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  • Dicas para evitar erros de português frequentes

    Há muitos equívocos frequentes na língua portuguesa, mas inadmissíveis. Saiba como evitá-los:

    1) Policiais não deteram os criminosos

    Deve ser por isso que os criminosos fogem. O verbo DETER é derivado de TER, logo deve seguir sua conjugação. Se eles TIVERAM, o correto é DETIVERAM.

    2) Foram chamados os que ainda não deporam na CPI

    Assim ninguém vai depor. Os derivados do verbo PÔR devem seguir sua conjugação. Se eles PUSERAM, o correto é DEPUSERAM.

    3) O juiz já interviu no caso

    Se “interviu”, foi mal. O verbo INTERVIR deve seguir a conjugação do verbo VIR. Se ele VEIO, “o juiz já INTERVEIO no caso”.

    4) Ele não tinha intervido no caso

    Assim não dá. O particípio do verbo VIR é VINDO (igual ao gerúndio). O correto, portanto, é “Ele não tinha INTERVINDO no caso”.

    5) Está prevista uma paralização para a próxima semana

    Será um fracasso. Se paralisia se escreve com “s”, as palavras derivadas devem ser grafas com “s”: paralisar e PARALISAÇÃO.

    6) Ele luta por sua ascenção profissional

    Assim fica difícil. Os substantivos derivados de verbos terminados em “-ender” (apreender, pretender, compreender, ascender) devem ser escritos com “s”: apreensão, pretensão, compreensão, ASCENSÃO.

    7) Viajou a Tókio

    Não conheço essa cidade: com acento e “k”. Isso não é português nem inglês, que não tem acentos gráficos. A forma aportuguesada é TÓQUIO.

    8) Era lutador de karatê

    A letra “k” não combina com acento gráfico. É mistura de inglês com português. A forma aportuguesada é CARATÊ.

    9) Vire a esquerda

    Aprender crase em placa de trânsito é um perigo. Formas femininas que indicam “lugar, direção” recebem acento indicativo da crase: “Vire à esquerda”.

    10) Obras à cem metros

    Não disse que placa de trânsito é um perigo? Não põe o acento da crase quando deve, e põe quando não deve. Antes de palavras masculinas, não há crase: “Obras a cem metros”.

    DÚVIDAS DE CONCORDÂNCIA

    1) Já FAZ ou FAZEM dois anos que não nos vemos?

    O certo é “já FAZ dois anos que não nos vemos”. O verbo FAZER, quando se refere a tempo decorrido, é impessoal. Isso significa que não tem sujeito e que deve ser usado sempre no singular: “Já FAZ dez anos que ele morreu”; “FAZIA oito minutos que ele não tocava na bola”; “VAI FAZER quatro anos que o Vasco não vence o Flamengo numa final”.

    O mesmo ocorre com o verbo HAVER. Ninguém diria que “hão dois anos que não nos vemos”. Nós não nos vemos “há dois anos”, da mesma forma que não nos vemos “faz dois anos”. Sempre no singular.

    2) DEVE haver ou DEVEM haver dúvidas?

    Quanto ao uso do verbo HAVER, não PODE HAVER mais dúvidas. O verbo HAVER, com o sentido de "existir", deve ser usado sempre no singular: "há muitas dúvidas"; "havia muitas pessoas"; "houve muitos acidentes"; "haverá mais candidatos"...

    A regra continua valendo para as locuções verbais em que o verbo HAVER for o principal: "DEVE HAVER dúvidas"; "PODE HAVER problemas"; "DEVERIA HAVER mais debates"; "PODERÁ HAVER menos candidatos"...

    3) ACONTECEU ou ACONTECERAM dois acidentes nesta esquina?

    Segundo nossas regras gramaticais, o verbo deve concordar o sujeito. No caso acima, o sujeito do verbo ACONTECER é “dois acidentes”, que está no plural. Por isso, devemos dizer que “aconteceram dois acidentes”. Quando alguém diz que “aconteceu dois acidentes”, na verdade, aconteceram três acidentes... 

    4) VAI fazer ou VÃO fazer dois meses que ele viajou?
                      
    O certo é "VAI FAZER dois meses que ele viajou". Já vimos e repetimos que o verbo FAZER, quando se refere a "tempo decorrido" deve ser usado sempre no singular: "FAZ dez dias que não nos vemos"; "FAZIA alguns minutos que o Romário não tocava na bola"...

    A regra continua valendo para as locuções verbais em que o verbo FAZER for o principal: "Já DEVE FAZER duas horas que ela saiu"; "VAI FAZER dois meses que ele viajou".

  • Quais cidades, estados brasileiros e países pedem artigo definido?

    VOCÊ SABE...

    ...quando devemos usar os artigos definidos antes dos nomes de cidades, estados brasileiros e países?

    É importante lembrarmos que o uso do artigo definido pode mudar o sentido da frase. “Está preso em presídio estadual” é diferente de “Está preso no presídio estadual”. No primeiro caso, o estado tem dois ou mais presídios; no segundo, só há um presídio estadual.

    Quanto aos nomes de cidades, estados e países, o problema é sério e merece muito cuidado.

    1)    São poucas cidades que exigem artigo: o Rio de Janeiro, o

    Porto, o Cairo... Os nomes da maioria das cidades são usados sem artigo: São Paulo, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre, Paris, Roma, Lisboa...

    Quando o nome da cidade é caracterizado por qualquer expressão, o artigo se torna obrigatório: a progressista Curitiba, a bela Porto Alegre, a antiga Roma, a Paris dos meus sonhos.

    2)    Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco,

    Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe são usados sem artigo. Os demais estados brasileiros exigem o artigo: o Amazonas, o Pará, o Ceará, a Paraíba, a Bahia... Com Alagoas e Minas Gerais, o artigo é facultativo: hoje usamos Alagoas e Minas Gerais (=sem artigo); mas também é correto usar “as Alagoas” e “as Minas Gerais”.

    3) A maioria dos nomes de países exigem o artigo: a Argentina, o Brasil, a Alemanha, o Peru, a Espanha, o Uruguai... Mas há um bom número que rejeita o artigo: Israel, Portugal, Cuba, Angola, Moçambique, Cabo Verde...

    Como podemos constatar, não há propriamente uma regra.

     

     

    DÚVIDA DO LEITOR

    Agilizar ou agilitar?

    Escreve o nosso leitor: “Se num dicionário consta determinado vocábulo, isso não quer dizer que ele seja vernáculo. Especialmente se a formação da palavra está em desacordo com as normas do idioma (agilizar, por exemplo, é horrível; se não escrevemos facilizar, habilizar, devemos escrever agilitar)".

    Discordo. A incorporação de um neologismo se deve ao seu uso consagrado. E a formação de agilizar não está em desacordo com as normas do idioma. Se temos facilitar e habilitar (formadas com o sufixo “-itar”), também temos normalizar e utilizar (formadas com o sufixo “-izar”).

    Quando ao uso, não tenho dúvida alguma de que a maioria fala agilizar. Nas poucas vezes em que ouvi alguém dizer “agilitar”, sempre percebi certo mal-estar e aquela desagradável situação: todos olhando para mim à espera de uma reação.

     

     

    DÚVIDA DO LEITOR

    VIGIR ou VIGER?

    Observação de um leitor a respeito de um informe publicitário: “O controle de preços dos medicamentos é inconstitucional e é impossível de vigir porque vai contra o princípio da livre concorrência estabelecido pela Constituição.”

    O nosso atento leitor tem razão. O verbo vigir não existe. O verbo é viger, sinônimo de “vigorar, ter validade”. Do verbo viger derivam-se o substantivo vigência e o adjetivo vigente: “Durante a vigência do contrato...”; “O prazo vigente é...” Portanto, o correto é dizer que “o controle de preços ainda está vigendo”.

     

    DESAFIO

    Qual é o significado de INANIÇÃO?

    (a)  Absorção pelas vias respiratórias, de vapor de água puro ou misturado a substâncias medicamentosas;

    (b)  Resultado da privação total ou parcial de alimento, fraqueza, extrema debilidade;

    (c)  Que nunca se ouviu dizer, extraordinário, espantoso.

     

    Resposta:

    Letra (b) = inanição é o estado de inane, que significa “vazio, oco, que nada contém”. Falamos muito de inanição quando nos referimos àquelas pessoas que se encontram em estado de extrema fraqueza por falta total ou parcial de alimentação.

    A absorção pelas vias respiratórias, de vapor de água puro ou misturado a substâncias medicamentosas é inalação.

    E o que nunca se ouviu dizer é inaudito.

     

    CRÍTICA DO LEITOR

    “Todos os pedidos de rede de rádio e TV, de qualquer ministro, é atendido...” e “Não existe, no Brasil, instalações para internação específica de dependentes químicos”.

    Observação de um leitor muito atento: “A minha impressão é que há dois grandes culpados pela maioria dos nossos erros de concordância: 1o) a distância entre o sujeito e o verbo; 2o) o sujeito posposto (=sujeito depois do verbo)”.

    Concordo com nosso leitor. Ele está corretíssimo:

    1o) a distância entre o sujeito e o verbo: “Todos os pedidos...são atendidos...”;

    2o) o sujeito posposto (=sujeito depois do verbo): “Não existem...instalações...”


Autores

  • Sérgio Nogueira

    Sérgio Nogueira é professor de língua portuguesa formado em letras pela UFRGS, com mestrado pela PUC-Rio. É consultor de português do Grupo Globo.

Sobre a página

O professor Sérgio Nogueira esclarece dúvidas de português dos leitores com exemplos e dicas que facilitam o uso da língua. Mostra erros comuns e clichês que empobrecem o texto.