Conheça a origem da expressão 'deixar para as calendas gregas'
VOCÊ SABE...
...que significa a expressão “deixar para as calendas gregas”? E de onde vem o “tear de Penélope”?
“Deixar para as calendas gregas” significa “deixar para uma data muito distante, é adiar a solução de alguma coisa para um tempo que nunca há de vir”. Calendas (daí o calendário) era o primeiro dia de cada mês no calendário romano. Não havia o termo calendas no calendário grego. Quando os romanos ironicamente falavam das “calendas gregas”, queriam referir-se a uma data que não existia. Adiar a solução de um problema para as calendas gregas é, portanto, deixar para o dia de “São Nunca”.
O “tear de Penélope” é o trabalho que precisamos recomeçar sempre, e que nunca acaba. A origem do “tear de Penélope” está na Odisseia, umas das famosas obras épicas de Homero, escritor grego. Penélope era a linda e fiel esposa do valente Ulisses. Após anos de ausência, muitos supunham que o herói estivesse morto. Em razão disso, os jovens príncipes de Ítaca acharam-se no direito de desejar a mão da bela Penélope. A sempre fiel esposa prometeu casar-se tão logo terminasse de tecer a mortalha do seu velho sogro Laertes. O problema é que Penélope tecia durante o dia e desfazia o trabalho à noite. Dessa forma o tempo passou sem que a obra chegasse ao fim. Assim fez Penélope até a volta de Ulisses.
Pelo visto, a nossa Penélope ficou tecendo, tecendo e deixou o casamento com os jovens pretendentes para as calendas gregas.
A DICA
Verbos – parte 16
QUIZ ou QUIS?
O certo é QUIS.
Nas formas do verbo QUERER, o som “zê” é sempre escrito com “s”: tu quiseste, ele quis, eles quiseram, se eu quisesse, quando eu quiser...
Observação:
QUISER é futuro do subjuntivo: quando eu quiser, se eu quiser...
QUERER é infinitivo: “Fez isso para eu querer sair.”
Ele REQUEREU ou REQUIS?
O certo é REQUEREU.
REQUERER não é derivado do verbo QUERER. REQUERER não é “querer de novo”:
Eu requeiro (=presente indicativo), que eu requeira (=presente do subjuntivo); no pretérito e no futuro, REQUERER é regular: eu requeri, tu requereste, ele REQUEREU, eles requereram (pretérito perfeito do indicativo); se eu requeresse (pretérito imperfeito do subjuntivo); quando ele requerer (futuro do subjuntivo)...
Nos tempos do passado e do futuro, o verbo REQUERER deve ser usado segundo o padrão dos verbos regulares da 2ª conjugação:
TEMER VENDER REQUERER
Pretérito Perfeito do Indicativo: ele temeu vendeu requereu
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: ele temesse vendesse requeresse
Futuro do Subjuntivo: quando ele temer vender requerer
O DESAFIO
Que significa sinecura?
a) sem data marcada;
b) emprego rendoso que exige pouco trabalho;
c) indispensável, essencial.
Resposta:
Letra (b). Segundo o dicionário Houaiss, sinecure, em inglês, significa na sua origem “benefício eclesiástico sem cuidado real de almas”. Por extensão, passou a significar “qualquer função ou situação que assegura uma remuneração sem que seja exigido trabalho ou responsabilidade real”. Sinecura entrou no português pelo francês sinécure, cargo ou emprego que não obriga a nenhuma função ou que necessita de pouco trabalho.
Adiar o evento sine die significa adiar o evento “sem data marcada”; e condição sine qua non é o indispensável, o essencial.
DÚVIDA DO LEITOR
Nosso leitor critica o uso do acento da crase: “...continuamos na mesma situação, andando à reboque deles, porque esse pacote não resolve o problema”; “...não precisam se desviar das bolinhas de frescobol, nem ver algum acampamento montado à beira-mar”.
O nosso leitor tem razão no primeiro caso. O uso do acento da crase em “a reboque” é absurdo. É impossível haver crase, pois reboque é um substantivo masculino. Temos apenas a preposição “a”.
Em “à beira-mar”, o uso do acento da crase está correto. Beira-mar é um substantivo feminino e a expressão “à beira-mar” é um adjunto adverbial de lugar. Corresponde a “...montado na praia” ou “no litoral”. Isso comprova a existência da preposição e do artigo definido feminino.