• Papelzinhos ou papeizinhos?

    Primeiro vamos tirar dúvida de como colocar no plural uma palavra que está no diminutivo. Por exemplo, você diria... Papelzinhos ou papeizinhos? Animalzinhos ou animaizinhos?

    Então anote a dica: para pôr no plural os diminutivos formados com o sufixo -zinho, você primeiro tem de colocar a palavra primitiva (aquela sem o prefixo -zinho) no plural. E depois acrescentar o sufixo -zinho do diminutivo.

    Veja o exemplo:

    Para fazer o plural do diminutivo da palavra PAPEL, primeiro colocamos a palavra PAPEL no plural. Que dá, PAPÉIS. A essa forma no plural é que vamos acrescentar o sufixo do diminutivo -zinho:
    PA-PEI-ZINHOS.

    E perceba que o S de PAPÉIS foi parar depois do sufixo.
    Assim sendo: pasteizinhos, animaizinhos, faroizinhos, azuizinhos...

    Ele requereu ou ele requis?

    O verbo REQUERER costuma dar nó na língua. Por exemplo, você diria:

    O advogado requereu ou requis os documentos?

    O correto é: o advogado REQUEREU os documentos.

     Essa confusão surge, porque muita gente acredita que o verbo REQUERER seja derivado do verbo QUERER e, portanto, deva seguir sua conjugação. Se ele QUIS, “ele REQUIS”.

    Mas, cuidado, o verbo REQUERER não significa QUERER DE NOVO. REQUERER significa "pedir por meio de requerimento".

    Mas empregar o verbo REQUERER tem ainda outra dificuldade, pois se trata de verbo irregular. Isso quer dizer que sua conjugação não segue um modelo, um padrão.

    Assim, devemos dizer: eu requeiro /que eu requeira...

    Nos tempos do pretérito e do futuro, sua conjugação é regular: se ele vendeu, perdeu, comeu...ELE REQUEREU.

    Confira a conjugação completa numa boa gramática para não errar mais.

    Às vezes ou as vezes?

    Nosso problema agora é a ocorrência do acento indicativo da crase na expressão AS VEZES. Você já deve ter notado que não é sempre que essa expressão aparece com acento. E é aí que está formada a encrenca. Em que casos devemos colocar o acento grave e quando não devemos?

    Acompanhe comigo.

    Devemos pôr o acento da crase quando a expressão AS VEZES tiver o sentido de DE VEZ EM QUANDO.

    Assim, na frase: "Às vezes os meus vizinhos fazem muito barulho" ocorre crase, pois é o mesmo que dizer:
    "De vez em quando meus vizinhos fazem muito barulho."

    Agora, não use o acento indicativo da crase quando a expressão não puder ser substituída por DE VEZ EM QUANDO.

    Por exemplo, nas frases:

    Eu me lembro de todas as vezes em que eu te vi;
    Foram raras as vezes em que ele não me decepcionou.

    Para mim ou para eu?

    Agora vamos falar de uma dificuldade linguística que muita gente tem e que é muito fácil de resolver.

    É o famoso: PARA MIM ou PARA EU.

    Você sabe quando deve usar um e quando deve usar o outro?

    Por exemplo, você diria:

    A secretária entregou o relatório para mim
    OU
    A secretária entregou o relatório para eu?

    Nesse caso, correto é: a secretária entregou o relatório para mim. Mas cuidado! Se houver um verbo depois do pronome, muda tudo.      

    Aí, devemos dizer: a secretária entregou o relatório PARA EU ANALISAR.

    Perceba que a diferença entre PARA MIM e PARA EU está na presença ou não de um verbo no infinitivo após o pronome.

    Portanto, grave a dica: sempre que houver um verbo no infinitivo depois do pronome, use os pronomes pessoais do caso reto, que são EU, TU, ELE, NÓS, VÓS e ELES.

    E essa dica não vale só para a preposição PARA. Isso ocorrerá com qualquer preposição.

    Confira: o time chegou antes de mim. / o time chegou antes de eu sair.
    Meu irmão fez isso por mim. / meu irmão fez isso por eu estar doente.

  • Ovos estrelados ou ovos estalados?

    Hoje vamos começar falando um pouco sobre preferências culinárias. Você, por exemplo, prefere ovos estrelados ou ovos estalados?

    Eu prefiro ovos estrelados, que são aqueles ovos que, como são fritos sem mexer, ficam com uma forma de estrela. Devo confessar, que eu nem sabia o que é um ovo estalado. Seria um ovo que dá estalos?

    A verdade, porém, é que as novas edições de nossos principais dicionários registram as duas formas: ovos estrelados e ovos estalados. Na dúvida, peça ovos fritos. Aí não há discussão.

    Agora, se você resolver mexer os ovos, não se esqueça de que o verbo MEXER se escreve com X.

    E aqui vai uma dica, após sílaba inicial ME, a maioria das palavras é grafada com X e não CH. Escreva, portanto com X as palavras:

    mexerico
    mexicano
    mexilhão
    mexido

    Só fique esperto com a exceção MECHA (como a de cabelo) que se escreve com CH.

    E já que estamos falando de comida, você diz que prepara uma deliciosa omelete ou um delicioso omelete?

    Tanto faz.

    Omelete tradicionalmente sempre foi uma palavra feminina: UMA omelete. Omelete é uma fritada de ovos. Se você diz UMA fritada de ovos, diga UMA omelete.

    É importante saber, porém, que a forma masculina (UM omelete) também aparece registrada em nossos dicionários.

    Ele viajou a/à serviço com ou sem crase?

    Eu sei que a crase é um assunto polêmico e que quase todo mundo tem dificuldade na hora de escrever.

    Mas acho que isso só acontece porque esquecem que o caso mais freqüente da crase é a união da preposição A com o artigo A.

    Assim, para que a crase ocorra, a palavra que antecede a crase tem que exigir a preposição A e a palavra que vem depois tem que aceitar o artigo A.

    Achou difícil? Então vamos à pratica.

    Você colocaria o acento indicativo da crase na frase: Ele viajou A serviço? Antes de responder, vamos refletir:
    Você diz: A serviço foi cansativa?

    Não, não é mesmo? Todos sabem que serviço é uma palavra masculina. Dizemos: O serviço foi cansativo. Se SERVIÇO é palavra masculina, não aceita ser precedida por artigo feminino, o que impossibilita a ocorrência da crase.

    Guarde essa dica: NÃO EXISTE CRASE ANTES DE PALAVRA MASCULINA.

    Escreva, portanto, sem crase:
    andar a cavalo / andar a pé / votar a favor / discutir a respeito

    Moral baixo ou moral baixa?

     Certamente, você já ouviu muito técnico de futebol dizendo que o time perdeu porque “a moral dos jogadores estava baixa”. Mas, será que essa desculpa muito usada ainda convence alguém?

    Na verdade, essa justificativa não devia convencer ninguém. Principalmente porque ela não tem sentido.

    A palavra MORAL no feminino "A MORAL" significa um conjunto de valores ou princípios éticos que norteiam o comportamento das pessoas na sociedade.

    Devemos, então dizer:
    Essa empresa zela pela moral e pelos bons costumes.

    A palavra MORAL no feminino também pode ter o sentido de conclusão ou objetivo de uma narrativa. Todos querem saber A MORAL da história.

    Agora, voltando à causa da derrota no jogo de futebol, o técnico deveria colocar a culpa NO MORAL BAIXO do time.

    Pois a palavra MORAL no masculino "O MORAL" diz respeito ao estado de espírito das pessoas.

    Ela é superlegal, super-legal ou super legal?

    Agora vamos falar de um hábito linguístico muito comum entre os adolescentes, mas que traz muitos problemas na hora de escrever.

    Estamos falando da moda do SUPER. Você já ouviu: Ela é superlegal / Ele é supersimpático...

    Mas cuidado! Embora essas frases não apresentem problemas na fala, na hora de escrever é um Deus nos acuda!

    E isso acontece porque SUPER-, nesse sentido que demonstra excesso, abundância, não é uma palavra independente. Ela não tem sentido sozinha.

    É um prefixo que só pode ser usado ligado a outra palavra. E quando eu digo LIGADO, é ligado mesmo. Por isso, SUPERLEGAL é uma palavra só, escreva tudo junto, assim como supermercado...

    Mas atenção, se a palavra que se liga ao prefixo SUPER- começar com a letra R ou com H, você deve colocar um hífen para ligar os dois. Como em SUPER-RESISTENTE, SUPER-RACIONAL, SUPER-RESFRIADO, SUPER-HOMEM...

  • Dúvidas eternas: mas ou mais?

    Quem nunca se confundiu na hora de empregar as palavras MAS e MAIS, não é mesmo? O problema é que essas duas palavras tão parecidas têm significados diferentes e, portanto, devem ser empregadas em situações também diferentes. Vamos às diferenças.

    A palavra MAS deve ser usada em situações que indicam oposição, sentido contrário, como em Ele estudou muito, MAS não passou no vestibular

    Perceba que nesse caso a palavra MAS pode ser substituída pelas palavras PORÉM, TODAVIA, CONTUDO...

    Já a palavra MAIS (com i) é usada, principalmente, para indicar o aumento da quantidade ou de intensidade.
    Ela é a menina mais bonita da sala.

    Note que a palavra MAIS nesse caso é o contrário de menos.

    Temos ainda a forma MÁS (com acento agudo), que é o feminino de BOAS e plural de MÁ:

    Eram pessoas muito MÁS.

    Como se pronuncia a palavra TÓXICO?

    É muito comum as pessoas se confundirem na hora de falar as palavras escritas com X. Isso acontece porque a letra X tem vários sons.

    Por exemplo, tem o som de KS, como em táxi; de SS, (como em próximo), o som de S, como em experiente, e ainda o som de Z, como em exame.

    E para dificultar um pouco mais a nossa vida, em algumas palavras ela tem o som de CH, como em caixa, peixe, paixão. E é aí que os problemas surgem.

    Você, por exemplo, fala tóCHico ou tóKSico?

    Cuidado! O correto é tóxico com som de KS. E todas as palavras dessa mesma família seguem este padrão: intoxicar, intoxicada, intoxicação...

    Você sabia que em algumas palavras a letra X é como se não tivesse som? É o que acontece, por exemplo, com as palavras com o dígrafo XC (duas letras com um único som) exceção, excelente e excitante, entre outras.
     
    Ele é menor ou ele é de menor?

    Agora vamos falar de uma mania que se espalhou de tal jeito que as pessoas já não sabem se estão falando certo ou errado. É o caso da expressão DE MENOR, que já é empregada até pelos meios de comunicação.

    Mas cuidado! Embora amplamente utilizada e aceita por alguns estudiosos, ela não é oficial. Eu vou explicar.

    Se você diz: Eu sou menor de tamanho, deve dizer... Eu sou menor de idade.

    Se quiser reduzir a expressão, diga apenas Eu sou menor, mas não DE MENOR!

    Outra expressão deve ser evitada é o POR CAUSA QUE.

    A palavra CAUSA exige a preposição DE que pode vir acompanhada do artigo O ou do artigo A, formando DO e DA.

    Se falamos: Segundo o candidato, a causa DA violência é a miséria...

    Poderia falar: Segundo o candidato, por causa DA miséria existe violência.

    Quer saber de outra possibilidade?

    No lugar de POR CAUSA QUE, podemos PORQUE:

    Segundo o candidato, existe violência PORQUE há muita miséria.

    Tem ou têm?

    Você alguma vez já se perguntou por que a forma verbal TEM às vezes aparece com o acento circunflexo e às vezes ela vem sem o acento? Hoje eu vou explicar por quê. 

    Você deve usar a forma verbal TEM sem acento circunflexo quando ela se referir à terceira pessoa do singular. Por exemplo, em:

    Maria TEM 20 anos;

    A forma verbal TEM não leva acento, pois se refere à terceira pessoa do singular.

    Mas se a frase for: Maria e Carlos TÊM 20 anos; aí se trata de terceira pessoa do plural e o TEM leva acento circunflexo.

    Assim sendo: Ele tem, mas eles têm.

    Mas cuidado com os verbos derivados do verbo TER como MANTER, RETER, CONTER...

    Além de apresentar o acento circunflexo na terceira pessoa do plural, eles ganham um acento agudo na terceira pessoa do singular:

    Ele mantém/ eles mantêm;
    Ele retém/ eles retêm;
    Ele contém/ eles contêm.

  • Dúvidas eternas: faz ou fazem 2 semanas?

    Nossa primeira dica de hoje é sobre o emprego do verbo FAZER nas orações que informam o tempo transcorrido. Por exemplo, você diz

    Faz duas semanas que ele partiu...
    OU
    Fazem duas semanas que ele partiu?

    Ficou em dúvida? Então anote aí: o correto é FAZ duas semanas que ele partiu.

    Sabe por quê? Quando o verbo FAZER se refere a tempo transcorrido, ele é impessoal. Ou seja, ele não tem sujeito com quem concordar e então deve ser empregado sempre no singular.

    Por isso, devemos dizer: faz 20 anos que o conheço/ Fazia três anos que ele não tirava férias.

    Vou dificultar um pouquinho: o certo é: vai fazer OU vão fazer dois meses que ele viajou?

    O correto é, VAI FAZER, pois como o verbo FAZER pertence a uma locução verbal (VAI + FAZER) e é o verbo principal da locução, ele transmite sua impessoalidade ao verbo auxiliar que deve ficar no singular.

    Ela mesmo ou ela mesma?

    É muito comum as pessoas ficarem em dúvida na hora de usar o pronome MESMO. Será que o certo é:
    Ela mesmA ou ela mesmO me convidou para jantar?

    Para dar um fim definitivo na sua dúvida, basta lembrar que quando a palavra MESMO tiver o sentido de PRÓPRIO, ela deve concordar em gênero e número com a palavra a que faz referência.

    Assim, o correto é dizer: ela MESMA me convidou para jantar, pois podemos dizer: ela PRÓPRIA me convidou para jantar.

    A palavra MESMO é invariável quando significa “até, inclusive”: MESMO a professora errou aquela questão; MESMO os diretores não vieram à reunião.

    Agora, CUIDADO com a palavra MENOS! Pois ela é sempre invariável. Ou seja, a palavra MENAS NÃO EXISTE!

    Jamais diga: Havia "menas" pessoas na festa deste ano que do ano passado. O certo é: Havia MENOS pessoas...

    Como é que se fala?

    Agora vamos observar algumas palavras que sempre nos deixam em dúvida na hora de falar.

    Por exemplo, você fala que o bolo está RUim ou que o bolo está ruIM?

    Ficou em dúvida? Então grave a pronúncia oficial. Devemos dizer: ruIM. Com a última sílaba forte assim como cupim, amendoim, jardim...

    Conheça, agora, outras palavras que também apresentam a última sílaba forte e que podem nos deixar em dúvida na hora de falar.

    Diga: esta é uma questão suTIL.
    Nenhum brasileiro ganhou o prêmio NoBEL de literatura.

    Mas as campeãs da pronúncia indevida são aquelas que apresentam a penúltima sílaba forte.

    Por exemplo, você sabia que a forma oficial, aquela que está registrada em nossos dicionários, é reCORde e não RÉcorde? Embora muito jornalista diga na TV que o atleta bateu um RÉcorde, o oficial é dizer que ele bateu um reCORde.

    Outra palavra muito maltratada é a famosa RUBRICA, que muita gente insiste em pronunciar “rúbrica”.

    Diga: vou colocar minha RUBRICA no contrato.

    Também existem palavras que apresentam mais de uma pronúncia aceita, como acróbata e acrobata, biótipo e biotipo, boêmia e boemia, xérox e xerox, necrópsia e necropsia...

    Ela se maquia ou ela se maqueia?

    Você já notou como alguns verbos sempre nos deixam em dúvida?              

    Por exemplo, você diria que: ela se maquia ou se maqueia?

    O correto, nesse caso, é maqUIA.

    Assim como maquiar, os verbos regulares terminados em IAR, como, VARIAR, PREMIAR, NEGOCIAR... não apresentam a letra "e" na terminação.

    Assim, diga: maquia / varia / premia / negocia...

    Mas há exceções: os verbos MEDIAR, ANSIAR, REMEDIAR, INCENDIAR E ODIAR terminam em IAR, mas, quando flexionados, acrescentam a letra "e", formando um ditongo “ei”.

    Devemos dizer: ele medeia / anseia / remedeia / incendeia / odeia

    Para ajudar a memorizar esses cinco verbos irregulares, guarde que, se juntarmos as letras iniciais de todos eles, temos a palavra MÁRIO Mediar, Ansiar, Remediar, Incendiar, Odiar.

  • Dúvidas eternas: onde ou aonde?

    Hoje seguimos falando daquelas dúvidas que nos perseguem: quando uso onde e quando uso aonde? O correto é degraus ou degrais? É a lotação ou o lotação? Confira:

     

    Degraus ou degrais

    Colocar as palavras no plural é fácil, não é mesmo? O problema são algumas palavras que insistem em nos confundir.

    Por exemplo, o plural de DEGRAU, será DEGRAUS ou DEGRAIS? Achou difícil? Então anote aí: o correto é DEGRAUS.

    A regra diz que as palavras terminadas em AU fazem o plural acrescentando-se apenas um S no final. Assim, o plural de bacalhau é bacalhaus; de grau é graus; de sarau é saraus...

    Já as palavras terminadas em AL fazem o plural em AIS. Como a palavra ANIMAL que, como termina em AL, tem como o plural ANIMAIS. Temos, assim, o plural de CANAL que é CANAIS; de IGUAL que é IGUAIS; de AVENTAL que é AVENTAIS; de MANUAL que é MANUAIS.

    Essa troca do L por IS também acontece com o plural das palavras terminadas em EL, OL e UL.

    Confira comigo:

    O plural de CASCAVEL é CASCAVÉIS; de ANEL é ANÉIS; de ANZOL é ANZÓIS; de GIRASSOL é GIRASSÓIS; de FAROL é FARÓIS; de AZUL é AZUIS.

    Mas, como toda boa regra tem suas exceções, guarde que a palavra CÔNSUL, embora termine com UL, tem como plural CÔNSULES e que a palavra MAL com L (o contrário de BEM) tem como plural a palavra MALES.

    Dizemos, assim:

    O MAL da humanidade é a cobiça.
    Os MALES da humanidade são a cobiça e a vaidade.

     

    O lotação ou A lotação?

    Você já notou que algumas palavras mudam de sentido quando mudam de gênero, ou seja, quando a palavra é masculina tem um sentido e quando a mesma palavra é feminina tem um sentido diferente?

    Por exemplo, a palavra LOTAÇÃO, pode ser O LOTAÇÃO ou A LOTAÇÃO.

    Quando for O LOTAÇÃO, tem o sentido de veículo de transporte. É aquele micro-ônibus que muitos pegam para trabalhar.

    Mas, quando usamos essa palavra no feminino, A LOTAÇÃO se refere à quantidade de pessoas ou coisas que um lugar é capaz de receber.

    Assim, pegamos O LOTAÇÃO para trabalhar, rezando para que A LOTAÇÃO dele não esteja esgotada.

    Outra palavra que altera o sentido quando muda de gênero é a palavra GRAMA.

    Quando ela se refere ao gramado que cobre o campo de futebol, ela é feminina. Dizemos:
    A grama do Maracanã estava em ótimo estado.

    Mas, CUIDADO, quando a palavra GRAMA se refere a peso (massa), ela é masculina.

    Portanto, diga:
    Ele comprou duzentOs gramas de queijo
    e NÃO duzentAs gramas de queijo.

     

    Onde ou aonde?

    Agora vamos falar da duplinha ONDE e AONDE que muita gente acha que se trata de palavras sinônimas.

    Não se deixe levar pelas aparências. Embora tenham o som muito parecido, elas devem ser usadas em situações diferentes.

    Segundo a tradição da nossa língua, usamos a palavra ONDE quando ela tiver o sentido de NO LUGAR. Por exemplo, dizemos: Esta é a casa ONDE moro, pois podemos dizer: Eu moro NA CASA.

    Acompanhe mais estes exemplos:

    Dizemos:
    Esta é a escola ONDE meus filhos estudam, pois dizemos: Meus filhos estudam NA ESCOLA.
    Esta é a cidade ONDE eu vivo, pois Eu vivo NA CIDADE.
    Este é o quarto ONDE as crianças dormem, pois As crianças dormem NO QUARTO.

    Agora, devemos usar a palavra AONDE quando ela tiver o sentido de AO LUGAR. Por exemplo, dizemos: Este é o restaurante AONDE fomos no sábado passado, pois é possível dizer: Fomos AO RESTAURANTE.

    Na frase: Este é o paraíso AONDE todos querem chegar, usamos AONDE, pois podemos dizer: Todos querem chegar AO PARAÍSO.

    Note que usamos AONDE quando o verbo exige a preposição A. Como os verbos: ir, chegar, dirigir-se, levar...

     

    Calças cinza ou calças cinzas?

    Como fica a concordância do nome das cores com a palavra a que se refere? Acredito que ninguém tem dificuldade para concordar, por exemplo, o adjetivo AMARELO com os substantivos CARROS e CASA. Todos diriam: Carros AMARELOS e Casa AMARELA, não é mesmo?

    Mas e com a palavra CINZA?

    Você saberia dizer se o correto é: calças cinza ou calças cinzas? Aqui vai a dica:

    Quando o nome da cor for uma palavra que também pode designar alguma coisa (substantivo), ela não varia, ou seja, não tem plural.

    Assim, o correto é CALÇAS CINZA. CINZA não vai para o plural, pois a palavra CINZA também significa o resíduo que sobra da queima de algum material, como, cinza de cigarro, cinza da madeira, das folhas de papel...

    É como se você dissesse: Calças cor de cinza.

    O mesmo acontece com:
    Casacos LARANJA, camisas VIOLETA, sapatos PRATA, calças VINHO, meias MOSTARDA, vestidos CREME, camisetas LIMÃO...

  • Metade dos alunos passou ou passaram?

    Hoje vamos falar sobre alguns plurais que merecem nossa atenção. Vamos começar com uma dúvida muito comum: letra tem plural?

    Claro que letra tem plural. Tem, inclusive, duas formas corretas de plural. A forma preferida da maioria dos autores é escrever por extenso o nome da letra e simplesmente acrescentar um "s" ao final do nome. Assim, escrevemos dois ESSES.

    Outra forma possível e igualmente correta é representar o plural duplicando a letra. Para representar o plural de "S", escrevemos duas vezes a letra "s": esta palavra se escreve com dois SS.

    Outro plural que pode gerar dúvida é o plural dos números. Você já pensou se "cinco" ou "quinze" têm plural? Podemos dizer os cincos e os quinzes?

    É claro que pode. Por exemplo, se você estiver contando quantos números repetidos há em uma cartela, poderá dizer que encontrou dois cincos, três quinzes, oito noves... 

    Mas cuidado, se o número terminar com "s" ou com “z”, não apresenta forma no plural. Diga que você encontrou cinco dois e quatro três. Na última prova, houve vários dez.

    Metade dos alunos passou ou passaram?

    Agora vamos falar de uma concordância especial. A concordância verbal com expressões do tipo: PARTE DE, UMA PORÇÃO DE, METADE DE, A MAIORIA DE, GRANDE PARTE DE...

    Por exemplo, você diria que: A metade dos professores participou da reunião OU A metade dos professores participaram da reunião?

    Em casos como esse, a preferência é pelo verbo no singular: A metade dos professores participou da reunião. Pois, assim, o verbo concorda com a palavra METADE que é o núcleo do sujeito. Mas a concordância com a palavra no plural também é aceita.       

    Você pode dizer: a metade dos professores participaram da reunião.

    Assim, embora a preferência seja pela concordância com o núcleo do sujeito no singular, estão igualmente corretas as duas formas.

    Veja alguns exemplos:
    A maioria dos vereadores votou no projeto.
    OU A maioria dos vereadores votaram no projeto.
    A maior parte dos turistas aprovou as instalações da Copa.
    OU A maior parte dos turistas aprovaram as instalações da Copa.

    Bastante ou bastantes?

    Você sabia que a palavra BASTANTE tem plural: BASTANTES? O problema é saber quando está correto usar BASTANTES assim, no plural.

    Um método simples e fácil de saber quando a palavra BASTANTE deve ir para o plural é substituí-la por MUITOS ou MUITAS.

    Se a palavra MUITO for para o plural, a palavra BASTANTE também vai. E se a palavra MUITO ficar no singular, a palavra BASTANTE também fica no singular.

    Confira comigo. Se dizemos: "Eles ficaram MUITO cansados", com a palavra MUITO no singular, devemos dizer: "Eles ficaram BASTANTE cansados", com a palavra BASTANTE no singular.

    Mas, se dizemos: "Ele está com MUITOS problemas", com a palavra MUITOS no plural, devemos dizer: "Ele está com BASTANTES problemas", com a palavra BASTANTES no plural.

    A palavra BASTANTE também vai para o plural quando ela tiver o sentido de SUFICIENTE e vier depois de um substantivo no plural.

    Por exemplo, na frase: "Maria já tem provas BASTANTES do seu amor", a palavra BASTANTES está no plural porque se for substituída pela palavra SUFICIENTES, não muda o sentido da frase: Maria já tem provas suficientes do seu amor.

    Bateu a porta ou bateu à porta?

    Não pense que a crase é um detalhezinho bobo e sem importância. Ao contrário, a crase é muito importante, pois a sua presença ou a sua ausência pode mudar o sentido da mensagem.

    Por exemplo, a frase: "O diretor bateu a porta" pode ter dois sentidos diferentes, dependendo da presença da crase.

    Confira comigo: se colocarmos o acento indicativo da crase, passaremos a mensagem que o diretor, querendo entrar, bateu NA porta. Mas, se tirarmos o acento indicativo da crase, mudamos o sentido da mensagem. A frase: "O diretor bateu a porta" passa a informação de que ele, nervoso, bateu (fechou) a porta com força.

    Percebeu como a crase pode mudar sentido da mensagem?

    Acompanhe mais esse exemplo comigo. "Precisamos combater a sombra." Sem o acento indicativo da crase, "a sombra" é o inimigo, é o objeto que precisa ser combatido. Mas, se colocarmos o acento indicativo da crase em "Precisamos combater à sombra", "a sombra" passa a ser o lugar onde o combate vai se realizar.

Autores

  • Sérgio Nogueira

    Sérgio Nogueira é professor de língua portuguesa formado em letras pela UFRGS, com mestrado pela PUC-Rio. É consultor de português do Grupo Globo.

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O professor Sérgio Nogueira esclarece dúvidas de português dos leitores com exemplos e dicas que facilitam o uso da língua. Mostra erros comuns e clichês que empobrecem o texto.