O acordo ortográfico começou a valer em janeiro para todos os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Neste mês, destacamos no blog o que mudou e o que não mudou em nosso idioma.


1.    ACENTUAÇÃO GRÁFICA - parte 3
A regra do acento diferencial foi parcialmente abolida:

Como era?
Recebiam acento gráfico as palavras homônimas homógrafas tônicas (para diferenciar das átonas):
Ele pára (do verbo PARAR - só a 3ª. pessoa do singular do presente do indicativo);
Eu pélo, tu pélas e ele péla (do verbo PELAR);
O pêlo, os pêlos (substantivo = cabelo, penugem);
A pêra (substantivo = fruta – só no singular);
O pólo, os pólos (substantivos = jogo ou extremidade).

Como fica?
Sem acento gráfico:
Ele para (do verbo PARAR - 3ª. pessoa do singular do presente do indicativo);
Eu pelo, tu pelas e ele pela (do verbo PELAR);
O pelo, os pelos (substantivo = cabelo, penugem);
A pera (substantivo = fruta);
O polo, os polos (substantivos = jogo ou extremidade).

O que não mudou?
a)    PÔR (verbo – infinitivo): “Ele deve pôr em prática tudo que aprendeu”; POR (preposição): “Ele vai por este caminho”;
b)    PÔDE é a 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: “Ontem ele não pôde resolver o problema”; PODE é a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo: “Agora ele não pode sair.”
Observação:
                   Sugiro que acentuemos fôrma (“fôrma de pizza”), como orienta o dicionário Aurélio e como permite o novo acordo ortográfico, a fim de diferenciar de forma (“forma física ideal”).

2.    Uso do TREMA (totalmente abolido)
Como era?
Usávamos o trema na letra “u” (pronunciada e átona), antecedida de Q ou G e seguida de E ou I.             
O objetivo do trema era distinguir a letra “u” muda (= não pronunciada) da letra “u” pronunciada:

QUE = quente, questão, quesito; QÜE = freqüente, seqüestro, delinqüente;
QUI  = quilo, adquirir, química; QÜI  = tranqüilo, eqüino, iniqüidade;
GUE = guerra, sangue, larguemos; GÜE = agüentar, bilíngüe, enxagüemos;
GUI  = guitarra, distinguir, seguinte; GÜI  = lingüiça, pingüim, argüir.

Palavras que recebiam trema:
agüentar, argüir, argüição, averigüemos, apazigüemos, bilíngüe, cinqüenta, conseqüência, conseqüente, delinqüência, delinqüente, deságüe, enxágüe, freqüência, freqüente, lingüiça, pingüim, qüinquagésimo, qüinqüênio, qüinqüenal, sagüi, seqüência, seqüestro, tranqüilo...

Palavras que NÃO recebiam trema:
adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por conseguinte, questão, questionar, questionário...   

Como fica?
Todas sem trema:
aguentar, arguir, arguição, averiguemos, apaziguemos, bilíngue, cinquenta, consequência, consequente, delinquência, delinquente, deságue, enxágue, frequência, frequente, linguiça, pinguim, quinquagésimo, quinquênio, quinquenal, sagui, sequência, sequestro, tranquilo.

Observações:
a)    Embora o trema não seja mais usado, a pronúncia das palavras que
recebiam o trema não mudará, ou seja, deveremos continuar pronunciando a letra “u”.
b)    Não esqueça que jamais houve trema quando a letra “u” estava
seguida de “o” ou “a”: ambíguo, longínquo, averiguar, adequado...
c)    Se a letra “u”, antes de “e” ou “i”, fosse pronunciada e tônica, devíamos
usar acento agudo em vez do trema: que ele averigúe, que eles apazigúem, ele argúi, eles argúem...(No Brasil, averígue e apazígue)
Este acento também foi abolido: que ele averigue, que eles apaziguem,
ele argui, eles arguem...
d)    Palavras com dupla pronúncia (o uso do trema era facultativo):
antiguidade, antiquíssimo, equidistante, liquidação, liquidar, liquidez, liquidificador, líquido,sanguinário, sanguíneo.
e)    Também com dupla pronúncia (sempre sem trema):
Catorze e quatorze
Cota OU quota
Cotizar OU quotizar
Cotidiano OU quotidiano