Entre o poder público e o privado
No final dos anos setenta, David Rothkopf tinha dois caminhos pela frente: a imprensa ou a política. Ele tinha acabado o mestrado na Universidade de Columbia, uma das melhores escolas de jornalismo dos Estados Unidos e o país, com Jimmy Carter presidente, estava no rumo político que ele prefere: liberal. Confrontado com a escolha, Rothkopf, seguiu a cartilha do over-achiever: optou… por ambas as coisas.
Na década seguinte, ele se tornou um editor de revistas financeiras em Washington. Teve sucesso, fez contatos valiosos e, na administração Clinton, foi nomeado sub-secretário de Comércio, encarregado da balança internacional.
Rothkopf é um intelecto sólido e tem um texto claro, soma valiosa. Ele se sente à vontade no campo de assessoria estratégica, que exige informação de proprietário, contatos de político, discurso de marqueteiro e diplomacia de cardeal. Durante anos, ele usou essas habilidades na Kissinger Associates, uma das mais requisitadas companhias de assessoria de Washington. Hoje, Rothkopf tem a sua própria companhia, a Garten Rothkopf, que analisa tendencias em energia, segurança e mercados para clientes exigentes e dispostos a pagar bem. Ele não abandonou o jornalismo. É o editor da Foreign Policy Magazine, uma publicação sobre relações internacionais respeitada em Washington, posição dificil de manter, já que a cidade tem centenas de publicações de primeira linha.
Apesar da experiência e da capacidade intelectual que tem, Rothkopf não é um entrevistado dificil, daqueles que demoram para tirar o ego do caminho das respostas. Falando sobre o livro Power Inc., ele se refere ao crescimento do poder empresarial em termos claros, simples, como quem descreve as mudanças climáticas de um período geológico. Há uma certa tranquilidade na conversa, porque Rothkopf nunca perde a confiança na capacidade humana de buscar soluções para o quebra-cabeças complexo que é a sociedade. Mesmo que as soluções sejam necessárias porque o quebra cabeças é bagunçado… pela capacidade humana de bagunçar.
por Luis Fernando Silva Pinto