Formulário de Busca

Uma arte quase real

sex, 15/02/13
por rodrigo.bodstein |

 

No próximo Milênio, cinema, teatro e política na entrevista que Jorge Pontual fez com Tony Kushner, um dos mais importantes dramaturgos norteamericanos e roteirista do filme Lincoln. 18 de fevereiro, às 23h30, na Globo News.

O tempo dramático é diferente do tempo real. Talvez nenhuma outra forma de arte tenha desenvolvido esse conceito tão bem quanto o cinema. Toda a gramática da linguagem cinematográfica foi construída para apurar a sensação de fluidez e a imersão nas emoções e no ritmo da narrativa. O objetivo é fazer com que os espectadores simplesmente ignorem todo o trabalho por trás das câmeras e embarquem, durante um curto espaço de tempo, em outra realidade.

Na opinião de Tony Kushner, roteirista de Lincoln, “a expectativa de naturalismo em um meio tão artificial quanto o cinema pode ser problemática“, pois, como ele ressalta, é justamente na brecha entre o real e a fantasia que está o poder do teatro de estimular uma consciência crítica nos espectadores. Enquanto no palco fica claro o esforço de criar a ilusão, nas telas fica quase imperceptível no produto final todo o trabalho empregado ao pensar os enquadramentos, os planos, a posição de câmera, a iluminação, a continuidade, o figurino, a montagem e a pós-produção. Esse ar de verdade que o cinema carrega é tão forte que, recentemente, um político do estado de Connecticut protestou contra 15 segundos de um “erro histórico” em Lincoln usado para dramatizar os eventos do voto sobre a abolição.

A preocupação com o pensamento crítico e com a relação entre arte e realidade também levaram Kushner a se interessar por política, tanto pela força dramática quanto pelo lado prático. Para ele, “não há nada mais rico ou mais denso com o drama humano e com as coisas que tornem o comportamento humano tão interessante” do que o ato de fazer política e, sobre o momento atual dos Estados Unidos, afirma que as propostas da direita, há 20 anos atrás, teriam sido considerados extremistas pela própria direita e nota o abandono progressivo pela esquerda dos sonhos e fantasias sobre revolução.

Judeu crítico do sionismo, esquerdista praticante, Kushner consolidou-se como um dos expoentes do teatro norteamericano com a peça Anjos da América e pelas adaptações que fez de obras de Bertolt Brecht e, mais recentemente, pode-se dizer também expoente do cinema. Seus dois filmes, Munique, de 2005, e Lincoln, de 2012, receberam indicações ao Oscar por roteiro. No próximo Milênio, cinema, política e teatro marcam a conversa entre Jorge Pontual e Tony Kushner. Segunda-feira, 18 de fevereiro, às 23h30, na Globo News.

 

por Rodrigo Bodstein



Formulário de Busca


2000-2015 globo.com Todos os direitos reservados. Política de privacidade