Um convite para investigar o mistério do Universo
Ao escolher “Por que o mundo existe? Uma história de detetive existencial” (Why Does the World Exist?: An Existential Detective Story) de Jim Holt como um dos 10 melhores de 2012, o caderno de livros do New York Times alegou: “Há muitos séculos, pensadores tem se perguntado, “Por que existe alguma coisa, ao invés de nada?” Em busca de uma resposta, Holt conduz o leitor numa espirituosa e erudita aventura de Paris a Londres e a Austin, Texas, na qual ele ouve um elenco variado de filósofos, cientistas e até romancistas que oferecem soluções às vezes bem argumentadas, às vezes quase místicas, freqüentemente estranhas, sempre interessantes e instigantes.”
Foi o melhor livro que li em 2012. Me fez pensar, rir, chorar. Uma experiência que uma entrevista com o autor não repetiu. Mas espero que o Milênio com Jim Holt convide o espectador a embarcar nessa leitura.
É um livro agradável, divertido, o que é raríssimo em tomos sobre um assunto tão profundo. Embora seja formado em filosofia, Holt se considera um jornalista, especializado em Ciência. Ele mesmo se define como tendo “um parafuso a menos” (minha tradução para I’m a little unhinged).
O que faz o livro dele ser tão bom, além do elenco de entrevistados de primeira linha (o melhor de todos: o romancista John Updike, pouco antes de morrer), é o tom pessoal da narrativa: enquanto documenta a linha de frente do pensamento contemporâneo na investigação do Sentido da Existência, Holt investiga o sentido de sua própria existência. É o que acaba fazendo chorar leitores hipersensíveis como eu.
Gravamos o Milênio, excepcionalmente, caminhando em Washington Square, no Greenwich Village, onde Holt mora. Numa tarde de fim de verão, um cenário adequado para o tema do sentido a existência.
Holt ficou um pouco assustado com a produção: enquanto caminhávamos conversando sobre o Ser e o Nada, dois cameramen e um soundman andavam, de costas, à nossa frente, gravando a entrevista. Foi difícil fazer de conta que estávamos tendo uma conversa “natural e descontraída” nessas circunstâncias. O barulho dos músicos e da multidão na praça atrapalhou um pouco.
Não foi uma experiência transformadora, como foi ler o livro dele. Nada substitui um bom livro.
por Jorge Pontual