Por IBP - Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás


— Foto: Shutterstock

O consumo de diesel continuará crescendo na próxima década. Segundo dados do Plano Decenal de Expansão de Energia de 2022, do Ministério de Minas e Energia, o transporte de

carga aumentará aproximadamente 3,4% a.a., e o transporte de passageiros 5,4% a.a. neste período. Essa é uma das realidades que desafiam a indústria de Óleo & Gás a reduzir suas emissões e a ofertar produtos mais eficientes.

Para Valéria Lima, diretora de Downstream do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), “a solução está na busca por combustíveis com menor pegada carbono. Isto inclui a incorporação de novas tecnologias na produção de biocombustíveis para o ciclo diesel”. Estima-se que estes novos biocombustíveis reduzam as emissões de gases de efeito estufa entre 60% e 90% em relação ao fóssil. Hoje, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) prevê a mistura de 10% de biodiesel no diesel, mas a introdução de novos biocombustíveis para o ciclo diesel ainda está para ser regulamentada no país.

Importante destacar que o Programa Brasileiro de Biodiesel foi desenvolvido entre 2003 e 2005 e a partir da premissa de não privilegiar quaisquer rotas tecnológicas. Assim, o conceito de biodiesel foi inserido na Lei 9.478/1997 sem qualquer restrição a processos produtivos, bastando ser um biocombustível derivado de biomassa renovável para motores do ciclo diesel. Contudo, a regulamentação infralegal reconheceu como biodiesel apenas a rota de transesterificação, disponível à época, e o arcabouço normativo foi se cristalizando no entorno deste produto.

Novas rotas tecnológicas

A exploração do potencial de recursos verdes do país pode ser ampliada pelas novas rotas tecnológicas, ou seja, novas formas de produção do biodiesel, que podem promover maior benefício para o meio ambiente. Uma delas é a de hidrotratamento de óleo vegetal (HVO), para a fabricação do diesel verde a partir de biomassa e com as mesmas características químicas do diesel fóssil.

Segundo Valéria Lima, o Brasil tem enorme potencial para se destacar ainda mais com a produção desse biocombustível. “O país é um grande produtor de matéria-prima renovável e somos um relevante exportador agrícola. Portanto, produzimos biomassa em abundância. Por que não aproveitar essa vocação para acelerar o processo de transição energética?”, questiona. Atualmente, o país é o segundo maior produtor de biocombustíveis do mundo, mas para manter este protagonismo é necessário acompanhar as novas tecnologias.

Outra rota que ganha destaque, e já é realidade em uma refinaria da Petrobras, é a de coprocessamento. “Na mesma unidade de hidrotratamento (HDT) processamos óleo vegetal e gorduras com correntes fósseis. Como resultado, temos o diesel S10, um produto com menos enxofre e menos poluente, com conteúdo renovável”, explica Sandro Barreto, gerente de comercialização da Companhia. “Considerando que o objetivo final é descarbonizar com o menor custo para a sociedade, a grande vantagem dessa rota é que a infraestrutura de produção já existe. Isso evita muitos custos logísticos e o investimento em uma planta dedicada ao HVO”.

No mundo, as rotas de HVO são as com maior crescimento nos últimos anos, e já há casos de coprocessamento com 85% de conteúdo renovável, demonstrando o potencial de crescimento da utilização da biomassa no país, inclusive do óleo de fritura usado, contribuindo para o desenvolvimento de outras cadeias produtivas e para a geração de emprego e renda. Este processo é ainda mais aderente ao conceito de transição energética a partir de aumentos gradativos de conteúdo renovável, em substituição à matéria prima fóssil. Além disso, estende a vida útil dos ativos de refino e campos de petróleo do país.

Estes novos biocombustíveis avançados também são drop-in, isto é, podem ser misturados em qualquer proporção ao produto fóssil, sem problema ou necessidade de modificação em instalações, máquinas e motores.

No Brasil, a incorporação dessas soluções para fins de cumprimento da mistura obrigatória de biocombustível ao diesel fóssil foi amplamente discutida, nos últimos dois anos, e reconhecida em recente decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O entendimento é que a pluralidade de biocombustíveis está em linha com os princípios da Política Energética Nacional e da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e atende às demandas da sociedade por uma economia de baixo carbono. Porém, esta decisão ainda precisa ser ratificada por decreto presidencial.

O IBP enxerga que este é um passo importante e que trará grandes benefícios, como o maior aproveitamento da biomassa renovável do Brasil, otimizações logísticas, o desenvolvimento de vocações regionais e a competição entre diferentes agentes e produtos, com efeitos diretos no preço, qualidade e oferta aos consumidores. A avaliação do Instituto é também de que a incorporação das duas novas rotas incentivará a inovação e atrairá investimentos para o setor de biocombustíveis no país.

Além da Superfície

Para oferecer informações relevantes a respeito do setor de óleo e gás, o IBP mantém o maior hub de conteúdo sobre o tema: o Além da Superfície. Por meio de vídeos curtos, reportagens, estudos e pesquisas, o portal traz um panorama completo e atualizado do setor, com linguagem simples e acessível a todos os leitores, incluindo, estudantes, especialistas e empresários.

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