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O sentimento que nos une

sex, 09/09/11
por Equipe Milênio |

 

Eu tive duas perdas terríveis este ano, primeiro minha mãe, depois meu pai. Foi inesperado, doloroso, e ainda não me permiti ir fundo no luto. A primeira vez que chorei, quatro meses depois da morte deles, foi lendo Extremely Loud and Incredibly Close de Jonathan Safran Foer. O menino Oskar, que perdeu o pai na queda das Torres Gêmeas, ouve as mensagens desesperadas que o pai deixou na secretária eletrônica antes de morrer. E Oskar se pergunta: por que ele não se despediu de mim? Por que ele não disse que me ama?

Li esse trecho, que me fez chorar, no vôo de volta de uma estadia de duas semanas no Rio, em julho. Dois dias depois gravei o Milênio com Jonathan e ainda estava sob o impacto desse livro extraordinário, um dos romances mais criativos e ousados que já li. Agradeci ao escritor ter me ajudado a botar a emoção pra fora. Ele gostou. Fiquei encantado com o jeito suave, engraçado e jovial do Jonathan. Alguém tinha me dito que ele seria um péssimo entrevistado, que só dava respostas lacônicas. Pelo menos comigo não foi assim, falou pelos cotovelos. Talvez porque eu entrei em sintonia com ele antes mesmo de encontrá-lo.

Engraçado é que muitos críticos americanos atacam Jonathan Foer como piegas, sentimentalóide. Só porque ele não tem vergonha de expressar a emoção. Pra mim essa é uma grande qualidade. E tem mais: o nome dele rima com o número quatro em inglês, four (fór), exatamente como se pronuncia meu sobrenome materno francês, Faure. Somos almas gêmeas.

por Jorge Pontual



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