Imagem aérea mostra trilha que corta o parque Paulo César Vinha. Fogo consumiu vegetação dos dois lados da pista. — Foto: Vitor Jubini/Rede Gazeta
Quatro meses após o início do segundo maior incêndio da história do Parque Estadual Paulo César Vinha, em Guarapari, Grande Vitória, a perícia do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo concluiu que o fogo começou por ação humana. O parque tem uma extensão de 1.500 hectares e uma área de 555 hectares, correspondente a 37%, foi destruída ao logo de 34 dias de chamas. A perícia foi concluída há cerca de duas semanas e apresentada nesta segunda-feira (6).
"Na área principal de queima, nós não encontramos nenhuma fonte de ignição que não fosse o contato de chama colocado por uma pessoa. A gente só não sabe dizer, pelas condições que foram encontradas, se foi de propósito ou um acidente", disse o major Lugon.
O incêndio começou no dia 22 de setembro e foi considerado extinto no dia 26 de outubro de 2022. A área destruída representa o equivalente a 555 campos de futebol, de acordo com o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
O maior incêndio da história do parque foi registrado em 2014, quando cerca de 40% do parque foi atingido.
O perito responsável pela análise do incêndio no parque, capitão Ivan Loreto, que a perícia apontou ainda que o incêndio começou em uma região conhecida como trilha Tropical, muito utilizada por surfistas e que também dá acesso ao bairro Village do Sol, em Guarapari.
"A gente analisou a imagem aérea, analisou o próprio local, a trilha, vestígios, evidências... Algumas pessoas, como funcionários do parque, foram ouvidas pelo Corpo de Bombeiros", disse.
O capitão afirmou que a demora na investigação se justificava pela dificuldade de análise e pela longa extensão da reserva natural consumida pelo fogo.
De acordo com a corporação, o próximo passado é enviar esse resultado da perícia para a Polícia Civil para que seja feito uma investigação criminosa para descobrir a autoria e materialidade do incêndio.
Vegetação
Responsável pelo parque, o Iema disse que estava monitorando o local atingido pelas chamas e já havia identificado áreas em que a vegetação voltou a crescer.
"Teve um dano, principalmente, na vegetação de alagado. Essa vegetação percorre o parque por mais 500 hectares, só que é uma vegetação basicamente composta de espécies arbustivas e gramíneas, que tem um crescimento e recuperação mais rápida", disse Rodolpho Torezani, gerente do Iema.
Fotos registradas por drone (veja acima) logo após o incêndio ser extinto em outubro e em janeiro deste ano mostram o crescimento de vegetação em algumas áreas.
No entanto, segundo o gerente do Iema, a restinga do parque e a fauna terão uma recuperação mais lenta.
"A gente está fazendo um segundo momento de levantamento por drone da área total e a gente percebe uma recuperação muito interessante da vegetação. E, agora, o que vem mais lentamente é a recuperação de área de restinga, onde você tem um solo mais arenoso, e também a fauna, que pegou o início de momentos reprodutivos de várias espécies", disse.