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Conheça exemplos de respeito aos idosos

qui, 10/09/09
por André Trigueiro |

VEJA O VÍDEO DO PROGRAMA: Santo Antônio da Alegria, no interior de São Paulo, lidera o ranking da qualidade de vida para maiores de 60 anos. Em Manaus, governos adotam políticas públicas voltadas para idosos.

Marina Silva fechada para balanço

seg, 10/08/09
por André Trigueiro |

Conversei com Marina Silva por telefone neste fim de semana. Ela estava no Acre, entretida com inúmeros encontros políticos, numa rotina que vai se intensificar nos próximos dias. Marina corre contra o tempo para realizar consultas e decidir se aceita concorrer à Presidência da República ano que vem pelo PV.

Os verdes formalizaram o convite há mais de uma semana. Na oportunidade, mostraram uma pesquisa feita por telefone que indicava que Marina contaria com 12% da preferência do eleitorado se concorresse ao cargo. “Não estou preocupada com números ou pesquisas”, me disse a senadora petista, que manifestou o desejo de incluir na campanha eleitoral o debate sobre sustentabilidade. “Eu quero que o tema faça parte da agenda estratégica para o país. Tem que ser uma plataforma básica de compromissos”, disse ela, reconhecendo que o convite do PV foi o suficiente para gerar um clima de enorme instabilidade nas hostes petistas. Marina já recebeu ligações do presidente do partido, Ricardo Berzoini, do governador da Bahia, Jaques Wagner, do senador José Eduardo Dutra, do deputado federal José Eduardo Cardozo, e de inúmeros cardeais petistas que se apressam em pedir-lhe que fique no partido.

Não deixa de ser curioso o fato de o partido do presidente Lula estar tão interessado na permanência de Marina, depois de impor à ex-ministra sucessivas derrotas quando ela ainda respondia pela área ambiental no país. É bom lembrar que Marina Silva pediu demissão do cargo sem aviso prévio, e na véspera da chegada ao Brasil da chefe do governo alemão, Angela Merkel, cuja visita oficial ao país tinha como principal motivo os assuntos ambientais. Na época, em outra entrevista, Marina reconheceu os constrangimentos impostos à ela, mas de forma elegante, preferiu não criticar o presidente Lula.

“Não quero demorar muito para tomar uma decisão porque sei do desgaste que isso provoca tanto do PT quanto no PV”. A simples hipótese de Marina Silva se candidatar à presidência gera preocupação nas demais candidaturas postas no tabuleiro político. Em relação à Dilma Rousseff, Marina Silva representa obstáculo à medida que também é mulher, egressa do PT, e ainda muito respeitada no partido. Além do que, é sabido que Marina foi estigmatizada no governo por “atrasar obras do PAC”, menina dos olhos do governo Lula que tem a Dilma Rousseff como regente.

O presidenciável José Serra é forte junto aos segmentos mais esclarecidos da população – especialmente nas regiões sudeste e sul – onde os assuntos da sustentabilidade encontram mais ressonância e prestígio. Como Dilma e Serra são bastante identificados com o mesmo modelo desenvolvimentista, Marina corre por fora como aquela que lembra a importância do desenvolvimento sustentável como premissa de ação, não como retórica de campanha.

Há ainda a possibilidade de a candidatura Marina catalizar votos de protesto de quem não se identifique com nenhum outro candidato e, mesmo sem nutrir maiores simpatias pela senadora acreana, queira se manifestar contra “tudo isso que está aí” votando nela.

Marina está fechada para balanço. Seu silêncio, entretanto, se faz ouvir pelo país com a mesma intensidade que os urros patéticos das últimas sessões do Senado Federal.

 

Cidades e Soluções poderia inspirar presidente Lula

seg, 09/02/09
por André Trigueiro |

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O Plano Decenal de Energia lançado pelo governo federal agravará as emissões de gases estufa do país, além de menosprezar as fontes limpas e renováveis de energia como eólica e solar. Perde-se uma oportunidade ímpar de promover os ajustes necessários na direção certa, ou seja, a de um mundo onde a matriz energética seja cada vez menos suja, com menos combustíveis fósseis e menos emissões de C02.

Mais do que isso: segundo o relatório Stern (produzido pelo ex-economista-chefe do Banco Mundial, Nicholas Stern), o cenário econômico é propício à taxação do carbono, ou seja, produtos feitos a partir de energia suja serão sobretaxados por agravar o aquecimento global. Sinal amarelo nas transações comerciais entre os países num futuro próximo.

 

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Apenas para efeito de comparação, na mesma semana em que o Brasil anunciava seu plano estratégico para o setor de energia, os Estados Unidos de Barack Obama determinavam a redução compulsória de 30% no consumo de energia das edificações públicas federais.
 
O plano de eficiência energética americano compreende – entre outras medidas – que, a partir do mês de agosto, 30 produtos eletro-eletrônicos como computadores, celulares, aparelhos de ar-condicionado, etc, deverão sair de fábrica com metas mais rígidas de consumo de energia. Da Casa Branca, saiu a ordem que repercute diretamente no pátio das fábricas em favor da racionalização do consumo de energia. É a mesma voz que enquadrou as montadoras de veículos, condicionando a ajuda financeira de Washington – leia-se bilhões de dólares -  a metas tecnológicas mais ousadas na direção da eficiência no consumo de combustíveis.

É bom lembrar que, por aqui, a ajuda financeira às montadoras de veículos – redução do IPI e empréstimo a fundo perdido de R$ 8 bilhões - não teve nenhuma contrapartida. E que o selo verde dos automóveis não é obrigatório – as montadoras aderem se assim o desejarem.
 
Também na semana passada, o presidente Lula anunciou a construção de 500 mil novas casas populares para a população de baixa renda. A previsão é de que esse meio milhão de casas sejam construídas ainda este ano.

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Nenhuma palavra se ouviu do presidente sobre eventuais medidas que poderiam alinhar o Plano Nacional de Habitação às chamadas construções sustentáveis ou verdes.
 
Exigência de madeira certificada, coleta de água de chuva, coletores solares em lugar de chuveiros elétricos, biodigestores para a conversão de esgoto doméstico em gás de cozinha, são alguns dos exemplos de como o plano poderia estimular um novo conceito de construção que já é regra em várias partes do mundo e, em menor escala – bem menor mesmo – também aqui no Brasil.
 
A aplicação de tecnologias sustentáveis tanto no setor de energia como no da habitação são exibidas em detalhes há mais de dois anos no programa “Cidades e Soluções”. Tivemos a oportunidade de conhecer de perto essas experiências e daí a nossa perplexidade com o descompromisso dos setores governamentais com a aplicação inteligente dessas ferramentas.  
 
O anúncio dos planos citados aqui revela que a sensibilidade para a mudança, embora exista, ainda encontra obstáculos importantes que agravam nosso atraso e o descompasso entre o discurso e a prática.     

André Trigueiro



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