Rio de Janeiro

Por g1, TV Globo, GloboNews, Valor, CBN e O Globo


Candidatos do Rio posicionados para o debate — Foto: Gustavo Wanderley/g1

Os candidatos à Prefeitura do Rio Alexandre Ramagem (PL), Eduardo Paes (PSD), Marcelo Queiroz (PP), Rodrigo Amorim (União Brasil) e Tarcísio Motta (PSOL) participaram nesta quinta-feira (3) do debate da TV Globo antes do primeiro turno das eleições 2024.

Foram convidados os candidatos de partidos com, no mínimo, cinco representantes no Congresso Nacional, assim como os que alcançaram pelo menos 6% de intenções de voto na última pesquisa da Quaest, divulgada na segunda-feira (30).

A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações dos políticos. Leia:

Eduardo Paes (PSD)

“A gente ouviu, ao longo dessa campanha, ele [Ramagem] dando nota 7 para a política de segurança do governador Cláudio Castro.”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: Em sabatina realizada pelos jornais O Globo e Valor Econômico e pela Rádio CBN, no dia 11 de setembro, Alexandre Ramagem disse que a política de segurança pública do governo Cláudio Castro, do mesmo partido, merece “nota 7”.

O candidato foi questionado a respeito dos problemas no setor e respondeu: “Tem muito a ser feito, mas está produzindo muito. Vou dar nota 7. A questão da segurança pública, todos nós sabemos, crise gravíssima que estamos perdendo o estado para forças paralelas. Estou dando uma nota para ele passar de ano, mas ainda precisa melhorar para ter 9 ou 10”.

''No dia em que foram divulgados os últimos índices de segurança pública, em que dobrou o número de roubos de veículos, de cargas, um celular roubado a cada 9 minutos no Rio de Janeiro, o senhor estava ao lado do seu padrinho, o governador Cláudio Castro, que é quem comanda a segurança pública, no Rock in Rio.''

selo fake — Foto: g1

A declaração #FAKE. Veja por quê: Alexandre Ramagem esteve presente na primeira noite do Rock in Rio, no dia 13 de setembro. O candidato concedeu entrevista para a coluna Gente, da revista "Veja". Os números do Instituto de Segurança Pública (ISP) foram divulgados seis dias depois, no dia 19.

Os 14 milhões de passageiros esse ano no [aeroporto] Galeão é fruto de parceria”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: No fim de junho deste ano, a RIOgaleão estimou que, até o fim do ano, passariam pelo Aeroporto Tom Jobim 14,2 milhões de passageiros. Somente de janeiro a maio, o movimento já havia alcançado 5,6 milhões de pessoas chegando e saindo da cidade. Essa estimativa foi, no início de setembro, atualizada, com uma nova estimativa de atingir 14,5 milhões, segundo o presidente da concessionária, Alexandre Monteiro, acima da estimativa inicial de 14 milhões.

“É duro ficar nesse debate ouvindo três aliados do governador Cláudio Castro - tirando o deputado Tarcísio -, um governo que representa um déficit no orçamento apresentado, de R$ 14,5 bilhões.”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, apresentado pelo Governo do Rio à Assembleia Legislativa nesta semana, está previsto um déficit de R$ 14,6 bilhões no ano que vem. Segundo o projeto, a receita líquida estimada será de R$ 107,52 bilhões, e as despesas previstas, R$ 122,18 bilhões.

Rodrigo Amorim (União Brasil)

“Lula disse que é normal roubar celular para tomar cerveja.”

selo fake — Foto: g1

A declaração é #FAKE: Veja por quê: Ao citar o apoio de Lula a Paes, o candidato usou frases retiradas de contexto. Em uma entrevista para uma rádio de Pernambuco em 2017, Lula fez afirmações sobre a violência no Estado e citou a “indústria” de roubo de celulares como uma das consequências da “pobreza e da desesperança”:

"É uma coisa que está intimamente ligada. Ou seja, o cidadão teve acesso a um bem material, a uma casinha, a um emprego, e de repente o cara perde tudo. Então, vira uma indústria de roubar celular. Para que ele rouba celular? Para vender, para ganhar um dinheirinho.”

Logo depois, Lula afirma que o ódio está disseminado no país e fez uma analogia com torcidas de futebol dos clubes do Recife, que segundo ele poderiam “tomar cerveja juntos”.

“É preciso distensionar para a sociedade perceber que a torcida do Santa Cruz e do Sport não são inimigas. São adversárias durante o jogo, depois vão para o bar tomar cerveja juntos. E ainda deixam o pessoal do Náutico batendo palma do lado."

Tarcísio Motta (PSOL)

“Hoje o TRE indeferiu a sua candidatura a prefeito do Rio porque você é condenado por violência política de gênero”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) derrubou nesta quinta-feira, por unanimidade, a candidatura do deputado estadual Rodrigo Amorim, do União Brasil, à Prefeitura do Rio. Os sete desembargadores votaram para aceitar um recurso da Federação PSOL/REDE/PCB contra o registro do parlamentar.

O colegiado entendeu que Amorim está inelegível por ter sido condenado, em maio, por violência política de gênero após atacar a vereadora de Niterói Benny Briolly, do PSOL, que é trans.

Em agosto, o desembargador Peterson Barroso Simão determinou o efeito suspensivo da condenação a um ano e quatro meses de reclusão até que um recurso da defesa fosse apreciado pelo plenário.

Porém, para o relator, desembargador Rafael Estrela, a decisão só poderia valer após ser referendada pelo colegiado, conforme a Lei de Inelegibilidade, o que não aconteceu. Rodrigo Amorim afirmou que vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Enquanto o recurso não é julgado, o deputado estadual continua candidato, sub júdice.

"Nós queremos uma cidade onde não se aceite como natural que 500 mil pessoas passem fome na própria cidade do Rio de Janeiro enquanto o prefeito gasta mais dinheiro em publicidade do que no enfrentamento a fome, como foi em 2023."

selo fato — Foto: g1

Essa declaração é #FATO. Veja por quê: O candidato acerta ao mencionar a quantidade de pessoas com fome na capital. Conforme o Mapa da Fome do Município do Rio, 7,9% das casas na capital fluminense são afetadas pela fome, o que representa o total de 489 mil pessoas. Os dados produzidos a partir de uma iniciativa da Frente Parlamentar contra a Fome e a Miséria da Câmara de Vereadores em parceria com o Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (INJC/UFRJ) mostram ainda que cerca de 2 milhões de habitantes da cidade convivem com algum grau de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave).

Já em relação aos gastos com publicidade, na capital carioca, de acordo com o SIG, sistema de orçamento da Prefeitura, o orçamento inicial para a ação "Publicidade, Propaganda e Comunicação Social" era de R$ 36 milhões. Após um crédito de R$ 128 milhões, a despesa autorizada final se tornou R$ 165 milhões. Ao final do ano, foram empenhados um total de R$ 164 milhões e pagos R$ 139 milhões.

O combate à pobreza e à fome, com a execução de programas de transferência de renda e a implementação de programa de segurança alimentar e nutricional, cabe à pasta da Assistência Social.

Em 2023, foram pagos na implementação do programa de segurança alimentar e nutricional R$ 30,1 milhões, segundo dados do Portal Contas Rio. No programa de transferência de renda direta, foram pagos R$ 61,6 milhões.

(Correção: esse selo foi alterado de #NÃOÉBEMASSIM para #FATO em razão de o candidato ter apresentado a origem da informação sobre os gastos com publicidade.)

“[Eduardo Paes] Já foi tucano, liberou a sua base para votar no impeachment da Dilma, votou no Bolsonaro em 2018 dizendo que preferia o Paulo Guedes, e aí, de forma oportunista, no final do primeiro turno, em 2022, foi lá apoiar o Lula.”

selo fake — Foto: g1

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Em 2018, Eduardo Paes, então postulante ao governo do Rio, não declarou voto em Jair Bolsonaro. Na ocasião, em um debate organizado pelos jornais O Globo e Extra, Paes afirmou que a “agenda colocada pelo Paulo Guedes” (então futuro ministro da Economia) resultava em “uma identidade maior com a agenda do Bolsonaro”.

Também não é correto dizer que Paes liberou a base para votar a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), porque, na época, ele estava no segundo mandato na Prefeitura do Rio, e o processo de impedimento dela foi votado no Congresso. Por fim, Paes declarou apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em julho de 2022, e não ao final do primeiro turno, em outubro, como disse Tarcísio Motta.

Alexandre Ramagem (PL)

''Eu nunca falei que acabaria com o BRT, o que eu coloquei é que podemos substituir o BRT gradualmente, o que se viu na Avenida Brasil colocando duas faixas é falta de planejamento. Temos que ir substituindo aos poucos. Nunca acabar. Substituir por veículos leves sobre trilhos. Isso pegaria apenas uma faixa ou meia faixa. Acabaria com aquele trânsito todo na Avenida Brasil.''

selo fake — Foto: g1

A declaração é #FAKE: Veja por quê: Em entrevista ao g1, no dia 6 de agosto de 2024, Ramagem afirmou que iria tirar o BRT e que o sistema de transporte seria substituído gradativamente por outro. Indagado se o BRT será totalmente desativado, o candidato afirmou: “Aos poucos, com toda certeza. O metrô transporta quase 200 milhões, o BRT transporta 70 milhões de pessoas”.

“O legado do orçamento dele [Eduardo Paes], a gente lembra, a Ciclovia, que em seis meses foi destruída e causou mortes.” -

selo não é bem assim — Foto: arte

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Um trecho de cerca de 20 metros (dos 1,7km sobre um elevado entre São Conrado e Vidigal) da Tim Maia, na Avenida Niemeyer, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, desabou em 21 de abril de 2016, pouco mais de três meses após sua inauguração. Na ocasião, duas pessoas morreram no local após caírem no mar.

O trecho elevado sofreria outros dois desabamentos, ocorridos nos meses de fevereiro e abril de 2019, em decorrência do deslizamento de encostas. Ao longo dos 9 km total da ciclovia, no entanto, apenas 1,7 km sobre elevados está interditado por medida judicial.

As vítimas foram o engenheiro Eduardo Marinho Albuquerque, de 54 anos, e o gari comunitário Ronaldo Severino da Silva, de 60 anos. Em 2020, a Justiça do Rio de Janeiro condenou a 3 anos, 10 meses e 20 dias de detenção os 15 réus do processo. A pena dos envolvidos, porém, foi convertida em restrição de direitos e multa, além da prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas ou assistenciais.

Marcelo Queiroz (PP)

“Guarda Municipal e servidor público. Esse está totalmente desacreditado. A gente está discutindo pautas de direita e esquerda, enquanto os guardas não têm seu plano de cargos e salários”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: O Fato ou Fake checou a existência de plano de carreira da Guarda Municipal e do servidor público municipal. Em abril de 2014, o prefeito Eduardo Paes - na época em seu segundo mandato - sancionou o projeto que trata do plano de cargos, carreira e remuneração para os servidores do quadro operacional da Guarda Municipal do Rio - GM-Rio.

Contudo, não houve sua implementação. Em 2022, representantes da Guarda Municipal tiveram uma audiência junto à Comissão de Administração e Assuntos Ligados ao Servidor Público, na Câmara de Vereadores. Os servidores pediram a reformulação da Lei Complementar nº 135/2014, que trata do plano de cargos, carreira e remuneração da Guarda Municipal, com adequação à Lei nº 13.022/2014, que institui as normas gerais para as guardas municipais.

Os guardas defendem, entre outras demandas, a equiparação das regras de progressão de carreira e aposentadoria aplicadas a outras forças de segurança. Em 2023, uma Comissão Especial da Câmara foi criada com a finalidade de acompanhar a implementação do plano, o que não aconteceu até agora.

"Hoje, o servidor público tem o ticket refeição de R$ 12”

selo fato — Foto: g1

A declaração é #FATO. Veja por quê: O servidor público no Rio de Janeiro recebe, há 12 anos, o valor fixado de R$ 12 para uso diário de vale-alimentação. Em setembro de 2024, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro derrubou o veto a uma emenda da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025 que previa o reajuste do vale-refeição do funcionalismo carioca. Com a revogação do veto, o benefício será reajustado, porém sem valor definido.

Participaram da checagem: Marco Antônio Martins, Lucas Guimarães, Gabriela da Cunha, Henrique Coelho, Luciano Ferreira, Marcelo Gomes, Mariene Lino, Marcus Vincax, Claudia Loureiro e Fernanda Calgaro.

Fato ou Fake explica:

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