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  • Vossa Senhoria está 'cansado' ou 'cansada'?

    Certamente você conhece os pronomes de tratamento, não é verdade? Sabe que Vossa Excelência deve ser usado para as autoridades; Vossa Alteza, para príncipes e nobres; Vossa Majestade, para os reis; Vossa Santidade, para o papa.

    O problema surge quando devemos concordar o adjetivo com o pronome de tratamento. Por exemplo, se você tivesse que se dirigir, cerimoniosamente, a um homem, você diria: “Vossa Senhoria está cansado” (concordando o adjetivo cansado com o sexo da pessoa) OU “Vossa Senhoria está cansada” (concordando o adjetivo cansada com a forma feminina de Vossa Senhoria)?

    Situação difícil essa, não é mesmo?

    A concordância no feminino “Vossa Senhoria está cansada”, mesmo referindo-se a um homem não está errada, mas para não correr o risco de ser mal-interpretado, lembre-se de sempre concordar o adjetivo com o sexo da pessoa com quem se fala.

    Assim, ao dirigir-se a um homem, é correto e melhor dizer:

    “Vossa Senhoria está cansado”.

    E ao se dirigir a uma mulher, diga:

    “Vossa Senhoria está cansada”.

     Moro à Rua dos Pinheiros OU moro na Rua dos Pinheiros?

    Alguns modismos surgem de repente e demoram a passar. Alguns, inclusive, surgem com fama de chique e todo o mundo resolve usar, achando que está falando bonito e corretamente.

    Esse é o caso da mania de as pessoas dizerem que moram À Rua dos Pinheiros. Talvez imaginem que é alguma forma superior e mais atualizada de falar ou escrever. O problema é que essa regência é condenada na chamada norma culta. O correto é dizer "Eu moro NA Rua dos Pinheiros".

    Para você entender melhor por que devemos dizer NA rua e não À rua, basta você trocar a palavra RUA por BAIRRO.

    Ninguém diz "Eu moro AO bairro de Pinheiros". Todos dizem que moram NO bairro de Pinheiros. Do mesmo jeito, devemos dizer que moramos NA Rua da Consolação e não À Rua da Consolação.

    Essa mesma construção deve ser aplicada para RESIDIR e RESIDENTE.

    Diga, portanto, que “O professor reside NA Rua dos Andradas; que “O motorista, residente na Rua São Bento, foi multado”.

    Ele foi à Roma OU a Roma?

    Vamos recordar mais um caso de crase. Vamos ver quando devemos usar a crase antes de nome de lugar (= topônimos), como nome de cidade, de bairro, de país...

    Por exemplo, na frase “Ele foi a Roma”, você acha que esse "A" antes de Roma deve levar o acento indicativo da crase ou não?

    Você acertou se respondeu NÃO.

    Não ocorre a crase porque o topônimo Roma não é usado com artigo. Dizemos simplesmente “Roma é uma belíssima cidade”.

    Para saber se o nome de lugar aceita o acento indicativo da crase, basta imaginar a frase com o verbo "voltar". Se dizemos: "Ele voltou DE Roma", vamos escrever que ele foi A Roma sem crase. 

    Mas se dizemos que ele voltou DA Itália, devemos escrever que ele foi À Itália com crase. Isso significa que o topônimo Itália é antecedido de artigo. Dizemos que “A Itália é um belíssimo país”.

    Guarde a dica: Se você volta DA, você vai À com acento indicativo da crase.

    Se você volta DE, você vai A sem o acento indicativo da crase.

    Exemplos:
    Vou à Tijuca (volto da Tijuca);
    Vou a Copacabana (volto de Copacabana);
    Vou à Bahia (volto da Bahia);
    Vou a Brasília (volto de Brasília);
    Vou à Alemanha (volto da Alemanha);
    Vou a Portugal (volto de Portugal).

    Peixe tem espinho OU espinha? 

    Você já notou como, às vezes, nos confundimos com algumas palavras parecidas, mas que querem dizer coisas bem diferentes? É o que acontece com as palavras ESPINHO e ESPINHA.

    Você diria que “O peixe tem muita espinha” OU que “O peixe tem muito espinho”?

    Se você está se referindo ao nome daqueles “ossinhos” finos e pontiagudos que formam o esqueleto do peixe, diga que ele tem muita espinha.

    Assim, para não se engasgar nem com o peixe nem com o português, compre peixe sem ESPINHA.

    Peixe com ESPINHO eu só conheço um: o baiacu, que parece um porco-espinho. Esse peixe quando irritado apresenta umas saliências fininhas e pontiagudas DO LADO DE FORA DO CORPO. Esse, então, seria o único peixe com espinhas (dentro do corpo) e com espinhos (fora do corpo).

    Peixes têm ESPINHA. O caule de algumas plantas e o ouriço-do-mar têm ESPINHOS.

  • A gente OU agente?

    Muita gente me pergunta se o correto é escrever AGENTE junto ou separado. Depende do que se quer falar, pois as duas formas existem, só que querem dizer coisas bem diferentes.

    Devemos escrever a letra A (artigo definido feminino singular) separada da palavra GENTE (substantivo) quando estivermos nos referindo, de uma maneira informal, à primeira pessoa do plural, o NÓS. Assim, se queremos dizer que nós fomos à festa ontem, devemos escrever que “A GENTE (separado) foi à festa ontem”.

    Perceba que embora a palavra A GENTE escrita separadamente expresse uma ideia de plural (a ideia de nós) o verbo deve ser empregado no singular. Escreva: a gente faz, a gente come, a gente viaja... sempre no singular.

    Já a palavra AGENTE escrita junto, sem o espaço entre o A e o GENTE indica um profissional: o agente de turismo, o agente penitenciário, o agente secreto...

    Houve acidentes OU houveram acidentes?

    Vamos recordar um verbo muito especial e fonte de muitos tropeços: o verbo HAVER. Você sabia que é inaceitável dizer que “Houveram dois acidentes”?

    Embora muita gente ache que o verbo haver deve ir para o plural para concordar com OS DOIS ACIDENTES, nesse caso, o correto é dizer que HOUVE DOIS ACIDENTES. Isso mesmo, com o verbo HAVER no singular.

    Sabe por quê? Isso ocorre porque o verbo HAVER, quando tem o sentido de EXISTIR ou ACONTECER é impessoal, ou seja, não tem um sujeito com quem concordar. E por não ter esse sujeito, ele deve ficar fixo na terceira pessoa do singular. 

    Assim, nada de dizer “Haviam dúvidas, houveram reclamações”.

    Diga, sem medo de errar:
    HÁ muitas pessoas na reunião.
    HAVIA muitas dúvidas no processo.
    HOUVE muitas reclamações.
     
    Olhos verdes-claros OU olhos verde-claros?

    Todos sabem concordar o adjetivo com o substantivo, não é mesmo? Ninguém diz: Comprei uma camisa CLARO ou Comprei um casaco CLARA.

    Todos dizem:
    UMA CAMISA CLARA e UM CASACO CLARO.

    O problema aparece quando o adjetivo é formado por duas palavras ligadas por um hífen.

    Vejamos um exemplo? Vamos observar o adjetivo composto VERDE-CLARO.

    Você diria: olhos verdes-claros OU olhos verde-claros?

    O correto é OLHOS VERDE-CLAROS. 

    Para você não errar mais, guarde a seguinte dica: quando o adjetivo for composto por dois adjetivos (verde e claro são dois adjetivos) só a última palavra varia.

    Portanto, diga:
    camisas amarelo-escuras
    camisetas verde-amarelas
    decisões político-partidárias
    questões latino-americanas
    relações luso-brasileiras.

    Caçar OU cassar?

    Vamos falar de duas palavrinhas que têm o mesmo som, mas, dependendo do sentido, devemos escrever de forma diferente. Estou falando dos verbos CAÇAR com Ç e CASSAR com dois esses.

    Por exemplo, imagine a seguinte manchete de jornal: “Na assembleia de ontem, o deputado da oposição foi cassado”.

    Esse CASSADO deve ser escrito com Ç ou com dois esses?

    Bom, aí depende do que aconteceu na assembleia. Se o deputado correu e foi perseguido pelos nobres colegas, devemos escrever CAÇADO com Ç. Seria o mesmo caso de “ O peru foi CAÇADO (com Ç) na véspera do Natal”.

    Entretanto, se a intenção foi dizer que o deputado não andou na linha e que seu mandato vai ser anulado, aí devemos escrever CASSADO com dois esses.

    Quem compra votos deve ter seu mandato cassado (com dois esses).

  • Quando escrever 'senão' OU 'se não'?

    Vamos resolver uma dúvida que vira e mexe nos atormenta na hora de escrever. Quando devo escrever SENÃO junto e quando devo escrever SE NÃO separado?

    Por exemplo, na frase “Fale alto, SENÃO ninguém vai ouvir”, você escreveria esse SENÃO junto ou separado?

    Achou difícil? Então anote a dica. Escreva SENÃO tudo junto quando significar DO CONTRÁRIO.

    Assim, na frase “Fale alto, SENÃO ninguém vai ouvir”, devemos escrever esse SENÃO tudo junto, pois tem o sentido de “Fale alto, DO CONTRÁRIO ninguém vai ouvir”.

    Devemos escrever SE NÃO separado quando pudermos substituir por CASO NÃO. Veja a frase: “Se não chegar a tempo, perderá o trem”. Esse SE NÃO é separado porque é o mesmo que dizer: “Caso não chegue a tempo, perderá o trem”.

    Uma observação importante: no primeiro exemplo, poderíamos escrever SE NÃO (separado) se houvesse um vírgula logo a seguir.

    Na frase “Fale alto, SE NÃO, ninguém vai ouvir”, é possível interpretarmos a frase assim: “Fale alto, SE NÃO (falar alto = CASO NÃO fale alto), ninguém vai ouvir. 

    Ele está entre mim e você OU entre eu e você?

    Vamos lembrar o emprego dos pronomes MIM e EU. Vejamos como usar os pronomes depois da preposição ENTRE.

    Por exemplo, você diria: “Não há problema algum entre MIM e meus alunos” OU “Não há problema algum entre EU e meus alunos”?

    Segundo a norma culta, o correto é “Não há problema algum entre MIM e meus alunos”.

    Só devemos usar o pronome EU quando ele for o sujeito da oração. Nesse caso, isso só vai acontecer quando houver um verbo no infinitivo depois do pronome.

    Veja o exemplo:
    “Não há diferença entre EU LAVAR a louça e você arrumar a casa”.
    Mas cuidado! Se não houver verbo depois do pronome, o correto é dizer entre MIM e VOCÊ ou entre MIM e ELE. E não adianta inverter, nada muda. Tanto faz dizer: “Não há problema algum entre MIM e meus alunos” como dizer “Não há problema algum entre meus alunos e MIM”.

    Cinquenta OU cincoenta?

    Você alguma vez já ficou em dúvida na hora de preencher um cheque, pois não sabia como escrever determinado número por extenso?

    Isso é muito frequente, pois como geralmente escrevemos os números com algarismos, é comum aparecer a dúvida na hora de escrever alguns números por extenso.

    Várias pessoas escrevem CINCOENTA com as letras C e O, pois acreditam que essa palavra deriva da palavra CINCO. Mas isso não é verdade.    

    A palavra CINQUENTA deve ser escrita com QU e sem trema, que foi abolido na última reforma ortográfica.

    A palavra CINCOENTA com C e O não tem registro em nossos dicionários.

    Já o numeral CATORZE aceita duas grafias e duas formas de se pronunciar: pode-se escrever com QU e aí devemos dizer QUATORZE. Ou podemos escrever com C e, nesse caso, a pronúncia é CATORZE. Você escolhe!

    Zero grau OU zero graus?

    Certamente, ninguém se confunde ao empregar a palavra grau no singular e no plural, não é mesmo? Todos dizem que em Manaus faz 30 GRAUS e que no alto da serra a temperatura pode chegar a um GRAU.

    E se o termômetro chegar a zero? Você diria que está fazendo zero grau ou que está fazendo zero graus?

    Perceba que a palavra ZERO representa um numeral sem valor absoluto, indica uma quantidade inexistente. Assim, por não haver o sentido de pluralidade de elementos, o número ZERO deve ser considerado singular.

    Diga, portanto, que o termômetro marcou ZERO GRAU, que ele chegou à ZERO HORA e que ele gastou ZERO REAL.

    E já que estamos falando da palavra ZERO, lembre-se de que você deve escrever ZERO-QUILÔMETRO com hífen e nunca no plural.

    Diga que comprou dois carros zero-quilômetro.

  • Sentar-se à mesa ou sentar-se na mesa?

    Vamos observar um vício de linguagem tão comum no nosso dia a dia que muitos já nem percebem a inadequação. Você, por exemplo, sabe onde está o problema na frase: Ele sentou na mesa para almoçar?

    Descobriu? Rigorosamente são dois problemas.

    O primeiro é o verbo SENTAR que, no sentido de apoiar as próprias nádegas no assento, é pronominal, ou seja, deve ser conjugado com os pronomes ME, TE, SE, NOS E VOS.

    Devemos dizer:

    Eu ME sento; tu TE sentas, ele SE senta, nós NOS sentamos, eles SE sentam.
    O verbo SENTAR não é pronominal quando tem o sentido de “colocar”, como na frase: Ele sentou pedras e tijolos na beira do rio.

    Vamos, agora, ao outro problema da frase. Se você pretende comer, é melhor sentar-se À mesa. Seria muito deselegante você sentar-se na mesa, ocupando o lugar dos pratos e talheres.

    “Sentar-se NA mesa é SOBRE a mesa”. Para comer, é recomendável que “nos sentemos À mesa”.

    É o mesmo caso de “Sentar-se NO piano”. Só se for sobre o piano. Para tocar, devemos dizer que “Ele se sentou ao piano”.

    Todos nós podemos nos sentar NO sofá, NA cadeira, NO chão...

    Perda OU perca?

    É uma confusão muito comum que as pessoas fazem com as palavras PERDA e PERCA.

    Você sabe a diferença entre as duas?

    Você diria que seu carro teve perda total ou perca total?

    O correto é dizer que seu carro teve perda total. E você sabe por quê? Observe a diferença entre essas duas palavras, para nunca mais errar na hora de empregá-las.

    PERDA é um substantivo e tem o sentido de DEIXAR DE TER ALGO, DEIXAR DE CONVIVER COM ALGUÉM ou ainda de PREJUÍZO, DE DESTRUIÇÃO.

    A frase “Sentiu muito a perda da casa e dos amigos” quer dizer que ele deixou de ter a casa e deixou de conviver com os amigos.

    A palavra PERCA é uma forma do presente do subjuntivo do verbo PERDER:

    “Talvez eu perca o começo do filme.”
    “Você quer que seu time PERCA o campeonato?”
    “Nunca perca seu bom humor!”

    Este OU esse?

    Agora a dúvida é o uso dos pronomes ESTE e ESSE.

    Qual frase você considera correta:

    “Alguém leu ESTE relatório que está na minha mão?” ou “ESSE relatório que está na minha mão?”

    O correto, segundo nossa tradição gramatical, é ESTE relatório que está na minha mão. O pronome ESTE deve ser usado para indicar algo que está próximo da pessoa que fala.

    Se o relatório estivesse perto da pessoa que ouve a frase, deveríamos dizer: ESSE relatório que está na sua mão.

    O pronome AQUELE indica algo que está distante de quem fala e de quem ouve. Como na frase:

    Você leu AQUELE relatório que está na mesa do chefe?

    Assim, guarde a regrinha:

    Os pronomes ESTE, ESTA e ISTO indicam o que está próximo da pessoa que fala.

    Os pronomes ESSE, ESSA e ISSO indicam o que está próximo da pessoa que ouve.

    E os pronomes AQUELE, AQUELA e AQUILO indicam o que está longe dos dois.

    Se eu mantesse OU se eu mantivesse?

    Vejamos uma dúvida clássica: a conjugação verbal.

    Já perdi a conta de quantas vezes alunos, amigos e leitores me perguntaram como se faz a conjugação do verbo MANTER. A forma que mais atormenta nossos amigos é a do imperfeito do subjuntivo.

    Qual a forma correta entre:

    Se ele mantesse a calma, tudo se esclareceria OU Se ele mantivesse a calma, tudo se esclareceria?

    A resposta para essa dúvida é muito simples. Basta lembrarmos que o verbo MANTER é derivado do verbo TER. E, por isso, deve seguir o mesmo modelo de conjugação.

    Assim, se dizemos “Se ele TIVESSE calma”, devemos dizer “Se ele MANTIVESSE a calma”.

    O mesmo esquema vale para outros verbos derivados do verbo TER, como: RETER, CONTER, DETER, ENTRETER...

    Devemos, portanto, dizer: se ele retivesse, detivesse, contivesse, entretivesse, obtivesse...

  • Comprimento ou cumprimento?

    Existem algumas palavras na língua portuguesa que sempre causam problema para um falante distraído. Isso, geralmente, acontece com os parônimos, que são aquelas palavras muito parecidas na escrita e na pronúncia, mas que querem dizer coisas bem diferentes.

    Quem, por exemplo, nunca se engasgou na hora de empregar as palavras COMPRIMENTO e CUMPRIMENTO.

    Você diria que: A costureira marcou o cOmprimento ou o cUmprimento do vestido?

    Certamente, a costureira marcou o COMPRIMENTO, o tamanho do vestido. A palavra COMPRIMENTO tem o sentido de dimensão, tamanho, extensão.

    Já CUMPRIMENTO tem o sentido de saudar alguém, de cumprimentar uma pessoa.

    Dizemos que foi amistoso o CUMPRIMENTO entre o presidente e o senador.

    A palavra cumprimento também pode derivar do verbo CUMPRIR que quer dizer executar.

    Assim podemos dizer que o delegado estava no CUMPRIMENTO de suas funções.

    Se eu a ver ou se eu a vir?

    Agora vamos observar dois verbos que são tão parecidos que é muito comum as pessoas se confundirem na hora de usá-los. Estou me referindo aos verbos VER e VIR.

    É claro que ninguém se atrapalha, por exemplo, com o presente do indicativo. Todos sabem a diferença entre eu venho e eu vejo.

    O problema surge quando temos que empregar o futuro do subjuntivo do verbo VER.

    Vamos relembrar?

    O futuro do subjuntivo é aquele tempo verbal que vem introduzido, geralmente, pelos vocábulos SE ou QUANDO.

    Pois quando o verbo VER vem precedido de uma dessas duas palavras muita gente se atrapalha.

    Por exemplo, você diria:

    Se eu a vir, finjo surpresa
    OU
    Se eu a ver, finjo surpresa?

    O correto é:
    Se eu a VIR.

    Guarde, então, a seguinte conjugação do verbo VER:
    Se tu vires o senador, não deixes de cumprimentá-lo.
    Quando ele vir a professora, dará o aviso.
    Quando nos virmos, falaremos sobre isso.
    Se eles me virem aqui, ficarão surpresos.

    Auto-escola ou autoescola?

    Você se atrapalha na hora de escrever, por exemplo, AUTOESCOLA?  Será que é uma palavra só ou será que tem aquele tracinho entre auto e escola?

    Se você ainda se confunde com o hífen, não fique triste, você não está sozinho. Essa ainda é uma das maiores dificuldades enfrentadas por estudantes e profissionais das mais diferentes áreas.

    Vamos, então, conhecer algumas regras. Começando com nosso problema inicial: a palavra AUTOESCOLA?

    Nesse caso, o correto é escrever tudo junto, sem hífen, uma palavra só. E isso acontece, porque a regra diz que devemos escrever tudo junto quando o prefixo terminar com uma letra diferente da letra que começa a palavra seguinte.

    Assim, como AUTO termina com O e ESCOLA começa com E, devemos escrever sem hífen, tudo junto.

    Já a palavra AUTO-OBSERVAÇÃO tem hífen, porque AUTO termina com a letra O e OBSERVAÇÃO também começa com a letra O.

    Segundo o novo acordo ortográfico, com o prefixo AUTO, só usaremos o hífen se a palavra seguinte começar por H ou pela vogal O: auto-hipnose, auto-oscilação.

    Se a palavra seguinte começar por qualquer outra letra, devemos escrever “tudo junto” (sem hífen): autoajuda, autoatendimento, automedicação, autodefinição, autobiografia...

    Ele namora a vizinha ou ele namora com a vizinha?

    Todo mundo diz que ele namora com a vizinha. Mas será que isso está certo? Bem, quanto ao namoro, eu não posso dizer nada, nem sequer conheço a vizinha.  Mas quanto à formulação da frase, aí temos um caso polêmico.

    Pois, embora seja muito comum as pessoas falarem NAMORAR COM, na tradição da língua culta, o verbo NAMORAR não pede a preposição COM. Não pede preposição alguma: quem namora, namora alguém.

    Assim, principalmente em provas oficiais, como concursos e vestibulares, escreva que Ele namora a vizinha, sem a preposição COM.

    E já que estamos falando das preposições que acompanham os verbos, vale lembrar que o verbo OBEDECER exige a preposição A. Quem obedece obedece A alguém.

    Portanto diga:
    As crianças obedecem aos pais.
    Os motoristas obedecem AO sinal.

  • Papelzinhos ou papeizinhos?

    Primeiro vamos tirar dúvida de como colocar no plural uma palavra que está no diminutivo. Por exemplo, você diria... Papelzinhos ou papeizinhos? Animalzinhos ou animaizinhos?

    Então anote a dica: para pôr no plural os diminutivos formados com o sufixo -zinho, você primeiro tem de colocar a palavra primitiva (aquela sem o prefixo -zinho) no plural. E depois acrescentar o sufixo -zinho do diminutivo.

    Veja o exemplo:

    Para fazer o plural do diminutivo da palavra PAPEL, primeiro colocamos a palavra PAPEL no plural. Que dá, PAPÉIS. A essa forma no plural é que vamos acrescentar o sufixo do diminutivo -zinho:
    PA-PEI-ZINHOS.

    E perceba que o S de PAPÉIS foi parar depois do sufixo.
    Assim sendo: pasteizinhos, animaizinhos, faroizinhos, azuizinhos...

    Ele requereu ou ele requis?

    O verbo REQUERER costuma dar nó na língua. Por exemplo, você diria:

    O advogado requereu ou requis os documentos?

    O correto é: o advogado REQUEREU os documentos.

     Essa confusão surge, porque muita gente acredita que o verbo REQUERER seja derivado do verbo QUERER e, portanto, deva seguir sua conjugação. Se ele QUIS, “ele REQUIS”.

    Mas, cuidado, o verbo REQUERER não significa QUERER DE NOVO. REQUERER significa "pedir por meio de requerimento".

    Mas empregar o verbo REQUERER tem ainda outra dificuldade, pois se trata de verbo irregular. Isso quer dizer que sua conjugação não segue um modelo, um padrão.

    Assim, devemos dizer: eu requeiro /que eu requeira...

    Nos tempos do pretérito e do futuro, sua conjugação é regular: se ele vendeu, perdeu, comeu...ELE REQUEREU.

    Confira a conjugação completa numa boa gramática para não errar mais.

    Às vezes ou as vezes?

    Nosso problema agora é a ocorrência do acento indicativo da crase na expressão AS VEZES. Você já deve ter notado que não é sempre que essa expressão aparece com acento. E é aí que está formada a encrenca. Em que casos devemos colocar o acento grave e quando não devemos?

    Acompanhe comigo.

    Devemos pôr o acento da crase quando a expressão AS VEZES tiver o sentido de DE VEZ EM QUANDO.

    Assim, na frase: "Às vezes os meus vizinhos fazem muito barulho" ocorre crase, pois é o mesmo que dizer:
    "De vez em quando meus vizinhos fazem muito barulho."

    Agora, não use o acento indicativo da crase quando a expressão não puder ser substituída por DE VEZ EM QUANDO.

    Por exemplo, nas frases:

    Eu me lembro de todas as vezes em que eu te vi;
    Foram raras as vezes em que ele não me decepcionou.

    Para mim ou para eu?

    Agora vamos falar de uma dificuldade linguística que muita gente tem e que é muito fácil de resolver.

    É o famoso: PARA MIM ou PARA EU.

    Você sabe quando deve usar um e quando deve usar o outro?

    Por exemplo, você diria:

    A secretária entregou o relatório para mim
    OU
    A secretária entregou o relatório para eu?

    Nesse caso, correto é: a secretária entregou o relatório para mim. Mas cuidado! Se houver um verbo depois do pronome, muda tudo.      

    Aí, devemos dizer: a secretária entregou o relatório PARA EU ANALISAR.

    Perceba que a diferença entre PARA MIM e PARA EU está na presença ou não de um verbo no infinitivo após o pronome.

    Portanto, grave a dica: sempre que houver um verbo no infinitivo depois do pronome, use os pronomes pessoais do caso reto, que são EU, TU, ELE, NÓS, VÓS e ELES.

    E essa dica não vale só para a preposição PARA. Isso ocorrerá com qualquer preposição.

    Confira: o time chegou antes de mim. / o time chegou antes de eu sair.
    Meu irmão fez isso por mim. / meu irmão fez isso por eu estar doente.

Autores

  • Sérgio Nogueira

    Sérgio Nogueira é professor de língua portuguesa formado em letras pela UFRGS, com mestrado pela PUC-Rio. É consultor de português do Grupo Globo.

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O professor Sérgio Nogueira esclarece dúvidas de português dos leitores com exemplos e dicas que facilitam o uso da língua. Mostra erros comuns e clichês que empobrecem o texto.