A Irmandade Muçulmana e a política no Oriente Médio
A crise política no Egito joga luzes sobre uma das mais influentes organizações no mundo árabe: a Irmandade Muçulmana. Já foi chamada de “mãe de todos os movimentos islamistas”, aqueles de ação político-religiosa pelo mundo. Nem sempre seus militantes agem de forma pacífica, embora hoje existam grupos islâmicos bem mais violentos do que a Irmandade em ação pelo mundo. Como os salafistas no Egito, a Al-Qaida em suas variações locais.
Criada no Egito há 85 anos, a Irmandade inspirou a cópia de organizações parecidas em outros países árabes, todas reprimidas ao longo dos anos pelos regimes autoritários da região. Hamas, por exemplo, na faixa de Gaza, surgiu da Irmandade. Com seus líderes periodicamente presos ou executados, a Irmandade sobreviveu na clandestinidade em vários países. Realizou trabalhos de assistência em comunidades pobres, onde ganhou o respeito que iria ajudá-la a ganhar votos, depois das revoltas populares conhecidas como Primavera Árabe.
Chegou ao poder no Egito, com maioria no Parlamento e presidência em mãos de seu ex-líder Mohamed Morsi. Até que um golpe militar afastou do poder o presidente e a Irmandade. Continua no poder na Tunísia, onde quem assumiu após rebelião popular foi a co-irmã An-Nahda. E na Líbia ainda em transição, a Irmandade tem considerável influência no governo provisório. Como tem entre as variadas forças de oposição em luta contra o regime de Bashar Assad na Síria. Para entender melhor essa organização tão influente na nova dinâmica do Oriente Médio, o Milênio procurou em Kent, perto de Londres, Alison Pargeter, autora de livro recém-atualizado sobre a Irmandade Muçulmana.
por Silio Boccanera