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  • As Olimpíadas vêm aí! O correto é 100 metros livre, ou livres? Tire a dúvida!


    LIVRE ou LIVRES? RASO ou RASOS?


    Agora, as dúvidas têm a ver com os Jogos Olímpicos. Calma, que eu explico. Vamos falar dos nomes de algumas modalidades esportivas que dão nó até na cabeça de comentaristas esportivos, habituados com essa nomenclatura.
    Afinal, César Cielo nadou 50 metros LIVRE (no singular) ou 50 metros LIVRES (no plural)?
    Tudo indica que o certo é LIVRES, no plural, para concordar com os 50 metros, não é? Mas só parece. Na natação, LIVRE é o estilo, portanto é NADO LIVRE. Devemos dizer 50 metros LIVRE.
    E no atletismo? O jamaicano Usain Bolt correu cem metros RASO (no singular) ou cem metros RASOS (no plural)?
    Está fácil? Se na piscina são "metros LIVRE", na pista só pode ser "metros RASO", certo? Pois está ERRADO!
    No atletismo, RASOS são os metros, portanto "cem metros RASOS". Isso significa “cem metros sem obstáculos”.
    Entendeu a diferença?
    LIVRE é o estilo e RASOS são os cem metros.

    HAJA VISTA ou HAJA VISTO o problema?
    A dúvida agora é o uso de uma expressão muito usada, que significa "tendo em vista, devido a, por causa de": HAJA VISTAEssa expressão tem uma forma verbal, HAJA, de HAVER (3º pessoa). Será que esse verbo deve concordar com o que vem depois? Devemos dizer "HAJA VISTA o problema" ou "HAJA VISTO o problema"? E no plural? Será "HAJAM VISTAS as dúvidas"?
    Acertou quem disse que essa expressão é invariável. Veja os exemplos:
    “Ele foi demitido HAJA VISTA o problema surgido.”
    “Ele foi dispensado HAJA VISTA os poucos pontos alcançados.”
    “Ele foi reprovado HAJA VISTA as baixas notas tiradas.
    Portanto, não esqueça: com a expressão HAJA VISTA, nada de concordar no plural nem no masculino.
    É sempre HAJA VISTA, assim como TENDO EM VISTA.

     
    Os hotéis ficam JUNTO ou JUNTOS ao viaduto?
    Mais uma vez nossa dúvida é a concordância. Ou a ausência dela. Vamos ver.
    Se tivesse que informar a um forasteiro a localização de um hotel, como diria?
    “Os hotéis ficam JUNTO ou ficam JUNTOS ao viaduto?”
    Nesse caso, JUNTO faz parte da locução prepositiva JUNTO A. que é invariável. Posso usar JUNTO com a preposição A ou com a preposição DE, tanto faz. Acompanhe os exemplos:
    “As duas únicas bolas chutadas ao gol passaram JUNTO À trave. (ou JUNTO DA trave)”
    “Os reservas estão JUNTO DA comissão técnica. (ou JUNTO À comissão técnica)”
    “As casas ficam JUNTO DA farmácia. (ou JUNTO À farmácia)”


    MENAS calorias ou MENOS calorias?
    Vamos comentar o uso de uma palavra que incomoda muita gente. Incomoda porque tem um jeitão de adjetivo, por isso os mais distraídos acabam se enganando.
    Afinal, se o refrigerante dietético tem MENOS açúcar, você diria que ele tem MENAS calorias ou MENOS calorias?
    Acertou quem apostou em MENOS calorias. MENOS é uma palavra invariável e não concorda com o termo próximo nem com nenhum outro. Veja os exemplos:
    “O jogo teve MENOS torcida do que o esperado.”
    “Esse bolo leva MENOS fermento na preparação.”
    “Hoje tenho MENOS razões para me entristecer.”
    Espero que agora você erre MENOS e nunca mais use o “MENAS”, porque não existe.



  • 'Asterisco' ou 'asterístico'? Aprenda a grafia desta e de outras palavras


    ASTERISCO ou ASTERÍSTICO?


    Nossa dúvida de hoje é como se fala e se escreve o nome de um famoso sinalzinho (*): asterisco ou asterístico?.
    Vamos começar perguntando: como você chama aquela pequena estrelinha que colocamos no texto, ao lado de alguma palavra, para explicá-la ou comentar logo depois (*)?
    Esqueça "asterístico". Isso não existe.
    O nome desse sinal gráfico é ASTERISCO. Essa palavra vem do grego e significa exatamente "pequeno astro" ou "estrelinha".
    O sufixo “-isco” indica diminutivo, como em CHUVISCO, que significa uma pequena chuva, uma chuvinha.
    Como o sinal (*) é uma “estrelinha, um pequeno astro”, devemos falar e escrever ASTERISCO.
    Lembre-se: se não falamos “chuvístico”, também não falamos “asterístico”.

    Causou um REBOLIÇO ou um REBULIÇO?

    O problema agora é uma palavrinha que gera muitas dúvidas.            
    Quem nunca causou um REBOLIÇO (com O)? Ou será que foi um REBULIÇO (com U)? Qual é o correto?
    Nessa frase, o correto é REBULIÇO (com U), que significa "confusão" ou "desordem".
    Então REBOLIÇO (com O) não existe?
    O curioso é que existe. Embora pouco usado, o adjetivo REBOLIÇO se refere à pessoa que rebola muito. Como é adjetivo, concorda com o substantivo a que se refere: homem REBOLIÇO, mulher REBOLIÇA.
    Agora não precisa mais ficar REBOLIÇO (ou REBOLIÇA), com O, para tirar essa dúvida.
    Já sabe que atitudes inusitadas ou barulhentas causam REBULIÇO (com U). É bom lembrar a forma abreviada: o famoso REBU. Se a festa foi o maior REBU, é porque houve um grande REBULIÇO.

    Dor NA COSTA ou dor NAS COSTAS?

    Agora vamos falar um pouco de geografia e um pouco de anatomia. Claro que do ponto de vista da língua portuguesa.

    Quando a gente dorme de mau jeito, se senta todo torto, qual é o resultado?
    “Dor NA COSTA ou dor NAS COSTAS ou dor NAS COSTA?”
    Talvez você pense que "tanto faz, não faz diferença usar o singular ou o plural". Mas não é bem assim.
    Algumas palavras têm significados diferentes se usadas no singular ou no plural. Uma delas é COSTA, cujo plural é COSTAS.
    COSTA é a faixa litorânea de uma localidade. Dizemos, por exemplo:
    “A COSTA brasileira é repleta de belas praias.”
    Já a forma COSTAS, usada somente no plural, refere-se ao dorso, à parte que fica atrás do tórax.
    “Neymar foi retirado do campo após uma joelhada nas COSTAS.”
    Agora você já sabe a resposta à nossa dúvida.
    Quando for viajar para a COSTA catarinense, não se esqueça de passar protetor solar... nas COSTAS.
    É importante lembrar que aquele profissional conhecido como “segurança” pode ser chamado também de guarda-costas. Isso mesmo, você pode ter um GUARDA-COSTAS ou vários GUARDA-COSTAS.
    A palavra GUARDA-COSTAS pode ser usada para o singular e para o plural.

    CABEÇALHO ou CABEÇÁRIO?

    Vamos abordar o uso de uma palavra que gera dúvida em muita gente.
    Afinal, as linhas iniciais de uma carta ou de um texto, contendo data e local, como são chamadas: CABEÇALHO (com L-H-O) ou CABEÇÁRIO (com R-I-O e acento agudo no segundo A)?
    O correto é CABEÇALHO (com L-H-O). A palavra, como deu para perceber, vem de "cabeça", isto é, o que fica em cima, mais o sufixo ALHO.
    Em Portugal, CABEÇALHO também é o título de maior destaque numa página no jornal – o que nós, brasileiros, chamamos de "manchete".
    A forma "cabeçário", ao contrário do que muita gente pensa, não existe. Só se fosse um lugar para cabeças, pois berçário é local para berços. O sufixo “-ario” geralmente indica “lugar”: vestiário, aquário, sanitário...
    Curioso é o armário, que já foi o lugar para armas, e hoje serve para guardar qualquer coisa: livros, roupas, pratos...

  • Saiba quando usar 'ora', e quando o correto é 'hora'

    POR HORA ou POR ORA?


    Vamos observar o uso de duas expressões que têm o mesmo som, a mesma pronúncia, mas significados distintos e pequenas diferenças na escrita.
    Qual é o certo: POR HORA (com H) ou POR ORA (sem H)?
    Esse é mais um daqueles casos em que a resposta é... depende. Sim, depende do que você quer dizer.
    HORA (com H) é aquele período, contado no relógio, de 60 minutos. Ao usar a expressão POR HORA, com H, é preciso ter como referência esse intervalo de tempo. Veja o exemplo:
    “O metrô transporta mais de cem mil passageiros POR HORA.”
    (Ou seja, a cada 60 minutos, cem mil passageiros utilizam esse meio de transporte.)
    Já a palavra ORA (sem H) significa "agora", "neste momento". A expressão POR ORA, sem H, é usada no lugar de POR ENQUANTO ou NESTE MOMENTO. Confira:
    “POR ORA, o metrô funciona normalmente.”
    (Ou seja, NESTE MOMENTO, nenhuma anormalidade interrompeu o funcionamento do metrô.)
    Por ora (sem H), é só.

    DESDE AS 10h ou DESDE ÀS 10h?

    A dúvida agora é o uso do acento grave indicador de crase.
    Qual é a forma correta: DESDE AS (sem acento) 10h ou DESDE ÀS (com acento de crase) 10h?
    O correto é DESDE AS 10h, SEM ACENTO indicador de crase. E sabe por quê?
    Porque nunca há crase após a preposição DESDE.
    Para que exista crase, é preciso haver a preposição A + outro A, geralmente o artigo feminino A (ou AS). Ora, DESDE já é uma preposição, portanto não pode haver outra logo depois. Na expressão DESDE AS 10h, o que vem depois de DESDE é apenas o artigo feminino.

    Quer uma prova? Vamos trocar AS 10h por uma expressão masculina: O MÊS PASSADO.
    Você diria "DESDE AO MÊS PASSADO"? Horrível, não é? AO seria a junção da preposição A com o artigo masculino O, referente a MÊS. Você certamente diria DESDE "O" MÊS PASSADO.
    Portanto, como não há preposição, não há crase.

    Eu COMPUTO, tu COMPUTAS, ele COMPUTA?

    A dúvida agora é o uso de um verbo muito estranho, que causa dúvida, e até perplexidade em muita gente.
    Afinal, você sabe conjugar o verbo COMPUTAR? Será que sua conjugação segue, por exemplo, a do verbo LUTAR (eu LUTO, tu LUTAS, ele LUTA)?
    Poderia ser, não é? Mas não é.
    Segundo a gramática tradicional, o verbo COMPUTAR é considerado defectivo, ou seja, não deve ser conjugado em algumas de suas pessoas. No presente do indicativo, só apresenta plural: nós COMPUTAMOS, vós COMPUTAIS, eles COMPUTAM.
    Já o pretérito e o futuro são regulares.
    Se a forma "ele computa" não é aceitável, podemos usar "ele está computando" ou substituir por uma frase equivalente: ele calcula, ou ele programa (computadores).

    Cheque ASSUSTADO ou SUSTADO?

    A dúvida agora diz respeito a bancos, especialmente sobre um verbo muito utilizado por eles.
    Hoje em dia, com a tecnologia e a praticidade dos cartões de crédito e débito, pouca gente ainda utiliza o velho talão de cheques, mas eles persistem, principalmente em locais distantes das grandes capitais.
    Como você se refere ao cheque cujo pagamento tenha sido suspenso pelo emitente? Cheque ASSUSTADO ou cheque SUSTADO?
    O cheque é SUSTADO (começando com S). Essa palavra é do verbo SUSTAR, que significa "suspender", "interromper". Aí o cheque não será pago.
    ASSUSTADO (começando com A) significa amedrontado, apavorado.
    Isso é o que acontece. Depois que você pede que um cheque seja SUSTADO, pode deixar ASSUSTADA é a pessoa que o recebeu.
  • Desafio do acento: quando usar 'vem', e quando o correto é 'vêm'?

    DÚVIDAS ETERNAS

    VEM, VÊM ou VEEM?
    O problema agora são os verbos com formas parecidas. Você saberia quando usar VEM (sem acento), VÊM (com acento circunflexo) e VEEM (com dois ês)?
    A forma VEM (sem acento) é a 3ª pessoa do singular do verbo VIR (presente do indicativo). Veja o exemplo:
    “Ela já confirmou que VEM de metrô e vai chegar mais tarde.”
    Já a forma VÊM, com acento circunflexo, também é do verbo VIR, só que da 3ª pessoa do plural. Observe:
    “Querido, papai e mamãe VÊM almoçar com a gente domingo!”
    Por outro lado, VEEM, com dois ês, não é do verbo VIR, mas do verbo VER, e se refere à 3ª pessoa do plural do presente do indicativo. Confira o exemplo:
    “Acidentes acontecem ali porque os motoristas não VEEM a placa  encoberta pela vegetação.”
    Antes do Novo Acordo Ortográfico, essa forma do verbo VER (VEEM) se escrevia com circunflexo no primeiro E: VÊ-EM. Desde 2009, quando o Acordo entrou em vigor, não existe mais essa forma.

    CESSÃO, SEÇÃO ou SESSÃO?
    Vamos analisar o uso de três palavras que têm a mesma pronúncia, mas de grafia e significados diferentes.
    Você sabe a diferença entre CESSÃO (com C no começo e SS), SEÇÃO (com S no começo e Ç), SECÇÃO (com S e depois C e Ç) e SESSÃO (com um S no início e dois no meio)?
    CESSÃO (com C e SS) é o ato de CEDER alguma coisa. Veja o exemplo:
    “A CESSÃO dos bens foi assinada em cartório pelo doador.”
    Para não errar, lembre que o verbo CEDER começa com C.
    Já SEÇÃO (com S e Ç) – ou SECÇÃO (com S e um C antes do Ç) – significa uma divisão, um corte, um setor, uma parte de alguma coisa. Veja esta frase:
    “Esse creme pode ser encontrado na SEÇÃO de cosméticos.”
    “O círculo resulta da SEÇÃO (ou SECÇÃO) de uma esfera.”
    Por fim, SESSÃO é qualquer tipo de reunião: sessão de cinema, sessão espírita, sessão do júri, sessão plenária. Observe no exemplo:
    “O presidente da Câmara deu por encerrada a SESSÃO que alterou a lei.”

    REFEM ou REFÉM?
    Vamos para mais uma dica de português!
    A dúvida agora é o uso de uma palavrinha que, volta e meia, aparece no noticiário pronunciada de maneira inadequada.
    Com os sequestros que acontecem todo dia, o coitado do repórter às vezes se atrapalha e diz que foi libertado um "rÉfem", como se a palavra não tivesse acento algum, ou tivesse na primeira sílaba.
    Isso não existe. O certo é REFÉM, com acento agudo na última sílaba.
    Todas as palavras oxítonas (as que têm sílaba tônica na última sílaba) terminadas em EM e ENS recebem acento agudo se tiverem mais de uma sílaba: RECÉM, PORÉM, ALGUÉM, NINGUÉM, ARMAZÉNS, PARABÉNS, (tu) INTERVÉNS, (tu) DETÉNS, etc.
    Observe que as palavras monossílabas (ou seja, que têm uma só sílaba) terminadas em EM e ENS não são acentuadas: BEM, TREM, (ele) TEM, (ele) VEM, etc.
    Portanto nada de sair inventando. "Réfem" não existe, é REFÉM.

    ARREAR ou ARRIAR?
    Qual é a forma correta de dizer: ARREAR (com E) ou ARRIAR (com I)?
    Depende do que você quer dizer, porque os dois estão certos.
    ARREAR significa pôr os arreios. Veja o exemplo:
    “Se vai galopar, não se esqueça de ARREAR a montaria.”
    ARRIAR significa abaixar, descer, pôr no chão. Confira:
    “Rendidos, os rebeldes foram obrigados a ARRIAR as armas.”
    Para não errar mais, pense na seguinte situação: antes de sair a galopar, é preciso ARREAR o cavalo. Quando terminar, é só ARRIAR.

  • Podemos escrever "simplismente" e "reinvindicar"? Veja dúvidas

    SIMPLESMENTE ou SIMPLISMENTE?
    Logo que as redes sociais tomaram conta da comunicação, alguns errinhos mais localizados passaram a se reproduzir sem controle algum.               

    Alguém escreve uma frase na sua rede social, e ela é vista e compartilhada por dezenas, talvez centenas de pessoas.

    Um dos erros mais frequentes que tenho visto é a confusão entre SIMPLESMENTE (com ES) e SIMPLISMENTE (com IS). Não se sabe por quais forças estranhas da natureza, o adjetivo SIMPLES (que termina em ES), ao virar advérbio, tem o E trocado por I na escrita de algumas pessoas.

    A palavra é SIMPLESMENTE, com ES. "Simplismente" (com IS) simplesmente não existe.

    O advérbio SIMPLESMENTE é formado do adjetivo SIMPLES mais o sufixo MENTE. Significa "de modo simples, descomplicado".

    Quando alguém age de forma cortês, age CORTESMENTE.

    Quando alguém age de forma apressada, age APRESSADAMENTE.

    E quando alguém age de modo simples, age SIMPLESMENTE.

    Não precisa mudar letra nenhuma. Não é simples?

    A confusão se deve, talvez, ao substantivo SIMPLICIDADE, que, assim como FELICIDADE, ESPONTANEIDADE, ATIVIDADE, OCIOSIDADE..., deve ser escrito com “i”, em razão do sufixo “idade”.

    Então, não esqueça: o advérbio é SIMPLESMENTE e o substantivo é SIMPLICIDADE.

    REINVINDICAR ou REIVINDICAR?
    Ah, os discursos políticos, as manifestações de rua... Vira e mexe, alguém solta um REINVINDICAR, esticando esse primeiro IN logo após o RE: REIINNNVINDICAR.

    Não tem nada disso. Esse N não existe, o correto (na pronúncia e na escrita) é REIVINDICAR.

    Assim se escrevem e se pronunciam todas as palavras dessa família: REIVINDICAÇÃO, REIVINDICADO, REIVINDICANTE, etc.

    De agora em diante, se ouvir alguém proferindo errado essa palavra, reivindique a atenção e corrija.
     
    ME TORNAREI, TORNAREI-ME ou TORNAR-ME-EI?
    Vamos observar um pouco de colocação dos pronomes. Você saberia apontar qual destas três opções é a correta?
    1ª) “ME TORNAREI o líder do grupo.” (pronome ME antes do verbo = próclise)
    2ª) “TORNAR-ME-EI o líder do grupo.” (pronome ME no meio do verbo = mesóclise)
    3ª) “TORNAREI-ME o líder do grupo.” (pronome ME depois do verbo = ênclise)

    Segundo a gramática tradicional lusitana, que é normativa, a opção correta seria “TORNAR-ME-EI o líder do grupo.”

    A próclise no início da frase “ME TORNAREI” deveria ser evitada em textos formais, porque a gramática tradicional diz que não se pode iniciar frases com pronome oblíquo.

    No Português do Brasil, principalmente na fala do dia a dia, porém, esse uso é bem comum.

    A opção "TORNAREI-ME" é inaceitável. Não se usa ênclise (pronome após o verbo) com verbos no FUTURO DO INDICATIVO. Sempre que isso ocorrer, estará errado.

    Quando o verbo está no FUTURO do presente ou do pretérito do indicativo, podemos usar o pronome átono em MESÓCLISE, isto é, inserido no meio do verbo:
    “Realizar-SE-á o evento na semana que vem.”
    “Encontrar-NOS-emos em nova confraternização por ocasião da Páscoa.”

    Se você achar pedante, mude a frase: inverta as palavras (O evento se realizará na semana que vem) ou usando um verbo auxiliar (Vamos nos encontrar em nova confraternização...)

    COCO ou CÔCO?
    O nosso problema agora é acentuação gráfica, mais especificamente um acento que incomoda muita gente. Só não sei ainda se o que incomoda é a presença ou a ausência dele.

    Você certamente já foi à praia e tomou uma água de coco. Já reparou no que está escrito na placa ou cartaz dos quiosques ou dos carrinhos? Muito provavelmente, a palavra COCO aparece com acento no primeiro O: “Água de côco”..

    É tanto medo de que a palavra seja lida como oxítona (o que seria um sinônimo de "fezes"), que, por via das dúvidas, o dono do carrinho achou melhor acentuar a primeira sílaba: “CÔCO”.

    Não existe esse acento circunflexo no primeiro “o”, pois não se acentuam as palavras paroxítonas (que têm sílaba tônica na penúltima sílaba) que terminam em A, E e O. O correto, portanto, é COCO, sem acento algum.

    Pior é quando, na ânsia de não parecer outra coisa, o vendedor de água de coco manda acentuar, mas alguém erra e o acento é colocado justamente na última sílaba, o que resulta exatamente no nome dessa outra coisa: o cocô.

    Aí o erro é tão malcheiroso que nem precisa comentar.

  • Dúvidas eternas

    PARALISAR ou PARALIZAR?
    Essa é uma dúvida bastante comum. Como você escreveria esse verbo, que significa "deixar sem ação", "cessar"?

    Normalmente, os verbos terminados em -IZAR são grafados com Z: amenizar, civilizar, fertilizar, legalizar, normalizar, realizar, suavizar, etc.

    O que esses verbos têm em comum? Nenhum deles tem a letra Z ou a letra S na palavra de origem: ameno, civil, fértil, legal, normal, real, suave.

    Já o verbo PARALISAR é diferente. Ele deriva de PARALISIA, que se escreve com S. E escrevem-se com S (a terminação ISAR) os verbos derivados de palavras que já têm S:
    análise > ANALISAR
    aviso > AVISAR
    paralisia > PARALISAR
    pesquisa > PESQUISAR

    ARQUI-RIVAL ou ARQUIRRIVAL?
    Como você descreveria, numa palavra, o que o Vasco da Gama representa para o Flamengo (e vice-versa)? Ou o que o Corinthians representa para o Palmeiras? ARQUI-RIVAL (com hífen) ou ARQUIRRIVAL (sem hífen e com dois erres)?

    Até o Acordo Ortográfico, que entrou em vigor em 2009, cada prefixo tinha suas regras quanto ao uso, ou não, do hífen em palavras que se formam com prefixo (como ARQUI, ANTI, SEMI, etc.). O Acordo Ortográfico unificou as regras, e agora o hífen só é usado antes de H e antes de palavra que comece com a mesma vogal do final do prefixo. Por exemplo, ARQUI-INIMIGO tem hífen porque INIMIGO começa com I, mesma letra final de ARQUI.

    E quando a palavra seguinte começa com R? Quando isso acontece, a união é SEM HÍFEN e o R é dobrado. O mesmo vale para o S. Exemplos: AUTORRETRATO, SEMIRRETA, ANTISSOCIAL... ARQUIRRIVAL se encaixa nesse caso, por isso se escreve com dois erres.

    Resumindo: só usamos hífen com prefixos de mais de uma sílaba e  terminados em vogal, quando a palavra seguinte começa por H e vogal igual: contra-ataque, sobre-erguer, anti-inflacionário, micro-ondas, anti-hemorrágico, mini-hospital, sobre-humano, arqui-inimigo...

    Com as demais letras, devemos escrever tudo junto (sem hífen): autocontrole, contraceptivo, contraindicação, infraestrutura, antissocial, antebraço, minissaia, televendas, arquirrival... 
      
    EMPECILHO ou IMPECILHO?
    Como se escreve (e pronuncia) essa palavra, que designa qualquer coisa que estorva, que atrapalha, que impede a realização de alguma coisa?

    Imagino alguém me perguntando: "Professor, você falou IMPEDE? Já sei a resposta: “O correto é IMPECILHO, com I, porque deriva de IMPEDIR, certo?"

    Poderia ser, mas... você errou!

    A forma correta é EMPECILHO, e não tem nada a ver com IMPEDIR, a não ser pelo significado.
    A palavra vem do verbo (em desuso) EMPECER, que significa "prejudicar", "dificultar".

    De agora em diante, não deixe mais que esta palavra vire um EMPECILHO (com E) para você falar e escrever corretamente.

    VEROSSÍMEL, VEROSSÍMIL ou VEROSSÍMIO?
    Já deve ter acontecido com você. Assistiu àquele filme sem pé nem cabeça, cheio de incoerências no roteiro, que desafia o bom senso, enfim, um filme no qual não dá para acreditar.

    Como você classificaria esse filme: INVEROSSÍMEL (com EL), INVEROSSÍMIL (com IL) ou INVEROSSÍMIO (com IO)?

    Vamos começar por eliminação: VEROSSÍMEL e INVERISSÍMEL(com EL) não existem. E as outras duas?

    Só dá para acreditar num filme, ou numa história qualquer, numa desculpa do amigo que deu mancada, quando há... VEROSSIMILHANÇA, ou seja, um nexo lógico entre os fatos ou as ideias.

    E o que tem VEROSSIMILHANÇA é... VEROSSÍMIL, com IL.

    A outra forma, VEROSSÍMIO (com IO no final), só se for no Planeta dos Macacos, que está repleto de SÍMIOS. Na língua portuguesa, também não existe.

    Se não tem verossimilhança, se não dá para acreditar, a história é INVEROSSÍMIL.

Autores

  • Sérgio Nogueira

    Sérgio Nogueira é professor de língua portuguesa formado em letras pela UFRGS, com mestrado pela PUC-Rio. É consultor de português do Grupo Globo.

Sobre a página

O professor Sérgio Nogueira esclarece dúvidas de português dos leitores com exemplos e dicas que facilitam o uso da língua. Mostra erros comuns e clichês que empobrecem o texto.