Alimentos ficam mais baratos e contribuem com desaceleração do IPCA em fevereiro. — Foto: Marcus Martins / Arquivo Pessoal
A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, perdeu força de janeiro para fevereiro, passando de 0,38% para 0,33%, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (10). Essa taxa é a mais baixa para o mês desde 2000, quando chegou a 0,13%.
Em 12 meses, o IPCA desacelerou para 4,76%, ficando mais próximo da meta de inflação do Banco Central, de 4,5%. Segundo o IBGE, em janeiro, para o mesmo período, o índice havia ficado em 5,35%.
Inflação oficial registra a menor variação para fevereiro desde 2000, diz IBGE
Em fevereiro, quem impediu que o índice ficasse ainda mais baixo foi o grupo de gastos com educação, cuja variação subiu de 0,29% para 5,04%, representando 70% do IPCA. A maior pressão partiu dos reajustes praticados no início de cada ano. As mensalidades dos cursos regulares, por exemplo, subiram 6,99%.
Os transportes também contribuíram com o resultado do IPCA deste mês. O índice passou de 0,77% para 0,24%, influenciado pelo preço das passagens aéreas, que exerceram o maior impacto individual sobre a inflação oficial ao cair 12,29%.
Alimentos
Os preços dos alimentos, que vinham subindo, também começaram a cair. De uma alta de 0,35%, o grupo foi para uma queda de 0,45%. Esse foi o menor resultado desde julho de 2010. Considerando apenas os meses de fevereiro, esta é a queda mais intensa desde o início do Plano Real (1994). Vários alimentos ficaram mais baratos em fevereiro, como feijão-carioca (-14,22%) e frango inteiro (-3,83%).
Segundo o analista de Índices de Preços do IBGE Fernando Gonçalves, os preços dos alimentos compensaram a alta nos gastos com educação. “A alimentação tem um peso muito grande no orçamento das famílias e na composição do IPCA”, afirmou.
De acordo com o pesquisador, a queda nos preços dos alimentos é explicada pela safra de grãos, que foi mais favorável. “No ano passado tivemos chuvas muito fortes, e alguns lugares com seca, o que atrapalharam a lavoura. Neste ano agora, as chuvas estão mais bem distribuídas, favorecendo a lavoura.”
A queda nos preços dos alimentos fez com que a alimentação em domicílio registrasse baixa de 0,75% ante uma alta de 0,17% em janeiro. Já a alimentação fora de casa registrou alta de 0,11%.
“Apesar de ter tido uma variação positiva, a alimentação fora de casa também apresentou queda, já que em janeiro a variação foi de 0,69%. Mas isso não significa que ficou mais barato comer fora de casa”, destacou o analista do IBGE.
Com pesos menores na composição do índice estão vestuário, de -0,36% para -0,13%, e comunicação, de 0,63% para 0,66%.
Inflação em março
Ainda segundo o analista do IBGE, a inflação em março sofrerá impacto dos reajustes nas tarifas de energia elétrica em todas as regiões do país. A telefonia fixa também poderá apresentar impacto no índice, já que no dia 25 de fevereiro houve redução nas ligações de fixo para móvel.
“Estamos chegando agora no nível dos 4% [do índice acumulado nos últimos 12 meses]. A gente vinha de níveis bem mais elevados. No ano passado estava em torno de 10%. Vamos aguardar para ver como a coisa se comporta nos próximos meses, se a gente consegue permanecer no mesmo patamar.”
Região
O IPCA mais elevado partiu da região metropolitana do Rio de Janeiro (0,68%), puxado pela alta de quase 10% dos cursos regulares. Na outra ponta, está Goiânia, cujo índice recuou 0,39%, reflexo da queda de 4,24% dos combustíveis.
INPC
O IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). De janeiro para fevereiro, a taxa passou de 0,42% para 0,24%. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice desacelerou para 4,69%, ficando abaixo dos 5,44% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.