Preço accessível ou preço acessível?
Preço accessível ou preço acessível?
Você já deve ter ouvido, inclusive nos telejornais, alguma frase do tipo "com a isenção do IPI, o preço dos automóveis está mais aCCessível".
Ou então "o brasileiro é afiCCionado por futebol".
Será que o preço está mesmo aCCessível e que o brasileiro é mesmo afiCCionado por futebol?
Não caia nessa de querer falar bonito e... errado! O preço é ACESSÍVEL. As pessoas são AFICIONADAS. Esqueça a pronúncia dupla do “c”.
Acessível vem de acesso, isto é, quando um preço está acessível, é porque mais pessoas têm acesso àquela mercadoria.
E aficionado vem de ofício. A pessoa aficionada cultiva uma arte como se fosse seu ofício, seu trabalho.
Portanto não erre mais. Na próxima vez que for ao supermercado, diga que o preço do tomate está acessível. E que você é aficionado (ou aficionada) por cinema.
Calabreza, milaneza, bolonheza???
Você pede uma pizza de calabresa com ZÊ ou com ESSE? E seu bife à milanesa vem com ESSE ou com ZÊ?
Esse tipo de dúvida deve assombrar todas as pessoas que um dia tiveram de elaborar um cardápio.
Vamos pensar um pouco. Como se chama a mulher que nasce na China? Acertou quem disse chinesa. E a que nasce na Escócia? Muito bem, escocesa.
Essas palavras, que designam origem ou procedência e terminam em –ESA, são sempre com S. E o que a pizza e o bife têm a ver com isso?
Tudo a ver. CALABRESA é aquela que vem da Calábria, uma região da Itália. MILANESA e BOLONHESA são aquelas que vêm de Milão e Bolonha, cidades italianas.
Pois então, quando você vir num cardápio esses nomes escritos com Z, pode reclamar: Garçom, eu quero um bife à milanesa, mas com S. “Esse bife aqui do cardápio é com Z, e pode me fazer mal.
Afro-descendente ou afrodescendente?
Se você tivesse que escrever sobre Gilberto Gil ou Seu Jorge, eles seriam afro-descendentes (com hífen) ou afrodescendentes (sem hífen)?
Se tiver dúvidas, guarde aí: é tudo junto, sem hífen. Quer saber por quê?
Quando um prefixo terminado em O se junta a um adjetivo (como "descendente") ou a um substantivo que não começa com O nem H, a união é feita diretamente, sem hífen.
Por isso, podemos escrever, sem medo de errar, que Gilberto Gil e Seu Jorge são afrodescendentes, sem hífen.
Isso vale também para lusoparlante (a pessoa que fala português), que é escrito tudo junto, assim como para francofilia (admiração pela França ou pelos franceses), e termos parecidos.
Mas atenção: nos gentílicos (termos que designam origem), existe hífen sim. Isso veremos a seguir.
Afro-brasileiro ou afrobrasileiro?
Acabamos de ver que AFRO- junto a um adjetivo deve ser escrito sem hífen: afrodescendente.
E quando você se refere a alguém que tem origens tanto na África quanto no Brasil? Afro-brasileiro (COM HÍFEN) ou afrobrasileiro (SEM HÍFEN)?
É parecido, mas não igual.
Nesse caso, trata-se de gentílicos, um tipo especial de adjetivo que designa procedência.
Por exemplo, brasileiro é o gentílico que se refere a tudo que procede do Brasil: o povo brasileiro, a música brasileira, o futebol brasileiro.
Pode acontecer, porém, que algo proceda de dois lugares, que tenha procedência dupla. Por exemplo, LUSO-BRASILEIRO se refere àquilo que procede tanto de Portugal quanto do Brasil. Nesse caso, usamos o hífen unindo LUSO e BRASILEIRO.
O caso de ÍTALO-AMERICANO (aquele que procede da Itália e da América, particularmente dos Estados Unidos) também apresenta o hífen.
Lembre-se: palavras que designam dupla procedência se escrevem com hífen.
Então, não erre mais: afrodescendente é sem hífen, porque não se trata de gentílico, mas afro-brasileiro, que indica dupla procedência, é com hífen.