07/04/2015 20h17 - Atualizado em 07/04/2015 20h17

Trabalho ajuda na ressocialização de detentos em Colatina, ES

Presidiários recebem salários e podem se aprimorar em uma profissão.
De acordo com a Sejus, empresas se beneficiam com este tipo de ação.

Do G1 ES, com informações da TV Gazeta *

Como parte de um processo de ressocialização, detentos do regime semiaberto de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, estão podendo utilizar o período do dia para trabalhar e receber um salários pelos serviços prestados. De acordo com eles, a contratação garante a oportunidade de recomeço. Para ampliar essa iniciativa, empresas estão sendo incentivadas a abrirem as portas para presidiários.

De acordo com a Secretaria de Justiça do estado (Sejus), somente no município de Colatina estão mais de 500 detentos aptos para trabalhar. Um deles é o auxiliar de obras Douglas Batista do Nascimento. Após ser preso e condenado a quatro anos por tráfico de drogas, ele viu parte das oportunidades desaparecerem. "Para mim, naquele momento era como se estivesse tudo desabando na minha cabeça", contou.

Atualmente, ele cumpre a pena em regime semiaberto. Durante o dia, ele atua nas obras. Já durante a noite, ele segue para o presídio para dormir. "Aí foi a minha felicidade. Depois de praticamente quatro anos, para mim foi bom", contou. Na mesma obra, outros 15 detentos também prestam serviços.

Quem também agarrou a nova chance foi o auxiliar de obra Ademir Assunção. Depois de três anos preso, também por tráfico, ele contou que voltou a ter carteira assinada. Assim que foi para a liberdade condicional, Ademir foi contratado e, todo o mês, recebe o pagamento. "Esse daqui é um dinheiro abençoado. Com esse dinheiro aqui eu posso dormir sossegado, viver em paz", declarou.

Quem acompanha o trabalho do grupo diariamente explicou que o esforço é uma das principais características desses trabalhadores. "Eles têm boa vontade de executar as tarefas que estão sendo propostas pela empresa, e a gente percebe que eles dão muito valor essa liberdade que eles têm de sair para trabalhar, esse benefício", contou a analista de Desenvolvimento Humano Juliana Balbio.

De acordo com ela, desde o início não houve preconceito ou outro tipo de discriminação por parte dos demais funcionários. "A gente fez uma reunião com todos eles antes e eles aceitaram numa boa, acharam a ideia muito boa a questão da ressocialização", contou.

Incentivo às empresas
Para incentivar o maior número de contratações, um evento foi realizado nesta terça-feira (7) na cidade, reunindo empresários e representantes da Secretaria da Justiça. De acordo com o secretário Eugênio Ricas, um dos benefícios que as empresas ganham participando dessa ação é a redução de gastos.

"A economia é gigantesca, a empresa não tem nenhum encargo trabalhista, então ela vai pagar só o salário do preso. Não paga INSS, fundo de garantia, décimo terceiro, férias, absolutamente nada", disse.

Além do salário, os detentos também recebem outros benefícios. "A cada três dias trabalhados, ele reduz um dia da pena. Ele tem um salário, ele tem uma ocupação e ele se qualifica trabalhando", completou o secretário. Segundo a coordenação do projeto, em alguns casos têm faltado mão de obra e sobrado vagas em algumas para os presidiários.

* Com colaboração de Alessandro Bacheti, da TV Gazeta

Presidiários comemoram as oportunidades de trabalho (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Presidiários comemoram as oportunidades de trabalho (Foto: Reprodução/TV Gazeta)