Há cidades onde o verde é perseguido, destruído e eliminado do mapa. Onde isso acontece, as árvores são inimigas da urbanização e perdem espaço para as construções. Conheça projetos que envolvem a preservação das árvores nacionais.
Em São Paulo, um botânico apaixonado por árvores decidiu entrar numa cruzada para encontrar as mais antigas da capital paulista, são as veteranas de guerra. Em Belo Horizonte, um projeto de preservação pioneiro é o responsável pelo cadastramento de todas as árvores da cidade. Pelo Brasil, um levantamento inédito vai ajudar a conhecer melhor o tamanho e a qualidade das nossas florestas.
Quer mais informações sobre esses projetos? Então, acesse os links abaixo:
https://www.veteranasdeguerra.org/
https://www.florestal.gov.br/
Leia aqui a íntegra da entrevista com o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Antônio Carlos Hummel:
O que é o Inventário Florestal Nacional?
O inventário florestal nacional é a medição das nossas florestas. Nós conhecemos muitas florestas do Brasil hoje, do ponto de vista de perda de floresta, de desmatamento… Com o inventário florestal nacional, através de 22 mil pontos amostrais em todo país, a gente vai medir o que nós temos de floresta, os estoques de floresta e principalmente como está a qualidade das florestas do Brasil. Ele é feito em todas regiões. O inventário vai trazer dados de todos os biomas do país e, principalmente, vão gerar informações que vão subsidiar muitas políticas públicas que hoje, por exemplo, a gente tem um bom debate. Questões ligadas à biodiversidade, questões ligadas à mudança de clima, ou seja, nós vamos ter os valores de biomassa fas florestas do país e associados às questões de carbono, nós vamos saber também as espécies que estão em extinção, e principalmente, eu acho que finalmente nós vamos ter resultados de 5 em 5 anos, com essas medições de quais são as perspectivas, a situação de nossas florestas.
Como esse trabalho será executado?
O serviço florestal para executar esse trabalho tem um conjunto de parcerias enorme, desde o financiamento. Tem financiamento do governo federal, tem financiamento do fundo da amazônia, tem financiamento de doações externas e principalmente também a colaboração dos governos estaduais. Então, isso envolve recursos no período de 5 anos, em torno de 150 milhões de reais e isso deve se tornar uma política permanente, porque é fundamental pro país hoje conhecer o que acontece com as suas florestas. E só tem uma forma da gente fazer isso, é medindo ela.
Qual o prazo para fazer essas análises?
Esse trabalho já começou. Nós já começamos em alguns estados como o Distrito Federal e Santa Catarina, com várias parcerias… Está em desenvolvimento no estado do Ceará, Rio de Janeiro, Sergipe, Paraná, Rio Grande do Sul… como o Brasil é um país enorme, esse é um trabalho que vai demorar 5 anos. Então quando a gente estiver terminando os primeiros inventários, o primeiro ciclo, a gente já está começando novamente em outros estados. São 22 mil pontos amostrais que vão ser medidos de 5 em 5 anos, ou seja, de 5 em 5 anos o Brasil vai ter um retrato bastante efetivo do que acontece com as suas florestas. A área coberta é todo o país, é toda extensão territorial do Brasil e é importante a gente mostrar o tamanho do desafio. Esses dados vão ser coordenados, todo o processo, pelo serviço florestal brasileiro, mas eles vão estar disponíveis através de um banco de dados para toda a sociedade brasileira. É importante também a gente dizer que o Brasil demorou a realizar o seu inventário florestal nacional. A maioria dos países que tem potencional florestal e cuida bem das suas florestas já realiza isso há mais de 100 anos. Em outros países, realizam há 30 ou 40 anos. Então, com essa discussão, principalmente agora, afeta as mudanças climáticas e o papel das florestas, os países estão demonstrando um grande interesse em realizar os seus inventários florestais nacionais.
Qual é a utilidade desses dados?
Os resultados do inventário florestal nacional têm uma aplicação muito ampla. Primeiro, nós vamos saber qual a quantidade dos estoques florestais do país, dados muito fortes com relação a biodiversidade das nossas florestas, da flora brasileira… Com relação a biomassa florestal que nós temos, ou seja, qual o carbono que nós temos nas nossas florestas e isso é muito importante nas negociações de mudanças climáticas. Tem muita informação também de como a população se relaciona com essas florestas, né?! Então, é um conjunto de informações que a partir desse ano já vão ficar disponíveis pra sociedade. Eu acho que esse é um gol importante pras florestas do Brasil. Eu acho que a sociedade estava esperando isso do poder publico, e o serviço florestal está capitaneando essa tarefa, porque você fazer isso num país pequeno como a Suécia, Suiça e Finlândia é uma coisa. Fazer isso num país de dimensões continentais é muito dificil. Então, eu acredito que inclusive para determinar a tecnologia nós reunimos cientistas de várias partes do Brasil e do mundo pra discutir a melhor metodologia. Então, a gente tem um apoio técnico muito importante pra dizer: o Brasil vai dar um exemplo de como pode conhecer melhor suas florestas. Não simplesmente do ponto de vista do que perdeu de floresta, mas qual é a qualidade das suas florestas e qual o futuro dessas florestas.
Onde os dados vão ficar disponíveis?
Esses dados, que são dados públicos, o serviço florestal vai fazer um processamento inicial. Boa parte deles vão estar disponíveis no sistema nacional de informações florestais, que o serviço florestal está implantando e grande parte deles também vai ser possível de consultas diretas ao serviço florestal. O que for possível colocar em bancos de dados na internet vai estar disponível, e o que não for possível, o serviço florestal tem obrigação de colocar isso à disposição da sociedade.
Para onde vai o material recolhido e o que será feito dele?
É muito importante o inventário florestal nacional, porque ele vai propiciar a coleta de material botânico, que não é pouca coisa… Pra você ter um ideia, só no inventário florestal de Santa Catarina foram mais de 30 mil amostras férteis, ou seja, que tinham flores ou frutos. Então no inventário florestal no Brasil todo a gente vai fazer acordos com herbários do país inteiro, com universidades… ou seja, uma oportunidade de gerar pesquisa como nunca aconteceu, e nós vamos ter também na figura do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que é uma excelência nessa área de herbário, de botânica, né?! um depositário de uma das amostras que vai ser coletado em todo país, ou seja, é uma grande rede de coleta que vai envolver universidades e centros de pesquisas, e também vai servir pro futuro pra gente conhecer melhor essas florestas do país.
Qual o custo do levantamento feito por esse projeto? Quem financia?
O valor total aproximado é em torno de 150 milhões de reais. A gente tem financiamento de doações externas, tem financiamento do governo federal, dos governos estaduais… na Amazônia, que é o maior desafio nós temos uma parceria com o BNDES através do fundo Amazônia, que vai financiar esse primeiro ciclo, mas da mesma forma que o país tem seus censos demográficos, seus censos agropecuários, a gente está construindo essa politica pública, porque no futuro a gente quer que esse financiamento esteja presente nos orçamentos seja do governo federal, seja nos orçamentos dos governos estaduais de uma forma permanente. Então, eu acho que essa é uma conquista da sociedade e esse primeiro ciclo teve um arranjo financeiro mais complexo, mas a gente espera que nos próximos ciclos isso seja feito de uma forma mais permanente.
Existe uma metodologia dentro do inventário florestal nacional, não só no Brasil, que considera um ciclo de 5 anos como um ciclo adequado pra gente fazer as re-medições. O mais importante é que esses 22 mil pontos amostrais vão voltar a ser medidos. Então, esse ciclo de 5 anos é uma base metodológica pra gente ter um efeito comparativo do que que tinha há 5 anos e nos próximos 5 anos, e nos próximos 10 anos, e nos próximos 100 anos… Eu acho que é tão importante isso, porque daqui a 100 anos nós vamos voltar a medir aquela floresta no mesmo local, ou seja, isso vai trazer uma informação muito importante do que aconteceu com as florestas ao longo de meio século, por isso que é uma politica pública que nós demoramos a implementar, mas agora a gente está firmemente trabalhando essa proposta.