O Bar do Bin Laden nunca foi tão internacional. Russo, inglês, francês, holandês, espanhol e ucraniano são alguns dos idiomas ouvidos no boteco que fica pertinho da vila onde se hospedam delegações de mais de 200 países que estão no Rio de Janeiro. O estabelecimento próximo ao Riocentro, em Jacarepaguá, virou point de atletas, técnicos e comissões esportivas nessas últimas três semanas e chamou atenção da imprensa de vários cantos do mundo, até do The New York Times. O que atrai tantos gringos? O que os brasileiros amam: cerveja gelada, ambiente informal e comidas de boteco. Simples assim!
no boteco.
Bastam algumas horas no boteco para entender como rola essa globalização. Num canto, uma mesa cheia de atletas e técnicos de Antígua e Barbuda, no Caribe, alinham garrafas de Antarctica de litro. Em outra, um argentino aproveita para rever a esposa e a filha em um curto período de folga, enquanto espera uma pizza tomando uma cerveja.
Os preços populares e o fato de ser o local mais próximo dos alojamentos onde é possível beber uma cerveja gelada são parte do atrativo do bar. Mas a simpatia do dono, o sorridente José Felipe de Araújo, mais conhecido como Bin Laden, é um grande diferencial. Bin Laden virou estrela. Difícil é ele trabalhar, porque passa toda a noite tirando fotos com esportistas e equipes técnicas. Sim, são os atletas acostumados a dar autógrafos que querem aparecer ao lado do dono do bar. “Não esperava esse movimento. Mas graças a Deus foi um sucesso total”, comemora Bin Laden, que comanda o estabelecimento com a mulher e os filhos.
Noites movimentadas
As noites no bar têm sido agitadas, com uma procissão de estrangeiros que hora passam para levar umas garrafas de cerveja gelada, hora ficam nas mesas e muretas do bar em conversas regadas pela bebida. A churrasqueira e os fornos de pizza não param. “O preço é o mesmo de antes, não aumentei nada para ganhar mais”, garante Bin Laden, que acredita ter aumentado de 50% a 60% o volume de vendas.
Nem a barreira do idioma atrapalha. Com um sorriso, Bin Laden vai no improviso. Faz gestos, caretas, mímicas... Em um atendimento a uma holandesa, ela pedia em inglês, ele respondia em português. No fim, os dois se entenderam, com mais uma nova cliente satisfeita. Para quem pede mais uma cerveja é mais fácil para Bin Laden. Basta aquele gesto universal de levantar a garrafa. Para Bin Laden, a atenção dedicada aos clientes e o bom atendimento
ajudam no sucesso, além de oferecer as cervejas que os clientes querem. “As coisas que eles gostam eu tenho aqui”, diz.
Fama repentina não tira a simplicidade
Entre um pedido e outro ele dá entrevistas para a imprensa nacional e internacional, sem nunca perder o sorriso. “É uma honra muito grande. Você já imaginou a Al Jazeera e o New York Times aqui?”, comenta, ao lembrar alguns dos veículos estrangeiros que foram contar sua história.
Bin Laden nasceu na Paraíba há 60 anos e mudou para o Rio quando tinha pouco mais de 40. Há 13 anos, após ficar sem emprego devido à morte do antigo patrão, abriu uma portinha onde o bar começou e de onde cresceu. Hoje tem uma churrasqueira, uma pizzaria, mesa de bilhar e muita cerveja gelada, claro. E ele garante que não vai ser nada diferente quando tudo voltar ao normal. “Aqui é típico. Eu poderia mudar coisas aqui, mas eu me sinto bem demais, me sinto feliz”, finaliza.
Bin Laden apresentou aos atletas estrangeiros o que os anos atrás do balcão o ensinaram: a combinação de comidas de boteco com cerveja gelada é imbatível.