Quais são as melhores cervejas do mundo? Difícil responder! Mas se forem observadas as opiniões em muitos rankings, é bem provável que entre elas estejam rótulos dos estilos Dubel, Tripel e Quadrupel.
A história desses estilos está diretamente ligada às cervejas produzidas pelos monges Trapistas da Bélgica e da Holanda. Mas cada um tem uma origem diferente, como explica o sommelier da rede Mestre-Cervejeiro.com, Pedro Paranhos. Produtores de cerveja desde a Idade Média - para consumo interno ou para vender para sustentar os mosteiros - eles foram responsáveis por muitas receitas mundialmente reproduzidas.
Originalmente, a bebida feita por eles era a clara e leve Enkel, com cerca de 3% de álcool. Até que em 1856 os monges trapistas do mosteiro de Westmalle, na Bélgica, passaram a produzir uma cerveja mais escura e potente, com 7% de álcool, a partir de uma receita antiga. “Era uma cerveja com características acobreadas, aromas de toffee e frutas secas”, explica. Essa foi a base da Dubel, que sofreu mudanças na receita em 1926 dando as características ao que é o estilo atualmente.
Com o sucesso das potentes Dubel, em 1934 os monges de Westmalle criaram uma evolução daquela primeira receita da Idade Média. “Resolveram fazer uma cerveja clara, mas como se fosse uma Blond Ale turbinada”, explica Paranhos. Clara, com aromas que remetem a frutas amarelas e 9,5% de álcool, nascia a Tripel. Desde 1956, sua receita não é alterada e ficou conhecida como a mãe de todas as Tripel.
Álcool nas alturas
A evolução das cervejas trapistas ganhou um novo estilo em 1991, mas dessa vez na Holanda, no mosteiro de Koningshoeven. Responsáveis pela produção da cervejaria La Trappe, eles criaram uma cerveja ainda mais forte, com 10% de álcool, cor âmbar escuro e aromas de frutas secas como ameixa e banana, nozes e baunilha, batizada como Quadrupel. Inicialmente foi uma cerveja sazonal de inverno, mas foi um sucesso.
A Quadrupel tem sempre mais de 10% de álcool e apesar da La Trappe ter sido a primeira a receber essa nomenclatura, a mais famosa de todas é a rara Westvleteren 12. Produzida desde o início da Segunda Guerra e vendida exclusivamente pela abadia de St. Sixtus, na Bélgica, ela possui 10,2% de álcool e está sempre na lista das melhores cervejas do mundo.
Strong Dark Ale ou Quadrupel?
Uma das grandes questões relacionadas aos estilos nascidos nos mosteiros trapistas é a diferenciação entre as Belgian Strong Dark Ale e as Quadrupel. Antes de 1991, os monges belgas já produziam cervejas escuras, com álcool entre 8% e 11%, mas sem o nome dado pela La Trappe. “Era a cerveja mais potente que os mosteiros trapistas produziam na época, mas cada um usava uma nomenclatura diferente”, diz.
Então, qual a diferença? São poucas, tanto que para muitos guias de estilos a Quadrupel é uma subdivisão da Strong Dark Ale.
A nomenclatura desses estilos tem várias especulações. Uma delas aponta que seria pela quantidade de malte usado nas receitas, o que já foi rechaçado. O certo é que era muito comum monges usarem números para batizar suas cervejas.
Sugestões de harmonização:
Dubel – São cervejas que combinam com carnes intensas, como carneiro assado ou um pernil, além de doces feitos com base de chocolate. Ela é muito consumida com o carbonnade, prato típico da região de Flanders, na Bélgica, feito com carne de boi cozida em cervejas do estilo.
Tripel – Cai bem com qualquer massa com molho pesto. Também dá para combiná-la com um cassoulet, schnitzel, pratos com molhos à base de cogumelos e sobremesas cremosas com frutas amarelas.
Quadrupel - As harmonizações podem ser próximas das feitas com Dubel. Por ser uma cerveja potente, combina com carnes de caça, costela assada e pratos pesados, como um risoto ao funghi, além de sobremesas que levem frutas escuras.