O fim do mundo como o conhecemos…
No próximo Milênio, Jorge Pontual entrevista o escritor e ambientalista Paul Gilding sobre consumo, meio ambiente, desigualdade e o fim do mundo como o conhecemos. Segunda-feira, 23h30, na Globo News.
O clima eufórico em torno do ato de consumir e o esforço de atrelar concepções de estilos de vida aos produtos criaram ilusões que ganham ar de realidade por alguns momentos. Em seguida, o ciclo é mantido pelo bombardeio de propagandas, de “benefícios comprovados cientificamente até a semana que vem”, da pressão pelo novo e, em alguns casos, por questões de aceitação social.
É possível dizer que foram criados níveis e hierarquias de acordo com o que cada um tem acesso, seja em bens materiais ou com relação aos saberes. As divisões aumentam a cada novo lançamento ou demanda do mercado e se manter atualizado não é tarefa simples. Os níveis de desigualdade, hoje, afetam até mesmo a estabilidade do sistema que vivemos.
A revista The Economist, da semana do dia 13 de outubro, apresentou um dado impressionante. Por mais que a desigualdade tenha sido reduzida em termos globais, com relação ao PIB dos países ricos e pobres, mais de dois terços da população mundial vivem em países em que a desigualdade aumentou desde 1980. Nesse sentido, Paul Gilding, escritor e, por muitos anos, ambientalista, afirma que “a pobreza é como um câncer na alma da nossa sociedade.”
Estamos criando um mundo frágil e dependente de recursos e estruturas insustentáveis. Entre alguns exemplos, podemos citar que cidades inteiras dependem da entrega de comida para funcionar, desertos alimentícios se formam pelo mundo, planejamento urbano é inexistente em muitos lugares e o petróleo é fonte de energia e base para inúmeros compostos sintéticos. Estamos transformando a química da vida e explorando abusivamente os oceanos. É como se andássemos em um lago congelado e o próximo passo pode ser o último.
Essa fina camada que separa o mundo do consumo da realidade de pobreza, sofrimento e poluição que o mantém talvez não dure muito. A necessidade de mudança – e a incrível dificuldade de a sociedade se transformar – fica cada vez mais evidente. O vício de ter mais, de fazer mais e de conseguir tudo no curto-prazo está mais forte e, de certa forma, fez de nós, segundo Gilding, “a primeira geração que em vez de se sacrificar pelo futuro dos filhos, está sacrificando o futuro dos filhos para si.”
O Milênio entrevistou o escritor australiano Paul Gilding em plena Times Square, símbolo do consumo. Ele falou sobre o fim do mundo como o conhecemos e sobre a necessidade de conscientização de que toda essa parafernália não é necessária à vida, apenas acessória. Segunda-feira, 23h30, na Globo News.
por Rodrigo Bodstein