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Vídeo Extra: Darc Costa

qui, 16/06/11
por Equipe Milênio |

 

Neste vídeo, Darc Costa fala sobre a política externa norte-americana, sobre a importância estratégica do petróleo e sobre o jogo geopolítico que move as relações internacionais contemporâneas.

Vídeo extra: David Leigh e os segredos do WikiLeaks

ter, 17/05/11
por Equipe Milênio |

Este vídeo extra contém material que não foi ao ar da entrevista do jornalista do britânico The Guardian, David Leigh, ao correspondente Silio Boccanera. Leigh é um dos autores do livro “Wikileaks – a guerra de Julian Assange contra os segredos de Estado” (clique e leia um trecho do livro).
Infelizmente apenas a primeira parte do extra está legendada.

@mileniognews

“Messias-cibernético” obcecado, inseguro e paranóico

seg, 16/05/11
por Equipe Milênio |

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O Milênio conversou com David Leigh na sede do Guardian, e saímos de lá com a mesma impressão que já tínhamos extraído do livro e dos artigos que ele continua a publicar no diário de centro-esquerda onde trabalha há duas décadas.
Pouca ou nenhuma simpatia de Leigh pelo criador do site Wikileaks, Julian Assange, o ex-hacker australiano de 40 anos que passou as informações brutas à imprensa internacional e virou o rosto conhecido (cabelo louro quase branco) do mais recente fenômeno de mídia eletrônica.

David Leigh

Na entrevista ao Milênio e no livro recém-lançado, Wikileaks – a guerra de Julian Assange contra os segredos de Estado, Leigh deixou claras suas restrições a Assange, que considera inteligente e hábil no que faz, mas paranóico e megalômano no comportamento diário. Outros colegas do respeitado diário britânico parecem concordar com Leigh. Assange, por sua vez, cortou relações com o Guardian e o New York Times, que o criticaram.

O repórter Nick Davies, que começou a negociação do jornal com Assange, largou o projeto no meio do caminho porque concluiu que o australiano agiu de forma desonesta quando, antes mesmo da data de publicação acertada em conjunto, cedeu parte do material à emissora britânica de TV Channel 4.

Nick Davies

As relações pioraram mais ainda quando Davies foi a Estocolmo e conseguiu documentos confidenciais da polícia sueca com detalhes de uma acusação de estupro contra Assange. Davies publicou a reportagem no Guardian e abalou a imagem de heroismo e retidão que cercava o responsável pelo site.
Assange alega que, se perder no Reino Unido o processo de extradição para a Suécia, pode acabar extraditado em seguida aos Estados Unidos, onde ele acha que corre o risco de processo por traição e, num caso extremo, condenação à morte.

“Besteira”, diz Leigh. “Os acordos de extradição entre Estados Unidos e Reino Unido são até de aprovação mais fácil do que ele enfrentaria na Suécia, e os americanos não pediram extradição dele à Justiça britânica. E se ele for daqui para Estocolmo por causa de uma acusação sexual, os americanos não podem legalmente pedir extradição depois por outros motivos”.

O editor-chefe do Guardian, Alan Rusbridger, escreveu que a mídia internacional tende a tratar o criador do Wikileaks ou como messias-cibernético ou como vilão de James Bond, quando na verdade se trata de uma pessoa insegura, paranóica e obcecada em não perder o controle de tudo que o cerca.

Reação semelhante teve o editor-chefe do New York Times, Bill Keller, também obrigado a lidar com Assange e hoje convencido de que o australiano se deixou transformar pela própria fama de bandido-celebridade. “Ele virou uma figura de culto para europeus jovens e de esquerda, além de um ímã para mulheres”, disse Keller.

Bill Keller

O editor do Times acrescenta que, ao contrário do papel que Assange gosta de se atribuir no projeto, como comandante da operação conjunta Wikileaks-mídia, ele foi tratado apenas como uma fonte de informação, em posse de farto material que oferecia potencial mas precisava ser avaliado por critérios jornalísticos.

Quando o Times publicou um perfil crítico de Assange, o australiano ameaçou vetar a participação do jornal americano no projeto. Leigh reagiu indignado: “Se você fizer isso, o Guardian também cai fora!” Mesma reação teve o editor da revista semanal alemã Der Spiegel, parte do grupo inicial de imprensa reunido para avaliar e publicar a massa de material bruto em mãos do Wikileaks. Assange recolheu as armas e aceitou prosseguir com o acordo previamente acertado.

Julian Assange

Quando decidiu ceder o material bruto guardado online, Assange simplesmente passou aos jornalistas a senha de 58 dígitos: “AcollectionOfDiplomaticHistorySince_1966_ToThe_PresentDay#”
Estava tudo lá.

Após a publicação dos documentos secretos pelos jornais, Assange se tornou alvo de ataques, sobretudo nos Estados Unidos, o que incluiu protestos (moderados) do Departamento de Estado e do Pentágono, condenando a divulgação de documentos secretos e privados. Mas envolveram também reações histéricas, como os da extrema-direita americana, cujos militantes ofereceram até sugestões de matar Assange como terrorista ou prendê-lo como traidor. A sempre estridente Sarah Palin disse que ele deveria ser caçado como um talibã ou militante da Al-Qaeda.

Por outro lado, seus defensores, inclusive celebridades como Bianca Jagger e Michael Moore, passaram a tratá-lo como herói e guerrilheiro da liberdade, perseguido pelas forças ocultas do Establishment.

A fama de Assange como vítima de perseguição internacional ganhou mais fôlego quando autoridades suecas reabriram um caso policial em Estocolmo, onde duas mulheres o acusam de estupro, resultado de encontros íntimos em que ele se recusou a usar camisinha e foi em frente apesar da insistência das parceiras casuais em que ele usasse proteção.

Leigh nos explicou que as mulheres tentaram convencer Assange depois a fazer um teste de Aids, mas como ele se recusou, só então elas apelaram à polícia.

Os suecos pedem ao Reino Unido a extradição de Assange para que vá depor em Estocolmo. Juízes em Londres concordaram, mas advogados dele entraram com recurso e Assange agora aguarda sob fiança uma decisão final da justiça britânica. Foi acolhido por um simpatizante milionário numa mansão no campo e não pode deixar o Reino Unido, mas tem autorização para viagens internas, se avisar a polícia e não remover a tornozeleira eletrônica que permite localizá-lo via GPS.

Recebeu autorização em março para dar uma palestra na Universidade de Cambridge, onde voltou a ser notícia ao alertar que a internet pode ser usada como “a maior máquina de espionagem que o mundo já viu”. Disse que embora a rede permita melhor cooperação entre ativistas e maior transparência das atividades do governo, pode também dar às autoridades a capacidade de capturar dissidentes.

Quase como endosso das palavras de Assange, poucos dias após o alerta dele em Cambridge, o Pentágono anunciou o desenvolvimento de um software que vai permitir aos militares americanos manipular a mídia social, usando falsas identidades online para influenciar conversas na internet e espalhar propaganda pro-americana.

Enquanto Assange aguarda o processo de extradição (advogados dizem que pode se arrastar durnte meses), bem pior é a situação do soldado americano Bradley Manning, de 22 anos, preso numa base militar americana, sob a acusação de ter repassado os documentos secretos ao Wikileaks, quando servia no Afeganistão como especialista em computadores, com acesso a redes internas de alta confidencialidade.

Bradley Manning

Na entrevista ao Milênio, Leigh, que mantém contato com os advogados de Manning, contou da situação precária do soldado na primeira prisão para onde foi levado, onde alegou sofrer privações e tortura, sem ter sido julgado ou muito menos condenado pelo que teria feito. Diante de manifestações públicas contra o tratamento a Manning (uma inclusive na presença do presidente Obama), o soldado foi transferido para outra prisão, sob promessas de melhores cuidados.

Em Washington, o principal porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, perdeu o emprego quando criticou o Pentágono pelo tratamento “ridículo, contraproducente e estúpido” ao soldado-hacker Manning na primeira prisão.

Manning foi identificado e preso devido ao vazamento dos documentos secretos porque ousou contar sua proeza a outro hacker americano, que em seguida o denunciou.

A se confirmar a história que o próprio Manning revelou ao hacker-delator, ele levava todo dia um CD com o título “Lady Gaga” à sua área de trabalho em computadores supostamente protegidos por alta segurança, em Bagdá. Frente à tela, inseria o CD na máquina e fingia ouvir a música enquanto trabalhava nos sites protegidos do governo americano (JWICS e SIPRNet), a que ele tinha acesso. Na verdade, porém, estava fazendo um download do material, que saía dali no CD Lady Gaga mas em vez de música pop da cantora moderninha, continha uma fonte imensa de segredos oficiais, que Manning enviou depois ao Wikileaks.

Lady Gaga

Passada a fase inicial de reportagens impactantes publicadas com material extraído do Wikileaks, o volume de revelações diminuiu. Mas não cessou, porque há tanto documento bruto ainda a analisar, que muita pérola ainda pode surgir. De vez em quando, sai algo novo em algum canto do mundo. Um deles, publicado na Índia em março, denunciou o governo daquela país por comprar votos e provocou escândalo nacional.

Em abril, vários jornais publicaram revelações sobre o (mau) tratamento de detidos na base americana de Guantánamo, onde é comum a prática de tortura contra suspeitos de terrorismo e outros que os documentos mostram nada ter a ver com essa atividade. O Pentágono criticou a publicação dos segredos que deixam mal os militares americanos, mas não conseguiu conter a publicação.

Além de detalhes sobre a guerra, inclusive inúmeras mortes não divulgadas de civis, as mensagens diplomáticas confidenciais revelavam informações de bastidores. Por exemplo, que o ex-ditador da Tunísia, Ben Ali, roubava mais dos cofres públicos do que se desconfiava. Meses depois, ele foi deposto, na primeira das revoluções de rua qua ainda sacodem o mundo árabe.

Também as família de Muamar Kadafi na Líbia e de Hosni Mubarak no Egito tiveram segredos revelados de corrupção e abuso de poder. O rei Abdullah, da Arábia Saudita sunita, apareceu a favor de um ataque militar americano ou israelense ao Irã xiita.

Dirigentes da gigante de petróleo anglo-holandesa Shell se gabaram de infiltrar gente em todos os ministérios da Nigéria. Laboratórios farmacêuticos apelaram ao suborno para escapar de processos.

O governo americano mandou seus diplomatas bisbilhotarem os telefones celulares e até dados biométricos de diplomatas estrangeiros na ONU, ação que viola as garantias de neutralidade oferecidas à organização em Nova York.

Entre cabeças que rolaram em consequência do Wikileaks, o embaixador americano no México, Carlos Pascual, deixou o cargo que ocupou durante quase dois anos porque uma de suas mensagens vazadas dizia que o exército mexicano sofria de “aversão a riscos” no combate ao tráfico de drogas.

Carlos Pascual

A embaixadora dos Estados Unidos no Turcomenistão foi transferida para a Sibéria porque escreveu que o presidente do país onde servia era meio obtuso.

por Silio Boccanera

Próximo programa: David Leigh e os segredos do Wikileaks

sex, 13/05/11
por Equipe Milênio |

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fotos: The Guardian

Há poucos meses, milhares de documentos secretos e a correspondência diplomática do governo americano – grande parte deles relativos às guerras no Iraque e Afeganistão – começaram a ser divulgados pelo jornal britânico The Guardian, pelo norte-americano The New York Times, e pela revista alemã Der Spiegel, numa parceria com o site Wikileaks.

Um dos maiores furos jornalísticos das últimas décadas.

Revelaram detalhes das comunicações sem censura entre soldados e oficiais na frente de luta, bem como troca de mensagens entre diplomatas americanos pelo mundo e seus chefes em Washington.

Há anos o australiano Julian Assange, o criador do Wikileaks, se especializou em receber e dar publicidade a informações proibidas ao público. No ano passado o site tornou público uma filmagem secreta do Pentágono, mostrando disparos de um helicóptero americano contra civis em Bagdá. Uma operação desastrosa, que resultou na morte de 18 pessoas, entre elas dois jornalistas da agência Reuters.

Os jornalistas do Guardian, do NY Times e da Spiegel auxiliaram Assange a analisar, triar, checar e publicar o que acharam mais relevante.

O correspondente Silio Boccanera foi até a redação do The Guardian para conversar com um dos autores do livro “Wikileaks, a guerra de Julian Assange contra os segredos de Estado”, o jornalista David Leigh, que foi o editor de investigações e coordenador do projeto Wikileaks no jornal britânico.

@mileniognews

Vídeo extra: Robert Fisk

qua, 11/05/11
por Equipe Milênio |

Os frequentadores do blog já estão acostumados, quarta-feira é dia de publicarmos os extras da entrevista da semana.

A conversa do correspondente Mounir Safatli com Robert Fisk, feita às pressas em Beirute, capital do Líbano, foi ao ar quase que na íntegra. Depois dos agradecimentos de praxe, o próprio Fisk pediu ao Mounir para gravar mais uma pequena história, relatada pelo próprio Osama bin Laden durante o primeiro encontro dos dois no Sudão: o momento em que bin Laden descobriu que não temia a morte.

Clique aqui e leia o prólogo e o primeiro capítulo do livro “A Grande Guerra pela Civilização, a conquista do Oriente Médio”, de Robert Fisk, lançado aqui no Brasil em 2007.

@mileniognews

11 de setembro, bin Laden, Al-Qaeda, terror e que tais…

seg, 09/05/11
por Equipe Milênio |

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Como já é de praxe, a entrevista com o jornalista britânico Robert Fisk, dias após o anúncio da morte de Osama bin Laden, nos dá a possibilidade de resgatar alguns Milênios recentes cujos temas foram diretamente ou tangencialmente “terrorismo”, “Al-Qaeda”, “11 de setembro” ou “guerra contra o terror”.

Enquanto não publicamos os extras da entrevista (estarão aqui no blog na quarta-feira), este espaço – como sempre – está aberto para que vocês deixem suas opiniões.

Esta também é uma oportunidade, como a das entrevistas da semana passada, para revisitar outros pontos-de-vista.

Em novembro de 2010, o historiador Robert Lacey – que morou na Arábia Saudita e publicou dois livros sobre o país: “Kingdom” (Reino) e “Inside the Kingdom” (Dentro do Reino) – explicou ao correspondente em Londres, Silio Boccanera, de que forma a Arábia Saudita, tão ligada aos EUA, é o país da família bin Laden e pátria dos 19 terroristas responsáveis pelos atentados à torres gêmeas e ao Pentágono em 11 de setembro de 2001. Temas como a influência da família real saudita na política dos EUA para o Oriente Médio e o wahabismo, a versão mais tradicionalista do islã praticada pelos sauditas, foram foco da conversa. A íntegra da entrevista e os extras você assiste clicando aqui.

foto: Emmanuel Bastien

foto: Emmanuel Bastien

O jornalista norte-americano William Langewiesche, foi entrevistado pelo correspondente Jorge Pontual em setembro de 2010. Repórter especial de duas das mais importantes revistas dos EUA: The Atlantic Monthly e Vanity Fair, Langewiesche juntou comentários dos mais variados calibres, sobre os mais diversos temas: de PCC (organização criminosa de São Paulo) até os terroristas da Al-Qaeda, passando pelos piratas da Somália e o regime ditatorial da Coréia do Norte. Clique aqui para assistir à entrevista.

Em março deste ano, o correspondente Lucas Mendes repercutiu os impactos do 11 de setembro para a literatura norte-americana com o advogado e escritor Louis Begley, um especialista em retratar as angústias e a solidão da classe média e média-alta norte-americana. Clique aqui para rever a entrevista e os extras.

Abaixo você tem a oportunidade de rever a primeira entrevista que Robert Fisk gravou para o Milênio, feita pelo correspondente Marcos Uchôa, em 2003. Os temas eram outros, mas fica para o exercício dos nossos telespectadores/internautas traçar um paralelo entre as observações de oito anos atrás e algumas das questões ainda em discussão hoje.

@mileniognews

Próximo programa: Robert Fisk fala sobre Osama bin Laden

sex, 06/05/11
por Equipe Milênio |

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O jornalista britânico Robert Fisk entevistou Osama bin Laden em três ocasiões.

fotos: Björn Suomivuori

A primeira delas quando Osama estava exilado no Sudão, logo depois de ser expulso da Arábia Saudita, no início dos anos 90. Osama já era um terrorista conhecido internacionalmente, depois da campanha contra a presença soviética no Afeganistão.

Nas outras duas vezes, foi Fisk quem foi chamado pelo próprio Osama para encontros no Afeganistão, para onde ele retornou na segunda metade dos anos 90, depois de ser expulso pelas autoridades sudanesas por pressão das Nações Unidas.

São os bastidores dessas conversas com bin Laden – e a tentativa frustrada de uma quarta conversa logo depois dos atentados de 11 de setembro – que Robert Fisk conta ao correspondente da Globo News em Beirute, Mounir Safatli.

Fisk, que é uma das maiores autoridades em Oriente Médio, jornalista premiado e colunista do jornal britânico The Independent, é o entrevistado do programa Milênio nesta segunda (09/05) às 23h30.

@mileniognews

Mudança de planos: especial 11 de setembro

seg, 02/05/11
por Equipe Milênio |

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Rreapresentamos trechos de duas entrevistas que revelam detalhes e bastidores do atentado de 11 de setembro e das ações militares dos EUA no Afeganistão e no Iraque.

Richard Clarke, que era responsável pelo combate ao terrorismo na Casa Branca quando os atentados aconteceram. (clique aqui e reveja a íntegra da entrevista com Clarke e o vídeo extra)

foto: David Leal

Chalmers Johnson, ex-integrante da CIA e historiador aposentado. Pouco antes do 11 de setembro, ele publicou o livro Blowback (retalição), no qual previa que algum tipo de represália estava sendo desenvolvida em resposta à presença militar cada vez mais frequente dos Estados Unidos no mundo. (clique aqui e reveja toda a entrevista com Johnson)

foto: Emmanuel Bastien

foto: Emmanuel Bastien

@mileniognews

P.S.: A entrevista com Peter Frey, editor-chefe do canal de televisão alemão ZDF vai ao ar na próxima segunda-feira (09/05), às 23h30.

Vídeo extra: Louis Begley

qua, 16/03/11
por Equipe Milênio |

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Como em todas as questas-feiras, publicamos os extras da entrevista da semana, com trechos que não foram ao ar.

Neste, Begley fala sobre a capacidade de descrever os novos ricos norte-americanos e a classe mais pobre. Ele também revela a Lucas Mendes um pouco sobre o próximo livro e sobre as impressões que teve das viagens que fez ao Brasil.

@mileniognews

Sardinhas marroquinas

seg, 14/03/11
por Equipe Milênio |

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Louis Begley, escritor e advogado, mora em Manhattan com a mulher Anka Muhlstein, também escritora, a empregada Samanta, uma brasileira, e as gatas Kasha, Misha e Sasha. Logo na entrada ele me diz que sempre teve uma afeição especial pelos brasileiros e, mais tarde, na entrevista, quando perguntei de onde vinha essa afeição pelo Brasil ele disse que somos uma gente muito educada.

Boas maneiras não estão na minha lista de virtudes da burguesia brasileira e, vindo de Begley, me surpreendeu porque ele é fino à primeira vista e sem nenhuma afetação. Nunca entrevistei uma pessoa que falasse mais baixo do que ele – e falar baixo não é uma das nossas virtudes. Begley confirma que um bom argumento não precisa de voz alta.

foto: Luiz Novaes

Quando eu o conheci, em 1990, tinha terminado seu livro mais lido e premiado, “Wartime Lies” (que ganhou o título de “Infância de Mentira” na edição brasileira”) sobre um garoto judeu na Polônia ocupada pelos nazistas.

Fui convidado para jantar na casa dele pela mulher Anka, uma escritora prolífica, autora de livros históricos, entre eles um sobre Manhattan. Ela buscava informações sobre a colônia brasileira. Eu tinha sido demitido naquele mês e ele, Begley, era o advogado da família da empresa onde eu trabalhava. Mas, em nenhum momento falamos sobre nossas profissões. Não é assunto para mesa de jantar no primeiro encontro, mas jamais gostaria de ter Louis Begley como adversário num tribunal.

O homem da voz baixa, neste momento, está em destaque no Brasil pelo seu livro “O Caso Dreyfus – Ilha do Diabo, Guantánamo e o pesadelo da história” (clique aqui para ler um trecho do livro), onde ele faz conexões entre a França traumatizada do fim do século XIX e os Estados Unidos traumatizado no começo do século XXI. Na França, o trauma da derrota para os alemães e prussianos provocou varios escândalos, entre eles a terrível injustiça contra o oficial francês, judeu – Alfred Dreyfus – que acabou na abominável Ilha do Diabo. Nos Estados Unidos, mais de cem prisioneiros, muito deles já inocentados, continuam na Base de Guantánamo onde sofreram torturas durante o governo Bush.

Um dos principais críticos literários americanos acha que Begley é dos melhores, senão o melhor escritor americano vivo sobre modos e costumes. E as descrições dele sobre os ricos e suas conexões com os pobres são preciosas. Um dos pontos que exploramos na entrevista foi o rico americano. Quem é ele? Por que se preocupa tanto com os próprios interesses e é cada vez mais distante e menos solidário com os pobres? Begley me disse que os ricos americanos, ao contrário dos europeus, vêm em vários sabores. Mas o problema maior está num grupo conservador republicano que desfigurou o partido.

Ele era um dos escritores favoritos do Paulo Francis e, num dos livros deles que mais gosto, “About Schmidt” (que ganhou o título em português de “Sobre Schimdt” e virou filme “As confissões de Schmidt“, com Jack Nicholson no papel principal), o personagem adora sardinhas. Achei que ele também gostasse e levei para ele a minha favorita, do Marrocos, raríssimas. Ele ficou super agradecido: adora sardinhas, mas Sasha – ou seria a Misha? – a gata, estava de olho na caixinha. Será que ele gostou das sardinhas ou foi só educado em aceitá-las?

Por Lucas Mendes

Clique aqui e leia mais sobre Louis Begley por Lucas Mendes.



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