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Um gigante à deriva

sex, 08/11/13
por Equipe Milênio |

 

 

Desde a guerra do Vietnã, o Pentágono tem um recorde perfeito nas previsões sobre qual seria a próxima guerra americana em seis meses ou um ano: errou todas. A citação está no livro Foreign Policy Begins at Home (“Política Externa Começa em Casa”), recém-lançado, do veterano diplomata e influente presidente do Council of Foreign Relations, Richard Haass. Com 92 anos e 5 mil afiliados de peso, o Council é o mais influente think tank americano na politica externa. Entre várias atividades, publica a revista bimensal Foreign Affairs, que acaba de comemorar 50 anos. Quando o Council aconselha, nem sempre é obedecido, mas seus conselhos sempre chegam aos ouvidos de quem decide.

Richard Haass aconselhou quatro presidentes: Jimmy Carter, Ronald Reagan, Bush pai e Bush filho. Escreveu ou editou 12 livros. Neste último, ele se aventura casa adentro numa trilha diferente e independente. Haass escreve que há dez anos a política externa americana esta à deriva. As guerras do Iraque e do Afeganistão diminuíram a liderança e o prestígio dos Estados Unidos. Hora de cair fora e repensar.

Oriente Médio? Consome mais diplomacia, tempo e dólares do que merece. O país deve concentrar suas atenções na região Ásia/Pacífico e no Ocidente. China, Japão e a vizinhança ocidental são as principais peças no tabuleiro de Haass. A Europa é previsível. “Para ele, a América Latina não tem importância, nem a Venezuela.”

América Latina? “Vai muito bem”, me disse ele durante uma entrevista nesta semana no Council. Não merece nem um capítulo no livro. Sobre o Brasil, há quatro referências irrelevantes. A Venezuela merece quatro citações curtas. Cuba nenhuma. Para um homem que passou anos com o presidente Reagan resolvendo problemas na Nicarágua, El Salvador e Honduras e crises menores na América Central, tudo lá foi bem resolvido, e se não foi, dane-se. Não tem importância. Nem a Venezuela.

Na política externa, os Estados Unidos devem pensar no mundo inteiro, focar em poucas regiões e só colocar botas no chão onde há interesses vitais em jogo. Síria? Iraque? Afeganistão? Países da Primavera Árabe? Não são vitais. Israel é vital.
Um Irã nuclear, um Paquistão em decomposição, uma Coreia do Norte destramelada? Problemões. Soluções? Só milagrosas. Estão fora do alcance americano. Entrar com armas e soldados? Negativo. Terrorismo? Vai estar conosco durante décadas, mas não em grande escala, como os ataques às torres.

A segunda parte do livro e a proposta do título dominaram a segunda parte da conversa. Para Haass, o mundo quer e depende da liderança americana, mas os Estados Unidos precisam colocar a casa em ordem. Segundo o que chama de “Doutrina da Restauração”, Haass acha que os americanos devem resolver cinco problemas domésticos essenciais: deficit, energia, educação, infraestrutura e imigração.

Perguntei a ele se a palavra “restauração” foi inspirada na Restauração Britânica, que trouxe a monarquia de volta à Grã-Bretanha no século 17. Ele achou graça, mas a Restauração Britânica é considerada um milagre e o que ele propõe para Washington não exige apenas um. Exige vários: aumentar e criar novos impostos, reduzir pensões, programas de assistências social e de saúde.
A conversa enrola. Vamos terminar com o Brasil. Porque não merece nenhuma referência importante no livro? Em parte porque vai bem, mas, diz ele, não tão bem como antes.

“O Brasil era o encanto dos emergentes. Nos últimos dois, três anos, perdeu muitas atrações.” Ele fala da desilusão dele e de um grupo de americanos numa viagem recente. Os superpoderes do Executivo assombraram Haass e a turma dele. Manda em tudo, intimida o investidor. A impressão da paisagem não foi melhor. O aeroporto do Galeão também assombrou pelo desconforto e decadência. Ele acha que a Copa e a Olimpíada podem diminuir ainda mais as atrações brasileiras.

Para Haass, o México é o novo Brasil. As novas atrações do vizinho pareciam irresistíveis: um novo e jovem presidente, abertura política, menos governo central, menos poderes das oligarquias, menos corrupção, reforma disto e daquilo. Promessa de crescimento a 4,5, 5% ao ano. Promessas.

No primeiro trimestre deste ano, o México cresceu 0,8%. O Brasil cresceu 0,6%. Os números confirmam: o México é o novo Brasil. Neste e noutros índices, estamos quase gêmeos, vamos de mal a pior. O próximo livro de Richard Haass merece um capítulo sobre a América Latina. Antes que ela vá para o brejo.

por Lucas Mendes

A estratégia por trás da entrevista

qua, 25/04/12
por Equipe Milênio |

 

A orientação era precisa: o professor Brzezinski dedica apenas 30 minutos a entrevistas, do momento que chega ao momento que sai, portanto, tenham o equipamento pronto na hora marcada, duas e meia da tarde.

Chegamos com tempo de sobra e eu começo a rir sozinho assim que vejo a sala da entrevista: pequena. Uma das paredes tem um fundo/logo da Johns Hopkins, as outras duas tem estantes. Dennis faz cara feia (reporter cinematográfico Dennis Zanatta). Ele odeia espaços pequenos. Gosta de montar seis, sete fontes de luz em uma entrevista. Dessa vez, além do perfeccionismo habitual, quer trabalhar com três cameras, acrescentando uma Canon 7D para o shot aberto, além das Sonys no plano e contraplano. Começa a remover da sala tudo menos as estantes. Eu continuo rindo sozinho e leio minhas anotações, fingindo que me preparo para a entrevista. Nem sempre é facil escapar dessa disposição de fazer mudança… Vicente e Mayara, por exemplo, esquecem de se abaixar do radar, são convocados sem piedade (Vicente Cinque, produtor e Mayara Lima, estagiária).

Em alguns minutos, Dennis satisfeito, o equipamento começa a ser montado. Mayara está apreensiva, não quer atrapalhar. Vicente manda ela para um lado da sala. Depois para o outro. E outro. Dennis reclama que ela não passou os cabos dos microfones como deveria. Mayara se aflige, demora a entender que é tudo onda. Aí abre um sorriso encantador.

Zbiginiew Brzezinski não faz força para agradar e não tem paciência para bate-papo superficial. Além da inteligência aguda que tem, da experiência que acumulou e da importância do cargo que ocupou, faz parte de uma familia de nobres poloneses. Não é um inseguro, em busca de aprovação. É educado, mas senta-se para a entrevista olhando o relógio. 30 minutos.

Depois de algumas perguntas, ele está relaxado, percebe que tem tempo de completar os seus raciocínios. Entra na boa frequência – a do entrevistado que está contando, não apenas respondendo.

Os 30 minutos vão para o espaço, a entrevista dura 45. Ele se levanta e comenta que extendeu o tempo porque estava gostando da entrevista, normalmente, teria interrompido o papo aos 30. Elogio faz bem, mesmo de escanteio. Ele não disse que eu sou o melhor dos entrevistadores, mas o cara não faz força para agradar, pomba. Apertos de mãos de todos os lados, Zbiginiew Brzezinski vai embora.

Eu olho para o Vicente, ele está furioso. O Vicente lê mais que qualquer pessoa que eu conheço – provavelmente incluindo o Brzezinski – e tem uma expectativa de boas maneiras francamente inalcançável no planeta Terra. Ele achou o comentário inaceitável. “El interrumpiria una entrevista a 30 minutos?”, fulmina o venezuelano/italiano. “Así, no más? Seria capaz de esto? Es un absurdo!”

Minutos depois, enquanto desmontamos o equipamento, ainda impressionados com o duro julgamento contra Brzezinski, vemos que não é um absurdo. É fome. O Dennis pergunta: “vem cá, Vicente, você tomou café da manhã hoje?” (a essa altura são três e meia da tarde) “No, aún no”, responde o taciturno. Ah…

por Luís Fernando Silva Pinto

Uma página em branco na história argentina

sex, 29/07/11
por Equipe Milênio |
categoria entrevista

 

 

A busca por um jornalismo independente na América Latina. Ricardo Kirschbaum, editor-chefe do Clarín, fala sobre a relação entre os Kirschner e a imprensa e sobre como enfrenta o que considera ser censura direta e indireta. Não perca! Na próxima segunda-feira, 01/08, 23h30, no Milênio.

Três livros, três Milênios

sex, 27/08/10
por Equipe Milênio |

Nas últimas semanas a imprensa elogiou o lançamento de três livros que, embora recém lançados, já foram assuntos de entrevistas aqui no Milênio.

O jornalista Elio Gaspari, escreveu sobre dois deles: “Fordlândia – Ascensão e queda da cidade esquecida de Henry Ford na selva” e “Sussurros — A vida privada na Rússia de Stalin“.

Neste post reunimos os três programas para que vocês possam (re)ver as conversas de Lucas Mendes com Francis Fukuyama e com Greg Grandin e de Silio Boccanera com Orlando Figes.

1) Francis Fukuyama (que acaba lançar “Ficando Para Trás”) conversa com Lucas Mendes.

Mauricio Ramirez

foto: Henderson Royes

2) Lucas Mendes entrevista Greg Grandin sobre o livro “Fordlândia”:

Foto: Henderson Royes

Foto: Henderson Royes

3) Orlando Figes explica a Silio Boccanera “Sussurros: A Vida Privada na Rússia de Stalin”.

Siga: @mileniognews.

por Alexandre dos Santos

A bela Naomi Klein e a crítica à esquerda dos EUA

qui, 25/02/10
por Equipe Milênio |

Clique aqui para assistir a entrevista do correspondente Lucas Mendes com a jornalista canadense e ativista de esquerda Naomi Klein, que ganhou projeção mundial quando lançou o livro “Sem Logo – A Tirania das Marcas em um Planeta Vendido”, uma denúncia contra a globalização perversa e os acordos comerciais feitos por empresas multinacionais.

Só para lembrar a nossa próxima reprise:

SEGUNDA, 1/3
Richard Dawkins (parte 1) – biólogo evolucionista e ateu (com Silio Boccanera) – 11.84 %

E não se esqueçam que vocês também podem acompanhar o Milênio por aqui.

Três histórias

qui, 08/10/09
por Equipe Milênio |
categoria Extras, Notas

Mauricio Ramirez

foto:Mauricio Ramirez

Três histórias que não entraram na nossa entrevista. Tinha lido que o hobby do professor Fukuyama era fazer móveis americanos do século XVIII. Perguntei como ia a produção e ele, muito triste, disse que tinha vendido todo equipamento. A mulher e os filhos reclamavam muito do barulho e da serragem.
E por que móveis americanos do século XVIII?
“- Quando eu estava no Departamento de Estado, entrei na sala do secretário e vi aquele móveis magníficos. Como jamais teria dinheiro para comprar móveis antigos, decidi aprender a fazê-los. Quase toda mobília da minha casa é reprodução de móveis americanos do seculo XVIII.”

Outra historia foi sobre o Brasil. Ele contou que há três anos recebeu um convite de um Fukuyama de Sao Paulo para ir ao Brasil com tudo pago. O Fukuyama brasileiro disse que ambos eram da mesma região.
O encontro foi bom, mas não são parentes. Ambos os pais sairam do Japão na mesma época. Um foi para o Brasil e outro veio para cá, para os EUA.

Embora o pai de Francis Fukuyama tenha sido internado num campo de concetração na Califórnia durante a guerra, os Fukuyamas estão bem de vida . O brasileario “é dono de umas escolas que preparam alunos para vestibular”.

Enquanto o cinegrafista Mauricio Ramirez recolhia o material, o professor
Fukuyama teve uma longa conversa com outro colega e disse que está de mudança para a Califórnia.
No momento, ele é diretor do Programa de Desenvolvimento Internacional da Paul H. Nitze School, na Jonhs Hopkins University, em Washington. Ano que vem irá para Stanford.
Tudo lá é ótimo, menos a obrigação de dar aulas, disse ele ao colega, mas a família finalmente estará reunida num estado só.

por Lucas Mendes

Sem medo de mudar

qua, 07/10/09
por Equipe Milênio |
categoria entrevista, Vídeos

Francis Fukuyama, um dos homens-chave no desenvolvimento das diretrizes neoconservadoras que marcaram a administração de Ronald Reagan, durante a Guerra Fria, confessa a Lucas Mendes o motivo pelo qual mudou de opinião e orientação política.

A entrevista completa você assiste abaixo.

Pingos nos “i”s – vídeo extra

qui, 16/07/09
por Equipe Milênio |
categoria Extras, Vídeos

Neste vídeo com os extras da entrevista de Naomi Klein a Lucas Mendes, a jornalista canadense explica suas críticas contundentes à Chicago School of Economics e, em particular, aos economistas Milton Friedman e Jeffrey Sachs. Ela também faz uma rápida análise das economias latino-americanas baseadas na exploração petrolífera.

O vídeo está no original, em inglês.

A China como objeto de estudo

qui, 09/07/09
por Equipe Milênio |
categoria Notas

Aproveitamos a vinda do professor Enrique Dussel ao Brasil, o Milênio o entrevistou para analisar a presença e os interesses da República Popular da China no continente latino-americano.
Dussel foi um dos acadêmicos que ajudou a criar o Centro de Estudos China-México (Cechimex), na Universidade Nacional Autônoma do México .

Mesmo predominantemente focado nas relações sino-mexicanas, o Cechimex se tornou, em pouco tempo, referência continental para as discussões mais balizadas sobre os interesses econômicos e as relações bilaterais chinesas em toda a América Latina.
Clicando aqui, é possível ler a tradução, em português, do artigo “China e México: uma relação harmoniosa?”, escrito pelo economista Enrique Dussel em 2007, ainda atual.

Aqui, em inglês, pode-se conferir tabelas comparativas sobre o comércio da China com México e América Latina e a comparação com Estados Unidos e Canadá (os parceiros do México no Nafta).

Em outra apresentação, também em inglês, é possível entender melhor as mudanças das relações comerciais entre a China e o México nos últimos anos.

por Alexandre dos Santos

O fenômeno chinês

qua, 08/07/09
por Equipe Milênio |
categoria Vídeos

O professor e economista Enrique Dussel, do Centro de Estudos China-México, explica o pragmatismo econômico e os objetivos chineses em terras latino-americanas.



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