Guia patinetes elétricos: como escolher — Foto: g1
Os patinetes elétricos atraem consumidores que buscam um modo de transporte prático e que não exige esforço dos condutores para impulsionar o veículo.
Entretanto, assim como para as bicicletas elétricas, as especificações e termos usados nas descrições dos produtos podem confundir o consumidor que, por vezes, não sabe por onde começar.
Além da potência do motor, as descrições incluem capacidade da bateria, medida em ampère-hora (Ah), e o tamanho dos aros dos pneus, indicado em polegadas com o símbolo “.
Da mesma forma, as regras de trânsito que envolvem a modalidade usam denominações fora do vocabulário comum, como ciclomotor, ciclo-elétrico, entre outros.
Outros guias:
O Guia de Compras conversou com especialistas para entender como interpretar essas informações e saber o que faz a diferença em cada modelo.
Questões como o funcionamento dos patinetes em ladeiras e como aproveitar ao máximo a autonomia da bateria foram consultadas.
Além disso, o Guia também selecionou quatro produtos para auxiliar na escolha do consumidor. Veja a lista abaixo e, no fim da reportagem, as dicas dos especialistas.
Os preços dos produtos eram de R$ 3.000 a R$ 7.400, em novembro, nas grandes lojas on-line.
Atrio Street ES323
Atrio Street ES323 — Foto: Divulgação
O modelo Street ES323 é dobrável e tem aro de 8".
O motor de 250 W de potência é abaixo do indicado para vencer ladeiras, segundo Bruno Castro, mecânico de patinetes elétricos (saiba mais no fim da reportagem).
Sua bateria de lítio tem 7,5 Ah de capacidade, com autonomia de até 20 km, informada pela fabricante. O carregamento completo leva até cinco horas.
O modelo tem dimensões de 105 cm X 45 cm X 108 cm (comprimento X largura X altura) e suporta até 120 kg (incluindo condutor e carga). Seu peso é de 13,5 kg.
O patinete pode alcançar velocidades de até 25 km/h. Tem ainda painel com indicador de velocidade e da carga da bateria.
A função piloto automático funciona como o "cruise control" do carro, em que o piloto seleciona uma velocidade e o veículo se mantém nela automaticamente.
O Street ES323 não vem com trava de segurança integrada.
Outros recursos incluem suspensão dianteira e freios a disco mecânico.
A fabricante fornece 1 ano de garantia para o produto e 3 meses para seus acessórios (carregador e kit de ferramentas).
Em novembro, o patinete custava R$ 3.038 nas lojas on-line consultadas.
🛒 Onde comprar o produto:
Bright X7
Bright X7 — Foto: Divulgação
O X7, da marca Bright, tem motor de 350 W e aro 8,5".
A bateria de lítio tem capacidade de 5 Ah, com autonomia de até 25 km garantida pela marca. O tempo de carregamento é de até quatro horas.
Diferente dos demais produtos listados, o X7 vem com uma bateria removível, que pode ser carregada diretamente. Também é possível levar uma segunda bateria na mochila, substituindo a primeira ao descarregar para andar por mais tempo.
O modelo é dobrável, com dimensões de 105 cm X 42 X 116 cm (comprimento X largura X altura). Comporta até 120 kg, mas o peso do patinete não foi informado pela fabricante.
Ele atinge até 25 km/h e seu painel tem indicador de velocidade, nível da bateria, potência de aceleração e piloto automático. Não possui trava de segurança integrada.
A garantia é de 4 meses para a bateria e 6 meses para a estrutura do patinete.
Era encontrado nas grandes lojas on-line por R$ 3.690, no começo de novembro.
🛒 Onde comprar o produto:
Foston S09 PRO
Foston S09 PRO — Foto: Divulgação
O S09 PRO é o patinete elétrico da Foston. Tem motor de 350 W de potência e seus pneus têm aro 8,5".
Possui autonomia informada de até 32 km, com bateria de lítio de 10,4 Ah de capacidade cujo carregamento leva até cinco horas para completar.
O modelo tem dimensões de 109 cm X 15 cm X 51 cm (comprimento X largura X altura) e é dobrável. Ele pesa 12 kg e aguenta até 100 kg.
O patinete tem painel com indicador de velocidade, de carga da bateria e do modo de pilotagem. Atinge até 25 km/h.
Esse modelo tem ainda a função bluetooth e aplicativo próprio com as mesmas informações do painel, quilometragem e controles automáticos de faróis.
Possui trava de segurança integrada, que pode ser controlada também pelo aplicativo.
A garantia do produto é de 3 meses.
Nas lojas on-line consultadas, seu preço era R$ 3.589, em novembro.
🛒 Onde comprar o produto:
Two Dogs tradicional 1000 W
Two Dogs tradicional 1000 W — Foto: Divulgação
O patinete tradicional da Two Dogs, com motor de 1.000 W, é o mais potente e com maior autonomia da lista, embora seja também o mais caro.
Seu maior diferencial, no entanto, é o banco de selim.
A fabricante garante autonomia de até 35 km, graças às quatro baterias de chumbo ácido, com capacidade de 12 Ah. Também tem o maior tempo de carregamento completo, de até oito horas.
É um modelo dobrável, porém pesado, de 53 kg, que comporta até 120 kg. Suas dimensões são 110 cm X 30 cm X 120 cm (comprimento X largura X altura). Os pneus têm aro 4".
O veículo pode atingir até 30 km/h. Seu display tem sete funções, dentre as quais quilometragem, indicadores de velocidade atual, média e máxima, indicador da carga da bateria e relógio.
O dispositivo de segurança são suas duas chaves codificadas, usadas para ligar a ignição.
A fabricante fornece garantia de 1 ano para o produto e de 3 meses para a bateria.
O modelo custava R$ 7.399, em novembro, nas grandes lojas on-line.
🛒 Onde comprar o produto:
No que prestar atenção na hora da compra
PARECE FÁCIL, MAS NÃO É Em um primeiro contato, os patinetes parecem, de fato, fáceis de manejar.
Mas o tamanho reduzido das rodas e a posição do condutor devem ser pontos de atenção, pois permitem que pequenos buracos ou obstáculos nas ruas e calçadas levem ao travamento da roda e a quedas.
Antes de se aventurar em percursos urbanos é aconselhável treinar bastante em áreas abertas e afastado de pedestres e carros, até que o condutor sinta que tem o controle das frenagens.
O centro de gravidade muito colado na roda dianteira é o ponto de destaque; é fácil tombar para a frente em calçadas irregulares, por exemplo.
PRECISO "REMAR" NO PATINETE ELÉTRICO? Não! Ao contrário de uma bicicleta elétrica, o patinete elétrico funciona sem a necessidade de esforço físico constante do usuário.
Os veículos são equipados com aceleradores localizados nas manoplas (os guidões).
Também não é preciso pisar no paralama para reduzir a velocidade, como nos patinetes tradicionais, já que os freios também são controlados com as mãos.
Para partir, o piloto precisa apenas dar um impulso inicial com o pé no chão. Em movimento, apenas o acelerador e o freio devem ser usados para regular a velocidade.
PRECISO DE HABILITAÇÃO? Não precisa. Segundo o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), os patinetes elétricos se categorizam como equipamentos de mobilidade individual autopropelidos, e não requerem emplacamento nem habilitação para uso.
Para ser definido como equipamento de mobilidade individual autopropelido, de acordo com a resolução 315 do Contran, o veículo deve ter “dimensões de largura e comprimento iguais ou inferiores às de uma cadeira de rodas”.
Esses valores, por sua vez, são definidos pela Norma Brasileira (NBR) 9050. As cadeiras de rodas devem ter, no máximo, 1,15 m de comprimento e 70 cm de largura.
Além dos patinetes elétricos, outros exemplos de autopropelidos incluem os hoverboards, os skates elétricos e as próprias cadeiras de rodas elétricas.
Ainda assim, algumas lojas nomeiam seus produtos como patinetes mesmo sem cumprir essa determinação.
Mas e se for maior? Para o Contran, existem os equipamentos de mobilidade individual autopropelidos e os veículos ciclo-elétricos, equiparados aos ciclomotores para fins de regulamentação e que, portanto, requerem habilitação.
A diferenciação entre eles é feita pelas especificações da potência do motor, velocidade máxima atingida e peso.
Assim, caso o patinete ultrapasse as dimensões especificadas, ainda se enquadra na categoria de ciclo-elétrico.
Para conduzir esse tipo de veículo, é necessário possuir a ACC (Autorização para Conduzir Ciclomotor) ou possuir a CNH do tipo A.
A resolução n° 315 limita os ciclo-elétricos a possuir motores de até 4 kW, peso máximo de 140 kg e atingir velocidades de até 50 km/h.
PATINETE OU SCOOTER? Embora, para o senso comum, os patinetes elétricos sejam diferenciados das scooters pela posição do piloto (no patinete, em pé, na scooter, sentado), a legislação brasileira não utiliza essas definições.
Portanto, mesmo que um fabricante ou vendedor anuncie um produto como “patinete” ou “scooter”, a definição válida é a de veículo ciclo-elétrico ou de equipamento de mobilidade individual autopropelido.
COMO FUNCIONA A AUTONOMIA? A autonomia do patinete é a distância que ele consegue percorrer antes da carga da bateria acabar. Ficar de olho nas especificações da bateria ajuda a fazer a melhor escolha.
“Um bom ponto a se levar em consideração na bateria é o material de seus componentes, que pode ser de lítio ou chumbo ácido. As baterias de lítio são mais leves e têm melhor desempenho, além de uma vida útil maior”, aponta Bruno da Motta Castro, mecânico de patinetes elétricos da e-Moby.
Na seleção acima, todos os produtos possuem baterias de lítio, exceto pelo da Two Dogs, que é equipado com quatro baterias de chumbo (e é o mais pesado da lista).
“A capacidade de carga também é relevante. Patinetes com bateria de lítio a partir de 7,8 Ah já garantem uma boa autonomia”, diz o mecânico.
O desempenho da bateria depende ainda do peso da carga e da inclinação do terreno. Ou seja, quanto mais peso o patinete carregar ou quanto mais íngreme for o trajeto, menor se tornará a autonomia.
O carregador do patinete elétrico é como uma fonte de notebook. Para carregar, basta conectar um dos terminais da fonte na tomada e o outro diretamente no veículo.
Diferente das bicicletas elétricas, é menos comum encontrar modelos com bateria removível. Na seleção, apenas o patinete da Bright tem esse recurso.
E NA LADEIRA? Dois fatores influenciam a força do patinete em ladeiras: a potência do motor e o tamanho do aro dos pneus.
Quanto ao motor, é simples:
“Para um adulto, a potência mínima para que se tenha um desempenho satisfatório é de 350 W. Abaixo disso, percursos com subidas íngremes podem ser mais difíceis de vencer”, fala Castro.
Já o tamanho do aro está ligado também ao trajeto onde o veículo será usado. "Patinetes com rodas maiores são mais versáteis, podendo ser utilizados em pisos com mais irregularidades. Rodas menores são recomendadas para pisos lisos”, explica o mecânico.
“Pneus com aro a partir de 8,5” são de um tamanho bom para todos os tipos de chão”, completa.
RISCOS E LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA Os maiores riscos são os traumas por queda do veículo, e uma das principais causas dessas ocorrências são os acidentes de trânsito.
“Em um carro, existem as partes feitas para absorver o impacto de batidas. No patinete, assim como em motos, não há estruturas laterais, então o anteparo acaba sendo o condutor”, explica o Dr. Alexandre Fogaça, ortopedista no Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT-FMUSP).
“O que absorve o impacto é o próprio corpo, então há risco de trauma craniano e fraturas da coluna”, completa ele.
Para minimizar as chances de acidentes, Fogaça recomenda seguir à risca a legislação que limita a velocidade e os locais de circulação dos patinetes. “Na rua, o risco é de choque com carros. Na calçada, com pedestres”, diz o médico.
A resolução 315 do Contran define normas de segurança para equipamentos de mobilidade individual autopropelidos da seguinte forma:
- Em áreas de circulação de pedestres, a velocidade máxima é de 6 km/h;
- Os aparelhos devem ser munidos de indicador de velocidade e sinalização noturna, dianteira, traseira e lateral.
Quanto às proteções individuais, reforça-se a importância de resguardar a cabeça. “O capacete é o equipamento mais fundamental para prevenir o trauma craniano. Como nos patins, servem também as joalheiras, munhequeiras e cotoveleiras para proteger os membros em casos de queda”, finaliza Fogaça.
O capacete é, inclusive, item de uso obrigatório em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em outros estados, a medida ainda está em discussão.
A buzina ou campainha também é um acessório de segurança importante para notificar pedestres ou outros condutores da aproximação do patinete, visto que o motor elétrico é silencioso, difícil de ser notado.
RECURSOS DO PATINETE ELÉTRICO É importante prestar atenção na presença da trava de segurança no patinete elétrico.
João Pedro Bepu, designer, possui um modelo sem trava, e aponta que isso afeta sua experiência.
“É difícil estacionar sem uma trava em que só eu possa mexer. Se tivesse, eu usaria para ir à padaria, ao mercado, à academia. Hoje em dia, vou a pé”, conta João Pedro.
Além das travas e chaves integradas aos modelos, também é possível comprar esses equipamentos separadamente. Eles funcionam de maneira similar a cadeados de bicicleta.
Outro aspecto de interesse é o tamanho do veículo. Os patinetes são naturalmente menores do que bicicletas, por exemplo, mas modelos dobráveis são mais portáteis, ideais para casas pequenas.
“O modelo que tenho não é dobrável, por isso é mais volumoso. No meu caso, isso não chega a ser um problema, pois tenho espaço onde guardar”, relata João Pedro.
Esta reportagem foi produzida com total independência editorial por nosso time de jornalistas e colaboradores especializados. Caso o leitor opte por adquirir algum produto a partir de links disponibilizados, a Globo poderá auferir receita por meio de parcerias comerciais. Esclarecemos que a Globo não possui qualquer controle ou responsabilidade acerca da eventual experiência de compra, mesmo que a partir dos links disponibilizados. Questionamentos ou reclamações em relação ao produto adquirido e/ou processo de compra, pagamento e entrega deverão ser direcionados diretamente ao lojista responsável.