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20 minutos com Julian Assange

qua, 06/02/13
por Equipe Milênio |

 

 

Muitas são as perguntas a fazer a Julian Assange, a começar pelas razões que fazem dele um personagem tão controverso: o vazamento de documentos secretos de Estado no WikiLeaks servem ou não para fazer avançar a liberdade de imprensa, são ou não positivos para a democracia? 

São perguntas que me assaltam a caminho da embaixada do Equador em Londres e se misturam a lembranças de uma era ainda pré-WikiLeaks, quando fotos tenebrosas vazadas para a mídia internacional correram o mundo, mostrando soldados americanos torturando prisioneiros iraquianos.  

Gostaria muito de discutir essas questões com ele. Pertenço a uma categoria de profissionais que reconhece no trabalho de Assange, independente de qualquer tipo de julgamento, um momento marcante na história do jornalismo contemporâneo, porque sua filosofia se apoia num princípio incômodo, que funciona mais ou menos como um termômetro do modus operandi de nossa profissão:  segredos são feitos para serem desvendados.  

Não fosse assim, e o Primeiro Ministro Mariano Rajoy não teria agora que explicar aos espanhóis o que faz o seu nome entre os beneficiários de depósitos polpudos que constam no “livro secreto” do tesoureiro de seu Partido Popular, apenas para mencionar um escândalo recente que me assalta agora, no momento em que  escrevo essas linhas, assim como as fotos das torturas e humilhações de prisioneiros iraquianos me assaltaram em Londres.  

Segredos.  Fontes. E a preservação das fontes. Que tipo de sentimentos sofre um profissional quando uma de suas fontes secretas amarga uma prisão desumana pelas informações que passou?  Como teria sido possível que o soldado Bradley Manning terminasse sendo vítima de hackers – os que trabalham para a CIA?

Sim, eu gostaria muito de discutir essas questões com ele.

Mas não haverá tempo para discussões. Na sala de reuniões da pequena e modesta Embaixada do Equador para a qual Paulo Pimentel e eu somos conduzidos, a porta se fecha e uma voz se levanta:  “você está ciente de que Julian Assange vai falar nessa entrevista exclusivamente sobre seu livro”? De pronto, respondo ter deixado claro, na troca de correspondência com a editora Boitempo, dona dos direitos de sua publicação no Brasil, que mesmo considerando interessante o conteúdo do livro eu tinha outras perguntas a fazer e não pretendia que fossem censuradas.

Começo perturbador.  Na sala de reuniões, um segundo jovem sorridente de longos cabelos avisa que vai gravar a nossa gravação da entrevista.  Esta é a sua função no staff de Assange: registrar com sua câmera tudo o que acontece com ele.  “Bem,” argumentamos, “é um pouco incômodo, mas”…  Mais incômoda ainda será a pressão de um terceiro membro da equipe, que abre e fecha a porta por três ou quatro vezes, pedindo que aceleremos a montagem dos equipamentos de câmera e luz.   Assange não tem muito tempo, porque  vai conceder mais entrevistas a jornalistas brasileiros depois da nossa.  O rapaz adverte que não haverá contemplação para além dos vinte minutos que nos foram reservados.  Ainda mais perturbador.

Finalmente entra Assange.  Um homem magro, pálido, com cabelos lisos e brancos em abundância,  caminha rapidamente em minha direção, vestido com uma velha camisa da seleção brasileira que não lhe cai nada bem.  “Mas o que é isso”?, eu pergunto.  Vamos jogar futebol”?   Ele responde desajeitadamente:  “Homenagem ao Brasil”.  

Mais e mais perturbador.  Brasil e futebol.  O clichê dos clichês.  Percebo no comportamento de Assange e seu staff um viés do marketing que cerca uma estrela de cinema em véspera de lançamento de filme. Um tema para a entrevista, um tempo cronometrado, algum simbolismo a passar do tipo “eu visto a camisa de vocês.”. 

Começo com uma pergunta pessoal, sobre seus sete meses de confinamento na embaixada do Equador.  Ele responde falando do livro.  Este é um jogo de cartas marcadas, eu penso, em que ele tem que sair vencedor.  Percebo a agilidade da inteligência de Assange e a frieza do jogador que não move um músculo da face.  Por trás da câmera, o “croupier” que cronometra o tempo vai me acenando com uma irritante contagem regressiva.  

Lamento”, diz Assange.  “A embaixada é latino-americana, mas o horário é anglo-saxônico”.   Soa pouco elegante ouvir isso de um homem que enaltece no prefácio do livro os avanços em direção à auto-determinação  do país que o acolhe e de seus vizinhos.

Julian Assange é um anglo-saxão num espaço latino-americano e parece não se sentir à vontade dentro dele.  Nem diante da mídia que o ajuda a transmitir suas idéias pelo continente.  Mas, por mais perturbador que isso possa parecer, é indispensável conhecê-las.  Elas ajudam a pensar e refletir melhor sobre a grande teia em que todos nos encontramos.      

 

 por Elizabeth Carvalho

Jornalismo à moda antiga

qua, 03/08/11
por Equipe Milênio |

 

entrevista:

 

extras:

 

Era um dia nublado e chuvoso… Algo como o próprio tempo vivido pela imprensa argentina, nostálgica de independência e liberdade!
Fui apresentada a Ricardo Kirschbaum minutos antes da nossa entrevista. Figura excêntrica e interessante. Baixinho, comparado a mim, mas de estatura profissional que, confesso, me provocou certa inveja. O sujeito já trabalhou para jornais brasileiros, como correspondente. Conhecia muitas figuras carimbadas do nosso jornalismo político em Brasília. Experiente, testemunhou os dois extremos da história recente: a ostensiva repressão militar e a extraordinária abertura democrática, agora, ameaçada por dissimulados instrumentos de governo.
Ouvir Ricardo discorrer sobre o tema é ter uma aula de “ótica” contemporânea. A mirada crítica e objetiva, expressada de forma simples e didática, nos aproxima de uma realidade por vezes distante de nossa percepção.
Apesar do currículo, da coleção de títulos e prêmios, Ricardo Kirschbaum não desencarnou o repórter que sempre foi. Curioso, desconfiado, atento, questionador e pronto a investigar diferenças entre fatos e versões. Foi assim que desvelou, com seus colegas Oscar Raúl Cardoso e Eduardo Van Der Kooy, a trama secreta da Guerra das Malvinas – deflagrada menos por interesses patrióticos e mais por espúrios propósitos golpistas de oxigenar a cruel ditadura militar. Ao questionar sobre a obra, me deparei com o frescor de um jovem jornalista, me fez lembrar a imagem de um “foca em busca de um furo”!  Sim, foi essa a sensação que me passou ao dizer do orgulho de participar desse trabalho investigativo, que deu origem ao livro “Malvinas, la trama secreta”.
Nossa conversa foi gravada no gabinete do editor-geral do Clarín, ele mesmo – Ricardo Kirschbaum. Uma salinha apertada, que mal permitiu contra planos e cortes, cenário típico do jornalismo à moda antiga. Foi assim o nosso encontro com um modelo a ser seguido! Ganhei meu dia e, ainda, um “regalito” – o livro com dedicatória do autor.

Délis Ortiz

Uma página em branco na história argentina

sex, 29/07/11
por Equipe Milênio |
categoria entrevista

 

 

A busca por um jornalismo independente na América Latina. Ricardo Kirschbaum, editor-chefe do Clarín, fala sobre a relação entre os Kirschner e a imprensa e sobre como enfrenta o que considera ser censura direta e indireta. Não perca! Na próxima segunda-feira, 01/08, 23h30, no Milênio.

Vídeo extra: Jon Lee Anderson – parte 2

qua, 01/06/11
por Equipe Milênio |

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Como os nossos internautas já estão acostumados, as quartas-feiras são dias de publicarmos os extras das entrevistas da semana. E a segunda parte da entrevista do repórter Tonico Ferreira com o colega jornalista Jon Lee Anderson também gerou um bom material que não pôde ser aproveitado no programa que foi ao ar na segunda-feira.
Neste vídeo extra, Lee Anderson analisa um pouco mais a violência na Guatemala, em El Salvador e no México, arrisca falar um pouco sobre o futuro imediato de Cuba, critica profundamente a comunidade internacional por falhar com o Haiti e apresenta suas propostas de como deveria ser a ajuda humanitária ao país caribenho.

O alto preço do jornalismo

seg, 30/05/11
por Equipe Milênio |

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Jon Lee Anderson é uma pessoa muito tranquila – estranho para um correspondente de guerra, não? É também amável e fala com uma sonoridade primorosa. Fala tão bem quanto escreve – disse isso a ele ao final da entrevista.

fotos: Wilson Garcia

Durante todo o processo de gravação da entrevista, que é bem cansativo, não demonstrou qualquer contrariedade. Só reclamou do trabalho de desligar os celulares, porque tem três: um de operadora britânica, outro americana e mais um para usar no Brasil.

Anderson sempre se estende nas respostas, o que nos obrigou a dividir a entrevista em dois programas, para deleite de quem gosta de um bom papo. Foi possível perceber que, em alguns momentos, ele se deixa levar pela emoção: quando fala das mortes em El Salvador, das catástrofes no Haiti e, principalmente, quando lembra de seus colegas correspondentes, mortos no exercício da profissão.

Muito triste, mas Anderson sabe que é alto o preço a pagar por um jornalismo correto e independente.

por Tonico Ferreira

Próximo programa: Jon Lee Anderson (2ª parte)

sex, 27/05/11
por Equipe Milênio |
categoria Notas, Programas

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fotos: Wilson Garcia

O jornalista norte-americano Jon Lee Anderson é um cronista de crises políticas e sociais. Adepto do jornalismo de imersão, esteve no Afeganistão, em 2001, durante os bombardeios norte-americanos ao país. Dois anos depois estava em Bagdá, no meio da zona de guerra, reportando o fim do regime de Saddan Hussein pelos olhos dos iraquianos.

Para realizar as pesquisas e escrever a elogiada biografia de Che Guevara, lançada em 1997, mudou-se com a família para Cuba.

Nesta segunda parte da entrevista, Jon Lee Anderson conversa com o repórter Tonico Ferreira sobre algumas questões presentes nos seus primeiros livros e reportagens recentes: o papel das guerrilhas e o surgimento do narcotráfico na América Latina, a comparação com o tráfico de drogas no Rio de Janeiro, ameaças à liberdade de imprensa e a arriscada – e mortal – atividade do jornalismo de guerra.

Segunda-feira (30/05) às 23h30.

@mileniognews

Vídeo extra: Jon Lee Anderson (parte 1)

qua, 25/05/11
por Equipe Milênio |

Abaixo algumas das pensatas de Jon Lee Anderson que não foram ao ar na primeira parte da entrevista concedia ao repórter Tonico Ferreira.

Na próxima segunda-feira (30/05), a segunda parte da conversa com Jon Lee Anderson às 23h30.

Siga-nos também pelo @mileniognews.

A verdade em tempos de guerra

ter, 24/05/11
por Equipe Milênio |

Abaixo a primeira parte da conversa com o jornalista Jon lee Anderson, entrevistado pelo repórter Tonico Ferreira.

Nesta quarta publicaremos, aqui no blog, os extras dessa primeira parte, com trechos que não foram ao ar.

A segunda parte da entrevista vai ao ar na próxima segunda (30/05), às 23h30.

Próximo programa: Jon Lee Anderson (parte 1)

sex, 20/05/11
por Equipe Milênio |
categoria Notas, Programas

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fotos: Wilson Garcia

Jon Lee Anderson é jornalista, americano e filho de diplomata. Com uma bagagem cultural extensa, morou em países tão diversos como Coreia do Sul e Peru, Colômbia e Taiwan e Indonésia e Libéria. Hoje mora na Inglaterra com a mulher e três filhos.

Quem lê seus livros não se depara somente com o jornalista Anderson, mas com o um dos mais acurados e completos cronistas das crises sociais e políticas mundiais.

Conhecido por mergulhar profundamente nas realidades que retrata em seus artigos na New Yorker e em seus livros, Jon Lee Anderson desembarcou em 2001 no Afeganistão cerca de dez dias antes dos bombardeios norte-americanos. O livro “The Lion´s Grave” é o relato detalhado de uma nação em convulsão. Anderson havia trabalhado lá cobrindo a luta dos mujahedin contra as tropas soviéticas na virada entre as décadas de 1970 e 1980.

Para escrever seu primeiro livro, “Guerrillas: Journeys In the Insurgent World”, de 92, esteve em El Salvador, no Afeganistão, em Mianmar, no Saara Ocidental e na Faixa de Gaza.

Em 2003, durante a ocupação do Iraque, deixou seus editores enlouquecidos quando decidiu permanecer em Bagdá e na zona de perigo. Dessa experiência saiu o livro “A Queda de Bagdá”, em que relata o fim do regime de Saddam Hussein através de histórias de gente comum.

Anderson ficou conhecido mundialmente quando escreveu uma elogiada biografia de Che Guevara, lançada em 97. Para isso, mudou-se com a família para Cuba e teve acesso a documentos inéditos.

O Milênio aproveitou a presença de Jon Lee Anderson em São Paulo, onde participou do Terceiro Congresso de Jornalismo Cultural, para uma conversa em duas partes sobre guerras, guerrilhas, Osama e gangues de traficantes com o repórter Tonico Ferreira.

A primeira parte vai ao ar nesta segunda (23/05) às 23h30.

@mileniognews

Vídeo extra: David Leigh e os segredos do WikiLeaks

ter, 17/05/11
por Equipe Milênio |

Este vídeo extra contém material que não foi ao ar da entrevista do jornalista do britânico The Guardian, David Leigh, ao correspondente Silio Boccanera. Leigh é um dos autores do livro “Wikileaks – a guerra de Julian Assange contra os segredos de Estado” (clique e leia um trecho do livro).
Infelizmente apenas a primeira parte do extra está legendada.

@mileniognews



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