Tênis de corrida: com ou sem placa? — Foto: g1
A tecnologia de placa nos tênis de corrida se resume a, literalmente, uma placa inserida internamente entre a sola e a palmilha do sapato.
Produzidas com materiais firmes, geralmente carbono, servem para deixar o calçado mais rígido e ajudar o corredor a utilizar melhor a força da pisada. Por isso, costumam atrair atletas que querem melhorar sua performance na corrida.
Os tênis com placa, no entanto, acabam sendo mais caros que os modelos sem a tecnologia, que, por sua vez, são mais versáteis e continuam sendo a melhor escolha para iniciantes.
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O Guia de Compras selecionou onze modelos de tênis — com e sem placa — e conversou com profissionais da área para entender como os dois tipos se diferenciam entre si e como se adequam a perfis de atletas variados.
Nas descrições dos sapatos, você vai encontrar termos como cabedal (a parte externa superior do tênis), mesh e knit (tipos de tecido) e entressola (a parte interna inferior do calçado).
No fim da reportagem, entenda melhor o que cada termo significa e leia as recomendações dos especialistas para ajudar em sua compra.
Os produtos listados custavam entre R$ 460 e R$ 1.300, em janeiro, nas grandes lojas da Internet.
Modelos com placa
Mizuno Wave Neo Wind feminino
Pensado para combinar sustentabilidade com as tecnologias de amortecimento mais recentes da Mizuno, o Wave Neo Wind apresenta as espumas Enerzy (feita de algas) e Enerzy Lite (de óleo de mamona) e a borracha Enerzy Core (macia e responsiva).
Segundo a fabricante, as tecnologias da entressola são biodegradáveis e foram projetadas para proporcionar leveza.
Além disso, o solado é equipado com a placa Wave, de fibra de vidro, que estabiliza e deixa o calçado mais rígido, e a sola com a borracha G3, que aumenta a tração.
O cabedal, feito com materiais reciclados, não é tingido, reduzindo em 100% o uso de água na fabricação.
Oferecido nos tamanhos de 34 a 39, o modelo feminino pesa, em média, 240 g.
O produto era encontrado nas principais lojas da Internet, em janeiro, por R$ 1.300.
Nike Zoom Fly 4 masculino
A proposta do Zoom Fly 4 da Nike é integrar a já conhecida tecnologia de amortecimento Nike React com uma placa estabilizadora de fibra de carbono.
O cabedal é quase completamente composto por mesh, exceto pela boca do tênis (por onde você calça o sapato), que é feita de um material mais elástico e macio chamado Nike Flyknit, pensado para se assemelhar a uma meia.
No modelo masculino, está disponível nas numerações de 37 a 48 e pesa em média 250 g.
Consultado em janeiro, custava R$ 1.200 nas principais lojas on-line.
Olympikus Corre Grafeno unissex
O Corre Grafeno, da empresa nacional Olympikus, é o primeiro tênis de corrida a utilizar a tecnologia de placa feita com grafeno, material leve e muito resistente.
Na entressola, leva espuma EVA da Eleva, que tem baixa densidade e deforma menos. O solado tem borracha Gripper, com antiderrapante reforçado.
No cabedal, o tecido é o Oxitec, um monofilamento de elastano com bastante respirabilidade, segundo a fabricante.
Unissex, o produto pesa, em média 279 g e vem nos tamanhos do número 33 ao 45.
Em meados de janeiro, seu preço era de R$ 700, consultado nas grandes lojas on-line.
Skechers Go Run Razor Excess 2 masculino
O Go Run Razor Excess 2 é um modelo produzido pela Skechers que conta com uma placa de carbono infundido em forma de um “H”.
Chamada de H-Plate, a tecnologia foi designada para auxiliar o atleta a fazer curvas com mais estabilidade.
Além da placa, a entressola é equipada com espuma Hyperburst, que, segundo a marca, contém bolhas no tamanho ideal para garantir amortecimento e responsividade na pisada.
O cabedal é envolto por monofibra de poliéster, um material mais confortável por ter poucas costuras, de acordo com a fabricante.
O tênis vem nos tamanhos de 39 a 45 e pesa cerca de 220 g.
Em janeiro, seu preço era de R$ 1.050 nas grandes lojas da Internet.
Modelos sem placa
Adidas Supernova 2.0 feminino
O Supernova 2.0 combina duas tecnologias de amortecimento da Adidas: o Boost responsivo (espuma) e o Bounce (borracha), que, segundo a fabricante, contribuem para suavizar impactos e promover um retorno de energia.
O cabedal deste tênis é feito de mesh sintética com aproximadamente 50% de material reciclado. O peso médio é de 245 g e o modelo feminino tem numerações de 33,5 a 43.
Em meados de janeiro, o produto custava R$ 600, nas lojas on-line consultadas.
Adidas Supernova 2.0 masculino
Similar ao feminino, o Supernova 2.0 masculino também conta com as tecnologias de Boost responsivo e Bounce na entressola, com cabedal de mesh de material reciclado.
A maior diferença está no peso, que é, em média, 275 g, e nos tamanhos oferecidos, que incluem do número 33,5 ao 50.
Nas grandes lojas on-line, o produto era encontrado por R$ 560, em janeiro.
Asics Gel Cumulus 24 feminino
O Gel Cumulus 24, da Asics, tem espuma FF Blast na entressola, com amortecimento elástico, retorno de energia e, segundo a fabricante, pisada mais leve.
O cabedal é feito de “Enginereed Mesh”, que é mais flexível e oferece ventilação interna. A palmilha é do tipo Ortholite X-55, mais macia e com prevenção de mau odor.
Com peso médio de 249 g, o modelo feminino oferece numerações de 34 a 40.
O preço do tênis era, em janeiro, R$ 750, nas lojas consultadas.
Asics Novablast 3 masculino
Também da Asics, o modelo Novablast 3 vem com espuma FF Blast Plus, a evolução da tecnologia anterior que aumenta ainda mais a sensação de maciez e leveza da pisada.
O solado é de Ahar, um material que, de acordo com a marca, é mais flexível e tem durabilidade reforçada graças a um maior teor de carbono. O cabedal é feito de mesh Jacquard, que tem caimento leve e transparência.
O modelo masculino, disponível nos tamanhos de 39 a 46, pesa cerca de 253 g.
Este produto custava R$ 950, em janeiro, nas principais lojas da Internet.
Fila Float Prime feminino
Lançamento recente da Fila, o Float Prime conta com a mais nova tecnologia de espuma da marca. A Float+ promove amortecimento responsivo com um peso bem mais leve. A fabricante indica este modelo para uso de iniciantes.
O cabedal é feito com tecido knit, que é maleável e se molda aos pés. O tênis feminino pesa, em média, 180 g e existe nas numerações de 33 a 40.
O produto era encontrado por R$ 470, na terceira semana de janeiro, nas grandes lojas on-line.
Fila Float Prime masculino
O Float Prime masculino da Fila é parecido com o modelo feminino: tem espuma Float+, leve e com amortecimento responsivo, e cabedal feito com tecido knit.
A diferença está no peso, que sobe para uma média de 225 g, e nos tamanhos oferecidos, de números 37 a 45.
O preço do tênis era, em janeiro, R$ 470, nas lojas on-line consultadas.
Hoka Arahi 6 masculino
O tênis Arahi 6 é equipado com CMEVA na entressola, a espuma de amortecimento mais leve da fabricante Hoka.
No solado, o produto tem tecnologia J-Frame, que, segundo a Hoka, fornece um suporte mais estável, evitando rotação excessiva. O cabedal é de mesh sintetizado com material reciclado.
O modelo masculino pesa cerca de 264 g e é vendido na numeração de 38 a 47.
Custava R$ 945, em janeiro, nas grandes lojas on-line.
No que prestar atenção na hora da compra
DENOMINAÇÕES Antes de tudo, é interessante se familiarizar com os termos usados pelas marcas para descrever os tênis.
Cabedal – É o tecido que cobre o exterior do tênis, responsável pela proteção e ventilação do pé. Existem dois tipos:
- Mesh – Tecido elástico que auxilia na transpiração por secar rápido. Seu nome vem do inglês “malha”.
- Knit – Une técnicas de tricô com tecnologias de tecelagem. Esse tecido é muito maleável, se adaptando ao formato do pé com facilidade.
Entressola – Fica dentro do calçado, entre o solado e a palmilha. Sua função é amortecer o impacto e, geralmente, é o local utilizado pelas marcas para implementar suas tecnologias de amortecimento.
Amortecimento responsivo – É o termo usado pelas fabricantes para indicar a sensação de maciez e o retorno de energia do material durante a corrida.
TÊNIS DE PLACA É PARA MIM? A placa fica localizada na entressola, logo abaixo da palmilha, e serve para deixar o tênis mais rígido, aumentando a performance do corredor.
“Os tênis de placa influenciam diretamente no uso mais eficiente de força durante a corrida”, explica Tiago Castilho, profissional de educação física e personal trainer.
Quem usa esse tipo de calçado sente uma maior estabilidade e retorno de energia na corrida. “É um ótimo aliado para otimizar o resultado final do corredor”.
Mas só o sapato não faz milagres: “Que fique claro que ele apenas melhora o seu contato com o solo de acordo com sua força natural obtida durante os treinos”, alerta Castilho. "A placa não aumenta sua força sozinha".
O ponto negativo dos modelos com placa é que eles costumam também ser mais caros que os demais.
Por esse motivo, esse tipo de tênis não costuma ser recomendado para iniciantes. “Ele seria mais indicado para atletas de alta performance ou até mesmo amadores de alto nível, devido ao alto custo”, conta o personal trainer.
A exceção é o caso dos iniciantes que já sofrem com dores ou lesões no pé antes de começar a correr, segundo Rafael Trevisan Ortiz, médico ortopedista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
“É importante pensar se você já teve dores nos pés. Caso sim, é interessante buscar sapatos que não dobrem. Quanto mais firme o material, mais ele vai te proteger. A tecnologia de placa ajuda a limitar o movimento”, diz o médico Rafael Ortiz.
Já os tênis mais flexíveis (sem placa) se adequam a qualquer tipo de uso e devem ser escolhidos com base no conforto do usuário.
“Eles são indicados principalmente para iniciantes, mas atendem para qualquer pessoa que queira praticar corrida, seja profissional, amador, que esteja começando agora ou não”, conta Tiago Castilho.
“Um bom tênis de amortecimento não é bom só na corrida, mas também no dia a dia. Se você trabalha em pé, por exemplo, ele é ótimo", completa o profissional.
CONFORTO AINDA É PRIORIDADE A escolha do tênis deve priorizar o conforto acima de tudo e isso depende dos hábitos de quem vai usar o sapato.
“Existe hoje o conceito do calçado ‘favorito’, pois a pessoa aprende a usar as articulações e músculos de um certo jeito e, ao mudar, pode não se adaptar e até sofrer lesões”, explica o ortopedista Rafael Ortiz.
“Mesmo atletas de alta performance, ao mudar o tipo de calçado que usam, vão ter dificuldade em obter o mesmo rendimento”, completa o ortopedista.
Quanto a tamanho, o tênis deve ter espaço para acomodar bem os dedos e idealmente não deve ficar muito justo, pois é preciso considerar o aperto das meias de corrida e o inchaço dos pés durante o exercício.
“Se o calçado começa a dar calo ou hematomas nas unhas, ele provavelmente estará muito justo”, aponta Ortiz.
O tipo de pisada não deve influenciar a escolha, segundo Ortiz, que se refere ao assunto com uma "jogada de marketing".
As classificações de pisada "pronada" (em que o pé se apoia para dentro) e "supinada" (em que o pé se apoia para fora) têm mais a ver com o movimento da perna do que com o uso do tênis correto.
O que de fato ajuda é prestar atenção nas diferenças das formas dos solados em tênis de mesma numeração, porém de marcas variadas.
"Na indústria de calçados, não existe uma forma padrão. O que você tem que fazer é buscar o mais confortável. Também não é bom se preocupar com os rótulos de ‘feminino’ ou ‘masculino’’, finaliza o ortopedista.
PREPARAÇÃO FÍSICA Quem pensa que, para começar a correr, basta um shorts esportivo e um tênis adequado, se engana: é necessário preparar o corpo para a mudança de rotina.
“O calçado não é o mais importante para o treinamento. O que conta mais é você ter uma assessoria, como um personal trainer, que vai avaliar sua massa corporal e te auxiliar no desenvolvimento do corpo”, esclarece Ortiz.
“Antes de correr, a pessoa precisa observar se está em forma e saudável, se fuma ou bebe, se dorme o suficiente. Quem não dorme muito ou tem má alimentação vai acabar machucando seus tecidos”, alerta o médico.
O corpo precisa ter uma estrutura física que ampare o desenvolvimento do esporte e, para isso, é necessário criar músculos.
“Caso não tenha essa estrutura, é bom começar com esportes que não te machucam, como bicicleta ou natação”, diz o ortopedista. “Mas, se você se machucar, minha sugestão é que você procure ajuda médica e não desista do esporte”, aconselha.
COMPRA ON-LINE Ao optar pela compra on-line, a sugestão é ler atentamente sobre a política de devolução da loja antes de finalizar a compra, para provar o sapato em casa e, caso erre na escolha do tamanho, poder devolver o produto sem dores de cabeça.
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