— Foto: Vale/Divulgação
Anos de estudos resultaram em novo destino para parte dos rejeitos na operação de minério de ferro da Vale. De materiais que seriam descartados, a empresa fez nascer outro produto: a areia sustentável. Cada tonelada produzida significa também uma tonelada a menos de rejeitos nas barragens, e é justamente esse o propósito da empresa. Reduzir a dependência de barragens é um dos pilares do princípio de garantia de não repetição de acidentes.
Desde 2014 empenhada em pesquisar aplicações para o reaproveitamento do rejeito no Brasil, a empresa fez investimentos na ordem de R$ 50 milhões para desenvolver a areia, não tóxica e de qualidade atestada por estudos de universidades e laboratórios especializados.
“Nosso foco principal, com essa atividade, é a sustentabilidade das nossas operações de minério de ferro, minimizando o passivo ambiental, além de buscar o fomento de emprego e renda por meio de novos negócios”, explica o gerente de Novos Negócios da Vale, André Vilhena.
Para virar a areia, o material que seria descartado em barragens passa por etapas de concentração, classificação e filtragem. O processo segue os mesmos controles de qualidade da produção de minério de ferro e promove a economia circular nas operações de Minas Gerais.
“Esta ação promove a economia circular dentro das nossas unidades e reduz o impacto da disposição de rejeitos para o meio ambiente e a sociedade, além de ser uma alternativa confiável para a indústria da construção civil, que possui uma alta demanda por areia”, destaca o vice-presidente executivo de Ferrosos da Vale, Marcello Spinelli.
Aplicação na construção civil
Como o rejeito é composto basicamente de sílica, o principal componente da areia, e baixo teor de ferro, o resultado é uma areia com qualidade para aplicação no mercado da construção civil.
Só em 2021 foram cerca de 250 mil toneladas processadas e destinadas à venda e doação, com aplicação em concretos, argamassas, pré-fabricados, artefatos, cimento e pavimentação rodoviária. A previsão é destinar um milhão de toneladas em 2022 e chegar a dois milhões de toneladas em 2023. O reaproveitamento desse material reduz a disposição em barragens e está alinhado ao esforço da empresa para evitar rompimentos como o de Brumadinho.
“Estamos nos preparando para escalar ainda mais a destinação de areia a partir de 2023. Para isso, estamos com um time de profissionais dedicados para este novo negócio e adequando nossas operações para atender às necessidades do mercado”, explica o diretor de Marketing de Ferrosos da Vale, Rogério Nogueira.
Os benefícios não param por aí. Além de reduzir a geração de rejeitos e a dependência de barragens, o produto é uma alternativa sustentável para um material que sofre com a extração predatória - segundo estimativas da Organização das Nações Unidas, cerca de 40 a 50 bilhões de toneladas de areia são usadas por ano no mundo.
Vale - Produção de areia
Oportunidades de novos negócios
Atualmente, a produção da Vale acontece na Mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo (MG), e outras minas da empresa estão em processo de regularização ambiental e minerária para produção do insumo.
Além de utilizar a infraestrutura já existente, a Vale também conta com a rede ferroviária e rodoviária já desenvolvida para escoamento da areia para mercados em Minas Gerais, Espírito Santos, Distrito Federal e São Paulo.
Três nichos de aplicação da areia foram priorizados após estudos técnicos e mercadológicos: pavimentação, pré-moldados/concreto e cimento. Apenas em pesquisa e inovação para aplicação em pavimentos rodoviários já foram investidos mais de R$ 7,1 milhões.
“Cada quilômetro de rodovia pode consumir até sete mil toneladas do rejeito gerado na produção do minério de ferro. Somente no estado de Minas Gerais, temos aproximadamente 250 mil quilômetros de estradas sem pavimentação”, afirma a gerente de Negócios da empresa, Marina Dumont.
Pista experimental Caue — Foto: Vale/Divulgação
O desenvolvimento da areia a partir do tratamento do rejeito é apenas uma das iniciativas da empresa para reduzir o uso de barragens nas suas operações rumo a uma mineração mais segura e sustentável.
A descaracterização de 30 barragens a montante, como a 8B, em Nova Lima, eliminada em 2019, é outra iniciativa que integra os esforços da Vale para reduzir o uso de barragens. — Foto: Vale/Divulgação