A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) instala na tarde desta terça-feira (16) a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai apurar se universidades paulistas estão sendo omissas ou negligentes com casos de violação de direitos humanos contra estudantes. Pública ou particular, qualquer universidade do Estado de São Paulo poderá ter que prestar contas aos deputados membros da comissão. Segundo o assessor da Comissão da Verdade Ricardo Kobayashi, que tem ajudado a reunir relatos de vítimas, a Alesp já registrou denúnicas de violações de direitos em pelo menos quatro instituições.
Só na Universidade de São Paulo (USP), são seis as denúncias de violência sexual contra alunas da Faculdadade de Medicina (FMUSP) levantadas até agora pela Comissão de Direitos Humanos. Duas delas são de estupro consumado, e as outras quatro são de tentativa de estupro, explica Kobayashi.
Duas dessas vítimas contaram suas histórias em uma audiência pública da comissão em novembro. Ao G1, uma dessas estudantes afirmou, em agosto, que não é um caso isolado.
Segundo Kobayashi, as outras instituições que já viraram alvo de denúncias na Alesp são a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, a PUC de Sorocaba, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz (Esalq, vinculada ao campus da USP em Piracicaba).
Além disso, ele afirma que pelo menos dez denúncias de assédio, trote violento e agressão também já foram reportadas à comissão. Elas devem ser incluídas na análise da CPI, que, além de apurar as sindicâncias e respostas das universidades aos casos de violações, também pretende investigar outros aspectos, como o patrocínio privado de festas dentro de terrenos das universidades públicas.
A Frente Feminista da USP, coletivo de mulheres que reúne estudantes de diversas unidades da instituição, abriu um endereço de e-mail no qual tem reunido denúncias (inclusive anônimas) de violações para encaminhar para a Alesp.
Nesta terça, os nove deputados envolvidos na comissão definirão os cargos e o calendário de trabalho da CPI, que não deve parar durante o mês de janeiro. Ainda nesta semana, duas sessões serão feitas nesta quarta (17) e na quinta-feira (18) para ouvir relatos de vítimas.