O Comitê de Política Monetária (Copom) informou que está prevendo a inflação na meta tanto neste ano quanto no próximo mesmo se a taxa de juros, atualmente em 11,25% ao ano, recuar para 8,5% ao ano no fechamento de 2017. A informação consta na ata da última reunião do Copom, realizada na semana passada, e divulgada nesta terça-feira (18).
Para este ano, a estimativa de inflação do BC, com os juros estimados pelo mercado (8,5% ao ano no fim de 2017) está em 4,1% e, para 2018, em 4,5%. A meta central de inflação para estes dois anos, com base no IPCA, é de 4,5%, mas o teto é de 6%. O mesmo cenário pressupõe taxa de câmbio de R$ 3,23 no fechamento deste ano e de R$ 3,37 no fim de 2018.
"Os membros do Comitê reafirmaram o entendimento de que, com expectativas de inflação ancoradas, projeções de inflação em torno da meta para 2018 e um pouco abaixo da meta para 2017, e elevado grau de ociosidade na economia, o cenário básico do Copom prescreve antecipação do ciclo de distensão da política monetária [corte da taxa de juros]", informou o BC na ata do Copom.
Sobre o ritmo de redução da taxa de juros até o fim deste ano, a autoridade monetária informou que isso dependerá da evolução da atividade econômica, de outros fatores de risco (como a aprovação das reformas e de ajustes na economia brasileira, entre outros).
Acrescentou que considera o atual ritmo de redução dos juros, de 1 ponto percentual - que foi adotado na semana passada - como "adequado". Mas acrescentou que a "atual conjuntura econômica recomenda monitorar a evolução dos determinantes do grau de antecipação do ciclo", ou seja, não descartou a possibilidade de cortar os juros mais rapidamente nos próximos meses.
O mercado financeiro acredita que os juros cairão para 10,25% ao ano no final de maio, para 9,5% ao ano em julho, para 9% ao ano no início de setembro, para 8,75% ao ano em outubro e, na última reunião deste ano, em dezembro, para 8,5% ao ano.
O Comitê de Política Monetária também deu informações sobre a possibilidade de continuar a cortar os juros em 2018. Até o momento, o mercado financeiro acredita que, depois de os juros chegarem a 8,5% ao ano no fim de 2017, a taxa será mantida neste patamar no ano que vem.
Segundo o BC, a "extensão" do ciclo de corte de juros em 2018 dependerá da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação para 2018 e 2019, mas também das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira.
"Essas estimativas naturalmente envolvem incerteza e poderão ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo", informou a instituição.
Inflação e PIB
Os integrantes do Copom (diretoria e presidente do BC) concordaram que as perspectivas para a inflação evoluíram de maneira favorável e, em boa parte, em linha com o esperado desde a reunião do Copom em fevereiro.
"A dinâmica da inflação permanece favorável. O processo de desinflação se difundiu e houve consolidação da desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. Isso aumenta a confiança de que a desinflação corrente terá efeitos duradouros. A desinflação dos preços de alimentos constitui choque de oferta favorável", acrescentou.
Ao mesmo tempo, também avaliaram que a "economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego".