Hoje vamos falar sobre alguns plurais que merecem nossa atenção. Vamos começar com uma dúvida muito comum: letra tem plural?

Claro que letra tem plural. Tem, inclusive, duas formas corretas de plural. A forma preferida da maioria dos autores é escrever por extenso o nome da letra e simplesmente acrescentar um "s" ao final do nome. Assim, escrevemos dois ESSES.

Outra forma possível e igualmente correta é representar o plural duplicando a letra. Para representar o plural de "S", escrevemos duas vezes a letra "s": esta palavra se escreve com dois SS.

Outro plural que pode gerar dúvida é o plural dos números. Você já pensou se "cinco" ou "quinze" têm plural? Podemos dizer os cincos e os quinzes?

É claro que pode. Por exemplo, se você estiver contando quantos números repetidos há em uma cartela, poderá dizer que encontrou dois cincos, três quinzes, oito noves... 

Mas cuidado, se o número terminar com "s" ou com “z”, não apresenta forma no plural. Diga que você encontrou cinco dois e quatro três. Na última prova, houve vários dez.

Metade dos alunos passou ou passaram?

Agora vamos falar de uma concordância especial. A concordância verbal com expressões do tipo: PARTE DE, UMA PORÇÃO DE, METADE DE, A MAIORIA DE, GRANDE PARTE DE...

Por exemplo, você diria que: A metade dos professores participou da reunião OU A metade dos professores participaram da reunião?

Em casos como esse, a preferência é pelo verbo no singular: A metade dos professores participou da reunião. Pois, assim, o verbo concorda com a palavra METADE que é o núcleo do sujeito. Mas a concordância com a palavra no plural também é aceita.       

Você pode dizer: a metade dos professores participaram da reunião.

Assim, embora a preferência seja pela concordância com o núcleo do sujeito no singular, estão igualmente corretas as duas formas.

Veja alguns exemplos:
A maioria dos vereadores votou no projeto.
OU A maioria dos vereadores votaram no projeto.
A maior parte dos turistas aprovou as instalações da Copa.
OU A maior parte dos turistas aprovaram as instalações da Copa.

Bastante ou bastantes?

Você sabia que a palavra BASTANTE tem plural: BASTANTES? O problema é saber quando está correto usar BASTANTES assim, no plural.

Um método simples e fácil de saber quando a palavra BASTANTE deve ir para o plural é substituí-la por MUITOS ou MUITAS.

Se a palavra MUITO for para o plural, a palavra BASTANTE também vai. E se a palavra MUITO ficar no singular, a palavra BASTANTE também fica no singular.

Confira comigo. Se dizemos: "Eles ficaram MUITO cansados", com a palavra MUITO no singular, devemos dizer: "Eles ficaram BASTANTE cansados", com a palavra BASTANTE no singular.

Mas, se dizemos: "Ele está com MUITOS problemas", com a palavra MUITOS no plural, devemos dizer: "Ele está com BASTANTES problemas", com a palavra BASTANTES no plural.

A palavra BASTANTE também vai para o plural quando ela tiver o sentido de SUFICIENTE e vier depois de um substantivo no plural.

Por exemplo, na frase: "Maria já tem provas BASTANTES do seu amor", a palavra BASTANTES está no plural porque se for substituída pela palavra SUFICIENTES, não muda o sentido da frase: Maria já tem provas suficientes do seu amor.

Bateu a porta ou bateu à porta?

Não pense que a crase é um detalhezinho bobo e sem importância. Ao contrário, a crase é muito importante, pois a sua presença ou a sua ausência pode mudar o sentido da mensagem.

Por exemplo, a frase: "O diretor bateu a porta" pode ter dois sentidos diferentes, dependendo da presença da crase.

Confira comigo: se colocarmos o acento indicativo da crase, passaremos a mensagem que o diretor, querendo entrar, bateu NA porta. Mas, se tirarmos o acento indicativo da crase, mudamos o sentido da mensagem. A frase: "O diretor bateu a porta" passa a informação de que ele, nervoso, bateu (fechou) a porta com força.

Percebeu como a crase pode mudar sentido da mensagem?

Acompanhe mais esse exemplo comigo. "Precisamos combater a sombra." Sem o acento indicativo da crase, "a sombra" é o inimigo, é o objeto que precisa ser combatido. Mas, se colocarmos o acento indicativo da crase em "Precisamos combater à sombra", "a sombra" passa a ser o lugar onde o combate vai se realizar.