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Por Altieres Rohr


Criptomoeda Monero tem mineração mais amigável para computadores e anonimato maior que Bitcoin. — Foto: Divulgação

Um estudo organizado por dois pesquisadores das universidades Carlos III de Madri e King's College de Londres analisou 4,4 milhões de códigos maliciosos, 1 milhão dos quais envolvidos na mineração de criptomoedas, para criar estatísticas sobre a atividade criminosa. Segundo o levantamento, 4,3% de todas as moedas Monero em circulação (avaliadas em US$ 57 milhões ou R$ 210 milhões) foram mineradas por vírus.

O estudo de Sergio Pastrana e Guillermo Suarez-Tangil revela ainda que a Monero é a moeda preferida para uso dos criminosos no submundo e é também a principal escolha dos vírus. As conclusões dos pesquisadores estão em linha com uma pesquisa feita pela empresa de segurança Palo Alto Networks, que apontou, em junho de 2018, que 5% de todas as moedas Monero em circulação foram mineradas por criminosos.

Comparada ao Bitcoin, que é a criptomoeda mais popular e valiosa, a Monero apresenta duas diferenças significativas: ela promete um anonimato maior nas transações e utiliza um processo de mineração mais adequado para processadores de computador. O Bitcoin hoje é minerado por ASICs — chips criados especificamente para a mineração —, impedindo computadores comuns de contribuírem de forma significativa.

A atividade de mineração de criptomoedas, como Monero e Bitcoin, envolve a realização de cálculos repetidamente. Quanto mais poder de processamento uma pessoa tem à disposição para contribuir, maior será a fatia das recompensas que ela receberá. Essas recompensas também servem para aumentar o número de moedas em circulação, já que o pagamento é realizado com a geração de novas moedas.

Esses cálculos não têm relação direta com o funcionamento da moeda, mas são uma medida de segurança que substitui órgãos centralizados e autoridades (como bancos ou bandeiras de cartão de crédito) em outras modalidades de pagamento: se um criminoso quiser tomar o controle de uma moeda para si, ele precisa, sozinho, ter mais poder de processamento do que todos os demais mineradores somados.

Em vez de atacar as próprias moedas, criminosos criaram vírus de mineração que, na verdade, ajudam as moedas. Uma vez instalados no computador de uma vítima, esses vírus obrigam o computador a entregar todo ou parte do seu poder de processamento para o hacker. Enquanto a vítima terá um computador mais lento e que consome mais energia elétrica e bateria, o criminoso embolsa as recompensas.

Fora o custo de processamento e energia elétrica, no entanto, esses vírus em geral não causam danos e nem roubam dados do computador. Por isso, eles podem passar despercebidos por muito tempo. Empresas que tiveram sua infraestrutura de nuvem infiltrada pelo vírus, no entanto, podem acabar tendo pagar uma conta maior por serviços de processamento usados pelo vírus.

Como foi realizado o cálculo

Quando contamina o computador, o vírus de mineração precisa se comunicar com uma infraestrutura de controle e contribuir com um pool — uma rede máquinas que está cooperando para realizar os cálculos da mineração e que dividirá os prêmios, de forma semelhante a um "bolão" de loteria.

Isso significa que é possível rastrear as contribuições dos vírus e até os pagamentos feitos pelos administradores desses pools. Somando esses pagamentos e contribuições, chega-se ao número de moedas mineradas e recebidas pelos criminosos.

O ganho financeiro dos criminosos, no entanto, depende da data em que as moedas são vendidas no mercado ou utilizadas. De janeiro de 2018 para janeiro de 2019, o valor da Monero caiu de R$ 1,8 mil para R$ 180.

Dúvidas sobre segurança, hackers e vírus? Envie para [email protected]

Selo Altieres Rohr — Foto: Ilustração: G1

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