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Um visionário com os pés no chão

qua, 20/02/13
por Equipe Milênio |

 

 

Angels in America” é um obra-prima. Na peça de Tony Kushner, em duas partes (Millennium Approaches e Perestroika, num total de 7 horas) adaptada para o cinema (disponível em DVD) sob a direção de Mike Nichols, com Al Pacino e Meryl Streep, e que continua a ser encenada mundo a fora (no Brasil, em 1995), o teatro de Bertold Brecht e o de Tennessee Williams se casam para gerar algo novo, o que o autor descreve como uma fantasia homossexual sobre temas políticos. Os personagens traem uns aos outros e traem a si mesmos, mas resgatam sua própria humanidade em meio à crise da AIDS.

Lincoln“, quer ganhe ou não o Oscar, é também uma obra-prima. O diretor Steven Spielberg usou o roteiro de Tony Kushner para criar algo novo, um filme nos melhores padrões do cinema espetáculo de Hollywood, mas com uma abordagem brechtiana, que subverte a mitologia em torno de Abraham Lincoln para revelar a realidade do político que suja as mãos para garantir o fim da escravidão.

Confesso que além de ter Angels in America como uma das peças que me tocaram mais fundo, tenho um amor imenso por Brecht, e me deixa muito feliz ver em Tony Kushner um Brecht do nosso tempo, um artista que olha os dramas do momento com as lentes da História, um visionário com os pés no chão, materialista e dialético. Como é bom saber que esses termos que pareciam tão vitais quando eu era jovem, e que andaram por tanto tempo desacreditados e traídos, estão de volta, revigorados, na obra de um escritor que alcança o grande público e inspira os jovens.

Para entrevistar Tony Kushner reli Angels, revi o filme de Mike Nichols, e li outras peças dele, Homebody/Kabul, Calorine or Change, A Dibbuk, The Intelligent Homosexual’s Guide to Capitalism and Socialism with a Key to the Scriptures, A Bright Room Called Day, e Slavs. Li as excelentes traduções que ele fez de Brecht: Mother Courage (vi a montagem com Meryl Streep) e The Good Person of Szechuan. E vi os documentários Theatre of War e Wrestling with Angels. Li também livros de ensaios e entrevistas de Kushner. E isso foi só uma fração do que ele produziu nos últimos 25 anos, quando se tornou uma presença constante e prolixa no universo intelectual e artístico dos Estados Unidos. Uma entrevista de 23 minutos é muito pouco para refletir sequer um milésimo de tanta criatividade. Mas espero conseguir que quem assistir sinta o mesmo prazer e entusiasmo que eu tive ao trocar idéias com Tony Kushner.

por Jorge Pontual

Uma arte quase real

sex, 15/02/13
por rodrigo.bodstein |

 

No próximo Milênio, cinema, teatro e política na entrevista que Jorge Pontual fez com Tony Kushner, um dos mais importantes dramaturgos norteamericanos e roteirista do filme Lincoln. 18 de fevereiro, às 23h30, na Globo News.

O tempo dramático é diferente do tempo real. Talvez nenhuma outra forma de arte tenha desenvolvido esse conceito tão bem quanto o cinema. Toda a gramática da linguagem cinematográfica foi construída para apurar a sensação de fluidez e a imersão nas emoções e no ritmo da narrativa. O objetivo é fazer com que os espectadores simplesmente ignorem todo o trabalho por trás das câmeras e embarquem, durante um curto espaço de tempo, em outra realidade.

Na opinião de Tony Kushner, roteirista de Lincoln, “a expectativa de naturalismo em um meio tão artificial quanto o cinema pode ser problemática“, pois, como ele ressalta, é justamente na brecha entre o real e a fantasia que está o poder do teatro de estimular uma consciência crítica nos espectadores. Enquanto no palco fica claro o esforço de criar a ilusão, nas telas fica quase imperceptível no produto final todo o trabalho empregado ao pensar os enquadramentos, os planos, a posição de câmera, a iluminação, a continuidade, o figurino, a montagem e a pós-produção. Esse ar de verdade que o cinema carrega é tão forte que, recentemente, um político do estado de Connecticut protestou contra 15 segundos de um “erro histórico” em Lincoln usado para dramatizar os eventos do voto sobre a abolição.

A preocupação com o pensamento crítico e com a relação entre arte e realidade também levaram Kushner a se interessar por política, tanto pela força dramática quanto pelo lado prático. Para ele, “não há nada mais rico ou mais denso com o drama humano e com as coisas que tornem o comportamento humano tão interessante” do que o ato de fazer política e, sobre o momento atual dos Estados Unidos, afirma que as propostas da direita, há 20 anos atrás, teriam sido considerados extremistas pela própria direita e nota o abandono progressivo pela esquerda dos sonhos e fantasias sobre revolução.

Judeu crítico do sionismo, esquerdista praticante, Kushner consolidou-se como um dos expoentes do teatro norteamericano com a peça Anjos da América e pelas adaptações que fez de obras de Bertolt Brecht e, mais recentemente, pode-se dizer também expoente do cinema. Seus dois filmes, Munique, de 2005, e Lincoln, de 2012, receberam indicações ao Oscar por roteiro. No próximo Milênio, cinema, política e teatro marcam a conversa entre Jorge Pontual e Tony Kushner. Segunda-feira, 18 de fevereiro, às 23h30, na Globo News.

 

por Rodrigo Bodstein

Um porto de ideias

sex, 15/02/13
por Equipe Milênio |

 

 

 

O plano era ir até o cais do porto, coração do Festival do Rio, um dos grandes acontecimentos, talvez o maior, da cidade. Lá, num dos imensos armazéns de frente para o mar, as mercadorias não são mais fardos, sacos e contêineres. Deram lugar a idéias e imagens. E nesse contexto, o objetivo era encontrar um dos expoentes do cinema de Israel atual, o diretor Eran Riklis. Instigante e bem-humorado na obra e carrancudo na imagem. Pelo que eu conhecia de filmes dele como “Noiva síria” , “Lemon tree” e “A missão do gerente de recursos humanos” e das entrevistas pescada pela internet, achei as definições razoavelmente adequadas, era como eu via o homem. Ao encontrar o sorridente careca, mais para o rechonchudo e com cara de bonachão, logo vi que “carrancudo”  não se aplicava. Riklis foi uma simpatia do início ao fim do nosso papo. E pude, aí sim, reparar em outra característica evidente: a veemência e assertividade na defesa de um certo tipo de cinema, no caso o dele. Autoral, por vezes ácido, político, sem medo de meter o dedo em feridas várias.

O diretor israelense aparenta bem menos do que os 58 anos que tem e demonstra ser apaixonado pelo que faz. E o que faz é levantar grandes questões, do Oriente Médio, do ser humano, da fraternidade, do amor, a partir de histórias de pessoas. Do micro ao macro, na ótica de um cidadão de Israel que viveu em vários países mas mantém Tel-Aviv como base, lutou na Guerra do Yom Kippur. Um quase sessentão que tem esperança em soluções para questões delicadas, como a relação com os palestinos e o mundo árabe, e que entre muitas dúvidas, tem pelo menos uma grande certeza: não devemos nos levar sério demais.

Estava lá na biografia do Riklis “viveu alguns anos no Rio de Janeiro..”. E ele confirma, foram três esses anos, na virada dos anos 60 para os 70, com o Brasil em plena ditadura militar e o mundo de olho na Guerra do Vietnã. Ele é, com orgulho, ex-aluno de uma excelente professora de literatura da Escola Americana, estabelecimento caro que reúne filhos da elite carioca e de diversas comunidades estrangeiras na cidade. E diz que ali, no convívio com essa mistura, ao lado da Favela da Rocinha, foi se formando o cineasta que ele se tornou. Além dessa informação fundamental, daquela época sobraram algumas palavras arranhadas num português carregado de sotaque e a mudança de uma percepção: Riklis disse que na juventude o Rio, o Brasil, parecia um lugar bom, que tinha tudo para ser excelente e dá a entender que hoje, há avanços importantes. A impressão sobre o conturbado Oriente Médio confirma um otimismo esperançoso. O isralense acha que com algum entendimento, a região pode bombar. E não no sentido bélico.

Na tarde calorenta do cais do porto, Eran Riklis, que teve formação cinematográfica na Inglaterra, diz que acha seu cinema mais parecido com o que se faz na França. Lembra que a discussão política está no centro da atividade cultural, mas não rejeita fazer uma superprodução hollywoodiana. E encerra o papo enaltecendo a importância do humor, mesmo quando se fala de coisa séria.

 por Marcelo Lins

A dimensão humana do conflito

sex, 08/02/13
por rodrigo.bodstein |

 

Na próxima segunda-feira, Marcelo Lins entrevista o cineasta israelense Eran Riklis que, em seus filmes, promove um olhar que estimula a reflexão e o diálogo sem perder a profundidade da dimensão humana das tensões políticas no Oriente Médio. Dia 11 de fevereiro, às 23h30, na Globo News.

 

As notícias que chegam do Oriente Médio, em geral, mostram uma região dividida e, quase sempre, a um fio de um conflito. Pouco antes de ser reeleito, em janeiro, Benjamin Netanyahu determinou a retomada da construção dos assentamentos em Jerusalém Oriental  e na Cisjordânia. Essa medida compromete o estabelecimento de um Estado Palestino contíguo e veio acompanhada de um corte nas transferências de recursos à Autoridade Palestina e de um protesto das Nações Unidas.

Esse foi apenas mais um capítulo da difícil convivência entre israelenses e palestinos em um território do tamanho do estado de Sergipe. As dimensões pequenas e a proximidade com países que não necessariamente querem a existência de Israel foram argumentos usados para a postura de constante defesa e militarização da relação com os vizinhos. A sobrevivência, normalmente, é um argumento aceito e útil na política.

Pouco tempo depois de retomar os assentamentos, um ataque aéreo preemptivo israelense contra um centro de pesquisa militar no território Sírio, levou a ameaças de retaliação por parte do Irã e da Síria, o que torna ainda mais presente o risco do conflito se alastrar pela região. E, após três anos de pesquisa, foi divulgado esta semana um estudo mostrando que a divisão chega até mesmo aos livros escolares. Israelenses e Palestinos são educados para reconhecer o outro como inimigo.

Teorias políticas, discursos religiosos, ideologias, tudo isso funciona como óculos para enxergar a realidade. O mesmo fato pode ser contado e interpretado de acordo com a lente que se usa, que, por sua vez, é escolhida com um interesse específico e traz conseqüências distintas. Da mesma forma, no cinema, é possível filmar a mesma cena ou contar a mesma história de, pelo menos, 7 bilhões de maneiras diferentes, já que cada pessoa enxergará e interpretará o texto de um jeito.

E, em meio a tantos olhares tomados pelo radicalismo, o cineasta Eran Riklis nos oferece, com seus filmes, uma visão otimista e humana que, com um toque de humor, nos conduz em um mergulho profundo nesse mar turbulento das relações políticas e pessoais daquela parte do Oriente Médio ou, como ele mesmo diz,“não faço filmes políticos, faço observações de situações políticas e sobre pessoas presas em situações políticas.”

O Milênio da próxima semana conversa com o diretor israelense Eran Riklis e tenta mostrar um outro lado para este debate polarizado. Um olhar que promove a reflexão e o diálogo e que acredita ser possível encontrar um caminho para, nas palavras de Riklis “criar talvez não o paraíso, mas algo bem próximo disso no Oriente Médio.” Segunda-feira, 11 de fevereiro, às 23h30, na Globo News.

 

por Rodrigo Bodstein

Uma conversa com Werner Herzog

qui, 10/01/13
por Equipe Milênio |

 

 

Do sonho enlouquecido de um apaixonado por ópera na selva amazônica, a uma produção em 3D sobre pinturas pré-históricas numa caverna da França. Das conversas com um condenado no corredor da morte de uma prisão americana à produção glauberiana sobre um conquistador na américa colonial. Temas – à primeira vista – tão distantes uns dos outros – condição humana, as fraquezas e os sonhos. Os limites, os questionamentos e os riscos a correr.

O diretor alemão, ou como ele mesmo prefere, bávaro, Werner Herzog, aos 70 anos, e com mais de 60 filmes realizados, entre ficção e documentários, é ao mesmo tempo um workaholic, um  viciado em trabalho. Só em 2011 fez 6 filmes. É um artista como os do Renascimento, com todas as suas infinitas possibilidades. Além de diretor, já foi também roteirista, montador, técnico de som, ator e escritor.

Está sendo lançado no Brasil o livro com as anotações que fez durante as filmagens de seu mais ambicioso projeto, Fitzcarraldo, de 1982, que teve a participação de atores brasileiros como Grande Otelo e José Lewgoy e do maior parceiro do diretor, o ator Klaus Kinski. A filmagem foi uma epopeia feita para contar outra, a da tentativa de um barão da borracha de levar uma ópera para a  Amazônia peruana, no início do século XX. E de Ópera Herzog entende também, já dirigiu várias em alguns dos mais prestigiados teatros do mundo, mas paixão mesmo, além do cinema, só uma, o futebol, e nesse universo, o futebol brasileiro, e nele, Garrincha.

Entre um compromisso e outro numa agenda lotada, embevecido pela presença de alunos de escolas públicas para uma exposição de arte e destruindo a fama de mal-humorado. Simpático e solícito, Werner Herzog conversou com o Milênio no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio.

 

por Marcelo Lins

O cinema e as relações de Herzog com o Brasil

sáb, 05/01/13
por maria.beatriz |

 

O programa de estreia do Milênio é uma deliciosa conversa do repórter Marcelo Lins com o cineasta alemão Werner Herzog. Segunda, às 23h30. 

 

 

A equipe do Milênio foi ansiosamente conhecer a grande figura de Werner Herzog no Centro Cultural Banco do Brasil, em novembro do ano passado. Ele veio a convite do festival de cinema 4+1, em meio a exposição do Impressionismo francês no local. O diretor, roteirista, montador, técnico de som, escritor e até ator parece ter uma magia que cativa todos a sua volta. Até mesmo as crianças que foram visitar a exposição ficaram encantadas com a simpatia surpreendente do alemão.

Aos 70 anos e com mais de 60 filmes realizados – entre ficção e documentário – Herzog parece incansável. Só em 2011 fez seis filmes. Agora no início do ano, aparece atuando no filme “Jack Reacher” junto de Tom Cruise, e também vai ter o diário lançado (“Conquista do Inútil”) no Brasil.

Na entrevista a Marcelo Lins, ele falou do amor pelo Brasil, onde já esteve inúmeras vezes, e o quanto se identifica com os brasileiros. Apesar de ter nascido na Alemanha, cresceu na Bavária, onde o povo tem um espírito alegre e caloroso como o nosso.

Herzog também contou sobre como foi fazer um dos seus projetos mais ambiciosos: “Fitzcarraldo” e trabalhar com um ator temperamental como Klaus Kinski. O filme entrou para a história com a ousadia de tentar levar uma ópera para a Amazônia Peruana – e os brasileiros José Lewgoy, Grande Otelo, e até Milton Nascimento fizeram parte do elenco. Sobre o trabalho com eles, Herzog expressou a admiração pela energia de Grande Otelo - ”ao mesmo tempo caótico e selvagem”.

A paixão pelo Brasil levou críticos a o compararem a Glauber Rocha. E Herzog não nega que existe um sincronismo entre a vontade de criar uma identidade própria no cinema dos dois. O cineasta também nos contou das influências da Segunda Guerra Mundial em sua vida – aos 2 anos teve o berço coberto de lama por conta dos bombardeios próximos a onde morava – e foi enfático ao afirmar que lutaria bravamente caso existisse a possilidade de volta do regime Nazista: ”Enquanto eu estiver vivo, nós não veremos um regime nazista na Alemanha novamente”.

O futebol, e nele, a paixão por Garrincha também foram tema do programa – leve e extremamente rico – que abre o ano de estreia do Milênio. Não perca!

 por Maria Beatriz Mussnich

 

A incessante busca pela verdade

dom, 05/02/12
por rodrigo.bodstein |

 

No Milênio desta segunda-feira, Silio Boccanera entrevista Claude Lanzmann. O escritor, intelectual e cineasta francês fala sobre sua participação na resistência, o Holocausto e sobre sua relação com Sartre e Simone de Beauvoir. Não perca, às 23h30, na Globo News.


O contato precoce e intenso com a morte pode ter sido decisivo para o futuro de Claude Lanzmann, escritor, filósofo e cineasta francês entrevistado por Silio Boccanera para o Milênio. Em junho de 1940, o Marechal Pétain assinou um armistício com a Alemanha. Era o início de um governo colaborativo com os nazistas. Em seguida, começou o movimento de resistência entre os franceses. De Londres, o General De Gaulle fazia apelos no rádio e pessoas de todas as camadas sociais se mobilizaram na luta contra o inimigo externo, a ditadura e o nazismo. Três anos depois, Claude Lanzmann, com apenas 18 anos, fez parte do conflito que definiu o século XX. Segundo ele, “como judeus, no meio da guerra, sob o regime de Vichy, talvez resistir fosse a melhor maneira de se defender e de se salvar“.

Após a guerra, para compreender os alemães, foi para Tübingen e depois Berlin. Virou jornalista e escreveu, inicialmente, sobre a continuidade do pensamento nazista nas universidades. Depois, ficou conhecido como o primeiro francês que viajou ilegalmente para a Alemanha Oriental. A série de artigos publicados no Le Monde chamou a atenção de Sartre e de Simone de Beauvoir. Eles o convidaram, em 1952, para ser editor da Temps Modernes, uma das mais importantes revistas do meio intelectual francês e da qual, atualmente, é diretor.

Na década de 60, Lanzmann mostrou que não ficaria passivo perante os grandes acontecimentos históricos que estavam ocorrendo. Assinou o Manifesto dos 121, escrito por Dionys Mascolo, Maurice Blanchot e Jean Schuster, que reconhecia a guerra da Algéria como guerra legítima de independência e denunciava abusos do exército francês. Além disso, promoveu na Temps Modernes a publicação do volume “O conflito árabe-israelense”, com artigos de judeus e árabes, em 1967, ano da Guerra dos Seis Dias.

Uma outra fase na vida do editor da Temps Modernes teve início na década de 70. Como cineasta, direcionou seus esforços, principalmente, para compreender os nazistas e o Holocausto, que, como Lanzmann afirma, “(…) não foi simplesmente um massacre de pessoas inocentes. Foi um massacre de pessoas indefesas“. O que chama a atenção é a linguagem adotada em seus filmes. Experiente entrevistador, Lanzmann explora os relatos daqueles que viveram os fatos. Busca a verdade sobre o que aconteceu e, ao expor o quebra-cabeça, permite que o público reconstrua a realidade. Os maiores exemplos desse método são os filmes Shoah e Sobibor (Sobibór, 14 de Outubro de 1943, 16hrs).

Lanzmann viveu uma vida marcada por lutas. Primeiro, por sobrevivência, depois, por conflitos distantes e, por fim, por esclarecimento. Ele é o entrevistado do Milênio de segunda-feira, dia 06 de fevereiro de 2012. Saiba mais, às 23h30, na Globo News.

por Rodrigo Bodstein

As palavras são importantes

seg, 21/11/11
por Equipe Milênio |
categoria Bastidores, Extras

 

entrevista:

 

   

Foi tudo rápido. Em poucos dias, os 17 anos da política de Silvio Berlusconi pareciam coisa do passado remoto. Certamente será prematura qualquer consideração a respeito, mas me refiro a Nanni Moretti e a nossa entrevista que, em parte, também envelheceu.
 
Pouco tempo depois do nosso encontro – e antes que a entrevista fosse ao ar – a Itália tinha um outro nome, Mario Monti, e uma outra imagem na qual os cabelos brancos eram apenas um detalhe a mais de sobriedade. A política, que não quer que ninguém pegue o seu lugar, trocada por um grupo de economistas, banqueiros, professores e técnicos, saiu ferida mas inacreditavelmente unida. Pela primeira vez, depois de muitos anos, todos os partidos apoiaram o mesmo nome, com a única excessão da Liga Norte.
 
Não podendo ouvir Nanni Moretti de novo, porque ele é realmente avesso à entrevistas, resta imaginar que a sua satisfação tenha se somado à de 80% da populaçao do país, segundo pesquisas, que apoiam o novo governo. 

Mas, por que Nanni Moretti não gosta de entrevistas? Há várias versões. A dele é a de que muitos jornalistas italianos usam lugares comuns demais e expressões que não pertencem à língua italiana. Em “Palombella Rossa”, a cena em que o personagem interpretado por Moretti dá um tapa numa repórter e grita: AS PALAVRAS SÃO IMPORTANTES! tornou-se antológica. Quem fala mal, pensa mal e vive mal, defende o cineasta italiano que, no lançamento dos seus ultimos dois ou tres filmes, não concedeu entrevista coletiva à imprensa italiana.  

No filme “Aprile”, o personagem interpretado por ele mesmo se cobre de jornais até desaparecer literalmente debaixo do papel impresso. E quem o conhece na intimidade sabe que ele sempre fez isso na vida dele, recortou matérias e notas até a exaustão, nutrindo-se de todas as notícias, que inspiraram e ainda inspiram o seu trabalho criativo. Lembro que a característica forte do jornalismo italiano é a de ser partidário,
está na cultura e na mentalidade do país. Gostaria imensamente de que as pessoas interessantes avessas à entrevistas fossem como Nanni Moretti nas duas horas em que passamos juntos, sério, informado, gentil, timido e com o rigor de sempre. As palavras são importantes.
 

extras:

por Ilze Scamparini

Senza te…

sex, 11/11/11
por rodrigo.bodstein |
categoria entrevista

 

Depois da tragédia grega, chegou a vez da Ópera. Com uma dívida de 1,9 trilhão de euros e com a taxa dos títulos da dívida passando dos 7%, valor considerado impagável, a Itália está à beira do abismo. A terceira economia europeia virou alvo de especuladores internacionais e a situação coloca em risco a zona do Euro.

A pressão foi tanta que obrigou Silvio Berlusconi a aceitar a renúncia. Depois de 17 anos atuando na política italiana, o empresário de Milão acumulou um currículo único. Corrupção, sexo, conflitos de interesse, monopólio dos meios de comunicação, uma relação de amor e ódio com a magistratura. Uma história digna de cinema. E virou cinema nas mãos do cineasta que é considerado, por muitos, como o “Woody Allen italiano”.

Nanni Moretti, em seus filmes, sempre demonstrou uma postura crítica com relação à política italiana, tanto de direita quanto de esquerda. O diretor, com seu estilo pessoal e repleto de autoironia e sarcasmo, retrata a realidade italiana de uma maneira muito peculiar. Em entrevista a Ilze Scamparini, Nanni falou sobre seu país, sua obra e sobre o seu mais novo filme, Habemus Papam, que retrata um Vaticano com cenas de surrealismo e gerou polêmica no último festival de Cannes. Não perca a entrevista na segunda-feira, 23h30, no Milênio.

por Rodrigo Bodstein

Vídeo extra: Marco Bellocchio

qua, 06/04/11
por Equipe Milênio |
categoria Sem Categoria

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Como já é tradição às quartas-feiras, aqui vão os extras da entrevista com o cineasta italiano, Marco Bellocchio, que conversa um pouco mais sobre o filme “Vincere” com a correspondente Ilze Scamparini. Ele também conta sobre a primeira recepção que o filme teve na Itália e no restante da Europa e fala um pouco mais Mussolini, sobre Aldo Moro, as Brigadas Vermelhas e o início da carreira.

@mileniognews



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