Cerveja, sim, é coisa de mulher. Nem pense que é uma situação de agora com o aumento do conhecimento feminino sobre o assunto. A cerveja sempre esteve nas mãos da mulherada. Eram elas quem faziam as primeiras receitas e graças a isso a bebida alcóolica mais consumida do mundo tem sua Deusa: Ninkasi.
A cerveja foi descoberta há cerca de 8 mil anos. Os antigos acreditavam que a bebida era uma criação divina, mais precisamente de Ninkasi, a Deusa Suméria da Cerveja. Graças a achados arqueológicos, um dos registros mais antigos de que se tem notícia sobre a bebida é o Hino à Ninkasi, de 1800 a.C. “É um poema à Ninkasi, que fala como era feita a cerveja na época”, explica o sommelier Pedro Paranhos.
Esse poema não era só uma homenagem à deusa, mas também uma receita da bebida, feita a base de frutos e cereais. “Ninkasi era uma das deusas mais importantes, o que demonstra a importância que a cerveja tinha como alimento naquela época”, lembra. Tanto que a bebida era comparada ao pão, pela sua riqueza nutricional e semelhante processo de produção. “Era um dos pilares da alimentação daquela sociedade, muito mais parecida com uma sopa, resultado da fermentação de grãos, mel e tâmaras”, explica. Ninkasi era também quem preparava a cerveja para os deuses sumérios, através do cozimento de grãos, adição de frutos e mel e a fermentação em potes.
Nome vem de outra deusa
Outra entidade antiga relacionada à bebida é Ceres. Ligada à mitologia greco-romana, era a deusa da agricultura e dos grãos e, por isso mesmo, da cerveja. É de seu nome que surgiu a palavra cerveja, que vem do grego Ceres Visia, ou seja, “Aos olhos de Ceres”. Para os povos antigos, a bebida alcoólica era um fenômeno divino, pois não se sabia como ocorria a fermentação. Além disso, suas propriedades enebriantes faziam com que ela fosse considerada uma ligação com o plano espiritual. “Era usada como uma ponte entre o mundo físico dos homens e o mundo dos deuses”, diz Paranhos.
Cerveja e religião
Se hoje o lúpulo é um fundamental ingrediente da cerveja, Santa Hildegarda de Bingen é uma das grandes responsáveis. A freira alemã é considerada a primeira a sugerir o uso da planta na bebida, por suas propriedades conservantes.