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  • Ovos estrelados ou ovos estalados?

    Hoje vamos começar falando um pouco sobre preferências culinárias. Você, por exemplo, prefere ovos estrelados ou ovos estalados?

    Eu prefiro ovos estrelados, que são aqueles ovos que, como são fritos sem mexer, ficam com uma forma de estrela. Devo confessar, que eu nem sabia o que é um ovo estalado. Seria um ovo que dá estalos?

    A verdade, porém, é que as novas edições de nossos principais dicionários registram as duas formas: ovos estrelados e ovos estalados. Na dúvida, peça ovos fritos. Aí não há discussão.

    Agora, se você resolver mexer os ovos, não se esqueça de que o verbo MEXER se escreve com X.

    E aqui vai uma dica, após sílaba inicial ME, a maioria das palavras é grafada com X e não CH. Escreva, portanto com X as palavras:

    mexerico
    mexicano
    mexilhão
    mexido

    Só fique esperto com a exceção MECHA (como a de cabelo) que se escreve com CH.

    E já que estamos falando de comida, você diz que prepara uma deliciosa omelete ou um delicioso omelete?

    Tanto faz.

    Omelete tradicionalmente sempre foi uma palavra feminina: UMA omelete. Omelete é uma fritada de ovos. Se você diz UMA fritada de ovos, diga UMA omelete.

    É importante saber, porém, que a forma masculina (UM omelete) também aparece registrada em nossos dicionários.

    Ele viajou a/à serviço com ou sem crase?

    Eu sei que a crase é um assunto polêmico e que quase todo mundo tem dificuldade na hora de escrever.

    Mas acho que isso só acontece porque esquecem que o caso mais freqüente da crase é a união da preposição A com o artigo A.

    Assim, para que a crase ocorra, a palavra que antecede a crase tem que exigir a preposição A e a palavra que vem depois tem que aceitar o artigo A.

    Achou difícil? Então vamos à pratica.

    Você colocaria o acento indicativo da crase na frase: Ele viajou A serviço? Antes de responder, vamos refletir:
    Você diz: A serviço foi cansativa?

    Não, não é mesmo? Todos sabem que serviço é uma palavra masculina. Dizemos: O serviço foi cansativo. Se SERVIÇO é palavra masculina, não aceita ser precedida por artigo feminino, o que impossibilita a ocorrência da crase.

    Guarde essa dica: NÃO EXISTE CRASE ANTES DE PALAVRA MASCULINA.

    Escreva, portanto, sem crase:
    andar a cavalo / andar a pé / votar a favor / discutir a respeito

    Moral baixo ou moral baixa?

     Certamente, você já ouviu muito técnico de futebol dizendo que o time perdeu porque “a moral dos jogadores estava baixa”. Mas, será que essa desculpa muito usada ainda convence alguém?

    Na verdade, essa justificativa não devia convencer ninguém. Principalmente porque ela não tem sentido.

    A palavra MORAL no feminino "A MORAL" significa um conjunto de valores ou princípios éticos que norteiam o comportamento das pessoas na sociedade.

    Devemos, então dizer:
    Essa empresa zela pela moral e pelos bons costumes.

    A palavra MORAL no feminino também pode ter o sentido de conclusão ou objetivo de uma narrativa. Todos querem saber A MORAL da história.

    Agora, voltando à causa da derrota no jogo de futebol, o técnico deveria colocar a culpa NO MORAL BAIXO do time.

    Pois a palavra MORAL no masculino "O MORAL" diz respeito ao estado de espírito das pessoas.

    Ela é superlegal, super-legal ou super legal?

    Agora vamos falar de um hábito linguístico muito comum entre os adolescentes, mas que traz muitos problemas na hora de escrever.

    Estamos falando da moda do SUPER. Você já ouviu: Ela é superlegal / Ele é supersimpático...

    Mas cuidado! Embora essas frases não apresentem problemas na fala, na hora de escrever é um Deus nos acuda!

    E isso acontece porque SUPER-, nesse sentido que demonstra excesso, abundância, não é uma palavra independente. Ela não tem sentido sozinha.

    É um prefixo que só pode ser usado ligado a outra palavra. E quando eu digo LIGADO, é ligado mesmo. Por isso, SUPERLEGAL é uma palavra só, escreva tudo junto, assim como supermercado...

    Mas atenção, se a palavra que se liga ao prefixo SUPER- começar com a letra R ou com H, você deve colocar um hífen para ligar os dois. Como em SUPER-RESISTENTE, SUPER-RACIONAL, SUPER-RESFRIADO, SUPER-HOMEM...

  • Aula de revisão: concordância nominal

    Caso 1 - Regras básicas:
    1ª) Os adjetivos, os numerais, os pronomes e os artigos concordam com o substantivo em gênero e número;
    “Ele é um homem ALTO”;
    “Ela é uma mulher ALTA”;
    “São dois homens ALTOS”;

    2ª) Os advérbios, as conjunções e as preposições não se flexionam.
    “Ele fala ALTO”;
    “Ela fala ALTO”;
    “Eles falam ALTO”.

    Caso 2 - Um adjetivo e vários substantivos:
    Se houver um substantivo masculino, o adjetivo concordará no masculino plural:
    “Só lia livros e revistas especializados”;

    Se o adjetivo estiver antes dos substantivos, deverá concordar com o mais próximo:
    “Apresentou péssima forma física e desempenho”.

    Caso 3 - Um substantivo e vários adjetivos:
    O substantivo vai para o plural ou fica no singular e o artigo deve ser repetido:
    “As polícias civil e militar”;
    “A polícia civil e a militar”;
    “Hastearam as bandeiras brasileira e argentina”;
    “Hastearam a bandeira brasileira e a argentina”;
    “Alunos de quinta e sexta séries;
    “Alunos da quinta e da sexta série”.

    Caso 4 – Adjetivos compostos
    Somente o segundo elemento se flexiona em gênero e número:
    “Eram questões médico-hospitalares”;
    “Sempre admirou a cultura greco-latina”;
    “Camisas verde-amarelas”;
    “Cabelos castanho-escuros”.

    Caso 5 – Cores
    Adjetivos concordam:
    “Eram camisas vermelhas, azuis e amarelas”;

    Substantivos em função de adjetivo não se flexionam:
    “Eram camisas limão, gelo e violeta”;

    Cores compostas em que o segundo elemento é substantivo não se flexionam:
    “Eram camisas verde-limão, azul-céu e vermelho-sangue”.

    Caso 6
    Meio = metade (numeral): concorda;
    Meio = mais ou menos (advérbio): não concorda.
    “Comeu meia laranja”;
    “Ela estava meio nervosa”;

    Caso 7
    Bastante = muito, suficientemente (advérbio): não concorda;
    Bastante = suficiente (adjetivo): concorda.
    “Eles ficaram bastante cansados”;
    “Já tem provas bastantes para incriminar o réu”;

    Caso 8
    Só = sozinho: concorda;
    Só = somente: não concorda.
    “Eles moram sós”;
    “Só os dois não viajaram”;

    Caso 9
    Mesmo = próprio: concorda;
    Mesmo = até, realmente: não concorda.
    “Ela mesma resolveu o problemas”;
    “Eles feriram a si mesmos”;
    “Mesmo as professoras erraram aquela questão”;

    Caso 10
    Junto = adjetivo: concorda;
    Junto a / junto de (ao lado de) = locução prepositiva: não concorda.
    “Elas moram juntas”;
    “As mesas estão junto da parede”;
    “A farmácia fica junto ao hotel”;

    Caso 11
    Anexo = adjetivo: concorda;
    Em anexo = não concorda.
    “Segue anexo (OU em anexo) o contrato assinado”;
    “Seguem anexos (OU em anexo) os arquivos solicitados”;
    “As notas fiscais estão anexas (OU em anexo);

    Caso 12
    É PROIBIDO, É PERMITIDO, É BOM... só flexionam se o substantivo estiver determinado:
    “É proibido entrada de estranhos”;
    “É proibida a entrada de estranhos”;
    “Dizem que pimenta é ótimo para o coração”;
    “Dizem que esta pimenta é ótima”;
    “Demissão em massa não é bom”;
    “Minha demissão não foi boa”.

  • Como usar os muitos porquês

    Você tem dúvidas sobre os muitos porquês da sua vida? Bom, pelo menos, os da língua portuguesa nós vamos esclarecer hoje! Acompanhe comigo.

    Escreva PORQUE tudo junto e sem acento quando esse PORQUE tiver o sentido de POIS. Por exemplo: "Feche a porta PORQUE o frio está insuportável" é o mesmo que dizer: "Feche a porta POIS o frio está insuportável".

    E você sabe quando devemos colocar o acento circunflexo no E da palavra PORQUE? É simples: colocamos o acento circunflexo na letra E quando antes do PORQUE vier o artigo definido O ou o artigo indefinido UM.

    Na frase: "Todos querem saber o PORQUÊ de sua decisão", esse porquê recebe o acento circunflexo pois vem precedido do artigo O: "Todos querem saber O porquê de sua decisão".

    Já o POR QUE separado, deve ser escrito em perguntas e quando puder ser substituído pelas expressões POR QUAL, PELO QUAL, PELAS QUAIS...

    Por exemplo, na frase: "Desconheço as razões por que a viagem foi adiada", devemos escrever esse POR QUE separado, pois ele pode ser substituído PELAS QUAIS. Confira: Desconheço as razões PELAS QUAIS a viagem foi adiada.

    E aqui vai mais uma dica: o POR QUE separado em final de frase deve receber o acento circunflexo no E. Assim, na frase: Parou POR QUÊ?

    Esse POR QUÊ é separado, pois se trata de uma pergunta e ele recebe acento circunflexo no E, porque está no final da frase.

    Vende-se ou vendem-se casas?

    Hoje vamos abordar uma dúvida muito comum. Por que a tradição gramatical manda escrever: Vendem-se casas... e não Vende-se casas?

    Primeiro precisamos reconhecer que a palavra CASAS nesse caso é sujeito da oração. Um sujeito que sofre a ação expressa pelo verbo: As casas estão sofrendo a ação de serem vendidas.

    VENDEM-SE CASAS teria o mesmo sentido de dizer AS CASAS SÃO VENDIDAS.

    Assim, se a palavra CASAS é o sujeito da oração, o verbo deve ser usado no plural para concordar com esse sujeito que está no plural.

    É o mesmo caso de Alugam-se salas. Se podemos dizer Salas são alugadas, temos a certeza de que a palavra SALAS é o sujeito da oração. Ora, se o sujeito SALAS está no plural, o verbo ALUGAM-SE também deve estar no plural.

    Meio ou meia?

    Embora seja comum ouvirmos frases como: A diretoria ficou meia tensa, A atleta ficou meia triste, A vizinha estava meia nervosa... Cuidado! Essas frases não são aceitas na língua culta. E você sabe por quê?

    É simples! Isso acontece, porque nesses casos, a palavra MEIO é um advérbio e por isso não varia sua forma, ou seja, vai ser sempre MEIO, não importando o gênero (masculino ou feminino) da palavra a que se refere.

    E a palavra MEIO é um advérbio quando tiver o sentido de mais ou menos. Assim, se dizemos que a diretoria ficou mais ou menos tensa, devemos dizer que a diretoria ficou MEIO tensa. Se a vizinha estava mais ou menos nervosa, então ela estava MEIO nervosa. Se a atleta ficou mais ou menos triste, ela ficou MEIO triste.

    Quando, então, devemos usar a palavra MEIA? Usamos a palavra MEIA quando ela tiver o sentido de METADE. Ela tomou meia garrafa de água, quer dizer que ela tomou metade da garrafa.

    Por isso diga sempre: É meio-dia e meiA, pois se trata de metade de um dia (meio-dia) com a metade de uma hora (meia hora).

    Interveio ou interviu?

    Você sabe o que é um verbo derivado? Não? Então anote aí: recebe o nome de verbo derivado aquele verbo que é o resultado da soma de um prefixo com um verbo primitivo.

    Assim, dizemos que o verbo PROVIR é derivado, pois ele é o resultado da soma do prefixo PRO- com o verbo primitivo VIR. O verbo INTERVIR é derivado, pois resulta de soma do prefixo INTER- com o verbo VIR.
    Temos, então, pelo mesmo processo, os verbos ADVIR, CONVIR, SOBREVIR... todos derivados do verbo VIR.

    E conjugar um verbo derivado é muito simples, pois ele deve seguir a conjugação do verbo primitivo.

    Assim, se dizemos EU VENHO, devemos dizer EU INTERVENHO, EU PROVENHO, EU ADVENHO, EU CONVENHO, EU SOBREVENHO...

    Se dizemos QUANDO ELE VIER, devemos dizer QUANDO ELE INTERVIER, QUANDO ELE PROVIER, QUANDO ELE ADVIER, QUANDO ELE CONVIER...

    E se ele VEIO, o correto é INTERVEIO.

    Mas cuidado com os acentos! Enquanto no verbo primitivo VIR, a terceira pessoa do singular: Ele VEM, não tem acento; nos verbos derivados, essa terceira pessoa recebe um acento agudo no último "E". Devemos, assim, escrever: Ele intervém, ele provém, ele convém... todos com acento agudo no último "E".

  • Quando usar o gerúndio?

    1ª) Gerundismo

    Para começar, vamos analisar um modismo que está demorando a passar: o uso indiscriminado do gerúndio.

    O gerúndio, para quem não se lembra, é aquela forma nominal do verbo terminada em -ndo (como em cantANDO, bebeNDO e partiNDO), que são perfeitamente normais quando estamos dizendo que algo está acontecendo ao mesmo tempo que outro fato ocorre.

    Mas, já há algum tempo, virou moda empregar o gerúndio para indicar ações futuras. Frases, do tipo:

    "A empresa vai estar depositando o salário dos funcionários hoje à tarde..."
    Ou
    "A diretoria vai estar realizando um reunião ..."

    Vamos evitar isso. Para indicar ação verbal no futuro não use o gerúndio e diga de forma direta:

    "A empresa vai depositar o salário dos funcionários";
    OU
    "A empresa depositará o salário dos empregados".

    Outro exemplo:

    "A diretoria vai realizar uma reunião."
    Ou:
    "A diretoria realizará uma reunião."

    Não estou dizendo que usar o gerúndio está sempre errado. Nada disso. Ele está correto em frases como:

    - Maria partiu chorando...
    - Vi o aluno fugindo da aula...
    - Ele acabou dormindo na sala...
    - Mesmo chovendo muito, fui ao parque.

    2 - Tatu ou Tatú?

    Vamos falar um pouco sobre as regras de acentuação.

    Você, certamente, já deve ter se deparado com um erro muito comum que consiste em acentuar a letra U no final das palavras. Quem nunca viu as palavras perU, cajU, PacaembU, urubU com acento agudo no U?

    Embora muitas vezes essas palavras apareçam com acento agudo, isso não é correto.

    Segundo a regra de acentuação da língua portuguesa, as palavras oxítonas (aquelas com a última sílaba forte) só são acentuadas quando terminam em A, E e O (seguidas ou não de S) e as terminadas em EM e ENS.   

    Perceba que as palavras oxítonas terminadas em U e I não constam dessa regra.

    Acentuamos graficamente sofá, sabiá, atrás, lilás, pois terminam em A ou AS. E também: café, você, chinês, porque terminam em E ou ES. E cipó, avô, após, porque terminam em O ou OS.

    E como exemplo das terminadas em EM e ENS, podemos citar: alguém e parabéns.

    E se a Malu quiser acentuar o U final de seu nome, argumentando que o nome é dela e ela põe o acento onde quiser? Bom, nesse caso, explique a ela que os nomes próprios também devem obedecer às regras de acentuação. E, portanto, por ser uma palavra oxítona terminada em U, o nome Malu não deveria receber acento agudo.

    3 - Com U ou com L?

    Vocês estão com bom ou mau humor?

    Vamos falar de algumas palavras que têm o mesmo som, mas mudam de sentido quando são escritas com L ou com U. Como é o caso de maU com U e maL com L - o primeiro é o contrário de bom; o segundo, o oposto de bem. Então, diga ou escreva: "Estou mal-humorado" com L, pois é o contrário de bem-humorado. Ou então: "Estou de mau humor" com U, pois é o contrário de bom humor.

    Outro exemplo: você sabe a diferença entre cauda com U e calda com L?

    Cauda com U quer dizer rabo de animal. E passamos a chamar de cauda com U qualquer coisa que tenha semelhança com o rabo do animal, como: cauda do avião, cauda dos cometas, cauda do vestido de noiva, piano de cauda...

    Já calda com L é aquele líquido delicioso, fervido com muito açúcar até ficar espesso e viscoso e que acompanha os doces. Temos, assim, escritas com L, a calda de chocolate, os figos em calda, calda de ameixa...

    E calção com L e caução com U, você sabe a diferença?

    Caução com U quer dizer garantia, segurança, é muito usado como termo jurídico com o sentido de garantia de um pagamento de uma dívida. É comum os bancos pedirem uma caução (como a hipoteca de uma casa) para liberar um empréstimo, ou os hospitais pedirem um cheque caução, para permitirem uma internação.

    Agora, calção com L é aquela calça de perna curta usada para tomar banho de mar e de piscina.

     4 - Tráfego ou tráfico?

    Vou continuar ajudando você a não se confundir mais com palavras que têm o som muito parecido, mas querem dizer coisas bem diferentes.

    É muito comum, por exemplo, as pessoas confundirem TRÁFEGO com TRÁFICO.

    Lembre-se: tráfico (com F-I-C-O) refere-se a comércio ilegal. Há tráfico de drogas, de mulheres, de escravos, de crianças.

    E cuidado! Evite dizer: Tráfico ilegal, já que todo tráfico é ilegal por definição. Como não existe tráfico dentro da lei, fuja dessa redundância.

    Já a palavra tráfego (com F-E-G-O) quer dizer circulação. Há tráfego de animais, de carros, de aviões...

  • Dúvidas eternas: usar 'S' ou 'Z', 'O' ou 'LHE'?

    O uso dos pronomes O e LHE

    Nossa primeira dica de hoje é sobre o uso dos pronomes oblíquos, principalmente dos pronomes "O" e "LHE" - que se referem à terceira pessoa - de quem se fala!

    Mas antes de falar neles, vamos relembrar. Se falamos com alguém, usamos a segunda pessoa não é? Então deveríamos usar o TU e os pronomes a ele relacionados: "Vou te amar para sempre", por exemplo.

    Mas o problema surge quando usamos o pronome VOCÊ, pois embora faça concordância como se fosse da terceira pessoa - é usada para se referir a pessoa com quem se fala.

    Para saber quando usar O (ou A) e LHE precisamos analisar o verbo.

    Se o verbo exigir a preposição "A" devo usar o LHE. Observe: se eu obedeço A você, eu LHE obedeço. Se eu entreguei as encomendas A você, eu LHE entreguei as encomendas. Se devo dizer a verdade A você, eu devo dizer-LHE a verdade.

    Agora, se o verbo não exigir preposição, devo usar o pronome "O" ou "A", de acordo com o gênero a que se refere. Eis alguns exemplos:

    Eu encontrei você no cinema / Eu O encontrei no cinema.
    Ninguém ajudou você / Ninguém O ajudou.
    Eu não vi Lúcia no parque / Eu não A vi no parque.
    Assim, se A Lúcia ama o Paulo, diga que A Lúcia O ama e não que Ela LHE ama!

    Com S ou com Z?

    Agora vamos falar de uma duplinha que pode nos dar muito trabalho. As letras S e Z.  A confusão acontece porque quando a letra S está entre duas vogais ela tem o som de Z. E aí, se as duas têm o mesmo som, como saber se devemos escrever com uma ou com a outra?

    Claro que a maneira mais segura de acabar com a dúvida é consultando um dicionário, mas se ele não estiver por perto, aqui vai uma dica: tente se lembrar de como você escreve as outras palavras da mesma família.

    Por exemplo, se você tiver que escrever o verbo PARALISAR, e ficar em dúvida se deve colocar o S ou o Z, é só se lembrar de como você escreve as palavras PARALISIA, PARALISAÇÃO, PARALISANTE, PARALISADO. Como essas palavras se escrevem com S e são da família do verbo PARALISAR é de se esperar que o verbo PARALISAR também se escreva com S.

    O mesmo processo acontece com o verbo DESPREZAR, que é escrito com Z como as outras palavras da sua família: DESPREZO, DESPREZADO, DESPREZÍVEL.

    É proibido. É bom. É permitido

    Você, certamente, já leu muitas vezes essa expressão e deve ter notado que em algumas ocasiões ela aparece no feminino e em outras, no masculino. Por exemplo, você fica em dúvida se o certo é:

    É proibido bebida alcoólica OU É proibida bebida alcoólica?

    Nesse caso a regra é muito simples, acompanhe comigo:

    Se antes da palavra BEBIDA houver o artigo A, a expressão deve estar no feminino: É PROIBIDA, concordando com a palavra BEBIDA.

    Fica assim: É proibidA A bebida alcoólica.

    Mas se não houver artigo antes da palavra BEBIDA, a expressão fica no masculino: É proibido bebida alcoólica.

    A mesma regra deve ser aplicada para as expressões É BOM, É NECESSÁRIO, É PERMITIDO...
    É necessáriO presença nas aulas./É necessáriA A presença nas aulas.
    Água é BOM para saúde. / A água é BOA para saúde.
    Não é permitidO entrada de pessoas estranhas. / Não é permitidA A entrada de pessoas estranhas.

    Por e puser

    Verbos e suas conjugações sempre deixam dúvidas, especialmente a conjugação de alguns verbos derivados. Por exemplo, você sabe dizer qual é a forma correta entre essas duas opções:

    Os diretores recomporam o patrimônio da empresa
    OU
    Os diretores recompuseram o patrimônio da empresa?

    Para solucionar essa dúvida, basta você lembrar que o verbo RECOMPOR deriva do verbo PÔR.

    Então, ele deve seguir a conjugação do verbo PÔR.

    Assim, se dizemos: Os diretores PUSERAM dinheiro no patrimônio da empresa, devo dizer: Os diretores RECOMPUSERAM o patrimônio da empresa.

    O mesmo acontece com os outros verbos derivados do verbo PÔR, como os verbos: EXPOR, DISPOR, PROPOR, SUPOR...

    Assim, se dizemos Eu PUS, devemos dizer: EU EXPUS, EU DISPUS, EU PROPUS, EU SUPUS...

    Uma dica: todas as formas verbais do verbo PÔR e consequentemente de seus derivados que têm o som de Z devem ser escritas com a letra S. Como: puser, dispuser, pusemos, expusemos, puseram, propuseram, pusesse, supusesse... Todas com S. Não esqueçam!

  • 15 pequenas dicas para não errar

    1ª) Custou CINCOENTA reais.
    O certo é CINQUENTA (sem trema).
    O trema foi abolido pelo novo acordo ortográfico.
    Cincoenta nunca teve registro no Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras nem em nossos principais dicionários.

    E o correto é QUATORZE ou CATORZE?
    Tanto faz. As duas formas são aceitáveis. É bom lembrar que QUATORZE nunca se escreveu com trema (a vogal u é seguida de a e, além disso, o acento foi abolido pelo novo acordo ortogtáfico).

    2ª)  Está fazendo zero GRAUS.
    Pelo visto, o frio é tanto que congelou a concordância. ZERO é singular, portanto o correto é “zero GRAU”.

    3ª)  SÃO uma hora da tarde?             
    O verbo SER sempre concorda com as horas: "É uma hora da tarde"; "SÃO treze horas"; "SÃO duas horas"; "SÃO dez horas"; "É uma e dez da madrugada"; "É zero hora".
    Assim sendo, "SÃO doze horas", mas "É meio-dia"; "SÃO doze horas e 30 minutos", mas "É meio-dia e meia".

    4ª) ANEXO seguem os documentos.
    A forma ANEXO corresponde a anexado e deve concordar com o substantivo a que se refere:
    “ANEXOS seguem os documentos”
    "ANEXA segue a nota fiscal"
    "Os documentos solicitados estão ANEXOS"

    A forma EM ANEXO é invariável, isto é, não vai para o feminino nem para o plural: “EM ANEXO, seguem os documentos”; "Em anexo, segue a nota fiscal'; "Em anexo, vão os documentos solicitados".
                      
    5ª) Ele sempre QUIZ estudar.
    O certo é ele QUIS.
    O som "zê" na conjugação do verbo QUERER deve ser grafado sempre com "s": eu quis, tu quiseste, ele quis, nós quisemos, vós quisestes, eles quiseram, quando eu quiser, se eu quisesse, quisera...
                      
    6ª) Ele REQUIS seus direitos.
    O certo é ele REQUEREU.
    O verbo REQUERER significa "pedir por meio de requerimento, reivindicar, solicitar". REQUERER, na sua conjugação, não segue o verbo "querer".
    Nos tempos do pretérito, segue o modelo dos verbos regulares da 2ª conjugação: se ele ATENDEU, ENTENDEU e VENDEU, ele REQUEREU.

    7ª) Não estrupe a nossa língua.
    O verbo é ESTUPRAR. ESTUPRADOR é quem comete ESTUPRO.

    8ª) Não depedre a sala de aula.
    O verbo é DEPREDAR. Quem destrói comete DEPREDAÇÃO. Nada tem a ver com pedras. Jogar pedras é APEDREJAR.

    9ª) Não seje infeliz. 
    Não seje, nem esteje, muito menos teje. Os verbos SER, ESTAR e TER, no presente do subjuntivo, são: SEJA, ESTEJA e TENHA.

    10ª) Houveram muitos problemas.
    Pelo visto, mais problemas que se imaginava. O verbo HAVER, com o sentido de “existir ou acontecer”, é impessoal (sem sujeito), por isso só pode ser usado no singular. O certo é “HOUVE muitos problemas”.

    11ª) Tivemos menas chances.
    Pelo visto, MENOS chances do que se imaginava. A forma menas simplesmente não existe.

    12ª) Cuidado com os degrais.
    Assim todos caem. O plural de degrau é DEGRAUS, assim como graus, saraus, bacalhaus... A terminação “-ais” é para as palavras terminadas em “-al”: canais, iguais, animais, anuais...

    13ª) Ele não recebeu os troféis.
    Troféis ninguém merece. O correto é TROFÉUS, assim como chapéus, réus, céus... A terminação “-éis” é para as palavras terminadas em “-el”: papéis, pastéis, quartéis, coronéis, tonéis...

    14ª) Deixou tudo para mim fazer.
    MIM não faz nada. Antes de verbo, na função de sujeito, devemos ter o pronome pessoal do caso reto: “...para EU fazer”.

    15ª) Terá de dividir entre eu e você.
    Assim eu fico sem nada. Não há verbo após os pronomes, portanto não exercem a função de sujeito. Em razão disso, devemos usar o pronome pessoal oblíquo: “...entre MIM e você”.

Autores

  • Sérgio Nogueira

    Sérgio Nogueira é professor de língua portuguesa formado em letras pela UFRGS, com mestrado pela PUC-Rio. É consultor de português do Grupo Globo.

Sobre a página

O professor Sérgio Nogueira esclarece dúvidas de português dos leitores com exemplos e dicas que facilitam o uso da língua. Mostra erros comuns e clichês que empobrecem o texto.