Dados do Ministério da Educação obtidos com exclusividade pelo G1 mostram o histórico de repasses do governo federal a cada uma das 63 universidades federais do país na última década.
O levantamento leva em conta majoritariamente as despesas não obrigatórias, ou seja, que podem ou não sofrer cortes, já que o governo não é obrigado por lei a efetuar os repasses. Os valores já foram corrigidos pela inflação, usando como base de cálculo o IPCA médio.
Veja a situação das três universidades federais de São Paulo:
- Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), fundada em 1994 e que, segundo dados mais recentes do Censo da Educação Superior, tinha 10.982 matrículas de graduação em 2016
A Unifesp afirma que a média histórica do orçamento previto da instituição nos últimos cinco anos foi de R$ 53 milhões, mas, em 2017, houve uma queda para R$ 34 milhões. Além disso, ela afirmou que, na LOA 2018, o governo aprovou menos de 10% dos recursos solicitados para investimento. Sobre o valor centralizado pelo MEC para recursos de obras, a Unifesp afirmou, em abril, que ainda não havia recebido nenhum valor adicional. Desde 2014, a Unifesp diz que fecha todos os anos com dívidas, e afirma que segue atendendo demandas de forma precária, principalmente para alguns dos 31 novos cursos criados, em edifícios alugados, por falta de dinheiro para obras. Veja algumas das medidas que foram tomadas:
- sem licitações novas há dois anos
- paralisação de 21 projetos executivos prontos para licitação, esperando por recursos financeiros, para a construção de salas de aula, laboratórios, bibliotecas, auditórios/teatros, salas de docentes, áreas administrativas, áreas estudantis e áreas de convivência
- revisão do cronograma de algumas obras, com supressão de alguns itens
- revisão de contratos
- economia de energia
- melhorias em processos
- Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), fundada em 1968 e que, segundo dados mais recentes do Censo da Educação Superior, tinha 12.933 matrículas de graduação em 2016
Na UFSCar, o número de campi subiu de três para quatro em dez anos, e foram abertos 25 novos cursos. A instituição diz, porém que houve queda na verba de custeio e investimento e, por isso, buscou "soluções criativas e eficientes" de medidas para cortar gastos. A UFSCar diz que tem R$ 5 milhões em recursos próprios, mas que eles são insuficientes para compensar o corte de R$ 10 milhões de despesas de custeio em relação a 2017.
- redução do valor gasto em contratos de vigilância e limpeza
- substituição das centrais telefônicas locadas pelo sistema de telefonia VoiP, com economia de R$ 1 milhão por ano
- congelamento dos valores das bolsas de assistência estudantil
- Universidade Federal do ABC (UFABC), fundada em 2005 e que, segundo dados mais recentes do Censo da Educação Superior, tinha 1.299 matrículas de graduação em 2016
A UFABC, que começou suas atividades em 2006, afirma que não recebeu recursos do Reuni. Entre 2009 e 2016 ela quase quintuplicou seu número de estudantes de graduação para mais de 12 mil, mas, em 2017, a verba que recebeu do Ministério da Educação foi 60% menor que a de 2013, já considerando a inflação. A Reitoria informou que "bolsas permanência e outras bolsas sociais são prioridades na UFABC", segundo uma resolução do Conselho Universitário. Para evitar cortes no número de bolsas (ainda que o valor não tenha sofrido reajuste), a universidade busca economizar em outras áreas:
- redução de contratos de vigilância e zeladoria
- redução nos programas de monitoria e extensão
- recolhimento dos celulares corporativos
- desligamento dos elevadores
- congelamento dos valores das bolsas de assistência estudantil
*Com informações do G1 SP