No Brasil, o número de profissionais qualificados nas indústrias dos games é atualmente de 63,3% — Foto: Celso Tavares/G1
Quem não pensa em aliar a diversão com o trabalho? Quando se trata de games, os dois conceitos podem até se misturar para quem não é da área, mas para os profissionais que atuam neste segmento o assunto é sério: é preciso ter foco para desenvolver os produtos, uma certa dose de autonomia de aprendizagem e muita persistência para se manter atualizado.
Para atuar na área, é possível fazer o curso de Design de Games em duas modalidades: na graduação, com bacharelado de duração de quatro anos; e o tecnológico, com duração de dois anos. Ambas têm o objetivo de formar um profissional que saiba criar, planejar e desenvolver um jogo em diferentes plataformas como computador, tablet, smartphone e videogame.
Estrutura dos cursos
No bacharelado, o aluno aprende sobre a história dos jogos digitais, criação de roteiro, modelagem, e também pode elaborar diversos jogos durante o curso. Entre as disciplinas estão:
- Design de personagens e som;
- Design de jogo analógico;
- Programação para games;
- Princípios da animação;
- Animação 2D e 3D;
- Computação gráfica;
- Ergonomia (estudo entre homem e máquina);
- Marketing de games;
Nos cursos técnicos, os alunos aprendem a programação dos jogos em diferentes plataformas, elaboram o conteúdo do jogo, gênero, roteiro, cenário, personagens e a estrutura de dados para os jogos digitais. Assim como no bacharelado, o curso técnico também inclui as disciplinas:
- Design de personagens;
- Animação 2D e 3D;
- Programação;
A vantagem da graduação, comparando com o curso técnico, é o volume de trabalhos produzidos durante o período de formação, segundo Delmar Galisi, professor do bacharelado de Design de Games.
“Os cursos técnicos são mais imediatos, a graduação tem uma preocupação maior com o projeto e com o aspecto do projeto. Isso não significa que o aluno que faz um técnico não saiba projetar depois. A vantagem da graduação é o portfólio, o aluno explora mais a área” - Delmar Galisi, professor do bacharelado de Design de Games.
Professor de Design de Games desde de 2003, Delmar Galisi, conta que hoje o mercado está mais acessível na área — Foto: Anhembi Morumbi/Divulgação
Conhecimento prévio em programação
Por ser um espaço totalmente voltado para o digital muitos acreditam que é preciso um conhecimento prévio em programação ou algum sistema de computadores, mas não é necessário.
“Mesmo que algumas disciplinas estejam ligadas à programação, no design de game não precisa do estudo técnico em informática necessariamente” - Patrícia Sato, designer de game .
Independentemente da modalidade escolhida (técnico ou bacharel), para ingressar no mercado, é importante destacar que o designer de games dificilmente irá produzir todo conteúdo sozinho.
O jogo do Homem-Aranha lançado em setembro de 2018, por exemplo, envolveu cerca de 300 pessoas em sua produção, isto significa que a rotina do designer depende de qual parte do projeto irá desenvolver.
“Todas as áreas disciplinares precisam trabalhar em concordância para o desenvolvimento de um bom jogo, independentemente do seu cargo na empresa. Acima de tudo, a criação de jogos exige equilíbrio e controle de todas as suas disciplinas”, conta Patrícia Sato, designer de games.
Nos últimos dois anos foram produzidos 1.718 jogos no Brasil, de acordo com pesquisa sobre a indústria de jogos digitais — Foto: BGS/Divulgação
Áreas de atuação
De acordo com dados do 2º Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais apresentados em novembro de 2018 pelo Ministério da Cultura, as áreas que mais concentram trabalhadores na indústria de games são:
- Programação e gestão de projetos;
- Arte e design;
- Administrativo e financeiro;
- Marketing e vendas;
O professor Delmar Galisi, complementa com outras áreas. “Também é possível atuar em agências de mídia digital e na produção de conteúdo interativo de sites, por exemplo ”, diz.
Preço dos cursos
Ainda não há graduações e cursos tecnólogos com a nomeclatura 'Design de Games' em instituições públicas cadastradas no Ministério da Educação (MEC). É possível encontrar grades curriculares semelhantes em cursos como o de Jogos Digitais, por exemplo.
Nas redes particulares, quem optar pelo curso mais longo, com duração de 4 anos, o custo médio das faculdades fica em torno dos R$ 1.700 mensais.
Na categoria tecnológica, o valor do curso varia de acordo com a sua duração. Em média, os cursos de 2 anos custam R$ 650 mensais.
Remuneração
Ainda segundo a pesquisa do Ministério da Cultura, a programação de jogos representa 30% e é principal fonte de renda dos profissionais da área e 82% ganham em média R$ 1.908.
Os estágios variam na faixa salarial de R$ 1 mil, de acordo com os entrevistados.
Segundo o site de empregos Catho, a média salarial nacional é de R$ 2.797. Ainda de acordo com o portal, um dos salários mais altos está no cargo de gerente de marketing e diretor de marketing, com média salarial de R$ 8.197 e R$ 12.500 respectivamente.