Cerveja combina com música, combina com petiscos, e combina muito, quem diria, com livros. Aberto há dois anos em Florianópolis, em Santa Catarina, o Books & Beers é, nas palavras do proprietário Leandro Aversa, um “bar-livraria”. Quem chega para apreciar uma gelada encontra livros novos para comprar ou para ler ali mesmo, além de exemplares usados à venda e uma ainda cestinha para troca, estacionada na porta de entrada.
O Books & Beers inaugurou com 100 rótulos de cerveja (hoje, são cerca de 140) e 100 livros à disposição dos clientes, a maioria sobre o universo cervejeiro. Aos poucos, o acervo foi expandido para assuntos como gastronomia, design, arte, arquitetura, e clássicos da literatura como Dom Quixote, do escritor espanhol Miguel de Cervantes, e obras de Machado de Assis e Pablo Neruda. Muitos exemplares foram doados por amigos. Outros comprados pela casa.
“Tivemos uma surpresa muito boa ao ver clientes deixarem um pouco o celular de lado e pegarem livros. As pessoas conversam com base nas leituras. Temos clientes assíduos que ficam lendo, marcam a página e voltam outro dia para continuar”, diz Leandro.
A literatura está também no menu, que incorporou títulos como Moby Drink, referência ao clássico Moby Dick, de Herman Melville, e O Apanhador no Campo de Cevada, alusão a O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger. Aliás, nos cardápios, entram apenas cervejas nacionais. “Foi uma opção. Acho que hoje o Brasil está fazendo boas cervejas, aqui no Sul a cultura cervejeira é muito forte. Pesquisamos e vimos que não precisamos trabalhar com cervejas estrangeiras”, defende Leandro.
Juntar dois assuntos com, aparentemente, pouca coisa em comum gerou curiosidade no início: “Começaram perguntas: mas é um café, é uma livraria? É um café e tem cerveja, não tem café? Aos poucos, todo mundo foi entendendo a ideia”, conta o proprietário. O entendimento foi tão bom que hoje é comum notar a presença frequente dos clientes mais antigos, que passam para um happy hour, para jogar conversa fora, ou para folhear um livro.
O engenheiro Alex Mattos, 31, é um dos mais assíduos: já conhece os garçons pelo nome, tem um número de conta específico e, por coincidência ou destino, mudou para uma casa mais perto do bar. “Eu acho a proposta espetacular porque é uma mistura daquela velha boemia de antigamente, quando você misturava poesia, literatura, boteco. Tem mesmo tudo a ver: beber cerveja é apreciar uma arte, apreciar uma arte é ler um livro”, diz Alex.
Um brinde e boa leitura!