qua, 05/01/11
por Equipe Milênio |
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Como já é de praxe, todas as quartas-feiras publicamos, exclusivamente aqui no blog, trechos extras das nossas entrevistas que não foram ao ar.
Graça começa este vídeo extra revisitando sua reação à morte de Samora Machel, num acidente aéreo até hoje mal esclarecido, em 19 de outubro de 1986, na região das montanhas dos Libombos, em Mbuzini, na África do Sul.
Apoveitem mais 14 minutos da conversa entre Graça Machel e o repórter Tonico Ferreira.
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seg, 03/01/11
por Equipe Milênio |
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(Re) veja o programa com Graça Machel e leia abaixo o texto de bastidores do repórter Tonico Ferreira.
Na quarta-feira vamos publicar os extras da entrevista (perguntas que não foram ao ar).
@Mileniognews
Quando fui consultado pelo chefe de redação da Globo em São Paulo, Mariano Boni, se eu gostaria de entrevistar Graça Machel para o Milênio, minha resposta teve uma única palavra: “adoraria!”
fotos: José Afonso
Sou da época em que a luta pela independência das colônias portuguesas na África eram acompanhadas de perto pelos jovens brasileiros. Agostinho Neto, de Angola, Amilcar Cabral, de Guiné-Bissau, Samora Machel, de Moçambique, eram nomes do nosso mundo político.
Daí a emoção profunda que tive ao ver Graça Machel chegar ao Centro Ruth Cardoso em São Paulo para a entrevista. Se não consegui disfarçar o entusiasmo durante a conversa, peço desculpas aos telespectadores – isso não seria profissional.
A entrevista rolou solta, sem interrupções. Tínhamos duas câmeras para gravar e isso deixa as perguntas e respostas bem naturais.
Minha maior preocupação era não ser entendido por Graça na hora das perguntas mais pessoais sobre a relação amorosa dela com Samora e Mandela. Mas Graça sabe que são perguntas inescapáveis e não se ofendeu.
Ao final, ao cumprimentá-la, comentei que ela era mais alta do que parecia nas fotos. E ela me respondeu com seu lindo sotaque português-moçambicano: “e mesmo assim, tenho de olhar para cima quando converso com Nelson”.
por Tonico Ferreira
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qui, 30/12/10
por Equipe Milênio |
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fotos: José Afonso
Para abrir o ano de 2011, o Milênio recebe uma das ativistas pelos Direitos das Mulheres e das Crianças mais respeitadas e importantes do mundo: a moçambicana Graça Machel.
Atualmente casada com Nelson Mandela – ex-presidente da África do Sul e um ícone na luta contra o apartheid – Graça também foi casada com outra das personalidades mais importantes do continente africano: Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique e cuja morte, em 1985 num acidente aéreo, continua sem esclarecimento até hoje.
Mesmo tendo ao seu lado dois homens fortes, Graça não ficou ofuscada por nenhum deles. Estudou num colégio metodista no Moçambique ainda colônia de Portugal e ganhou uma bolsa de estudos para cursar faculdade de Filologia em Lisboa. Foi lá que se envolveu com a Frelimo, a Frente de Libertação de Moçambique e conheceu Samora quando já havia se tornado guerrilheira e estava envolvida na luta contra os portugueses. Depois da independência, em 1975, assumiu o Ministério da Educação e Cultura.
Hoje, através da Fundação para o Desenvolvimento Comunitário (FDC), Graça mantém atividades voltadas para a prevenção de doenças infantis, apoio a ex-crianças-soldado, projetos de valorização da mulher e de combate a doenças sexualmente transmissíveis e à Aids.
Foram suas atividades no continente africano que trouxeram Graça Machel ao Brasil, e foi no Centro Ruth Cardoso que ela recebeu o repórter Tonico Ferreira e a equipe do Milênio para a entrevista.
“Sou da época em que a luta pela independência das colônias portuguesas na África eram acompanhadas de perto pelos jovens brasileiros.” Conta o repórter Tonico Ferreira. “Daí a emoção profunda que tive ao ver Graça Machel chegar ao Centro Ruth Cardoso em São Paulo para a entrevista. Se não consegui disfarçar o entusiasmo durante a conversa, peço desculpas aos telespectadores – isso não seria profissional.”
SEGUNDA-FEIRA 03/01/2011 ÀS 23H30.
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qua, 21/07/10
por Equipe Milênio |
Neste material extra, com perguntas que não foram ao ar, Sasha revela ao correspondente Jorge Pontual suspeitas e detalhes sobre os testes nucleares realizados no Oceano Atlântico, em 1979, ao sul da África do Sul.
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ter, 20/07/10
por Equipe Milênio |
Assista à entrevista de Sasha Polakow-Suranski ao correspondente Jorge Pontual.
Leia, mais abaixo, o texto do Pontual com os bastidores da entrevista.
Nesta quarta vamos publicar os extras (trechos que não foram ao ar).
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ter, 20/07/10
por Equipe Milênio |
foto: Emmanuel Bastien
Sasha Polakow-Suranski é um jovem modesto e tímido. Fui encontrá-lo no apartamento extremamente simples, no Brooklyn, que divide com um amigo que conheceu na faculdade, um ator e músico que viveu no Brasil. Emmanuel Bastien, meu cameraman, que é francês, chegou mais cedo e ficou esperando em frente ao prédio. Um pouco paranóico (claro, francês), achou que o prédio estava sendo vigiado por um sujeito corpulento, sentado no bar ao lado, acompanhado de um bebê e um cachorro. Emmanuel ouviu o sujeito falar inglês com um sotaque israelense carregado. Depois da entrevista, Emmanuel me contou sua suspeita e disse que estava preocupado com a segurança de Sasha. Mandei então um email avisando: “Sasha, Emmanuel avisa que você está sendo vigiado pelo Mossad. Ele viu três agentes israelenses vigiando o seu prédio, disfarçados como um sujeito corpulento, um bebê e um cachorro, que tentavam sem sucesso parecer personagens locais. Cuidado”.
Sasha respondeu às gargalhadas. Ele tem muitos vizinhos israelenses, inclusive o sujeito corpulento com o bebê e o cachorro, e às vezes acorda com o barulho de discussões altas em hebraico na calçada em frente. Ele não acredita que esteja sendo vigiado pelo Mossad nem que corra qualquer risco.
O governo israelense fez tudo para impedir o acesso do estudioso aos documentos que revela no livro Unspoken Alliance, sobre o acordo nuclear secreto entre Israel e África do Sul. As cópias dos documentos (mais de 7 mil) estão bem guardadas (não no apê de Sasha). Os originais estão nos arquivos da África do Sul, onde foram descobertos e estudados por ele. O livro traz facsimiles das provas mais explosivas. Tudo que Israel pode fazer é negar que o objetivo do acordo fosse vender armas nucleares à África do Sul. O que de fato acabou não acontecendo.
Mas o principal, a aliança militar secreta (e ilegal) entre os dois países, não há mais como negar.
Ao som da bossa nova tocada pelo companheiro de Sasha, ele contou que se interessou pelo assunto quando teve que escolher o tema para a tese de doutorado em história contemporânea na universidade de Oxford, para onde foi depois de ter se formado em Brown, uma das melhores universidades americanas. Os pais dele são judeus sul-africanos que vieram fazer carreira acadêmica nos Estados Unidos, onde são professores universitários. Ambos são anti-apartheid e pela paz entre israelenses e palestinos. “Eles devem se orgulhar muito de você”, insinuei. Sasha abriu um sorriso. “Claro, gostaram muito que eu tivesse revelado essa história”. Outros parentes, entre eles um tio que mora na África do Sul, não perdoam o que Sasha fez.
Mas ele está tranquilo. Logo depois de gravar o Milênio viajou à África do Sul para lançar a edição local do livro e dar uma série de entrevistas.
Aviso a quem for acusar o pesquisador de ser um “traidor dos judeus” e “antissemita” por revelar um episódio tenebroso da história de Israel: Sasha defende Israel e não concorda com aqueles que acusam o estado judeu de ser idêntico ao regime do apartheid sul-africano. No livro, de fato, ele aponta afinidades ideológicas entre certos grupos em Israel e os africânderes. Mas lembra que Israel é um estado democrático onde a minoria árabe tem o direito de voto, o que os negros no regime do apartheid nunca tiveram. Vê um risco considerável de que Israel, se continuar ocupando os territórios palestinos, se converta num regime no qual a minoria judaica venha a dominar uma maioria de árabes. Mas, otimista, acredita que Israel não chegará a esse ponto. O livro dele, ao revelar um passado vergonhoso e cobrar a responsabilidade dos envolvidos, contribui um pouco para isso.
por Jorge Pontual
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sex, 16/07/10
por Equipe Milênio |
fotos: Emmanuel Bastien
Quando o regime do apartheid na África do Sul sofria o auge das sanções internacionais – no fim da década de 70 e durante a década de 80 – um país desafiou o embargo da ONU e fez uma aliança nuclear secreta com o governo de segregação racial sul-africano, além de se tornar o maior fornecedor de material bélico: Israel.
Quem mergulhou na história dessa aliança secreta foi o jovem pesquisador Sasha Polakow-Suranski, editor sênior da conceituada revista de relações internacionais Foreign Affaris. O resultado de anos de pesquisa, embrenhado em mais de sete mil documentos, foi publicado no livro “Unspoken Alliance”, Aliança Silenciosa. Foram os bastidores dessa parceria secreta que Sasha contou ao correspondente Jorge Pontual no apartamento do autor, no Brooklyn, em Nova York.
Durante a conversa, Sasha mostrou vários os documentos, inclusive o mais importante deles (que o governo de Israel tentou evitar que conseguisse): um acordo de sigilo de operações, assinado pelo atual presidente de Israel, Simon Peres, e pelo futuro presidente da África do Sul, Pieter W. Botha, em 1975, e que garantia sigilo em operações de troca de tecnologia nuclear.
“Sasha me passou a impressão de ser uma pessoa muito equilibrada. Mesmo tendo descoberto a aliança entre os dois governos, vê isso com uma visão realista, onde o Estado faz de tudo para garantir a sua própria sobrevivência. Ele não condena Israel e faz questão de discordar daqueles que acusam o sionismo de racismo e também daqueles que acusam Israel de praticar o apartheid”, conta o correspondente Jorge Pontual.
Segunda-feira 19/07 às 23h30.
Siga: @Mileniognews
por Alexandre dos Santos
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qua, 16/06/10
por Equipe Milênio |
foto: paulo Pimentel
Aproveitando a evidência da África do Sul como organizadora da Copa do Mundo, o correspondente Silio Boccanera relembra a conversa que teve com Andrew Feinstein. E nós aproveitamos para publicar um novo texto do Silio, a entrevista e o vídeo com material que não foi ao ar na época.
Uma vantagem em lidar com “pessoas de ideias”, como faz o Milênio, é que as idéias e as pessoas retornam de vez em quando, para nos mostrar como se encaixam em épocas diferentes.
Assim ocorre com Andrew Feinstein, o sulafricano que entrevistamos um ano atrás. Ele agora se mostra bem atual quando os olhos do mundo se voltam para o país onde ele nasceu branco, judeu, criado com privilégios em meio ao regime racista do apartheid, contra o qual ele lutaria ao lado dos militantes negros do Congresso Nacional Africano, de Nelson Mandela.
Com a democratização, ele se elegeu deputado pelo CNA e sua formação em Economia o levou a chefiar a Comissão de Finanças da Assembleia Nacional. No posto, que lhe dava acesso às contas nacionais, esbarrou em escândalos de corrupção dentro de seus próprio partido, envolvendo compra de aviões militares, prática que considera entre as mais cercadas de corrupção no mundo (alerta, Brasil). Decidido a ir em frente com a investigação, foi pressionado por membros do próprio partido e acabou deixando o cargo.
Feinstein se decepcionou com o fenômeno nada raro da revolução que se devora, mas denunciou as falcatruas em seu livro “After the Party“, um título de duplo sentido, que pode ser lido como ‘depois da festa’ (a chegada ao poder) ou ‘depois do partido’ (o que ocorreu com o CNA).
Na entrevista do ano passado e no material extra, que vocês podem rever online logo abaixo, Feinstein trata de vários aspectos da África do Sul e comenta os primeiros passos do governo de Jacob Zuma, que ele via com preocupação, diante de um histórico pessoal coberto de suspeitas. Mas ele torcia pelo sucesso e dava ao novo presidente o crédito da dúvida, que hoje não tem mais: Feinstein acha que Zuma tem se revelado um líder ineficaz para resolver os enormes desafios que a África do Sul enfrenta.
O espetáculo do futebol e mesmo a zoeira da vuvuzela não nos impedem de ouvir a voz crítica de um sulafricano que considera a democracia em seu pais “manchada”.
por Silio Boccanera
Reveja aqui a entrevista com Andrew Feinstein.
Abaixo o material extra, com perguntas que não foram ao ar. O vídeo extra está no original, em inglês, e sem legendas.
Clique aqui e leia o texto de bastidores que o correspondente Silio Boccanera escreveu na época da entrevista.
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sex, 31/07/09
por Equipe Milênio |
Neste vídeo-extra com as perguntas e respostas que não foram ao ar, o ex-deputado do Congresso Nacional Africano (ANC, em inglês), Andrew Feinstein, conversa com Silio Boccanera sobre o que ele chama de decadência moral do partido logo depois da saída de Nelson Mandela do governo da África do Sul e sobre a impressionante ressurreição política de Winnie Mandela, ex-mulher do presidente e condenada à prisão por fraudes e roubo.
Feinstein também opina sobre o que parece ser uma “inevitabilidade histórica“. Movimentos de libertação que tomam o poder acabam se contaminando com ele, como aconteceu com os sandinistas, na Nicarágua, com o MPLA, em Angola, com a Frelimo, em Moçambique e com o Zanu, no Zimbábue. As relações com o vizinho africano, aliás, também são analisadas por Feinstein, que fala sobre a responsabilidade da política externa sul-africana para tentar dirimir crises humanitárias como as do Zimbábue e de Darfur, no Sudão.
O vídeo-extra está no original, em inglês, e sem legendas.
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qui, 30/07/09
por Equipe Milênio |
fotos: Paulo Pimentel
A experiência do ex-político sul-africano Andrew Feinstein na investigação de corrupção em seu país o leva a advertir os brasileiros: olho vivo nessa concorrência internacional para a compra de aviões militares para a FAB, porque esse ramo de negócios é dos mais corruptos no mundo.
Entrevistamos Feinstein em Londres, para onde ele se mudou com a família quando suas oportunidades de trabalho na África do Sul encolheram, desde seu pedido de demissão como deputado da Assembléia Nacional. Ele era do mesmo partido de Nelson Mandela – o Congresso Nacional Africano – mas sofreu pressões para cair for a após suas denúncias de corrupção nos círculos em torno do atual Presidente da República, Jacob Zuma, e sobretudo do antecessor, Thabo Mbeki.
Feinstein não culpa só políticos e empresários que recebem subornos nos países compradores de armas. Ele adverte que as empresas fabricantes, no mundo rico, saem distribuindo “generosidades” para ganhar dos concorrentes, às escondidas de leis na Europa e nos Estados Unidos que proíbem esses tipos de ação “por baixo da mesa”. No caso da África do Sul, os vencedores da concorrência convenceram os políticos locais a comprar jatos que a força aérea não queria.
Feinstein conta que seu então partido, o CNA, e alguns de seus dirigentes em particular embolsaram milhões de dólares na transação, enquanto a aeronáutica continua insatisfeita com os aviões comprados, muitos deles até hoje parados nos hangares, sem uso. O alerta ao Brasil neste momento chave para a FAB não poderia ser mais claro: levem em conta as necessidades reais dos militares, mas fiquem de olho nos intermediários comerciais das negociações e nos políticos que decidirão onde gastar a verba pública.
Detalhes da história dos aviões na África do Sul – bem como da evolução do CNA desde os primórdios da luta contra o apartheid (movimento em que Feinstein, mesmo branco, militou) – estão no livro dele ‘After the Party’. Um segundo livro está a caminho, em fase final de pesquisa, sobre um assunto que não surpreende: o comércio internacional de armas.
por Silio Boccanera
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