos recursos na ânsia de buscar uma explicação possível ao que parece impossível. Somos sete bilhões de indivíduos vivendo nas mais variadas culturas, condições sociais e climáticas.

Neste universo tão diversificado, há pelo menos uma certeza: a morte é comum a todos. Quem não se pergunta, o que a morte nos reserva? Qual a origem da vida, do universo e o que havia antes da explosão do Big Bang? Esses questionamentos nos perturbam. Queremos saber de onde viemos e para onde vamos. Como a ciência ainda não tem resposta para tantas indagações, há uma tendência a atribuir poder ao sobrenatural.

Um dos defensores da doutrina do Ceticismo, o norte-americano Michael Shermer, combate a ideia de uma força superior para lidar com dúvidas rotineiras. As bases deste pensamento são a pesquisa científica e a razão. Para ele, palavras como “Deus, anjos e demônios” são criadas para aliviar o que não se pode explicar. Shermer pertence à Sociedade dos Céticos, é fundador do jornal Skeptic  e um destacado colunista da revista Scientific American. Ele afirma que “na ciência nós não nos preocupamos com a palavra, queremos realmente saber o que está acontecendo. (…) uma das afirmações religiosas é que fomos criados por Deus, mas para mim o argumento melhor é que somos todos irmãos por causa da genética.”

Shermer era cristão evangélico, com formação em Teologia. Mas o estudo de mais de 30 anos sobre o cérebro humano o levou a compreender por que desenvolvemos padrões de comportamento irracionais e criamos “coisas estranhas” -  como déjà vus e superstições e o fez mudar de opinião. Segundo ele, o nosso cérebro está programado genuinamente – por fatores evolutivos – a produzir crenças por razões subjetivas ou emocionais em ambientes familiares, de trabalho ou na sociedade em geral. “Não suportamos o vácuo da explicação (…) e o cérebro constrói experiências erroneamente.”

O próximo Milênio oferece uma reflexão sobre as fronteiras entre religião, superstição e ciência, com o espírito leve e bem humorado de Michael Shermer. Segunda, às 23h30, na GLOBO NEWS, com Silio Boccanera.

por Maria Beatriz Mussnich

A Nigéria de Wole Soyinka

dom, 13/05/12
por Equipe Milênio |
categoria Programas

Nigéria: um país dividido. A independência, em 1960, não significou a união dos 300 grupos étnicos e culturais que compõem o país. A falta de unidade entre o sul, rico em petróleo, e o norte, agrícola, dava o tom das profundas diferenças econômicas.

O conflito nigeriano que primeiro chocou o mundo aconteceu apenas 7 anos apos a independência. Essas diferenças levaram norte e sul da Nigéria a se envolveram naquela que hoje é conhecida como a Guerra de Biafra. Quando o conflito terminou, em janeiro de 1970, as mortes chegavam a três milhões.

Hoje, a cisão também é religiosa. Muçulmanos, católicos, protestantes, iorubás, hauçás, entre outros disputam seu espaço. A violência têm se intensificado, com atentados e ataques de muçulmanos radicais a cristãos – católicos e protestantes.

Desta nação, bela e conflitada, origem de tantos milhões de brasileiros, nasce a obra de Wole Soyinka. Por escrever e pregar a liberdade de expressão, Wole Soyinka foi considerado um bandido perigoso em seu país. Cartazes com a foto dele, procurado vivo ou morto, foram colocados por toda parte. Essa é uma das histórias que este dramaturgo, poeta, ensaísta e romancista, premiado com o Nobel de Literatura em 1986, conta nesta entrevista exclusiva feita durante visita ao Brasil.

por Edney Silvestre

Um contraponto ao radicalismo na África

sex, 04/05/12
por rodrigo.bodstein |

 

No próximo Milênio, uma voz que transcende as divisões e sectarismos na África. Edney Silvestre entrevista o nigeriano Wole Soyinka, prêmio Nobel em Literatura e embaixador da UNESCO, sobre o radicalismo que toma conta da Nigéria, sua vida política e sobre a importância do diálogo intercultural. Saiba mais sobre este autor de uma obra fortemente influenciada pela cultura iorubá e permeada pela discussão entre progresso e tradicionalismo, na segunda-feira, 07/05, às 23h30, na Globo News.

 

Na última semana, mais de oitenta pessoas morreram em atentados na Nigéria. Um mercado, uma universidade, a sede de um jornal e um comboio policial foram os mais recentes alvos da onda de violência que tem aumentado a pressão sobre o presidente Goodluck Jonathan. Depois de passar por uma série de regimes militares que cometeram atrocidades contra a população, o país mais populoso da África e maior exportador de petróleo do continente está dividido por questões étnicas e religiosas.

Denominações como hauçás, nagôs, igbos, cristãos, muçulmanos e iorubás delimitam mais do que a identidade. A radicalização toma conta da Nigéria. A violência é instrumentalizada e o discurso político cria barreiras ao diálogo. O outro passa a ser o infiel, o terrorista, o inimigo. Em um território com tantas nações, inserido em um continente com fronteiras porosas e artificiais, incitar o ódio é uma aposta arriscada.

Essa situação se agravou recentemente. Wole Soyinka lembra que, durante sua infância, na década de 1940, as comunidades religiosas viviam em paz. Nascido em uma família cristã, mas adepto da religião e cultura iorubá, Soyinka diz que “o nível de conflitos sanguinários que estamos testemunhando hoje é uma doença importada de fundamentalistas religiosos e da politização da religião que está afetando o mundo todo.” Terroristas ou não, os radicais têm tomado conta das páginas dos jornais e das urnas.

Crítico dos regimes ditatoriais e defensor da liberdade de expressão, Soyinka já teve que fugir do seu país em uma motocicleta durante o governo de Sani Abacha, foi preso por dois anos durante a Guerra de Biafra – guerra civil que ocorreu entre 1967 e 1970 – e criou inimizades com quase todos os regimes ditatoriais da África. Premiado com o Nobel de Literatura de 1986 e nomeado embaixador da UNESCO para a divulgação da cultura africana, direitos humanos e liberdade de expressão, Soyinka é um contraponto à violência que vemos hoje. Suas palavras transcendem às tantas divisões e aos sectarismos que marcam o mundo atual e nos lembram de um dos valores mais essenciais ao ser humano: o respeito. Saiba mais no próximo Milênio, às 23h30, na Globo News.

 

por Rodrigo Bodstein

O Islã na sociedade atual

qua, 31/08/11
por Equipe Milênio |

 

Como uma espécie de Geni islâmica, Tariq Ramadan atrai pedradas de todos os lados. Islamistas radicais o condenam por rejeitar a guerra religiosa e o uso da força para impor o Islã pelo mundo. Não gostam quando ele propõe o entendimento entre fiéis de diferentes crenças. E pior ainda quando ele sugere que o livro sagrado, o Alcorão, deve ser interpretado à luz dos tempos atuais e não da época em que foi, segundo a fé islâmica, ditado por Deus (Alá) ao Profeta Maomé, no século VII.

No outro extremo ideológico, Ramadan atrai a ira dos que o acusam de ser um radical disfarçado, defensor do terrorismo islâmico e propagador de preconceitos anticristãos. Amostra maior desta reação a ele foi o veto que Ramadan recebeu do governo George Bush, quando a universidade americana de Notre Dame o convidou, como doutor em Teologia Islâmica, para dar aulas de religião.

O governo neoconservador de Bush (com fortes traços de fundamentalismo cristão) cancelou o visto de entrada de Ramadan nos Estados Unidos, com base em legislação antiterrorista. E de fato, durante vários, o professor não foi autorizado a viajar ao país para expressar suas opiniões, uma manifestação de obscurantismo intelectual que finalmente acabou quando o presidente Barack Obama e a secretário de estado Hillary Clinton concederam o visto. Ramadan agora participa regularmente de debates e palestras nos Estados Unidos sobre o Islã e sua prática, tanto nos países de maioria muçulmana quanto no Ocidente de tradição judaica-cristã.

Não custa lembrar que por mais numerosos que pareçam os extremistas islâmicos em ação por vários países, a população total de muçulmanos no mundo ultrapassa 1 bilhão 300 milhões. A maioria vive sossegada com sua fé, sem a disposição de sair pelo mundo como missionários para converter os infiéis.

Ramadan hoje se mantém ativo em vários continentes, nesta atividade de discussão sobre o papel do Islã na sociedade atual, em meio ao clima de hostilidade que a religião atrai, por causa da ação radical e violenta de alguns militantes. Sua base é Oxford, no interior da Inglaterra, onde mora com mulher e filhos, e dá aula de Estudos Islâmicos no St. Antonys College. Ali recebeu a equipe do Milênio. E o cinegrafista Paulo Pimentel gravou nossa conversa.

por Silio Boccanera

Veja abaixo o vídeo extra, com trechos que não foram ao ar, no programa.



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