15/04/2013 15h20 - Atualizado em 15/04/2013 15h20

Dez vítimas de agressão doméstica recebem 'botão do pânico' no ES

Aparelho aciona proteção à mulheres que sofrem violência em casa.
Expectativa é de que 100 pessoas sejam beneficiadas até o final do mês.

Do G1 ES

Mulheres participaram de entrega de dispositivo. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Mulheres participaram de entrega de dispositivo.
(Foto: Reprodução/TV Gazeta)

O Dispositivo de Segurança Preventiva (DSP), conhecido popularmente como botão do pânico, foi entregue para 10 mulheres vítimas de violência doméstica no Espírito Santo, na manhã desta segunda-feira (15), no Salão Pleno do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES), em Vitória. De acordo com o órgão, as beneficiadas estão sob medida protetiva, como as que determinam que o agressor saia de casa ou mantenha uma distância mínima das vítimas. A expectativa é de que 100 mulheres sejam beneficiadas até o final do mês. 

O botão do pânico é um dispositivo eletrônico de segurança preventiva que possui GPS e também gravação de áudio. No momento em que o botão é pressionado, disponibiliza um processo de escuta e a central de monitoramento recebe um chamado. A Guarda Municipal da capital disponibilizará quatro viaturas para atenderem exclusivamente as demandas relacionadas à Lei Maria da Penha geradas por meio do dispositivo.

As primeiras mulheres com o botão do pânico participaram de audiência com a juíza Clésia dos Santos Barros, titular da 11ª Vara Criminal de Vitória, com competência exclusiva para julgar crimes relacionados à violência doméstica. Segundo Clésia, atualmente cerca de 4,5 mil mulheres estão sob medida protetiva em Vitória e um dos objetivos da justiça é tornar o botão do pânico acessível a todas elas em algum momento.

De acordo com a secretária nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres, Aparecida Gonçalves, o projeto pode ser expandido pelo governo federal. "O Espírito Santo e Alagoas são os estados que mais preocupam no mapa da violência contra a mulher, mas temos visto que os governos têm tomado providências para no mínimo diminuir o número de assassinatos. Esse projeto é o primeiro que efetivamente se concretiza na questão das medidas protetivas das mulheres e nós estamos aqui para ajudar, observar, construir. Se der certo, e acredito que vai dar, ele será um projeto de interesse do governo federal, para se expandir pelo país inteiro", frisou.

Botão do pânico poderá ser acionado por vítimas de agressão moradoras de Vitória. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Botão do pânico poderá ser acionado por vítimas
de agressão. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)

O presidente do Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Fonavid), juiz Álvaro Kalix, destacou na manhã desta segunda-feira (15), que o Botão do Pânico passará a ser uma das mais importantes ferramentas de controle das medidas protetivas a mulheres vítimas de violência. “Precisamos evitar que o mal maior aconteça. Não basta apenas punirmos os agressores; é importante que nós, magistrados, tenhamos mecanismos eficientes para coibir um delito contra mulheres. O Botão do Pânico vai antecipar a chegada dos agentes de segurança a um local de possível agressão”, afirmou o juiz.

Todas as mulheres, previamente intimadas para assinar termo de compromisso quanto ao uso do botão do pânico, são vítimas de violência e possuem medida protetiva contra os agressores, pois, apesar das providências adotadas no âmbito da Justiça, estão em risco contínuo. “Estamos aqui para explicar que o botão deve ser utilizado especificamente no caso de violações de medida protetiva”, explicou a diretora institucional do Instituto Nacional de Tecnologia Preventiva (INPT), Franceline de Aguilar Pereira.

Intimidações
Alguns relatos durante a audiência apontam as intimidações sofridas no dia-a-dia. São mensagens eletrônicas, telefonemas e até recados pelos amigos, que deixam vítimas temerosas por suas vidas e de familiares. Um ex-companheiro, mesmo vivendo outro relacionamento, continua ameaçando a ex-mulher. “Quero lembrar que a Vara de Violência Doméstica, mesmo após o Botão do Pânico, continuará de portas abertas para que as vítimas comuniquem o que quiserem contra agressores”, afirmou a magistrada Clésia Barros.

A juíza ainda lembrou que em caso de ameaça contra familiares o botão também pode ser acionado. “Um ato contra seu familiar é para te atingir, por isso, a Central de Atendimento pode ser acionada”, comunicou.

Funcionamento
Além de receber a localização exata do dispositivo enviada pelo GPS, a Central de Monitoramento iniciará a gravação do áudio ambiente, que será armazenado em um banco de dados à disposição da Justiça. Toda a conversa poderá ser utilizada como prova judicial contra o agressor.